O futuro da AAAe no Brasil

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8416 Mensagem por LeandroGCard » Sex Jul 24, 2015 4:00 pm

Wingate escreveu:O rádio-telescópio não poderia também ser usado (obviamente, adaptado para essa função, como se fosse um "radar" ) na detecção de possíveis agressores?

SDS,

Wingate
P.S.: Desculpem se viajei demais na Hellman´s, tecnicamente falando :(


https://pt.wikipedia.org/wiki/Radiotelesc%C3%B3pio


Imagem
Não entendo patavinas de eletrônica, mas pelo pouco que sei os radiotelescópios são desenhados para maximizar o ganho do sinal, e os radares tem como principal preocupação a resolução. Não sei se daria para aproveitar uma coisa para a outra.

Aliás, nem sei se valeria à pena. Por buscarem maximizar o ganho os radiotelescópios são muito grandes, em geral bem maiores que os radares, e imagino que seus custos sejam também bastante grandes. Além disso eles não são móveis. E seus alcances seriam limitados pelo horizonte-radar de qualquer jeito, independente da eventual potência ou ganho.


Leandro G. Card




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8417 Mensagem por gral » Sáb Jul 25, 2015 3:43 am

LeandroGCard escreveu:As informações que já vi por aí dão conta de que alguns B-52 foram sim derrubados por Mig-21 ao longo daquela guerra, mas não na operação Linebacker-II a que me referi. Nesta apenas os SA-2 teriam abatido os bombardeiros, e um ou dois Mig-21 teriam sido perdidos na tentativa de fazer o mesmo, um com certeza pelo armamento de cauda de um B-52.
Aparentemente(estou puxando da memória, o que não é muito confiável), dos 15 B-52 derrubados, 2 ou 3 estariam na conta de interceptadores. Sim, os SA-2 derrubaram mais aeronaves, mesmo se confirmadas as vitórias dos MiG-21, mas é um dado interessante(na verdade, o mais interessante para mim é que o modo de emprego dos MiG-21 era tão semelhante ao de um SA-2 que se torna difícil distinguir qual é qual). Os MiG-21 derrubados durante a Linebacker II eu conhecia.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8418 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 25, 2015 7:28 am

Compram isto e não se fala mais nisso! :twisted: 8-] :mrgreen:





"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

https://i.postimg.cc/QdsVdRtD/exwqs.jpg
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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8419 Mensagem por Túlio » Dom Ago 02, 2015 1:09 pm

LeandroGCard escreveu:(...)a questão da “espada versus escudo”: Da forma como você usa este argumento dá a impressão de que está considerando uma espada infinitamente resistente que pode golpear o escudo impunemente até encontrar uma brecha, e uma vez esta alcançada acabou, o inimigo está morto.


Imagem


Um abração,


Leandro G. Card
Desculpes a demora em responder, cupincha véio. Mas aí vai:


:arrow: Como falei anteriormente, a comparação espada x escudo não é exata e, portanto, não a podemos tomar no sentido literal. Foi apenas uma figura que usei para ilustrar o raciocínio e, novamente, repito o que falei em outro post, a usei de maneira infeliz. Igualmente flecha/dardo/lança x escudo cairiam no mesmo erro.

Pois o que aqui está em debate é envelope, precisão e capacidade sensorial de PGMs x as mesmas capacidades da AAAe. Mas em algo tive sucesso, consegui trazer para o debate a necessidade da DA como item no go without. Desconheço exemplo na terra de quem tenha vencido uma só guerra - em que se tenha empregado Aviação de Combate - exclusivamente com AAAe como defesa contra agressores aéreos. Isto restou sobejamente comprovado em uma das maiores operações SEAD de todos os tempos, a Operação Mole Cricket 19, que ficou também conhecida como "Tiro ao Pato (ou peru, ou pavão; usei "pato" porque os alvos eram verdadeiros sitting ducks) no Vale do Bekaa". Claro, isso envolveu combates aéreos também mas não invalida o FATO de que o alvo primário era a AAAe, primeiro forçada a ligar os radares com uso de drones-isca, jammeada com pods embarcados nos caças atacantes e depois atacada e quase que totalmente destruída. Menciono esta batalha em particular (e me proponho a debatê-la mais profundamente, se requerido, mas em outro tópico, ou este será desvirtuado) porque, notem na imagem acima, a disposição era muito semelhante: AAAe na frente e DA na retaguarda, lançando apenas umas poucas PACs (e necas de AEW/AWACS) para prevenir a AAAe da aproximação de inimigos: exatamente o inverso de como deve ser!

:arrow: Notemos que, de fato, AS BASES AÉREAS, de onde partem os caças e aviões-radar (no nosso caso), devem mesmo ficar na retaguarda, protegidas pela AAAe contra PGMs lançadas à distância; já a área de atuação dos ditos caças deve estar é à frente da AAAe; BEM à frente, ou seja, se eu fosse redesenhar a imagem em apreço, inverteria as posições, desdobrando a AAAe bem mais à retaguarda - próxima das Bases e demais pontos críticos a serem defendidos, bem como seus arredores, pois desconheço lei que obrigue o inimigo a atacar pela frente, pode muito bem dar a volta - enquanto os caças ficariam parte em prontidão (supondo-se que se esteja à beira de um conflito ou mesmo que ele já esteja em andamento) nas bases e mesmo trechos rodoviários pré-preparados para operá-los (e aí uma das grandes vantagens em operar Gripen) e parte em PAC, para dar o alerta e primeiro combate a invasores. Então sim, quem disparasse PGM o estaria fazendo sob ameaça direta de ser abatido (se for meio aéreo), destruído (se terrestre) ou afundado (se naval). E novas levas de aeronaves de combate estariam vindo da bem protegida retaguarda.

:arrow: Notemos ainda que a imagem que exemplifica a linha de raciocínio do Leandro véio pressupõe um ataque vindo da Colômbia. Como eles têm ainda menor capacidade aérea do que nós (e a Venezuela ali do lado, doidinha para arranjar um inimigo externo para galvanizar a vontade popular em prol do governo contra algo assim), devo supor que a premissa é um ataque da OTAN/EUA partindo de lá. Bueno, a OTAN estaria muito melhor posicionada no que já tem de seu e que fica a leste, ou seja, a Guiana Francesa. Lá conhecem bem o terreno, não teriam problemas com guerrilheiros/insurgentes e má vontade popular geral e não teriam de obter permissão (leia-se fazer conce$$õe$) em relação a qualquer País.

:arrow: Como curiosidade, cito que a sobredita GF não é protegida oficialmente pela OTAN, dado que, pelo tratado, a proteção se restringe à área que começa no Trópico de Câncer e segue em direção ao norte. É o que impediu que qualquer integrante pudesse legalmente se envolver na Guerra das Falklands em defesa de um dos membros (UK). O mesmo termo impediu a Argentina de entrar para a Organização quando pediu (uma das coisas mais ridículas que o Menem já fez) e impediria até o Brasil, basta olhar no mapa. Não obstante, nada impediria que, por uma "causa nobre" (defesa dos pobrezinhos dos indiozinhos e do que eles chamam de rainforest), desdobrassem forças de terra, mar e ar lá. E, claro, as usassem para atacar na direção sul. Sem ter que se preocupar com população hostil, guerrilheiros, políticos ganancio$o$, etc.

:arrow: Desejo ainda agregar meu apreço a uma das idéias bem legais que este debate suscitou: pequenos e baratos sensores acústicos, dispostos em grande quantidade em todas as possíveis rotas de aproximação. Vejo-os como caixas leves de plástico/polímero completamente vedadas contra a umidade e capazes de proteger ao menos até certa intensidade seu conteúdo contra EMP, UV, etc. O dito conteúdo seria apenas um ou mais microfones de alta sensibilidade, ligado(s) a um processador de áudio programado para filtrar (descartar) todas as frequências não associadas a aeronaves e similares (mísseis e outras PGMs) em voo e um transmissor direcional (microondas, laser, etc, reduzindo sua detectabilidade). Como já foi dito, os sinais captados chegariam ao sensor à velocidade do som mas partiriam para a recepção final à velocidade da luz. Aliás, aí estaria algo que já poderia, talvez em versão mais simples, ser logo integrado ao SISFRON, dando o alerta antecipado sobre voos ilegais sobre nosso território.

Era o que tinha para o momento.

Abração!!!




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8420 Mensagem por Bolovo » Dom Ago 02, 2015 5:20 pm

Muito bom o debate Leandro x Túlio. Continuem...




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8421 Mensagem por Túlio » Dom Ago 02, 2015 5:27 pm

Bolovo escreveu:Muito bom o debate Leandro x Túlio. Continuem...

O DEBATE é de todos, cupincha vinagrento, tanto que citei Colega que nem é um de nós dois mas postou algo bem legal ( :twisted: sem nomes :twisted: )...




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8422 Mensagem por LeandroGCard » Dom Ago 02, 2015 5:27 pm

OK Túlio, vamos lá então:
Túlio escreveu:Pois o que aqui está em debate é envelope, precisão e capacidade sensorial de PGMs x as mesmas capacidades da AAAe. Mas em algo tive sucesso, consegui trazer para o debate a necessidade da DA como item no go without. Desconheço exemplo na terra de quem tenha vencido uma só guerra - em que se tenha empregado Aviação de Combate - exclusivamente com AAAe como defesa contra agressores aéreos. Isto restou sobejamente comprovado em uma das maiores operações SEAD de todos os tempos, a Operação Mole Cricket 19, que ficou também conhecida como "Tiro ao Pato (ou peru, ou pavão; usei "pato" porque os alvos eram verdadeiros sitting ducks) no Vale do Bekaa". Claro, isso envolveu combates aéreos também mas não invalida o FATO de que o alvo primário era a AAAe, primeiro forçada a ligar os radares com uso de drones-isca, jammeada com pods embarcados nos caças atacantes e depois atacada e quase que totalmente destruída. Menciono esta batalha em particular (e me proponho a debatê-la mais profundamente, se requerido, mas em outro tópico, ou este será desvirtuado) porque, notem na imagem acima, a disposição era muito semelhante: AAAe na frente e DA na retaguarda, lançando apenas umas poucas PACs (e necas de AEW/AWACS) para prevenir a AAAe da aproximação de inimigos: exatamente o inverso de como deve ser!
Túlio, para começo de conversa não se prenda muito à campanha israelense no vale de Bekaa para avaliar a defesa AAe em geral, pois aquele não foi nem de longe um caso típico. Seria como avaliar a defesa em uma guerra de trincheiras tomando como modelo o desempenho das unidades portuguesas durante a Ofensiva Ludendorff em 1914 (sem ofensas aos nossos amigos lusos). Todos os analistas são unânimes em afirmar que a atuação dos sírios naquele caso foi um perfeito exemplo de tudo o que a defesa AAe NÂO DEVE fazer (não acompanhar o desenvolvimento tecnológico, ficar estática, seguir sempre os mesmos procedimentos previsíveis, mostrar descaso com as ações preparatórias israelenses e por aí vai, a lista é enorme). E no final, na verdade o que os israelenses conseguiram foi apenas eliminar por um certo tempo a ameaça aos seus aviões advinda dos sistemas AAe sírios. Nem um palmo de terreno sequer mudou de mãos ao terminar da campanha, e pouco depois as defesas sírias estavam de volta, renovadas :wink: .

No Iraque a coisa também não foi muito diferente, com os iraquianos empregando equipamentos e conceitos já ultrapassados contra uma aliança das maiores potências do planeta equipada com o que havia de mais moderno no mundo no que tange à sistemas aéreos ofensivos.

Muito mais significativas foram as ações entre americanos e vietnamitas ao longo da década de 1960, ou a campanha da Sérvia, embora em ambos os casos se tratasse de conflitos com elevado grau de assimetria (uma grande potência ou a OTAN inteira contra países pequenos e de poucos recursos, dependentes do auxílio de terceiras nações que evitavam o envolvimento direto). Outro exemplo interessante, o único em que forças grosso-modo equivalentes estavam em ação, foi o da guerra de 1973 entre Israel, Egito e Síria, principalmente nos primeiros dias. E vale aí contar não só a ação já bem conhecida das defesas árabes, mas também a das israelenses que embora geralmente pouco mencionadas foram também bastante interessantes, abatendo 43 aviões egípcios e 7 sírios nos dezenove dias de combate (a AAe egípcia derrubou pouco mais de 100 aviões israelenses no mesmo período - cerca de 1/4 de toda a força aérea de Israel à época :shock: ). Tal nível de perdas teria por exemplo significado o fim da força de combate da FAB, se fosse este o caso.


Notemos que, de fato, AS BASES AÉREAS, de onde partem os caças e aviões-radar (no nosso caso), devem mesmo ficar na retaguarda, protegidas pela AAAe contra PGMs lançadas à distância; já a área de atuação dos ditos caças deve estar é à frente da AAAe; BEM à frente, ou seja, se eu fosse redesenhar a imagem em apreço, inverteria as posições, desdobrando a AAAe bem mais à retaguarda - próxima das Bases e demais pontos críticos a serem defendidos, bem como seus arredores, pois desconheço lei que obrigue o inimigo a atacar pela frente, pode muito bem dar a volta - enquanto os caças ficariam parte em prontidão (supondo-se que se esteja à beira de um conflito ou mesmo que ele já esteja em andamento) nas bases e mesmo trechos rodoviários pré-preparados para operá-los (e aí uma das grandes vantagens em operar Gripen) e parte em PAC, para dar o alerta e primeiro combate a invasores. Então sim, quem disparasse PGM o estaria fazendo sob ameaça direta de ser abatido (se for meio aéreo), destruído (se terrestre) ou afundado (se naval). E novas levas de aeronaves de combate estariam vindo da bem protegida retaguarda.
Túlio, conforme eu mencionei, os detalhes do cenário que coloquei na imagem não são importantes, foi apenas algo que montei em CINCO MINUTOS, sem pensar muito. Eu apenas queria exemplificar que a posição das defesas AAe de médio e longo alcance não necessariamente estará no entorno imediato dos alvos, mas sim distribuída de forma a aproveitar as características de cada equipamento e de cada cenário para maximizar sua chance de causar perdas ao inimigo.

No cenário imaginado, a FAB contra uma força aérea extra-continental, a sua ideia de levar a força de caças à frente da AAe de médio e longo alcance para enfrentar o inimigo seria absurda, um verdadeiro suicídio. Operando longe de suas bases, sobre a floresta mais isolada, ao alcance dos radares e sistemas AWACS do inimigo e eventualmente até de seus sistemas AAe, nossos caças estariam enfrentando os piores desafios imagináveis. E para proteger o quê, as árvores amazônicas? Qual a justificativa para isso? Apenas porque os caças podem chegar até lá na frente, junto a fronteira, isso não significa que é o que devam fazer, as considerações táticas é que devem definir sua área de atuação. Isso, avançar os caças, pode parecer muito arrojado e elegante, mas não tem nenhuma justificativa prática que eu consiga imaginar.

O correto seria deixar que o inimigo enfrentasse a AAe ou longas rotas de aproximação ao redor dela, se afastasse de suas aeronaves de alerta antecipado e reabastecimento, ficasse sobre território hostil a ele e então forçá-lo a enfrentar a defesa de caças com um olho no céu e outro no mostrador de combustível. Perceba que só o fato de ter que fazer enormes voltas para evitar a AAe já reduziria significativamente o número de sortidas que os atacantes poderiam efetuar por período (horas, dias, etc...), o que na prática representaria uma redução da própria intensidade e consequentemente eficácia da guerra aérea.

Contra um inimigo continental, como a Venezuela, a Colômbia ou o Chile poderia-se pensar em avançar os caças, principalmente para ataques aos aeródromos e outros pontos importantes inimigos. Mas na defesa de nossas próprias cidades, radares e outras posições importantes também seria mais inteligente deixar os aviões inimigos se arriscarem vindo até nós ao invés de ir até eles só para impedir que ultrapassem uma fronteira onde não existe nada o que atacar ou defender. Aproveitar a defesa em profundidade sempre que possível seria uma das principais preocupações dos comandantes da AAe, que desdobrariam seus sistemas de detecção e interceptação buscando criar armadilhas para surpreender os atacantes e tornar sua vida a mais difícil possível. Recuar e deixar o terreno livre para os caças deles enfrentarem os nossos livremente não só arriscaria desnecessariamente nossas próprias aeronaves como limitaria as possibilidades das unidades da AAe de surpreender o inimigo.

Um ponto muito importante a manter em mente é que as unidades de longo e principalmente as de médio alcance devem possuir a mais alta mobilidade possível e trocar de posição com a máxima frequência, justamente para não dar ao inimigo a chance de mapear as áreas onde haveria ameaças e aquelas que poderiam estar livres. Principalmente os sistemas de médio alcance, que poderiam (e deveriam) estar disponíveis em maiores quantidades, precisariam ter garantida a máxima mobilidade e autonomia de operação, de forma a poder mudar continuamente o cenário da defesa e manter o inimigo todo o tempo sob pressão. Imagine, para ilustrar, o pesadelo que seria para os planejadores da força de ataque se os círculos verdes mostrados no mapa, principalmente os colocados em posições mais avançadas, fossem em maiores quantidades e estivessem o tempo todo mudando de lugar, iniciando cada dia em uma posição dezenas ou centenas de km daquela que foi conhecida no dia anterior.


Notemos ainda que a imagem que exemplifica a linha de raciocínio do Leandro véio pressupõe um ataque vindo da Colômbia. Como eles têm ainda menor capacidade aérea do que nós (e a Venezuela ali do lado, doidinha para arranjar um inimigo externo para galvanizar a vontade popular em prol do governo contra algo assim), devo supor que a premissa é um ataque da OTAN/EUA partindo de lá. Bueno, a OTAN estaria muito melhor posicionada no que já tem de seu e que fica a leste, ou seja, a Guiana Francesa. Lá conhecem bem o terreno, não teriam problemas com guerrilheiros/insurgentes e má vontade popular geral e não teriam de obter permissão (leia-se fazer conce$$õe$) em relação a qualquer País.
Túlio, mais uma vez, não se prenda aos detalhes.

Poderia por exemplo ser uma ação isolada dos americanos sem apoio algum da OTAN (eles nunca se importaram com isso, não é mesmo 8-] ), tendo eles pressionado ou simplesmente "comprado" o governo da Colômbia para aceitar que seu território fosse utilizado como base e não tendo conseguido o mesmo com relação à França. Ou poderia ser o oposto, uma ação da Otan sem o apoio de nenhum país sul americano, e neste caso os ataques partiriam apenas da Guiana Francesa e não da Colômbia (e aí o cenário seria similar ao mostrado, apenas invertido com relação a um eixo vertical). Ou poderia ainda ser um ataque total de ambas as direções, e aí o cenário se estenderia aos dois lados mas ainda teria as mesmas características, apenas mais unidades AAe seriam necessárias para completar a defesa. Na verdade para os fins deste debate tanto faz, o importante é perceber como a disposição da defesa AAe de médio e longo alcance não estaria de forma alguma “amarrada” à dos alvos a serem protegidos, apenas os sistemas de curto alcance dedicados justamente a interceptar as PGM´s é que ficariam próximos destes, por suas inerentes limitações de alcance.

:arrow: Desejo ainda agregar meu apreço a uma das idéias bem legais que este debate suscitou: pequenos e baratos sensores acústicos, dispostos em grande quantidade em todas as possíveis rotas de aproximação. Vejo-os como caixas leves de plástico/polímero completamente vedadas contra a umidade e capazes de proteger ao menos até certa intensidade seu conteúdo contra EMP, UV, etc. O dito conteúdo seria apenas um ou mais microfones de alta sensibilidade, ligado(s) a um processador de áudio programado para filtrar (descartar) todas as frequências não associadas a aeronaves e similares (mísseis e outras PGMs) em voo e um transmissor direcional (microondas, laser, etc, reduzindo sua detectabilidade). Como já foi dito, os sinais captados chegariam ao sensor à velocidade do som mas partiriam para a recepção final à velocidade da luz. Aliás, aí estaria algo que já poderia, talvez em versão mais simples, ser logo integrado ao SISFRON, dando o alerta antecipado sobre voos ilegais sobre nosso território.
É como imagino o sistema mesmo. Algo como um SOSUS instalado em terra para uso contra aeronaves. Que seria combinado com o uso dos diversos sistemas de radar e IIR, desde os fixos de longo alcance aos menores, de alcance apenas local, não deixando ao inimigo espaços onde poderia relaxar e se organizar com calma.

Um grande abraço,


Leandro G. Card




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8423 Mensagem por Túlio » Dom Ago 02, 2015 5:41 pm

Cupincha Leandro véio, AAAe é importante sim, tri? Minha ÚNICA discordância é sobre achar que ela segura tudo e ganha, não há exemplo na História e duvido que um dia haja. Ou se tem caças + AEW + AAAe ou se está na mão do diabo.

De resto, se e quando sossegarmos com DEFESA, gostaria de passar às capacidades de CONTRAATAQUE (Porque ficar só aparando golpe é meio nadavê, não?)...




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8424 Mensagem por LeandroGCard » Dom Ago 02, 2015 5:53 pm

Túlio escreveu:Cupincha Leandro véio, AAAe é importante sim, tri? Minha ÚNICA discordância é sobre achar que ela segura tudo e ganha, não há exemplo na História e duvido que um dia haja. Ou se tem caças + AEW + AAAe ou se está na mão do diabo.

De resto, se e quando sossegarmos com DEFESA, gostaria de passar às capacidades de CONTRAATAQUE!
Túlio, só para completar o raciocínio e não deixar desentendidos antes de passar para outro tópico: Em momento algum eu afirmei que a AAe vai ganhar uma guerra sozinha, ela não pode fazer isso assim como a força aérea também não pode. A função dela é MINIMIZAR a eficiência da ofensiva aérea, de forma a não permitir que esta obtenha o controle do espaço aéreo amigo ou possa impor a destruição que quiser impunemente, mesmo que tenha superioridade ou supremacia aérea.

Se uma nação não pode contar em obter sempre a superioridade/supremacia aérea, nem imagina que jamais terá que defender seu próprio território de qualquer agressão importante (consegue citar algum exemplo disso além dos EUA?), então a defesa AAe é muito importante, mesmo que não seja decisiva. Voltando à sua analogia, um cavaleiro portando apenas um escudo não irá jamais ganhar uma luta, mas pouquíssimos deles se arriscariam a entrar em uma batalha sem ele :wink: .

E se ela é importante, e tanto mais para países em que a força aérea mal passa de um enfeite para ocasiões festivas (como ocorre com uma certa nação abaixo do equador que conhecemos bem), então ela deve ser discutida, muito bem pensada e muito bem implementada, e não tratada apenas como um incômodo do qual ninguém quer se responsabilizar a sério.

Outro grande abraço,


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8425 Mensagem por Túlio » Dom Ago 02, 2015 5:59 pm

LeandroGCard escreveu:
Túlio escreveu:Cupincha Leandro véio, AAAe é importante sim, tri? Minha ÚNICA discordância é sobre achar que ela segura tudo e ganha, não há exemplo na História e duvido que um dia haja. Ou se tem caças + AEW + AAAe ou se está na mão do diabo.

De resto, se e quando sossegarmos com DEFESA, gostaria de passar às capacidades de CONTRAATAQUE!
Túlio, só para completar o raciocínio e não deixar desentendidos antes de passar para outro tópico: Em momento algum eu afirmei que a AAe vai ganhar uma guerra sozinha, ela não pode fazer isso assim como a força aérea também não pode. A função dela é MINIMIZAR a eficiência da ofensiva aérea, de forma a não permitir que esta obtenha o controle do espaço aéreo amigo ou possa impor a destruição que quiser impunemente, mesmo que tenha superioridade ou supremacia aérea.

Se uma nação não pode contar em obter sempre a superioridade/supremacia aérea, nem imagina que jamais terá que defender seu próprio território de qualquer agressão importante (consegue citar algum exemplo disso além dos EUA?), então a defesa AAe é muito importante, mesmo que não seja decisiva. Voltando à sua analogia, um cavaleiro portando apenas um escudo não irá jamais ganhar uma luta, mas pouquíssimos deles se arriscariam a entrar em uma batalha sem ele :wink: .

E se ela é importante, e tanto mais para países em que a força aérea mal passa de um enfeite para ocasiões festivas (como ocorre com uma certa nação abaixo do equador que conhecemos bem), então ela deve ser discutida, muito bem pensada e muito bem implementada, e não tratada apenas como um incômodo do qual ninguém quer se responsabilizar a sério.

Outro grande abraço,


Leandro G. Card

Perfeito, cupincha, discutimos e discutimos mas no fim acabamos convergindo. Em algum ponto a gente se acha, é assim e sempre foi (exceto para quem defende IDEOLOGICE, que não é o nosso caso).

DETALHE:
consegue citar algum exemplo disso além dos EUA?
Não.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8426 Mensagem por Wingate » Dom Ago 02, 2015 6:53 pm

Dentro dessa ótima discussão, aproveito para perguntar aos colegas que contra-medidas eletrônicas poderíamos usar hoje para "embaralhar" as comunicações, sistemas de orientação e radar de um suposto inimigo intruso, fazendo com que este errasse o alvo ou fosse cair bem no centro de uma "ratoeira antiaérea".

Teríamos hoje disponíveis sistemas eletrônicos desse tipo?

Grato e abraços,

Wingate


http://operacoesmilitaresguia.blogspot. ... ducao.html

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Editado pela última vez por Wingate em Dom Ago 02, 2015 7:46 pm, em um total de 1 vez.
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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8427 Mensagem por Túlio » Dom Ago 02, 2015 6:57 pm

É o que mais gosto neste tópico, chove idéia tri e factível... :D :D :D :D




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8428 Mensagem por LeandroGCard » Dom Ago 02, 2015 7:18 pm

Wingate escreveu:Dentro dessa ótima discussão, aproveito para perguntar aos colegas que contra-medidas eletrônicas poderíamos usar hoje para "embaralhar" as comunicações, sistemas de orientação e radar de um suposto inimigo intruso, fazendo com que este errasse o alvo ou fosse cair bem no centro de uma "ratoeira antiaérea".

Teríamos hoje disponíveis sistemas eletrônicos desse tipo?

Grato e abraços,

Wingate

Imagem
Existe uma série de coisas que se utilizam para isso, desde emissores de radar falsos (decoys) que imitam os radares reais mas não possuem nem mesmo sistemas de recepção até equipamentos ECM que interferem nos sistemas de rádio e datalink inimigos. Sem esquecer os falsos emissores de sinais de GPS e até os "equipamentos infláveis" imitando lançadores de mísseis, centrais de controle e etc... .

Mas até onde eu conheço há muito pouco deste tipo de equipamento no Brasil, e quase ninguém especializado em seu uso e menos ainda em seu desenvolvimento, embora exista um sistema desenvolvido para o EB (pelo que sei par a área de escuta/jameamento de comunicações).


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8429 Mensagem por Mathias » Seg Ago 03, 2015 1:51 am

Eu li não lembro onde que na Sérvia eles usaram interferidores de GPS russos que pareciam latas de refrigerante.
Essas "latas" podem ser lançadas, semeadas de avião com um pequeno para quedas e negar o uso de GPS ali.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#8430 Mensagem por Bolovo » Seg Ago 03, 2015 1:59 am

Mathias escreveu:Eu li não lembro onde que na Sérvia eles usaram interferidores de GPS russos que pareciam latas de refrigerante.
Essas "latas" podem ser lançadas, semeadas de avião com um pequeno para quedas e negar o uso de GPS ali.
Não foi na Sérvia. Foi em 2003 no Iraque. Os russos alegam que um jammer de GPS/GLOSNASS fabricado pela Aviakonversiya degradaram o uso das bombas JDAM da coalizão. Se isso é verdade ou não, vai saber.

Fonte: http://www.ausairpower.net/APA-SAM-DefAids.html




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