VENEZUELA

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Re: VENEZUELA

#6511 Mensagem por Quiron » Ter Ago 04, 2015 10:17 am

Espero estar errado, mas não creio que tenha volta.

Quando Hugo Chavez morreu a conversa era que maduro não teria carisma, habilidade etc e cairia logo. Pessoal esquece que incompetência se compensa com radicalismo ideológico e violência e o Maduro tem o controle sobre quase tudo no país.
Quando alguém unifica o poder político e econômico em torno de si, não há como formar uma oposição significativa. Ele manda prender quem quiser e confisca o que bem entender. Além do mais, quanto mais miseráveis os venezuelanos ficarem, mas dependentes ficarão do governo - some-se a isso o controle da mídia e portanto, da narrativa: sempre haverá um inimigo para culpar e justificar os próprios erros.
Maduro também não tem medo de mandar atirar em estudantes ou quem quer que seja. É uma situação terrível.




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Re: VENEZUELA

#6512 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Ago 04, 2015 10:44 am

Túlio escreveu:
Clermont escreveu:
PUTZ, lembra o começo de "Black Hawk Down", só faltou o heli sobrevoando e as pick-ups com metralhadoras pesadas... :shock: :shock: :shock: :shock:
Sem dúvida. Ainda por cima há uma enorme comunidade Portuguesa na Venezuela com cerca de 400.000 Portugueses e mais de 1 milhão de Luso-descendentes. :|




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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#6513 Mensagem por Clermont » Ter Ago 04, 2015 11:55 am

cabeça de martelo escreveu:Sem dúvida. Ainda por cima há uma enorme comunidade Portuguesa na Venezuela com cerca de 400.000 Portugueses e mais de 1 milhão de Luso-descendentes. :|
Por que tantos portugueses escolheram ir morar na Venezuela?




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#6514 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Ago 04, 2015 12:11 pm

Era mais uma opção na América do Sul. A maior parte dos Portugueses foi para esse país à muitas décadas atrás.




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#6515 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Ago 04, 2015 12:21 pm



:arrow: https://www.youtube.com/channel/UCtQ3A6 ... i6Q/videos

Também há um episódio no Brasil:





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#6516 Mensagem por Clermont » Ter Ago 04, 2015 1:03 pm

cabeça de martelo escreveu:Era mais uma opção na América do Sul. A maior parte dos Portugueses foi para esse país à muitas décadas atrás.
Valeu.




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Re: VENEZUELA

#6517 Mensagem por Bourne » Qui Ago 06, 2015 3:29 pm

:o :shock: :o :shock: :o :shock: :shock:

Saiu na Carta Capital. Então, o negócio é sério.
Brasil precisa mostrar à Venezuela que não aceitará retrocessos na promessa do país em aceitar observadores internacionais nas eleições de dezembro

Enfrentando a pior crise econômica e política em mais de duas décadas (uma situação definida como uma “tempestade-mais-que-perfeita” pelo jornal Valor Econômico), a presidenta Dilma Rousseff deve se preparar para um dos desafios mais complexos de sua política externa desde que chegou ao poder. Assegurar eleições livres e justas na Venezuela no início de dezembro tornou-se o teste decisivo da capacidade do Brasil em defender a democracia e a estabilidade política em sua vizinhança. A posição do Brasil, tanto regional quanto globalmente, será em grande parte afetada por eleições bem sucedidas em quatro meses.

Após intensas negociações nos bastidores e a crescente pressão da UNASUL, bloco liderado pelo Brasil, o governo venezuelano concordou, no mês passado, em realizar eleições parlamentares em 6 de dezembro, como exigido pela Constituição. Na época, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, também aceitou que representantes da UNASUL fossem autorizados a observar as eleições. Isso foi visto, em geral, como uma vitória para o Brasil, que, desde a última crise política que abalou Venezuela em 2002, institucionalizou suas ambições de liderança regional por meio da criação da UNASUL. O novo bloco tem substituído efetivamente a Organização dos Estados Americanos (OEA) como observador eleitoral e plataforma de mediação em momentos de crises constitucionais na América do Sul.

Abertamente contradizendo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, Maduro anunciou na terça-feira 28 que a “Venezuela não é monitorada e não será monitorada por ninguém”. Questionado por jornalistas se a Venezuela aceitaria observadores internacionais, Maduro reiterou que “nunca aceitará ninguém”. Alguns podem argumentar que Maduro se referia a Luis Almagro, novo Secretário-Geral da OEA, que havia solicitado enviar observadores, mas o anúncio foi muito extenso para não afetar o Brasil. Mesmo que seja uma mera retórica (Maduro descreve rotineiramente até mesmo a oposição moderada como “fascistas“, chamou o primeiro-ministro da Espanha de “assassino do povo espanhol” e recentemente prometeu uma revolução caso a oposição vença em dezembro), estas alegações prejudicam diretamente o esforço do Brasil para convencer observadores internacionais e a oposição da Venezuela de que é capaz de assegurar eleições justas.

Os comentários de Maduro, portanto, demandam uma resposta pública e direta da presidenta Dilma Rousseff, pressionando Maduro a aceitar a presença de observadores independentes, escolhidos por UNASUL sem a interferência da Venezuela. Estes observadores devem possuir um perfil ideológico diverso e serem autorizados a circular de forma independente pelo país, sem a companhia de oficiais venezuelanos, a qualquer momento entre agora e as eleições. Eles também devem ser autorizados a trazer suas próprias equipes, de preferência com experiência em monitorização de eleições. O governo brasileiro deveria deixar claro que a evidência de interferência do governo venezuelano no processo eleitoral levaria a uma resposta unificada da UNASUL e do Mercosul, possivelmente resultando na suspensão do país em ambas as organizações – como ocorreu com o Paraguai em 2012.

Alguns observadores brasileiros irão interpretar essa recomendação como apoio à oposição da Venezuela. Longe disso: a menos que o Brasil se posicione como um mediador crível e legítimo tanto para Maduro quanto para a oposição, o seu papel como defensor da estabilidade política na Venezuela será reduzido. Assim como o comentário de Maduro merece uma resposta de Dilma, o governo brasileiro deve condenar quaisquer apelos da oposição venezuelana para remover Maduro por meios que violem a Constituição.

A oposição brasileira deve, portanto, tomar cuidado para apenas se envolver com líderes políticos da oposição venezuelana que prometam terminar o governo chavista apenas por meio de eleições regulares. Nem sempre o governo venezuelano e diversos líderes oposicionistas jogaram de acordo com as regras, e a decisão do opositor Henrique Capriles de comparar Maduro a Hitler é tão equivocada quanto a retórica exagerada do presidente.

O maior erro do Brasil seria importar a polarização da Venezuela ao discutir o assunto. Infelizmente, isso se tornou a norma, e simpatizantes do PT defendem Maduro (às vezes sem saber que uma parcela crescente da esquerda na Venezuela o desaprova), enquanto os apoiadores do PSDB cegamente demonizam o presidente venezuelano. Por exemplo, chamar Maduro de “tirano”, como o senador brasileiro Aloysio Nunes fez recentemente em seu blog, é inútil e irá provocar mais polarização, não menos.

O objetivo do Brasil é proteger a democracia, não a vitória de qualquer facção em particular. Se o partido do governo vencer as eleições em dezembro, isso beneficiará imensamente Maduro, aumentando sua legitimidade.

Com índices de aprovação de Dilma historicamente baixos e rumores sobre um iminente impeachment dominando as notícias, a crise na Venezuela não poderia vir em pior momento para um País que, ao longo da última década, desempenhou um papel notável para ajudar a consolidar a democracia na região. A começar pela presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o Brasil muitas vezes se envolveu de forma assertiva em acontecimentos políticos na região, intervindo diplomaticamente quando crises políticas ameaçaram a democracia, e o ex-presidente Lula abraçou a idéia de liderança do Brasil, introduzindo o conceito de não-indiferença.

No entanto, ao contrário de 2002 e 2003, quando FHC e Lula eram capazes de influenciar a dinâmica interna na Venezuela, o Brasil é hoje um mediador bem menos credível do que há uma década. Em 2003, o ex-presidente Lula insistiu em incluir os EUA e a Espanha no grupo “Amigos da Venezuela”, o que ajudou a unir o governo e a oposição. O movimento de Lula provou-se crucial, uma vez que convenceu a oposição a empenhar-se seriamente nos debates. Lula pode ter sido um presidente de esquerda, mas era visto como um mediador legítimo e relativamente imparcial pela oposição de centro-direita na Venezuela. Tanto ele, quanto o Brasil perderam esse status. Após a morte de Chavez, o ex-presidente Lula (ainda um dos mais poderosos atores políticos no Brasil e altamente influente na administração atual) apoiou ativamente a campanha de Nicolás Maduro, um movimento que firmemente colocou o Brasil – aos olhos da oposição – no campo chavista.

Tanto a Venezuela quanto o Brasil têm muito a perder. A Venezuela está enfrentando uma crise econômica terrível (a CEPAL espera que a economia venezuelana contraia 5,5% em 2015), inflação extrema, violência sem precedentes e uma crise de saúde pública de dimensões trágicas. Para o Brasil, tanto interesses econômicos quanto políticos estão em jogo. Segundo o Valor Econômico, empresas venezuelanas do setor público agora devem US$ 2,5 bilhões a empresas brasileiras. Se a tensão política e conflito aumentarem, os interesses comerciais brasileiros estariam cada vez mais em risco. Por isso, um número crescente de representantes do setor privado tenta pressionar Dilma Rousseff a adotar uma estratégia mais assertiva.

Politicamente, a incapacidade do Brasil em controlar a situação prejudica gravemente suas ambições de liderança. A tentativa da UNASUL em mediar o conflito venezuelano é um compromisso multilateral, e um experimento interessante para se ver até que ponto o continente é capaz de resolver seus próprios problemas. No entanto, dado que os EUA estão se mantendo largamente fora da discussão, o Brasil é, de longe, o ator mais importante e em melhor posição na América do Sul para assumir a liderança. Se as coisas derem errado na Venezuela, é o Brasil, não UNASUL, que – com razão – será responsabilizado por falhar em defender a democracia e a estabilidade na região.

http://politike.cartacapital.com.br/e-h ... as-maduro/




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Re: VENEZUELA

#6518 Mensagem por NettoBR » Sex Ago 07, 2015 12:48 am

Nooooooooossaaa... olha como a Carta Capital é "esperta", "antenada" e "progressista"... :o :o :o


Só AGORA perceberam que aquilo na Venezuela não está dando certo a muito tempo??

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Re: VENEZUELA

#6519 Mensagem por Túlio » Sex Ago 07, 2015 2:11 pm

Detalhes sobre a maior contribuição tuga desde o descobrimento: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

De onde vem o Português da padaria?

por Marcos Grinspum Ferraz*

“Flor do Minho”, “Dom João VI”, “Lisboa”, “Flor de Coimbra”, “Cabral”, “Estado Luso”, “Nova Portuguesa”, “Camões”, “Do Porto”, “Lusitana” e até mesmo “Salazar”. São todos nomes de padarias paulistanas, que explicitam um pouco a origem lusa de nossas casas de pães. Pois o fato é que, no Brasil, sempre que pensamos em padarias pensamos na figura do imigrante português. Mas é fato, também, que muito pouco sabemos sobre essa história, ou melhor, sobre o porquê da existência dessa figura já folclórica no país: o “português da padaria”. Interessado no assunto, acabei descobrindo um tanto de coisas. Vamos lá.

Quem já viajou para outros países certamente reparou que não há pelo mundo padarias como a brasileira. Em geral, existem locais que fazem e vendem o pão, mas não espaços onde se pode sentar, comer sanduíches, pizzas e almoçar; tomar café, suco e cerveja; comprar frios, bebidas e até revistas. O curioso é que a nossa padaria, tão tipicamente brasileira e que domina as cidades do país, foi criada não por nativos da terra, mas principalmente por portugueses, em um modelo que não existe nem mesmo em Portugal. Por isso podemos chamá-las, aqui, de luso-brasileiras.

GRANDES MIGRAÇÕES

Apesar de os portugueses terem “descoberto” o Brasil ainda em 1500, a época em que vieram em maiores fluxos para nosso país vai de meados do século 19 a meados do século 20, na época das “grandes migrações”. Entre 1855 e 1914, por exemplo, as estatísticas de Portugal registram cerca de 1,3 milhões de saídas, e quase 90% delas são rumo ao Brasil. Ou seja, em um período de vacas magras na terrinha, os imigrantes – principalmente jovens e do sexo masculino – vinham em busca de novas oportunidades e de uma vida melhor.

Entre os milhares de portugueses que desembarcavam em portos brasileiros, uma parte seguia diretamente para o campo, para trabalhar nas plantações. Eram parte, também, do projeto de “branqueamento” da população levado a cabo pelo Estado. Outro grupo, mais numeroso, ia diretamente para as cidades, sendo Rio e São Paulo os principais destinos. Apesar de saídos principalmente das zonas rurais de Portugal, a vontade maior dos que chegavam ao Brasil era de viver nas áreas urbanas, que prometiam mais dinheiro no bolso e maiores oportunidades de ascensão social.

Eles se estabeleceram nas mais diversas profissões – desde jornaleiros, sapateiros, taberneiros, leiteiros e vendedores de roupas até funcionários da construção civil ou da grande indústria que florescia nas novas metrópoles. Muitos se tornaram também pequenos empresários, e abriram negócios para suprir as novas demandas de consumo de uma população urbana em rápido crescimento no Brasil. Demandas como, por exemplo, por pão.

Com a forte presença de imigrantes de todo o mundo e com o acelerado crescimento das cidades, novos costumes e hábitos alimentares foram se difundindo. A farinha de trigo, por exemplo, começou a ocupar o lugar das farinhas de milho ou mandioca, com as quais se fazia o pão. Até então, pelo meio do século 19, o ramo era comandado principalmente por mulheres, com uma produção ainda caseira e um sistema de distribuição apenas de entrega nas casas e venda nas ruas.

A mudança no quadro se deu pelas mãos de portugueses, espanhóis e, no primeiro momento, principalmente italianos. Surgiram então as primeiras padarias, dominadas por homens, onde se fazia e vendia o pão, com uma estrutura que permitia uma produção regular e em maior escala. Com farinha de trigo importada e fermentação natural, eles produziam o chamado pão caseiro – mais duro e que durava dias –, em padarias como a portuguesa “Santa Teresa” (1872) – hoje a mais antiga em funcionamento no país, em São Paulo – ou a italiana “Popular” (1890).

O DOMÍNIO PORTUGUÊS

Virada para o século 20 e o domínio português no setor já começava a dar sinais. O motivo principal: a invenção do popular pão francês, que de francês só tem o nome. A propagação do uso do fermento biológico, que permitia uma produção rápida, foi sabiamente aproveitada pelos padeiros portugueses, que “lançaram” no mercado o tal pão, pequeno e macio, que saia em várias fornadas ao dia. Os italianos, por sua vez, seguiram fazendo pães mais duros, de casca grossa, que duravam alguns dias nas bancadas. Nada contra os italianos e suas saborosas receitas, mas é claro que o pão francês, fresquinho em diferentes horários, dominou o mercado.

As entregas feitas em casa com pequenas carrocinhas puxadas por burros também ajudaram os portugueses a ganhar a freguesia. Os clientes viravam fiéis a uma ou outra padaria e a um ou outro carroceiro, criando uma relação de intimidade que envolvia exigências de qualidade e a possibilidade de comprar fiado. Assim, já em 1938, dos 298 sócios registrados no Sindicato dos Industriais de Panificação de SP, 52,4% eram portugueses, seguidos por 26% italianos e 17% brasileiros.

Nas padarias de portugueses do início do século 20, diferentemente de hoje, os lusos ocupavam todos os cargos: eram desde os donos até os masseiros, forneiros, carvoeiros e carroceiros. Vale lembrar que a nacionalidade em comum não impedia o surgimento de conflitos de classe dentro das padarias. Para funcionar até 20 horas por dia, todos os dias da semana, os patrões impunham jornadas aos funcionários de até 18 horas. Muitos jovens moravam dentro das próprias padarias, em cômodos precários cedidos pelos proprietários, perto de fornos, de modo que o controle sob suas vidas era quase total.

Nas décadas seguintes, em meio a demoradas melhoras nas condições de trabalho – resultado de muitas lutas –, o domínio português no setor da panificação se tornou quase total. Entre os anos 1950 e 1960 – quando desceram aqui mais cerca de 240 mil imigrantes lusos – os portugueses chegaram a ser cerca de 90% dos donos de padarias em São Paulo, e dominaram o ramo também em Santos, Rio de Janeiro, Belém-do-Pará etc. As padarias foram sendo passadas de pai para filho, como ainda o são em muitos casos, assim como foram transmitidas as técnicas dos padeiros e forneiros. Diferentemente de hoje, em que cursos de formação são comuns, aprendia-se a fazer o pão trabalhando.

AS NOVAS PADARIAS

Hoje, século 21, qualquer bairro ainda tem alguma boa e velha padaria tradicional. Mas as padarias modernas, que dominaram a cena, são diferentes. Cupcakes, sushis, carnes, saladas, frutas, comidas congeladas, vinhos, champanhes e por aí vai; tudo pode ser comprado na padaria. Pois a partir dos anos 1990 um novo modelo revolucionou o setor, após a constatação de que a demanda por produtos “chiques” subia e que a competição com as lojas de conveniência e supermercados aumentava. Desse modo, temos hoje as padarias que ficam abertas 24 horas, com estacionamentos e caixas eletrônicos, farmácias etc.

E, sim, mais uma vez o processo de mudança foi comandado por portugueses e por seus descendentes. Dessa vez, por uma nova geração que teve boa formação e usufruiu de melhores condições de vida que seus pais e avós. A “Dona Deôla”, por exemplo, criada pelos netos da padeira portuguesa Dona Deolinda, se tornou uma bem-sucedida rede e está abrindo a 5a filial. A “Casa dos Pães”, no nobre Jardim América, emprega 520 funcionários, recebe cerca de 8 mil visitantes por dia e vende aproximadamente 900 mil pães por mês. O estabelecimento, claro, é comandado por filhos e netos de imigrantes portugueses.

Assim, cerca de 150 anos após seu surgimento, a padaria brasileira é, paradoxalmente, uma instituição nacional e ainda um lugar um tanto “português”. Em 2007, quando o time da Portuguesa lutava para voltar à primeira divisão do campeonato nacional, os donos de padaria de São Paulo organizaram uma grande arrecadação de dinheiro para premiar os jogadores, caso eles conseguissem levar o clube de volta a elite do futebol. E deu certo. Está claro: mesmo servindo ciabatta, brioche, pão preto, sushi ou cupcake, as padarias brasileiras certamente não abandonarão tão cedo os pasteis de Belém e de Santa Clara, nem os seus nomes ligados à história de Portugal.

http://www.notaderodape.com.br/2013/03/ ... daria.html




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Re: VENEZUELA

#6520 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Ago 07, 2015 2:21 pm

Pão?! Tentei comer pão quando fui aí, mas não encontrei.

Isto é pão!

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#6521 Mensagem por Túlio » Sex Ago 07, 2015 2:27 pm

cabeça de martelo escreveu:Pão?! Tentei comer pão quando fui aí, mas não encontrei.

Isto é pão!

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Não! É uma ofensa ao meu Avô, isso sim!

Pão é pão Francês (que, segundo o excelente texto, deveria se chamar PORTUGUÊS, pela autoria).

Da próxima vez que vieres, procures uma padaria com um dos nomes citados e perguntes o nome do dono: se for M'nuel ou Juequim podes pedir, produto ORIGINAL garantido!!! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:




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Re: VENEZUELA

#6522 Mensagem por Bourne » Sex Ago 07, 2015 2:58 pm

O formato desse pão está deverás estranha. lembra outra coisa.




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Re: VENEZUELA

#6523 Mensagem por mmatuso » Sex Ago 07, 2015 5:07 pm

Todo mundo que vem de fora reclama da qualidade do pão no Brasil.

Segundo um engenheiro de alimentos que conheci, isso ocorre por causa do trigo ruim que usamos, cada época é importado de um lugar diferente o que afeta a qualidade da massa.




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Re: VENEZUELA

#6524 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Ago 08, 2015 6:30 am

Bourne escreveu:O formato desse pão está deverás estranha. lembra outra coisa.
Cada um vê o que quer, mas eu vejo um cachalote. Tu vez o quê? [000]




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#6525 Mensagem por NettoBR » Sáb Ago 08, 2015 12:48 pm

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