X 1000.Bourne escreveu:Quase todos os países desenvolvidos de uma forma ou outra tiveram que enfrentar os grandes conglomerados e impor limites em relação a sociedade e estado.
Nos EUA foi com a caçada aos barões ladrões do século XIX e começo do XX. Literalmente a justiça e congresso perseguiam as grandes empresas que abusavam do poder, junto veio uma nova estrutura jurídica contra deslizes, golpes e prevê cadeia para crimes de sonegação e desvios de conduta. A legislação bate pesado. Enquanto na Europa e Japão as guerras mundiais e necessidade de reconstrução foram o rompimento com o poder dos grandes grupos. A maioria teve a estrutura preservada e foram fundamentais na reconstrução dos países, mas foi imposta a responsabilidade social e necessidade de também servir a sociedade. Nesse ponto é a diferença brutal da empresa norte-americana em relação a europeia e japonesa.
Hoje é o drama da Coreia em que as chaebols, apesar de enfraquecidos, ainda pensam que podem tratar os coreanos como seus operários dentro de uma grande fábrica. O primeiro rompimento foi nos anos 1990s em que os chebols perderam posições de prestigio no estado, especialmente pelos vastos de corrupção e desvio de conduta. Dificilmente irá achar uma empresa coreana que algum dia já não teve favores do estado e foi acusada de desviar recursos.
No Brasil é hora de discutir isso. Quais são os limites legais? Qual o grau de transparências que as mega empreiteiras e outras devem ter para vencer licitações e receber subsídios de crédito e tributários? Até que ponto a ligação com as famílias e cultura administrativa presente nessas empresas desde sua origem e crescimento na ditadura militar é saudável?
Sou favorável a maior transparência e quebrar essas instituições ruins que os proprietários desenvolveram para lucrar em cima da sociedade e ineficiência do estado. Ou melhor, criando mecanismos para que as ineficiências se mantenham. Por que assim como as coreanas, sempre estiveram envolvidas em corrupção e relações carnais com o poder. Assim romper o laço entre fundadores e cultura administrativa seja o primeiro passo para repensar o papel social dessas empresas no país. O segundo passo de transformar o senhorzinho do FGTS em acionista e dono da empresa, exigindo que a empresa tenha um novo nível de transparência e prestação de contas do que faz. Mais o menos o que a França fez com as grandes empresas após a segunda guerra.
Não se enganem. Atrás do discurso ufanista dessas empresas, escondem a cultura de se apropriar do estado e ganhar vantagens. Assim como fizeram durante a ditadura militar. E agora prosseguem financiando todo tipo de político. Tanto que a lei de licitações que extremamente protecionista e que permite a elas cobrarem duas, três vezes mais do que o contrato é fruto do lobbie pesado para não deixar nenhuma construtora estrangeira entrar no Brasil e, menos ainda, nacionais fora do esquema ganharem obras relevantes.
Antes de declarar o caos econômico, lembrem quantas centenas de bilhões ou trilhões já desapareceram com o patrocínio dessas empreiteiras nas últimas décadas. Ou melhor, quando poderia ter sido feito a mais se elas tivessem trabalhado corretamente, competindo entre si e entregando os contratos com preço "justo" no prazo e custos acordados. Olhem como o exercito consegue executar as obras até abaixo do custo orçado. Não é milagre. Alguma coisa de muito errado tem nas grandes obras do brasil e, a parte errada, está enchendo os bolsos.
É fundamental por elas na linhas e criar mecanismos institucionais em que elas não o façam mais. deixando bem claro que existe uma ordem jurídica e punição dura. Esse é o problema de hoje do Brasil. Não gargantear em cima da dívida pública sem saber como funciona a administração, mas dessa má administração e regulação que fazem sumir centenas de bilhões por ano e manda a conta para a sociedade, sem reverter em benefícios.
É isso aí!
Leandro G. Card