Thor escreveu:Interessantes os debates sobre combates BVR, e não existe uma ciência exata em todas as missões.
Em linhas gerais, aeronaves de mesma classe, com mísseis semelhantes, vence quem está melhor preparado e que tenha melhor consciência situacional (que pode advir do preparo e do sistema de defesa interligado).
Se a aeronave não for realmente Stealth, com os radares de hoje, serão "trackeadas" antes de chegar na distância ideal de lançamento do míssil. Na minha opinião, pouca diferença fará se o alvo for um Gripen, Rafale, Su-35 ou A-380, no tocante a distância de lock para lançamento.
Para um míssil, um fator que influencia é a No Escape Zone. Essas distancias que os fabricantes lançam normalmente são distancias máximas de um alvo frente a frente. Imaginem a situação ideal de um caça voando a Mach 0,95 a 35000 pés, aproximando diretamente de uma aeronave B-52 na direção oposta a Mach 0,8 e que não tenha consciência de que será abatida. Quando o caça detectar o B-52, digamos a 150 km, esperará até a LLX (aquela do folder do fabricante, tipo 100 km) e lançará o míssil. Ele queimará o combustível inicial, acelerando e subindo, e depois prossegue vários segundos na inercia até explodir no alvo que estava com movimento constante. Sucesso! (folder do fabricante). Agora imagine que esse avião, mesmo sendo o B-52, com piloto esperto, depois que foi realizado o lançamento do míssil a 100 km, realizou uma curva de 30º para a direita. Nessa hora o míssil já estava no "embalo", e foi forçado a realizar um curva rápida para se ajustar a nova rota de interceptação, e perdeu energia nessa manobra. Infelizmente, a LLX inicial foi obedecida, o piloto lançou a 100 Nm, mas com essa curva nomeio do caminho, ele deveria ter utilizado a LL1, que era de 85 km (exemplo). Que azar!
Agora imagine que o alvo é um caça manobrável, com bom radar e com boa doutrina e treinamento, consciente dos parâmetros do inimigo, do modus operandi do adversário, quando estava a 100 km do inimigo iniciou uma curva de 35º, quando estava a 85km realizou uma de 60º e depois voltou-se 30º, forçando um possível míssil em voo fazer 2 ajustes (LL2), e quando este chegou a 55km (NEZ do míssil inimigo, por ex.) fez meia volta e gerou separação (acelerou supersônico) para voltar a arena... Bem, em linhas gerais assim é um combate BVR, e podemos perceber que o treinamento e o conhecimento das capacidades do inimigo, aliados a consciência situacional é tudo no combate.
Tem um estudo da USAF sobre o uso de datalink entre aeronaves e sistema de defesa aérea em combate, e as conclusões é que a taxa de sucesso aumentou umas 4 vezes com o datalink, considerando cenários semelhantes contras aeronaves e equipagens semelhantes.
Podemos perceber que a NEZ é o principal fator de um míssil BVR, e é exatamente nesse fator que o Meteor é o bambambam dos mísseis BVR atualmente. Às vezes temos mísseis com grande alcance (LLX), mas com NEZ menor que mísseis com metade do alcance da propaganda. Exemplo disso eram os Phoenix, excelentes para grandes bombardeiros russos, não manobráveis e sem consciência situacional... perdem na NEZ até para o Derby, se bobear.
Abraços