ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#301 Mensagem por Ziba » Qui Abr 24, 2014 7:45 pm

O ideal não seria se concentrar num programa, apenas, com satélites? Com as empresas privadas na jogada os lançamentos custam cada vez menos, nós não temos ideia de ter artefatos nucleares, portanto de nada nos serviria o desenvolvimento de um ICBM... portanto, acho dinheiro e tempo jogado fora esse papo de querer um lançador nacional.




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#302 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Abr 24, 2014 10:58 pm

Satélite por satélite uma esfera de aço orbitando a Terra é um satélite...

Para uma agência espacial, em especial, para uma base de lançamento na linha do equador acho que faz mais sentido focar no lançamento.

Se o programa de foguetes ainda não deu muitos resultados não vejo porque um programa de satélites daria qualquer resultado.




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#303 Mensagem por LeandroGCard » Sex Abr 25, 2014 11:27 am

Ziba escreveu:O ideal não seria se concentrar num programa, apenas, com satélites? Com as empresas privadas na jogada os lançamentos custam cada vez menos, nós não temos ideia de ter artefatos nucleares, portanto de nada nos serviria o desenvolvimento de um ICBM... portanto, acho dinheiro e tempo jogado fora esse papo de querer um lançador nacional.
Esta é sempre uma opção, se entre as quatro razões para um país manter um programa espacial for decidido atender apenas as duas últimas, e mesmo assim abandonando parte da terceira.

Mas ainda assim estaríamos já bastante atrasados. Existe uma série de tecnologias que outros já utilizam e que teríamos que avançar bastante para produzir no mesmo nível tecnológico (de baterias e painéis solares avançados a câmeras de altíssima resolução e antenas) e teríamos que gastar uma quantidade bastante razoável de dinheiro e tempo para chegar a um nível minimamente competitivo. E usando foguetes estrangeiros uma boa parte (talvez até 50%, já que pelo menos a princípio nossos satélites seriam pequenos, simples e consequentemente relativamente baratos) das verbas que destinássemos ao nosso programa espacial seria simplesmente entregue a outros, que as utilizariam para desenvolver tecnologias em um campo que teríamos abandonado. Além disso ficaríamos ainda na dependência da disponibilidade de lançadores estrangeiros para colocar em órbita algumas cargas que poderiam ser mais sensíveis, como satélites de reconhecimento militar, e poderíamos ter alguns problemas com este tipo de carga.

Eu pessoalmente não gosto desta opção. Seria um programa espacial capenga, que não cumpriria todos os objetivos que um programa espacial nacional deve cumprir e ainda exigiria despender boa parte dos nossos poucos recursos no exterior.

Mas por outro lado provavelmente permitiria focar melhor os nossos esforços, e talvez com isso finalmente conseguíssemos começar a obter algum resultado útil de um programa espacial que até agora se caracterizou muito mais pelos fracassos do que pelos sucessos.


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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#304 Mensagem por Penguin » Sex Abr 25, 2014 12:06 pm

Poucos países conseguiram desenvolver veículos lançadores de satélites:
Over the last 57 years of space exploration a lot of countries have had some involvement in space. This can range from the building of rockets, designing experiments to go on board and even providing and training the astronauts who go into space. Due to the tremendous cost of space travel, exploration outside our planet has become a truly international affair.

That being said only a limited selection of countries possess the ability to launch something into orbit around the Earth. To date there are 9 countries that have orbital launch capability. These are Russia, the United States, France, Japan, China, India, Israel, Iran and North Korea. These 9 countries have the ability to build and launch an orbit capable vehicle. Great Britain developed launch capacity in the 1970’s but did not join the European consortium Arianespace, therefore losing this ability. A few other countries have inherited technology allowing them to make orbital flights. These include Ukraine and South Korea, and nine other European countries who have access through the combined effort of ESA and Arianespace.
- See more at: http://www.spaceanswers.com/space-explo ... lMZjs.dpuf

O mercado comercial de lançamento é bastante concentrado e já está praticamente definido:
United States, Commerical Payloads in 2012: 3

Private companies and state governments are establishing spaceports across the United States that directly or indirectly support the satellite launch industry. For example, SpaceX is looking at building its own launchpad in Texas, Florida is planning a private spaceport near Cape Canaveral, and Indiana hopes companies will arrive to flight-test space-bound hardware.

Russia, Commerical Payloads in 2012: 15

The leader in commercial space launches, Russia operates several spaceports. The nation pays Kazakhstan $115 million a year for use of its most active launch site, the Soviet-built Baikonur cosmodrome. The emergence of new players is forcing the Russians to look for opportunities elsewhere. For example, they collaborate with the European Union to launch satellites on Soyuz rockets from a dedicated, Russian-built pad in French Guiana.

European Union, Commercial Payloads in 2012: 12

France built its launch facilities in French Guiana in the 1970s, using Earth’s equatorial spin to sling hundreds of additional pounds of payload into orbit. The European Union spaceport is now one of the planet’s most active, and it’s growing. Since 2012 Italian-made rockets have been launching from French Guiana; the mix of Russian, EU, and Italian rockets provides flexibility and some redundancy to customers. The EU is designing new rockets to improve reliability and reduce prices; the tried-and-tested spaceport operation in South America is a major selling point.

China, Commerical Paylods in 2012: 5

The Chinese are now a leading commercial launch provider, blasting cargo to orbit inside Long March rockets from Jiuquan Satellite Launch Center in northwest China.

India, Commerical Payloads in 2012: 1

India is in the midst of a major push to strengthen its spaceflight capabilities. The nation has, within the past six years, become competitive in the commercial launch market, lofting customers’ sats (and its own) from Satish Dhawan Space Centre in southeastern India.

Switzerland, Commercial Payloads in 2012: 0

Sea Launch, headquartered in Bern, Switzerland, launches satellites from a 660-foot ship. The vessel leaves Long Beach, Calif., for launch sites in the Pacific Ocean. In 2010 a Russian launch company bought a controlling interest in Sea Launch as it came out of bankruptcy. The company, which launched three sats in 2012, offers competitive prices but has a low capacity.

Japan, Commericial Payloads in 2012: 0

A May 2012 launch of a South Korean satellite marked more than a successful mission; it initiated the official privatization of the satellite launch business of the Japan Aerospace Exploration Agency.

Brazil, Commercial Payloads in 2012: 0

Brazil’s tough entry into the launch industry is a reminder of how technically difficult—and dangerous—this business can be. Two prototypes of its four-stage satellite launch vehicle failed to launch. The third exploded on the launchpad in 2003, killing 21 people. The agency expects to launch a new version in 2013.
http://www.popularmechanics.com/science ... s-15222860

Estrategicamente, acho que o Brasil deveria se concentrar em desenvolver internamente tecnologias de satélites e de lançadores, não para entrar no mercado comercial, mas para ter autonomia de no futuro poder lançar seus próprios satélites militares e de pesquisa, como fazem Israel, Coreia do Sul, Índia, e Japão e outros.

Programas como o atual com a Ucrânia, apenas drenaram recursos para objetivos não-realistas e de retorno tecnológico limitado. Recursos esses que poderiam estar sendo utilizados para o desenvolvimento de tecnologias nacionais no setor.




Editado pela última vez por Penguin em Sáb Abr 26, 2014 10:39 pm, em um total de 1 vez.
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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#305 Mensagem por Ziba » Sáb Abr 26, 2014 1:01 pm

LeandroGCard escreveu:
Ziba escreveu:O ideal não seria se concentrar num programa, apenas, com satélites? Com as empresas privadas na jogada os lançamentos custam cada vez menos, nós não temos ideia de ter artefatos nucleares, portanto de nada nos serviria o desenvolvimento de um ICBM... portanto, acho dinheiro e tempo jogado fora esse papo de querer um lançador nacional.
Esta é sempre uma opção, se entre as quatro razões para um país manter um programa espacial for decidido atender apenas as duas últimas, e mesmo assim abandonando parte da terceira.

Mas ainda assim estaríamos já bastante atrasados. Existe uma série de tecnologias que outros já utilizam e que teríamos que avançar bastante para produzir no mesmo nível tecnológico (de baterias e painéis solares avançados a câmeras de altíssima resolução e antenas) e teríamos que gastar uma quantidade bastante razoável de dinheiro e tempo para chegar a um nível minimamente competitivo. E usando foguetes estrangeiros uma boa parte (talvez até 50%, já que pelo menos a princípio nossos satélites seriam pequenos, simples e consequentemente relativamente baratos) das verbas que destinássemos ao nosso programa espacial seria simplesmente entregue a outros, que as utilizariam para desenvolver tecnologias em um campo que teríamos abandonado. Além disso ficaríamos ainda na dependência da disponibilidade de lançadores estrangeiros para colocar em órbita algumas cargas que poderiam ser mais sensíveis, como satélites de reconhecimento militar, e poderíamos ter alguns problemas com este tipo de carga.

Eu pessoalmente não gosto desta opção. Seria um programa espacial capenga, que não cumpriria todos os objetivos que um programa espacial nacional deve cumprir e ainda exigiria despender boa parte dos nossos poucos recursos no exterior.

Mas por outro lado provavelmente permitiria focar melhor os nossos esforços, e talvez com isso finalmente conseguíssemos começar a obter algum resultado útil de um programa espacial que até agora se caracterizou muito mais pelos fracassos do que pelos sucessos.


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Eu não penso nem em um programa de satélites para ser competitivo, mas para nos manter no jogo, para uso próprio mesmo. O fato é que grande parte dos lançamentos já são Russos. Com a entrada da SpaceX no mercado as coisas tendem a diminuir ainda mais. Se a ideia fosse desenvolver, em conjunto, capacidade para ICBMs eu até entenderia, mas como o pensamento é de se manter uma nação sem artefato nuclear, também não vejo motivos para desenvolver tal coisa.

Logo, um programa focado apenas em satélites, tendem a direcionar os esforços em apenas um ponto em vez de pulverizá-lo em diversos esforços mal gerenciados como temos atualmente.

Se o Brasil fosse um país sério, acho que o ideal seria um programa simples, como o Shavit/Ofeq Israelense. Deveríamos jogar tudo que fizemos até agora pela janela, criar um lançador simples e pequeno e uma família de satélites também simples... o próximo passo fica para depois.

[]s




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#306 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Abr 26, 2014 4:40 pm

Ziba escreveu:Eu não penso nem em um programa de satélites para ser competitivo, mas para nos manter no jogo, para uso próprio mesmo. O fato é que grande parte dos lançamentos já são Russos. Com a entrada da SpaceX no mercado as coisas tendem a diminuir ainda mais. Se a ideia fosse desenvolver, em conjunto, capacidade para ICBMs eu até entenderia, mas como o pensamento é de se manter uma nação sem artefato nuclear, também não vejo motivos para desenvolver tal coisa.
Desenvolver tecnologia para ICBM`s é o motivo número 1 para um país iniciar um programa espacial, e este foi o objetivo que levou o Brasil a entrar nessa. Mas depois do abandono da ideia de podermos um dia desenvolver um arsenal nuclear após o final do governo militar este objetivo foi abandonado, e depois disso nosso programa de foguetes realmente perdeu totalmente o rumo.
Logo, um programa focado apenas em satélites, tendem a direcionar os esforços em apenas um ponto em vez de pulverizá-lo em diversos esforços mal gerenciados como temos atualmente.

Se o Brasil fosse um país sério, acho que o ideal seria um programa simples, como o Shavit/Ofeq Israelense. Deveríamos jogar tudo que fizemos até agora pela janela, criar um lançador simples e pequeno e uma família de satélites também simples... o próximo passo fica para depois
Como eu já disse, acho que um programa apenas de satélites, sem capacidade de lançamento autônoma, é um programa capenga, que tem possibilidade de cumprir apenas parte dos objetivos de um verdadeiro programa espacial. E cria também problemas em termos de justificativas, afinal, se vamos gastar centenas de milhões comprando lançamentos lá fora para nossos satélites meia-boca porque não comprar logo os satélites prontos que quem sabe fazê-los melhor e mais baratos? Estamos fazendo isso com o SGB, porque não com todos os demais satélites que precisarmos?

Por outro lado, o programa do jeito que está não vai a lugar nenhum. Gastamos dinheiro com bobagens como a ACS e o VLS-1 e mantemos centros puramente acadêmicos como o INPE e o IAE sem nem sequer acharmos estranho quando projetos são adiados por décadas à fio sem mostrar nenhum resultado ou quando perdemos capacidades que eram ditas imprescindíveis e nada acontece. Não temos nenhum planejamento consistente para o futuro, e nem sequer uma "lista de desejos" séria do que gostaríamos que nosso programa espacial fosse capaz. O único programa que pode vir a ter algum futuro (e que aliás é algo no bem no sentido que você sugere) é o VLM, o qual só existe por iniciativa de uma agência de pesquisas alemã :roll: . A herança que temos hoje do que foi um dia nosso programa espacial (o VLS, Alcântara, os programas de satélites experimentais como o Sara e a PMM, etc...) e as pessoas envolvidas com eles ao invés de servirem como base para avançarmos para a frente hoje funcionam apenas como âncoras nos prendendo a um passado que nunca chegou a se realizar, e ficam como uma barreira de sombras à nossa frente sem nos deixar vislumbrar nenhum futuro.

Nestas condições nosso programa espacial como um todo é uma absoluta inutilidade e pior, um empecilho para que se pense de forma realmente séria no futuro do país no espaço. Por isso é minha opinião (que já expressei antes mais de uma vez) que ele deveria ser SUMARIAMENTE ENCERRADO, com o desmonte ou fechamento de todas as instalações dedicadas a ele (inclusive a base de Alcântara), a transferência de técnicos e cientistas para universidades e centros de pesquisa quaisquer que os pudessem receber e a desativação da Agência Espacial Brasileira. Todas as necessidades de serviços espaciais que tivermos deveriam ser adquiridas de fornecedores internacionais através de concorrências abertas que garantissem o melhor custo-benefício, e os planos de se obter alguns recursos que gostaríamos de possuir e que provavelmente não poderiam ser atendidos por terceiros (como reconhecimento militar e comunicações sigilosas seguras) deveriam ser abandonados e substituídos por outras formas de se obter resultados equivalentes por meios não espaciais.

E daqui a 10 ou 20 anos, quando a poeira estivesse assentada e não houvesse mais nenhum resquício das nossas malfadadas iniciativas no setor espacial para distorcer nossa percepção e desviar nossos recursos, então sim, poderíamos se fosse o caso começar novamente a montar do zero um programa espacial totalmente novo, focando nos objetivos corretos que um programa deste tipo deve buscar e na realidade tecnológica, industrial e geopolítica do Brasil no momento, ao invés de numa série de relíquias de coisas que gostaríamos de ter feito funcionar décadas atrás mas que como nunca chegaram a ser realidade nos assombram até hoje. E que enquanto existirem continuarão impedindo que possamos vislumbrar qualquer futuro sólido para o Brasil no espaço.


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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#307 Mensagem por Ziba » Dom Abr 27, 2014 2:47 pm

LeandroGCard escreveu: Como eu já disse, acho que um programa apenas de satélites, sem capacidade de lançamento autônoma, é um programa capenga, que tem possibilidade de cumprir apenas parte dos objetivos de um verdadeiro programa espacial. E cria também problemas em termos de justificativas, afinal, se vamos gastar centenas de milhões comprando lançamentos lá fora para nossos satélites meia-boca porque não comprar logo os satélites prontos que quem sabe fazê-los melhor e mais baratos? Estamos fazendo isso com o SGB, porque não com todos os demais satélites que precisarmos?
O programa Israelense é capenga?
LeandroGCard escreveu:Por outro lado, o programa do jeito que está não vai a lugar nenhum. Gastamos dinheiro com bobagens como a ACS e o VLS-1 e mantemos centros puramente acadêmicos como o INPE e o IAE sem nem sequer acharmos estranho quando projetos são adiados por décadas à fio sem mostrar nenhum resultado ou quando perdemos capacidades que eram ditas imprescindíveis e nada acontece. Não temos nenhum planejamento consistente para o futuro, e nem sequer uma "lista de desejos" séria do que gostaríamos que nosso programa espacial fosse capaz. O único programa que pode vir a ter algum futuro (e que aliás é algo no bem no sentido que você sugere) é o VLM, o qual só existe por iniciativa de uma agência de pesquisas alemã :roll: . A herança que temos hoje do que foi um dia nosso programa espacial (o VLS, Alcântara, os programas de satélites experimentais como o Sara e a PMM, etc...) e as pessoas envolvidas com eles ao invés de servirem como base para avançarmos para a frente hoje funcionam apenas como âncoras nos prendendo a um passado que nunca chegou a se realizar, e ficam como uma barreira de sombras à nossa frente sem nos deixar vislumbrar nenhum futuro.

Nestas condições nosso programa espacial como um todo é uma absoluta inutilidade e pior, um empecilho para que se pense de forma realmente séria no futuro do país no espaço. Por isso é minha opinião (que já expressei antes mais de uma vez) que ele deveria ser SUMARIAMENTE ENCERRADO, com o desmonte ou fechamento de todas as instalações dedicadas a ele (inclusive a base de Alcântara), a transferência de técnicos e cientistas para universidades e centros de pesquisa quaisquer que os pudessem receber e a desativação da Agência Espacial Brasileira. Todas as necessidades de serviços espaciais que tivermos deveriam ser adquiridas de fornecedores internacionais através de concorrências abertas que garantissem o melhor custo-benefício, e os planos de se obter alguns recursos que gostaríamos de possuir e que provavelmente não poderiam ser atendidos por terceiros (como reconhecimento militar e comunicações sigilosas seguras) deveriam ser abandonados e substituídos por outras formas de se obter resultados equivalentes por meios não espaciais.

E daqui a 10 ou 20 anos, quando a poeira estivesse assentada e não houvesse mais nenhum resquício das nossas malfadadas iniciativas no setor espacial para distorcer nossa percepção e desviar nossos recursos, então sim, poderíamos se fosse o caso começar novamente a montar do zero um programa espacial totalmente novo, focando nos objetivos corretos que um programa deste tipo deve buscar e na realidade tecnológica, industrial e geopolítica do Brasil no momento, ao invés de numa série de relíquias de coisas que gostaríamos de ter feito funcionar décadas atrás mas que como nunca chegaram a ser realidade nos assombram até hoje. E que enquanto existirem continuarão impedindo que possamos vislumbrar qualquer futuro sólido para o Brasil no espaço.
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Nisso eu concordo. Só não quero acreditar que há possibilidade de ter um programa minimamente descente só pode chegar daqui há 20 anos. Quantos países possuem capacidade de lançamento? Com a chegada do mercado privado nesse setor, me parece que as coisas vão mudar e muito!




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#308 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Abr 27, 2014 4:59 pm

Ziba escreveu: O programa Israelense é capenga?
O programa de satélites israelense basicamente reúne tecnologias adquiridas em outras áreas, não temos essas tecnologias em outras áreas.




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#309 Mensagem por LeandroGCard » Dom Abr 27, 2014 7:48 pm

Ziba escreveu:O programa Israelense é capenga?
Evidentemente que sim, tanto que eles já usaram até foguetes indianos para lançar os seus satélites. Se o programa fosse mesmo robusto outros países é que estariam lançando satélites com foguetes israelenses :wink: .

Não é por ser israelense que tudo é lindo perfeito e maravilhoso. Os israelenses tem apenas um foguete pequeno, derivado direto do seu míssil militar Jericho, e em 26 anos executaram apenas 10 lançamentos, nem todos bem sucedidos. Após cada falha levou anos para que os israelenses mandassem outro foguete ao espaço, evidentemente deixando uma falha na aplicação desejada. E os satélites são todos pequenos, com menos de 400 kg, servindo apenas para fins de reconhecimento militar.

O programa espacial israelense é apenas um esforço do país para obter uma capacidade de reconhecimento de que ele precisa para enfrentar seus vizinhos e que teria dificuldades políticas de obter de terceiros (pelo menos abertamente). Mas para qualquer outra aplicação os israelenses utilizam satélites e serviços espaciais estrangeiros. Não há muita preocupação em utilizar o programa espacial para desenvolver a tecnologia do país (como mencionou o Marechal, o que ocorre é o contrário), nem em obter uma capacidade razoável para desenvolver aplicações espaciais gerais (comunicações, navegação, etc...).


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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#310 Mensagem por Penguin » Dom Abr 27, 2014 11:16 pm

LeandroGCard escreveu:
Ziba escreveu:O programa Israelense é capenga?
Evidentemente que sim, tanto que eles já usaram até foguetes indianos para lançar os seus satélites. Se o programa fosse mesmo robusto outros países é que estariam lançando satélites com foguetes israelenses :wink: .

Não é por ser israelense que tudo é lindo perfeito e maravilhoso. Os israelenses tem apenas um foguete pequeno, derivado direto do seu míssil militar Jericho, e em 26 anos executaram apenas 10 lançamentos, nem todos bem sucedidos. Após cada falha levou anos para que os israelenses mandassem outro foguete ao espaço, evidentemente deixando uma falha na aplicação desejada. E os satélites são todos pequenos, com menos de 400 kg, servindo apenas para fins de reconhecimento militar.

O programa espacial israelense é apenas um esforço do país para obter uma capacidade de reconhecimento de que ele precisa para enfrentar seus vizinhos e que teria dificuldades políticas de obter de terceiros (pelo menos abertamente). Mas para qualquer outra aplicação os israelenses utilizam satélites e serviços espaciais estrangeiros. Não há muita preocupação em utilizar o programa espacial para desenvolver a tecnologia do país (como mencionou o Marechal, o que ocorre é o contrário), nem em obter uma capacidade razoável para desenvolver aplicações espaciais gerais (comunicações, navegação, etc...).


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A necessidade de Israel é especifica...


Imagem
Ofek 10 Photo: DEFENSE MINISTRY/IAI

Israel launches Ofek 10 radar-based spy satellite
By YAAKOV LAPPIN
04/09/2014 23:34
http://www.jpost.com/Defense/Israel-lau ... ite-348083

IAI and Defense Ministry launch satellite that can take photos of Earth targets irrespective of weather conditions.

The Defense Ministry and Israeli Aircraft Industries launched a spy satellite into orbit from Palmahim Air Base on Wednesday night.

The satellite, called Ofek 10, uses radar systems for observation.

It soon entered orbit, and is scheduled to undergo a series of checks to ensure that key functions are working correctly.

The SAR (Synthetic aperture radar) satellite has advanced day and night photography capabilities, and will work in all weather conditions, the Defense Ministry said.

The launch was jointly carried out by IAI and the Defense Ministry’s Space Administration, which is a part of the Administration for the Development of Weapons and Technological Infrastructure.

Israel maintains an extensive spy satellite program, which has seen the Defense Ministry invest hundreds of millions of shekels a year in space development and the satellite industry.

Defense officials said the program significantly upgrades the nation’s strategic capabilities, and strengthens the hi-tech sector. The first Israeli military satellite, Ofek 1, went into space in 1988.

Israel is one of 12 countries able to produce and launch its own satellites.

It takes an average of eight years to develop each new satellite.

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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#311 Mensagem por LeandroGCard » Seg Abr 28, 2014 11:37 am

Penguin escreveu:A necessidade de Israel é especifica...
Exatamente.

Israel tem algum apoio na forma de troca de informações e fornecimentos de componentes americanos para seus foguetes e satélites, e a boa-vontade americana com eles muito provavelmente decorre do fato de que tendo Israel seus próprios satélites de reconhecimento ninguém pode acusar os EUA de estarem fornecendo informações privilegiadas a eles em detrimento de outros aliados árabes.

Mas se os israelenses começarem a desenvolver sistemas de lançamento e satélites que possam se tornar concorrentes comerciais dos fornecidos por empresas americanas a coisa muda de figura. Mais ou menos como aconteceu quando Israel tentou desenvolver o Lavi. Então acredito que os judeus tenham bons motivos para manter seu programa espacial "low profile" :wink: .


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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#312 Mensagem por LeandroGCard » Qui Abr 09, 2015 9:09 am

Como já era de se esperar há bastante tempo, a brincadeira acabou:

http://www.aereo.jor.br/2015/03/10/bras ... cyclone-4/

Em torno de um bilhão de reais jogado no ralo. Somos um país muito rico, isso nunca foi problema :? . E ficamos novamente pendurados na brocha, voltando à estaca zero (ou seja, o VLS é no momento nossa única esperança no espaço). Mas como ele jamais servirá para nada mesmo que um dia venha a voar, o mais certo e que o nossos espertos governantes procurem um novo parceiro para assinar mais um acordo que não resultará em nada de útil para nós.

Viva o Brasil :roll: .


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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#313 Mensagem por LeandroGCard » Qua Jul 22, 2015 11:39 am

Agora é oficial. Mais uma bobagem morta e enterrada, com a perda de mais algumas centenas de milhões jogados no ralo:
Brasil rompe com acordo para lançar foguete ucraniano

Tesouro já pagou meio bilhão por projeto fracassado. Itamaraty justifica em carta "significativa alteração da equação tecnológica-comercial".

Por: O Globo - 22/07/2015


O Brasil informou à Ucrânia, por meio de comunicado ao embaixador do país em Brasília, que denunciará o tratado assinado entre os dois países para lançar de Alcântara (MA) o foguete Cyclone 4, cujo primeiro protótipo está em construção na Europa. A empreitada já custou meio bilhão de reais ao Tesouro Nacional e pode causar prejuízos ainda maiores por conta dos desdobramentos do rompimento do tratado binacional.

A carta que anuncia a decisão foi publicada pelo site especializado Defesanet e é assinada pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. Seu envio foi confirmado ao GLOBO por uma fonte do governo. O documento foi encaminhado ao embaixador Rostyslav Tronenko em 16 de julho, poucos dias depois de uma reunião, em Brasília, com a presença de representantes de vários ministérios, para tratar do impasse sobre o programa. A partir desta reunião, o assunto passou a ser tratado exclusivamente pelo gabinete do ministro das Relações Exteriores.

No comunicado, o chanceler brasileiro afirma que "ocorreu significativa alteração da equação tecnológico-comercial que justificou o início da parceria. E que, portanto, comunica a "decisão irrevogável do governo brasileiro de denunciá-lo (o tratado)".

A decisão foi tomada três anos depois que a presidente Dilma Rousseff recebeu diagnóstico, elaborado pelo então ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, apontando que o projeto não geraria os lucros projetados com o lançamento comercial de satélites a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, por um preço de US$ 35 a 50 milhões, a cada satélite lançado. Os investimentos adicionais para viabilizar o programa seriam altos demais, e o mercado de lançamentos comerciais de satélites não tinha espaço para a entrada do foguete ucraniano. O orçamento inicial do programa era de R$ 1 bilhão. Sua primeira data de lançamento seria 2010. Todas estimativas estavam erradas

Em fevereiro de 2015, O GLOBO revelou que o governo já trabalhava com a possibilidade de cancelamento porque o projeto não era viável comercialmente.

A parceria agora renunciada pelo governo brasileiro é fruto de um tratado formalizado pelos congressos de Brasil e Ucrânia, em 2006. Nos termos do acordo, a Ucrânia pode contestar os argumentos do Brasil para desistir da parceria e, teoricamente, pode pedir o ressarcimento pelos prejuízos causados pelos investimentos já efetuados.

Enquanto o Brasil já consumiu cerca de R$ 500 milhões do Tesouro Nacional com a construção do Centro de Lançamento de Alcântara, a Ucrânia já construiu três quartos do foguete, sendo que a parte mais complexa do artefato, a tecnológica, ainda estava em desenvolvimento.

O GLOBO revelou, em 2012, que a construção do complexo espacial no Maranhão foi entregue, sem licitação, ao consórcio formado pelas empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa, hoje investigadas na Operação Lava-Jato. A concorrência foi suspensa após o Ministério da Defesa, com uso de Decreto de Segurança Nacional, cancelar o edital que já havia sido publicado.
Viva Brasil!!!


Leandro G. Card




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#314 Mensagem por Mathias » Qua Jul 22, 2015 9:51 pm

Já foi tarde!




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Re: ALCÂNTARA CYCLONE SPACE/AEB - News

#315 Mensagem por Wingate » Qui Jul 23, 2015 10:45 am

Pensando bem, nós e os ucranianos já estamos segurando uns bons rabos de foguete... :roll:

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