Novo Fuzil para o EB
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Re: Novo Fuzil para o EB
Cabeça, não sei em qual unidade você serviu, mas o que você disse só vem confirmar aquele ditado: toda regra tem exceções. Falo isso pois um sobrinho meu terminou o serviço militar ano passado, e pelo que me conta não mudou muita coisa em relação a quantidade de tiros dados. Acredito que se formos em várias OMs Brasil afora, a realidade da maioria vai ser a que descrevi. Havera exceções, mas serão isso: exceções.
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- cabeça de martelo
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Re: Novo Fuzil para o EB
Mas esse vídeo pertence a um centro de formação de comandos e, pelo que entendi, retrata um curso de formação de instrutores de tiro, e seus alunos são ou oficiais ou graduados.cabeça de martelo escreveu:(...) pensei que o vídeo fosse bastante explicito.
E quanto ao soldado comum de infantaria português? Ele recebe algum treinamento de disparo em fogo automático?
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Re: Novo Fuzil para o EB
Esse curso é para qualquer Sargento ou Oficial do Exército Português, tem é que se voluntariar e ter vaga (o que é muito difícil, visto os QP terem a prioridade), os formandos desse curso eram Comandos e Pára-quedistas. Como podes imaginar o que a Tropa normal faz, isso não faço menor idéia, mas a minha faz.
- Túlio
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Re: Novo Fuzil para o EB
vplemes escreveu: Me metendo em conversa de gente que entende (não é o meu caso.) de armas. Acredito que o sistema de rajada de três tiros seja o melhor para uma tropa de conscritos como a nossa. Falo isso por experiencia própria e por saber que da minha época para cá não mudou praticamente nada. Quando fui recruta, durante todo o meu período, atirei menos que um carregador de FAL. Na realidade, foram quatro tiros para cada posição durante o treinamento básico e FIM. Até onde saiba, continua praticamente a mesma coisa, a grande maioria dos recrutas (salvo raras exceções) nunca vai atirar no modo automático. Para desenvolver a habilidade de disparar quantos tiros quiser mesmo no modo automático full, há a necessidade de atirar muito para desenvolver a habilidade e a memória muscular. Com pouco mais de vinte tiros em um ano simplesmente não rola.
Cupincha véio, ninguém aqui sabe mais do que ninguém, aprendemos nos ajudando uns aos outros. Te digo, antes de me registrar no DB, em 2005, eu já tinha muita prática de tiro, técnicas e táticas mas quase nada de teoria, o que emperrava minha capacidade de elaborar mais nos treinamentos e mesmo situações reais. Aqui charlei com gente que, em alguns casos, sequer havia disparado uma arma automática mas me deu sugestões ótimas. Sempre é tri ter prática mas a teoria ajuda e muito.
Ademais, o que disseste sobre o treinamento de tiro no EB é assim mesmo; aí aparece talvez a única razão pela qual posso apreciar essa mudança para o 5,56: já há no mercado kits que convertem Fzs neste calibre para .22LR, são baratos e a munição, então, nem se fala, em lotes grandes sai uma merreca (e permite boa precisão a pelo menos uns 100 metros, distância em geral considerada longa para a maioria dos engajamentos modernos, mesmo militares - em Tiro Policial é raríssimo ter que atingir algo além de 100 metros, até os Snipers do GATE costumavam treinar com seus PSG-1 para 150 MAX). Assim, pode ser que melhore com o IA-2...
Sobre bursts, brevetei em 2002 na MT-40 (a famigerada TAURUS-FAMAE, 1200 RPM nominais em full, se não enguiçar, claro ) e ela tinha a opção de burst de 2 disparos. No entanto, como o treinamento enfatizava técnicas de controle de gatilho (e não atiramos tanto, eram só 200 cartuchos para cada um de nós e a maioria se adaptou bem às técnicas ensinadas), acabei pegando esse "preconceito" contra rajadas pré-programadas. Tenho certeza de que deve funcionar para muita gente mas para mim e outros que se desenvolveram na mesma direção fica brabo, preferimos confiar no indicador e não em um seletor; mas não deixas de ter razão, pois em uma sessão de tiro no UY - SMG Bizon - vi um TC Instrutor da BM esvaziar um carregador com um só toque no gatilho (em treinamentos com armas de carregadores de grande capacidade se usa só 10 cartuchos de cada vez, até a tigrada pegar as manhas da arma), ou seja, pressionou e mandou dez disparos de uma só vez, ficando com uma arma descarregada nas mãos. Ele seria uma pessoa indicada para usar arma com opção de burst e não acho que seja minoria. De qualquer modo, rajada em distâncias maiores é só para Mtr/Fz Mtr mesmo, armas mais leves devem disparar em semi, passando ao full/burst apenas em distâncias curtas e mesmo assim não é sempre que precisa...
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Re: Novo Fuzil para o EB
Quando era miúdo lembro-me de ouvir falar da presença desses kits no Exército Português de forma a reduzir o custo com a instrução/tiro de manutenção.
Agora lembrei-me de uma cena que aconteceu com um camarada durante uma das sessões de tiro durante a recruta. Nós tínhamos que fazer tiro semi-automático, mas esse camarada não colocou a Galil na posição de tiro que devia, ficou entre uma coisa e a outra. O resultado final foi duas gatilhadas e estavam disparados as cinco munições que tínhamos que disparar. O nosso comandante de Companhia quando percebeu a situação deu-lhe uma senhora patada, e praxou-o até à exaustão. Tudo isto à minha frente...e eu tinha que ir fazer tiro a seguir... tremia que nem varas verdes!
Agora lembrei-me de uma cena que aconteceu com um camarada durante uma das sessões de tiro durante a recruta. Nós tínhamos que fazer tiro semi-automático, mas esse camarada não colocou a Galil na posição de tiro que devia, ficou entre uma coisa e a outra. O resultado final foi duas gatilhadas e estavam disparados as cinco munições que tínhamos que disparar. O nosso comandante de Companhia quando percebeu a situação deu-lhe uma senhora patada, e praxou-o até à exaustão. Tudo isto à minha frente...e eu tinha que ir fazer tiro a seguir... tremia que nem varas verdes!
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Re: Novo Fuzil para o EB
cabeça de martelo escreveu:Quando era miúdo lembro-me de ouvir falar da presença desses kits no Exército Português de forma a reduzir o custo com a instrução/tiro de manutenção.
Agora lembrei-me de uma cena que aconteceu com um camarada durante uma das sessões de tiro durante a recruta. Nós tínhamos que fazer tiro semi-automático, mas esse camarada não colocou a Galil na posição de tiro que devia, ficou entre uma coisa e a outra. O resultado final foi duas gatilhadas e estavam disparados as cinco munições que tínhamos que disparar. O nosso comandante de Companhia quando percebeu a situação deu-lhe uma senhora patada, e praxou-o até à exaustão. Tudo isto à minha frente...e eu tinha que ir fazer tiro a seguir... tremia que nem varas verdes!
Só cinco, HAMMERHEAD? Mas então era Galil 7,62 x 51, não?
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Re: Novo Fuzil para o EB
Negativo, todas as Galil que os Páras Portugueses têm é em 5.56mm. O que se passa é que na recruta (a minha foi de 10 semanas) tu aprendias o básico e indispensável para seres militar. Aprendias coisas Ordem Unida, Postos, educação física militar, etc. Antes das sessões de tiro (feitas durante um único dia), tu vais para um simulador onde tens que apontar uma espécie de arma a um alvo, se não estiveres a mirar como deve de ser o Instrutor vê logo e dá-te as indicações para perceberes o que estás a fazer mal. Depois vais para a carreira de tiro fazer duas sessões distintas. Na primeira não é classificativa e fazes esses tais 5 disparos. Depois de cada sessão, os Instrutores colocam um circulo no alvo e se algum tiver saído desse circulo és avisado e eles mostram-te onde foi parar. Posso dizer-te que houve todo o tipo de situações, por exemplo a galinha da Companhia era uma autêntica "sniper" tal o agrupamento que ela teve, houve outros que estavam a disparar para o alvo ao lado, houve outros que descobriram que eram uma porcaria... enfim de tudo um pouco. Depois na segunda sessão de tiro é já classificativa e o resultado final fica no teu ficheiro e conta para a escolha das sub-especialidades (atirador, misseis anti-carro, morteiros, transmissões, etc). Hoje em dia acabaram com as sub-especialidades e todos têm que fazer o Curso de Combate (o antigo Curso de Atiradores que por aí chama-se de Fuzileiros).
Só na sub-especialidade é que se fazia sessões de tiro instintivo e de Combate.
Editado: esqueci-me de dizer que é cinco tiros por posição (deitado, de joelhos e de pé)!
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Editado: esqueci-me de dizer que é cinco tiros por posição (deitado, de joelhos e de pé)!
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Re: Novo Fuzil para o EB
cabeça de martelo escreveu:Negativo, todas as Galil que os Páras Portugueses têm é em 5.56mm. O que se passa é que na recruta (a minha foi de 10 semanas) tu aprendias o básico e indispensável para seres militar. Aprendias coisas Ordem Unida, Postos, educação física militar, etc. Antes das sessões de tiro (feitas durante um único dia), tu vais para um simulador onde tens que apontar uma espécie de arma a um alvo, se não estiveres a mirar como deve de ser o Instrutor vê logo e dá-te as indicações para perceberes o que estás a fazer mal. Depois vais para a carreira de tiro fazer duas sessões distintas. Na primeira não é classificativa e fazes esses tais 5 disparos. Depois de cada sessão, os Instrutores colocam um circulo no alvo e se algum tiver saído desse circulo és avisado e eles mostram-te onde foi parar. Posso dizer-te que houve todo o tipo de situações, por exemplo a galinha da Companhia era uma autêntica "sniper" tal o agrupamento que ela teve, houve outros que estavam a disparar para o alvo ao lado, houve outros que descobriram que eram uma porcaria... enfim de tudo um pouco. Depois na segunda sessão de tiro é já classificativa e o resultado final fica no teu ficheiro e conta para a escolha das sub-especialidades (atirador, misseis anti-carro, morteiros, transmissões, etc). Hoje em dia acabaram com as sub-especialidades e todos têm que fazer o Curso de Combate (o antigo Curso de Atiradores que por aí chama-se de Fuzileiros).
Só na sub-especialidade é que se fazia sessões de tiro instintivo e de Combate.
Editado: esqueci-me de dizer que é cinco tiros por posição (deitado, de joelhos e de pé)!
Taí por que eu estranhei, nunca tinha visto usar 5 cartuchos em um carregador de 30. Eram 15, então? Conosco (duas posições, em pé e agachado*), 5 para cada = 10.
* - Nos treinavam para atirar agachado (à moda Russa) ao invés de ajoelhado porque não havia joelheiras para ninguém (eu levei as minhas mas nem tive que usar)...
Já agora, o que é "galinha da Companhia"?
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Re: Novo Fuzil para o EB
Túlio, este seu comentário sobre os kits cal. 22 me fez lembrar das espingardas de pressão que havia no quartel. Tinham um design que lembrava muito o FAL, diziam que eram para que a tropa atirasse com elas para se habituar antes de utilizar o fuzil verdadeiro. Nunca atiramos um único chumbinho. Não existiam. Sabe como é, contenção orçamentária. Se não tem dinheiro para chumbinho (quanto custa uma caixa?) vai ter pra munição .22? As vezes acho que seria melhor acabar com o serviço militar obrigatório e criar um exército profissional de uns 100.000 homens e treina-los de forma adequada.
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Re: Novo Fuzil para o EB
No EB atiramos quatro munições em quatro posições diferentes: Em pé, de joelhos, cocoras e deitado. Total de dezesseis disparos, essa foi toda a minha experiencia com munição real durante meu ano no EB.Túlio escreveu:No EB são quatro tiros em quatro posições diferentes: Em pé, ajoelhado, de cocoras e deitado. Dezesseis tiros no total, essa foi toda a minha experiencia com munição verdadeira durante meu ano de EB.cabeça de martelo escreveu:Negativo, todas as Galil que os Páras Portugueses têm é em 5.56mm. O que se passa é que na recruta (a minha foi de 10 semanas) tu aprendias o básico e indispensável para seres militar. Aprendias coisas Ordem Unida, Postos, educação física militar, etc. Antes das sessões de tiro (feitas durante um único dia), tu vais para um simulador onde tens que apontar uma espécie de arma a um alvo, se não estiveres a mirar como deve de ser o Instrutor vê logo e dá-te as indicações para perceberes o que estás a fazer mal. Depois vais para a carreira de tiro fazer duas sessões distintas. Na primeira não é classificativa e fazes esses tais 5 disparos. Depois de cada sessão, os Instrutores colocam um circulo no alvo e se algum tiver saído desse circulo és avisado e eles mostram-te onde foi parar. Posso dizer-te que houve todo o tipo de situações, por exemplo a galinha da Companhia era uma autêntica "sniper" tal o agrupamento que ela teve, houve outros que estavam a disparar para o alvo ao lado, houve outros que descobriram que eram uma porcaria... enfim de tudo um pouco. Depois na segunda sessão de tiro é já classificativa e o resultado final fica no teu ficheiro e conta para a escolha das sub-especialidades (atirador, misseis anti-carro, morteiros, transmissões, etc). Hoje em dia acabaram com as sub-especialidades e todos têm que fazer o Curso de Combate (o antigo Curso de Atiradores que por aí chama-se de Fuzileiros).
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Editado: esqueci-me de dizer que é cinco tiros por posição (deitado, de joelhos e de pé)!
Taí por que eu estranhei, nunca tinha visto usar 5 cartuchos em um carregador de 30. Eram 15, então? Conosco (duas posições, em pé e agachado*), 5 para cada = 10.
* - Nos treinavam para atirar agachado (à moda Russa) ao invés de ajoelhado porque não havia joelheiras para ninguém (eu levei as minhas mas nem tive que usar)...
Já agora, o que é "galinha da Companhia"?
Editado pela última vez por vplemes em Qua Ago 19, 2015 4:16 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Novo Fuzil para o EB
cabeça de martelo escreveu:Agora lembrei-me de uma cena que aconteceu com um camarada durante uma das sessões de tiro durante a recruta. Nós tínhamos que fazer tiro semi-automático, mas esse camarada não colocou a Galil na posição de tiro que devia, ficou entre uma coisa e a outra. O resultado final foi duas gatilhadas e estavam disparados as cinco munições que tínhamos que disparar. O nosso comandante de Companhia quando percebeu a situação deu-lhe uma senhora patada, e praxou-o até à exaustão. Tudo isto à minha frente...e eu tinha que ir fazer tiro a seguir... tremia que nem varas verdes!
Do meu modo paisano de ver, não compreendo porque uma arma tem um dispositivo que nunca é empregado no treinamento. Se o sujeito não pratica esta forma de disparo no campo de treino, na paz, como é que ele vai empregá-lo num campo de combate, na guerra? E mais ainda: na pior e mais desesperada das emergências, com o inimigo a menos de dez metros de distância no meio de uma emboscada, ou numa ação de limpeza de aposentos.Jussi Mononen, ex-soldado do Exército finlandês escreveu em 15-09-2014 escreveu:Quando eu era um recruta bisonho, passamos um bocado de tempo na raia de tiro praticando nossas habilidades com fuzil. O principal fuzil de infantaria do Exército finlandês era o excelente RK-62 7,62 mm (uma versão aperfeiçoada e modernizada do AK-47) que até mesmo eu conseguia disparar com alguma precisão.
Ele tinha um seletor de tiro com três posições: tiro semi-automático, rajada controlada e automático total. Nós tínhamos sido adestrados a manter o seletor SEMPRE em semi-automático e somente colocá-lo em rajada controlada, se recebêssemos ordens explícitas para o fazer. Automático total? Esquece. Não era para ser usado. Nunca. Jamais.
Um dos meus colegas de pelotão, a quem chamaremos "Fred", tinha o infeliz hábito de posicionar o seletor de tiro na posição errada e, com freqüencia, disparava seu fuzil em automático total. Se isso era acidental ou deliberado, não sei até hoje.
Não demorou muito e duas coisas aconteceram: "Fred" ficou conhecido como "Fred Rajada" (caso saibam finlandês, o apelido era Sarjatuli-Remes). Logo depois disso, "Fred" foi separado de seu fuzil e teve de concluir o serviço militar sem uma arma. Esta é a maior das vergonhas exceto a corte-marcial e a dispensa desonrosa. Desnecessário dizer que a carreira militar dele foi breve e sem brilho.
Um autor de assuntos bélicos perguntou a um fuzileiro naval americano da força de operações especiais do USMC sobre o disparo em automático do fuzil M-16. O naval respondeu que, em circunstância alguma, ele via a necessidade fogo automático pleno num fuzil. O autor sugeriu as alternativas comuns apontadas para tal eventualidade: limpeza de aposentos, reação imediata contra emboscadas mas o fuzileiro naval continuou dizendo não.
A posição dele era de que o fogo automático total deve ser reservado somente para armas alimentadas por fita, ou seja, metralhadoras.
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Re: Novo Fuzil para o EB
Isso confere com o que escutei em pessoa de diversos instrutores por aqui, incluindo ex-Delta, Special Forces e Seals. O argumento sendo que o fogo automático gasta municão demasiada, com total falta de precisão. Todos pregavam modo semi 100% do tempo.Clermont escreveu: Um autor de assuntos bélicos perguntou a um fuzileiro naval americano da força de operações especiais do USMC sobre o disparo em automático do fuzil M-16. O naval respondeu que, em circunstância alguma, ele via a necessidade fogo automático pleno num fuzil. O autor sugeriu as alternativas comuns apontadas para tal eventualidade: limpeza de aposentos, reação imediata contra emboscadas mas o fuzileiro naval continuou dizendo não.
A posição dele era de que o fogo automático total deve ser reservado somente para armas alimentadas por fita, ou seja, metralhadoras.
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Re: Novo Fuzil para o EB
E no entanto no Afeganistão eles fartam-se de disparar em automático!
Editado pela última vez por cabeça de martelo em Qui Ago 20, 2015 7:57 am, em um total de 1 vez.
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Re: Novo Fuzil para o EB
Negativo, eram mesmo só 5 munições por carregador e sim eram 15 munições por sessão. A recruta é isto mesmo, é aprender o básico dos básicos e pouco mais. Uma curiosidade, quem andava a a substituir os carregadores eram os catatuas (recrutas) que tinham acusado no teste do copo e que por isso já não fizeram as sessões de tiro (feitas salvo erro na 7.ª semana de recruta).Túlio escreveu:cabeça de martelo escreveu:Negativo, todas as Galil que os Páras Portugueses têm é em 5.56mm. O que se passa é que na recruta (a minha foi de 10 semanas) tu aprendias o básico e indispensável para seres militar. Aprendias coisas Ordem Unida, Postos, educação física militar, etc. Antes das sessões de tiro (feitas durante um único dia), tu vais para um simulador onde tens que apontar uma espécie de arma a um alvo, se não estiveres a mirar como deve de ser o Instrutor vê logo e dá-te as indicações para perceberes o que estás a fazer mal. Depois vais para a carreira de tiro fazer duas sessões distintas. Na primeira não é classificativa e fazes esses tais 5 disparos. Depois de cada sessão, os Instrutores colocam um circulo no alvo e se algum tiver saído desse circulo és avisado e eles mostram-te onde foi parar. Posso dizer-te que houve todo o tipo de situações, por exemplo a galinha da Companhia era uma autêntica "sniper" tal o agrupamento que ela teve, houve outros que estavam a disparar para o alvo ao lado, houve outros que descobriram que eram uma porcaria... enfim de tudo um pouco. Depois na segunda sessão de tiro é já classificativa e o resultado final fica no teu ficheiro e conta para a escolha das sub-especialidades (atirador, misseis anti-carro, morteiros, transmissões, etc). Hoje em dia acabaram com as sub-especialidades e todos têm que fazer o Curso de Combate (o antigo Curso de Atiradores que por aí chama-se de Fuzileiros).
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Editado: esqueci-me de dizer que é cinco tiros por posição (deitado, de joelhos e de pé)!
Taí por que eu estranhei, nunca tinha visto usar 5 cartuchos em um carregador de 30. Eram 15, então? Conosco (duas posições, em pé e agachado*), 5 para cada = 10.
Nós também não, mas fazíamos.* - Nos treinavam para atirar agachado (à moda Russa) ao invés de ajoelhado porque não havia joelheiras para ninguém (eu levei as minhas mas nem tive que usar)...
Na minha tropa são estas as alcunhas:Já agora, o que é "galinha da Companhia"?
Recruta com pila - catatua
Recruta sem pila - galinha
Pára-quedista ainda a fazer a sub-especialidade - checa