TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

Moderadores: Glauber Prestes, Conselho de Moderação

Qual o caça ideal para o FX?

F/A-18 Super Hornet
284
22%
Rafale
619
47%
Gripen NG
417
32%
 
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Alcantara
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73276 Mensagem por Alcantara » Ter Dez 02, 2014 5:38 pm

Penguin escreveu:Wednesday, September 14, 2011

Saab's Official Brief To Indian Navy On Sea Gripen
Saab made this presentation to the Indian Navy on September 6 in Goa during the INS Hansa golden jubilee event. This is exclusive to Livefist.

http://www.livefistdefence.com/2011/09/ ... vy-on.html
Penguin, muito bom... todas as informações (que eu estava procurando) juntas! 8-]

Duas coisas interessantes (propagando, eu sei):
_ Ciclo de vida do airframe navalizado: 8000 horas de voo
_ Taxa de "afundamento": 21Ft/s (6.3 m/s)

O F-4 (muito mais pesado do que o Gripen) tinha como "sink rate" 23 Ft/s (7 m/s). Alguém tem a referencia de outros caças navais para podermos debater?




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Carlos Lima
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73277 Mensagem por Carlos Lima » Ter Dez 02, 2014 7:28 pm

Alcantara escreveu:
Penguin escreveu:Wednesday, September 14, 2011

Saab's Official Brief To Indian Navy On Sea Gripen
Saab made this presentation to the Indian Navy on September 6 in Goa during the INS Hansa golden jubilee event. This is exclusive to Livefist.

http://www.livefistdefence.com/2011/09/ ... vy-on.html
Penguin, muito bom... todas as informações (que eu estava procurando) juntas! 8-]

Duas coisas interessantes (propagando, eu sei):
_ Ciclo de vida do airframe navalizado: 8000 horas de voo
_ Taxa de "afundamento": 21Ft/s (6.3 m/s)

O F-4 (muito mais pesado do que o Gripen) tinha como "sink rate" 23 Ft/s (7 m/s). Alguém tem a referencia de outros caças navais para podermos debater?
Olá Alcântara,

Ao invés de responder os 3 posts, acho que vou concentrar o papo nesse que tem como base uma apresentação bastante interessante e a partir daí continuamos o papo, ok? :)

Com relação a aeronaves que não pousam em PA versus aeronaves que pousam em PA, veja bem a coisa é bem diferente por mais que aparentemente não seja.

Aeronaves navais tem proteção adicional contra corrosão além de requerimentos em termos de pouso que são bem mais extremos.

É só para pensar em um "aeroporto" (PA), subindo e descendo e movendo a sua pista de um lado para o outro com ventos te puxando para os lados aonde o comprimento da pista não vai além de 300 metros e olhe lá e você tem que perder velocidade o suficiente para pousar nessas condições e se errar ter tempo de voltar ao vôo (arremeter) e isso tudo para você prender o avião em uma cabo de aço esticado confiando em um gancho que tem que segurar a aeronave e todas as forças que estão lutando para manter a aeronave 'voando' e ao mesmo tempo você mesmo estando preparado para esquecer isso tudo e arremeter... ou seja... é um stress FDP!

É complicado, pois tudo (não só você) está em movimento, vertical e horizontal e você tem que ter uma estrutura preparada para tolerar tais condições.

Em um aeroporto normal, você lida com bem menos variáveis para pousar e consequentemente nenhum projetista vai adicionar tais reforços (que adicionam peso) sem necessidade para tal.

No caso do Gripen e os famosos (pousos em estradas), como já disse em outras momentos a coisa lá é que esses são "aeroportos" que deixam carros passarem quando não estão operando aviões :lol: ... o que eu quero dizer com isso é que tais estradas foram projetadas desde a década de 50/60/70 para receberem aviões bem mais pesados (Viggen/Draken) e tem muito da infra-estrutura que aeroportos tem, incluindo áreas de disperção e mais áreas para reabastecimento, manutenção e rearmamento... tem muito aeroporto que deve para esses complexos em termos de infra-estrutura. :lol:

Obviamente que eu estou fazendo referência a casos mais extremos de operação e uma versão naval do Gripen pode ser projetada para simplesmente não operar nesses casos e ponto. O que se o cliente aceitar, tudo bem... é o que é.

A questão da 'taxa de afundamento' é interessante porque faz exatamente referência a algo que chamei atenção no meu post anterior.

O Gripen é uma aeronave de 'perfil baixo' o que trás benefícios em algumas áreas, mas cobra o seu preço no caso para modificações para operações embarcadas porque aeronaves navais na sua grande maioria são altas para caramba.

O que isso leva a crer é que para levar tanques de combustível (ou armamento) no cabide central o trem de pouso do Gripen Naval e toda a estrutura relacionada vai ter que suportar uma pancada violenta e ser alto o suficiente para não afundar no limite da altura do tanque (ou armamento) do cabide da linha central.

Isso pode implicar em uma 'atitude' de pouso com o nariz relativamente alto demais o que prejudicaria a visão do piloto para ser guiado pelo LSO e novamente em determinados perfis de pouso no mar a coisa pode ficar meio estranha.

Isso leva a outra questão do 'arranjo' do tal do monitor de tela plana na aeronave naval, já que ao que parece vai haver um reprojeto do cockpit e parte da infra estrutura interna para suportar a adição de tal monitor é importante saber quanta 'visão para baixo' em um pouso naval pode ser prejudicada.

Outra questão é o 'retorno com armas' algo que antigamente não acontecia. O que eu quero dizer com isso era que por justamente uma questão de segurança, muitas aeronaves mais antigas não voltavam armadas para o 'deck' e simplesmente jogavam as armas no mar caso não fossem utilizadas. Hoje em dia a coisa não é mais assim porque aeronaves tipo o SHornet, Hornet, Rafale, F-35 são projetadas com segurança o sufficiente em termos de tolerância para que isso ocorra.

Essa é uma questão ampla e o que citei acima é só a pontinha do iceberg para ser honesto.

Obviamente que o que vem da carona nisso tudo é o 'tempo' que vai demorar para isso ser construído, e o 'custo' de tais modificações e o entendimento de quais limitações isso pode gerar na aeronave já que a principio ela não foi feita para isso.

A algum tempo atrás eu tive contato com um povo que trabalhou no protótipo do YF-17 e o protótipo em si (essa é a aeronave que virou o F-18 "Hornet" na US Navy) e como o YF-17 foi uma aeronave 'terrestre' são gigantes as diferenças entre essa aeronave e o que veio a virar o "Hornet".

Assim que puder eu vou publicar uma matéria sobre isso (na verdade eu vou voltar lá antes de ir ao Brasil para um bate-papo com o povo e esclarecer algumas dúvidas e tirar algumas fotos adicionais já que faltaram alguns detalhes), mas acho que no ínicio do ano que vém eu estou com o artigo pronto... tá faltando tempo no momento infelizmente pois estou trabalhando em outros artigos... :(

Enfim, é um tema bem interessante e no momento a keypublishing publicou uma revista sobre a história do F-4 que embora esteja resumida mostra algumas info's interessantes sobre a transformação 'terrestre/naval'.

Vou parar por aqui por enquanto pois esse post já está enorme :)

[]s
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73278 Mensagem por andrelemos » Ter Dez 02, 2014 7:56 pm

Na apresentação o Sea Gripen está com uma bomba guiada a laser/gps em um dos cabides ventrais. Não que isto seja uma indicação categórica, mas acho improvável que estes cabides tenham de ser "esquecidos". No mínimo devem ser usados para armamento ar-ar, deixando as estações internas das asas para as coisas mais pesadas.

É claro que um Gripen Naval terá prós e contras, se comparado às nossas outras opções (SH e Rafale M). Mas pelos dados apresentados, me parece que podemos ter um caça naval leve viável. O "bring back weight" de 3 - 3,5 t de armamento e combustível acho razoável, levando em consideração a capacidade máxima do caça (5,2-5,5 t), ou seja 54% da capacidade máxima, no mínimo. Lembrando que o "bringback" do SH gira em torno de 4 - 5 t de armamento (para quase 30 t de MTOW), não sei se com combustível incluso.

Claro que é marketing, Power Point, etc... [002]

Enfim, não será um caça fantástico para a "projeção de poder" sobre territórios inimigos, tendo restrições de alcance e carga máxima, mas acho que será um bom caça de defesa aérea da frota e de ataque anti-navio.

Vamos ver o que diz o tal estudo de viabilidade, e quanto vai custar a brincadeira. Se ficar por um preço semelhante ao da aquisição de um outro caça "de prateleira" pela MB acho que valerá a pena pelo aprendizado e pela comunalidade com a FAB. Se ficar mais caro.... :?




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73279 Mensagem por FCarvalho » Ter Dez 02, 2014 8:24 pm

Um dado interessante é que falam, se entendi direito, é que o programa de desenvolvimento levaria cerca de 18 meses para estar pronto. Isto é correto?

abs




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73280 Mensagem por Alcantara » Ter Dez 02, 2014 9:15 pm

CB_Lima escreveu:O Gripen é uma aeronave de 'perfil baixo' o que trás benefícios em algumas áreas, mas cobra o seu preço no caso para modificações para operações embarcadas porque aeronaves navais na sua grande maioria são altas para caramba.

O que isso leva a crer é que para levar tanques de combustível (ou armamento) no cabide central o trem de pouso do Gripen Naval e toda a estrutura relacionada vai ter que suportar uma pancada violenta e ser alto o suficiente para não afundar no limite da altura do tanque (ou armamento) do cabide da linha central.
Esse ponto é citado na apresentação. Amortecedores mais compridos e de perfil duplo (ou dupla ação, algo assim) para ajudar a absorver o impacto e diminuir esse "afundamento". (Obs: Se bem que aqui, "sink rate", ou taxa de afundamento, tem a ver com a razão de descida durante o glide slope. No caso do Sea Gripen, de até 21 pés por segundo ou 6,3 metros por segundo. Em outras palavras, é a velocidade da pancada no deck, rsrsrs)

Imagem
CB_Lima escreveu:Isso leva a outra questão do 'arranjo' do tal do monitor de tela plana na aeronave naval, já que ao que parece vai haver um reprojeto do cockpit e parte da infra estrutura interna para suportar a adição de tal monitor é importante saber quanta 'visão para baixo' em um pouso naval pode ser prejudicada.
Lima, não vi diferença nos limites do cockpit... a visibilidade, pra mim, será a mesma.
CB_Lima escreveu:Outra questão é o 'retorno com armas' algo que antigamente não acontecia. O que eu quero dizer com isso era que por justamente uma questão de segurança, muitas aeronaves mais antigas não voltavam armadas para o 'deck' e simplesmente jogavam as armas no mar caso não fossem utilizadas. Hoje em dia a coisa não é mais assim porque aeronaves tipo o SHornet, Hornet, Rafale, F-35 são projetadas com segurança o sufficiente em termos de tolerância para que isso ocorra.
Isso também consta na apresentação...

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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73281 Mensagem por Carlos Lima » Ter Dez 02, 2014 9:19 pm

Novamente, até aonde eu entendo os reforços irão acontecer em muitas outras partes da aeronave, mas é claro é bom esperar a avaliação da MB.

Quanto a visibilidade eu estava me referindo a algo que li recentemente sobre o reprojeto do cockpit por conta das grandes diferenças que tal monitor irá causar e uma menção que aconteceu a visão 'para baixo' (mais critica em pousos em PA).

No mais é aguardar mais detalhes do 'como', 'quando', 'quanto'.

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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73282 Mensagem por Alcantara » Ter Dez 02, 2014 9:26 pm

FCarvalho escreveu:Um dado interessante é que falam, se entendi direito, é que o programa de desenvolvimento levaria cerca de 18 meses para estar pronto. Isto é correto?

abs
Se você for ver, eles (SAAB AB) já estava trabalhando na possibilidade dessa versão navalizada desde 2009. E você sabe Que eles contrataram um escritório inglês para assessorá-los nesse projeto, né? Sabe onde os engenheiros ingleses contratados trabalhavam?

Dica:

Imagem

Se os suecos não tem experiência em aeronaves navais, o mesmo não pode se dizer dos inglêses!




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73283 Mensagem por Carlos Lima » Ter Dez 02, 2014 9:40 pm

Isso foi a muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito tempo...

Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuita coisa mudou.

Sou fã de carteirinha dos ingleses, mas estudando um pouco sobre o assunto eles fizeram muita gambiarra... engraçado de ver hoje, mas talvez nem tanto na época... :lol:

Não é impossível, mas está longe de ser fácil (ou barato).

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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73284 Mensagem por kirk » Ter Dez 02, 2014 9:48 pm

F-X2 – Caçada bilionária

Luiz Padilha
02/12/2014

Por Carlos Eduardo Valim, De Estocolmo

Imagem

O governo da Suécia e a mais poderosa família do país estão eufóricos com o maior contrato da Saab desde a segunda guerra. A venda dos caças Gripen para a Força Aérea Brasileira projeta negócios de até US$ 45 bilhões

Mais antigo parque de Estocolmo, o Kungsträdgarden – Jardim do Rei, em português – recebeu esse nome porque foi, durante o século 15, o pomar utilizado pela realeza sueca. Na época, os monarcas viviam no Palácio Real, que está separado do jardim apenas pelo canal Strömem. Hoje, no entanto, o maior símbolo do poder na Suécia se encontra ainda mais próximo do Kungstrãdgarden, em um pequeno e discreto prédio ao lado do parque, onde fica a sede da Investor, a holding dos negócios da família Wallenberg. A mais poderosa dinastia empresarial do país nórdico dos últimos 150 anos controlou praticamente todas as grandes marcas locais, como Saab, Ericsson, Electrolux, ABB, e SKF, além de deter participações importantes no laboratório AstraZeneca e na gigante de papel e celulose Stora Enso. Não existe paralelo, no mundo ocidental, de um único clã, seja o dos Rockefeller, nos Estados Unidos, seja dos Agnelli, na Itália, que detivesse tanta influência na economia de um país.

Apesar da abrangência dos investimentos dos Wallenberg, uma empresa se destaca no portfólio comandado atualmente pela quinta geração da dinastia e liderada pelos primos Marcus e Jacob Wallenberg: a fabricante de equipamentos de defesa Saab. Depois que a montadora automobilística Volvo foi vendida – primeiro para a Ford e depois, em 2009, para os chineses da Geely -, a Saab se tornou o maior orgulho industrial da nação escandinava. Desde a sua origem, a Saab é um empreendimento dessa família de origem judaica. Em 1937, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o Parlamento sueco decidiu pela construção de uma empresa de aviões de combate. Então, Marcus Wallenberg, o avô homônimo do atual presidente do conselho de administração da Saab, firmou, com um aperto de mãos com o rei, o compromisso de criar a empresa. Em 1940, o bombardeiro B-17 já estava no ar, fazendo o seu primeiro voo.

Imagem
Saab

No entanto, nenhum dos contratos conquistados pela companhia desde essa época têm o gigantismo do acordo firmado com a Força Aérea Brasileira, que comprará 36 caças Gripen NG por US$ 5,4 bilhões, obtido após uma acirrada disputa com potências da indústria aeronáutica, como a americana Boeing e a francesa Dassault.

Essa nova versão dos aviões será desenvolvida em conjunto com empresas brasileiras lideradas pela Embraer. Eles serão entregues entre 2019 e 2024. Mediante um projeto de transferência de tecnologia para o Brasil, cerca de 15 aeronaves serão montadas pela companhia de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, incluindo oito unidades de dois lugares, um modelo criado especialmente para o Brasil. “Ficou bem claro para nós, desde o primeiro dia, que o País quer entender como usar a tecnologia para continuar avançando tecnologicamente”, disse à DINHEIRO Marcus Wallenberg, neto do fundador e chairman do grupo. “Nós podemos ajudar o Brasil nessa ambição.” A estratégia não só renova a centenária relação próxima das empresas suecas com o Brasil, em especial por meio das empresas de Wallenberg, mas também inaugurará uma nova fase no comércio entre os dois países. “O Brasil será o principal polo industrial da Suécia. Temos mais investimentos em São Paulo e Curitiba do que em cidades daqui”, afirma Wallenberg.

Imagem
Gripen com aviador naval brasileiro pronto para o taxi

O bilionário dos caças envolveu-se pessoalmente na negociação do acordo e pressionou sua equipe para que o contrato fosse assinado rapidamente, ainda em 2014, para dar início aos trabalhos conjuntos dos engenheiros suecos e brasileiros. “Não queríamos perder tempo. Nem dinheiro”, justificou. O negócio foi assinado em outubro, na sexta-feira anterior ao segundo turno da eleição presidencial, e divulgado na segunda-feira seguinte, após a vitória de Dilma Rousseff. O governo sueco se comprometeu com o financiamento total do projeto, caso necessário. “O acordo é amplo”, disse em encontro com jornalistas brasileiros Stefan Löfven, o primeiro-ministro da Suécia, que assumiu o cargo em outubro deste ano. “A montagem da aeronave no Brasil vai tornar a relação mais próxima entre os dois países.

”O compromisso de longo prazo e a criação de uma estrutura de fornecedores brasileiros pode, inclusive, tornar a fabricante sueca dependente das empresas locais. Líder do partido social-democrata, Löfven reconhece que a transferência tecnológica deve levar à perda de alguns empregos industriais suecos para o Brasil, mas que o movimento era necessário, para estimular mais negócios internacionais e a inovação tecnológica. “Somos um país muito pequeno”, afirma. “Precisamos da abertura para mercados internacionais.”

Para se ter ideia da importância do projeto de desenvolvimento dos Gripens NG, basta conhecer alguns números. O Ministério da Defesa sueco estima que investirá entre US$ 12 bilhões e US$ 13,5 bilhões nos novos Gripen, pelas próximas três décadas. Já a Saab emprega mil funcionários para o desenvolvimento dos caças. Tudo isso também vai se refletir em negócios no Brasil. A Saab prometeu investir US$ 150 milhões para montar uma estrutura de fornecedores e de pesquisa e desenvolvimento no setor aéreo em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O investimento será feito em conjunto com a empresa local Inbra Aerospace e com a Akaer, de São José dos Campos, que já teve 15% de seu capital adquirido pela Saab. “Estamos começando uma jornada em conjunto entre os dois países”, diz Hakan Buskhe, CEO da Saab. “Há no Brasil uma imensa capacidade de receber a transferência de tecnologia, pela força da Embraer e de outras empresas.”

SALTO TECNOLÓGICO

A expectativa é de que o contrato propicie um grande salto tecnológico na indústria aérea brasileira. “O Brasil já usou muito inteligentemente transferências de tecnologia”, diz Jan Germundsson, presidente de parcerias industriais da Saab. A Embraer se tornou globalmente competitiva por meio de duas transferências tecnológicas anteriores. Isso aconteceu graças a contratos estabelecidos com empresas italianas, para o programa dos aviões Xavante, nos anos 1970, e o AMX, nos 1980. Hoje, a Embraer é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, com seus produtos servindo 86 companhias aéreas em 57 países, e mais de 800 jatos executivos entregues. “Todo processo de transferência de tecnologia tem o seu valor, mas não é possível fazer comparações entre eles”, diz Jackson Schneider, presidente da divisão de defesa e segurança da Embraer. Em especial, por se tratar da área militar, o potencial de criação de tecnologias com aplicações importantes no futuro é enorme. A Suécia conhece bem isso. Por exemplo, a área de radares de identificação por micro-ondas da Ericsson, que hoje pertence à Saab, deu origem ao negócio de antenas de transmissão de sinais de voz entre telefones móveis que fez da Suécia uma das líderes desse setor.

Mas há impactos positivos mais imediatos para a indústria brasileira. Está em curso um plano de desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores, em São Bernardo do Campo, ainda hoje o principal polo da indústria automobilística brasileira e que abriga outra empresa dos Wallenberg, a Scania. Engenheiros especializados atuarão na São Bernardo Tecnologias Aeronáuticas (SBTA), que será criada para prover as partes estruturais do Gripen NG, como fuselagens dianteira, traseira e asas, e será formada com 60% de participação da Inbra e 40% da Saab. “A SBTA deve servir como uma fornecedora da primeira camada, que ainda não existe no País”, diz Bengt Jáner, diretor-geral da Saab no Brasil. “Ela vai criar e coordenar uma cadeia de fornecedores.” Com isso, estima-se a criação de cinco mil empregos industriais na cidade, ajudando a compensar as perdas de postos de trabalho nas montadoras, nos últimos anos. Tudo isso pode mudar, se a região não conseguir fornecer a mão de obra qualificada exigida.

Para evitar problemas do gênero, já está em operação na cidade o Centro de Inovação e Pesquisa Sueco-Brasil (Cisb). “Nunca vi nada igual em termos de assistência ao pesquisador, tanto operacionalmente como na geração de oportunidades para continuar os trabalhos depois do fim do programa”, afirma a engenheira Patrícia Nascimento, que fez pós-doutorado no Royal Institute of Technology, com uma bolsa financiada por CNPq, Cisb e Saab. Durante seis meses, a partir de setembro de 2013, ela estudou em Estocolmo uma metodologia para comunicar conhecimento tático, desenvolvida pela Saab, e agora trabalha para adaptar a teoria para a realidade brasileira.

Com todas essas ramificações, o projeto do Gripen NG deve garantir a participação do Brasil em versões futuras da aeronave. Está nas pranchetas dos desenvolvedores da Saab um modelo Gripen voltado para o mar e até um sistema não tripulado. Mas mesmo as vendas mais imediatas conseguidas para a versão NG trarão lucros ao Brasil. Em especial, para a Embraer, que foi alçada à condição de parceira preferencial na busca de novos contatos para os caças suecos. A expectativa é de que o Brasil utilize a sua influência econômica e política junto a países do Hemisfério Sul que estejam avaliando a compra de caças. “O Brasil tem muito mais poder em sua região do que um pequeno país distante como o nosso pode ter”, diz Buskhe, CEO da Saab. O exemplo principal é o da Argentina, que já demonstrou interesse em aquisições de aviões de combate. “Nos próximos 20 anos, podemos vender entre 300 e 450 caças no mundo”, diz Ulf Nilsson, chefe da divisão de aviação da Saab, contabilizando uma participação de mercado de, pelo menos, 10% nas concorrências internacionais. Como cada avião custa em torno de US$ 100 milhões, o Brasil fará parte de um negócio que deverá garantir entre US$ 30 bilhões e US$ 45 bilhões em encomendas para a Saab, nas próximas duas décadas. Como contrapartida, a Embraer ganhará uma importante aliada para vender o seu recém-lançado cargueiro KC-390, já que a Força Aérea Sueca avalia substituir, nos próximos anos, sua frota de oito Lockheed C-130 Hercules.

Imagem
KC-390-2

INTERCÂMBIO

A transferência de conhecimento já começou. Às margens do gélido lago Vánern, o maior do país, está localizada a Base Sakaraborgs, da Força Aérea Sueca, na cidade de Satenas. Foi de lá que partiram os primeiros voos pilotados por brasileiros a bordo de um Gripen, no dia 19 de novembro. Por 50 minutos, o comandante paulista Gustavo de Oliveira Baschotto e seu colega mineiro Ramón Lincoln Santos Forneás sobrevoaram o Mar Báltico. Os dois foram escolhidos para um treinamento especial entre todos os pilotos da Força Aérea Brasileira, em um processo de seleção que levou seis meses. “Devemos aprender a comandar os caças suecos e irradiar o conhecimento no Brasil”, diz Baschotto. Dessa forma, os brasileiros se juntarão aos tchecos, húngaros, sul-africanos, tailandeses e, é claro, aos suecos, entre as nacionalidades que utilizam o Gripen. Não muito longe de Satenas, a 260 quilômetros, fica Linkõping (pronuncia-se Linxópin). Ela abriga a fábrica de aviões da Saab, que receberá 150 engenheiros vindos do Brasil.

Imagem
FAB Gripen

A cidade de Llnköping se prepara para receber os 150 engenheiros e as suas famílias. Nos próximos anos. A expectativa é de um grande impacto na pequena cidade de 150 mil habitantes. Os brasileiros matricularão os filhos nas escolas locais, se integrarão à comunidade e ajudarão a movimentar a economia, compensando o medo de perda de empregos na cidade com a transferência de parte da produção dos Gripens para o Brasil. Quando voltarem para casa, para cada seis engenheiros brasileiros um sueco os acompanhará. Será a vez de os suecos garantirem que os conhecimentos adquiridos serão aplicados nas empresas brasileiras, e que a transferência tecnológica está sendo, de fato, cumprida. Ao fim do processo, suecos e brasileiros terão desenvolvido uma nova geração do avião, que terá mais capacidade de carregar armas, maior alcance de voo e melhorias no sistema de aviônica, a eletrônica do jato. A versão brasileira ainda terá sistema de aviso por laser e uma tela única de comando. O usual, nos jatos atuais, é ter três telas pequenas. Para a Saab, será importante que todo o processo funcione bem. Há uma década, o governo sueco era responsável por 70% das encomendas da empresa. Hoje representa 30%. No ano passado, o faturamento com os Gripen garantiu apenas US$ 800 milhões do faturamento de US$ 7,2 bilhões da Saab. E o investimento na criação de uma nova geração de jatos dependerá, substancialmente, dos recursos vindos do Brasil. A Suíça, que também planejava comprar Gripens, saiu do projeto, depois de a compra de 22 jatos, por US$ 3,5 bilhões, ser vetada por um plebiscito popular, em maio deste ano.

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Para compensar a perda, o governo sueco está pedindo ao Congresso um aumento de 10% do orçamento para a da em Defesa. “Na lei orçamentária sueca, o Gripen é considerado segurança nacional”, diz Peter Hultqvist, ministro da Defesa. Tudo isso acontece num momento em que a Suécia precisa reforçar sua capacidade de dissuasão militar. O motivo é bem conhecido. A Rússia aumentou as atividades no Mar Báltico, depois do início dos conflitos na Ucrânia. Nos últimos meses, a Força Aérea da Suécia registrou inúmeros casos de aviões russos voando próximos do país com radares desligados, para não serem percebidos, e até de um objeto submarino que se aproximou da capital, Estocolmo.

Outra fonte de financiamento do projeto deve vir com contratos que outras divisões da Saab vislumbram no Brasil. A empresa j á forneceu radares para a Embraer, e pretende integrar mais sistemas a aviões da companhia brasileira. A empresa sueca pretende fornecer também radares ao Sisgaaz, um sistema de monitoramento da Marinha brasileira que exigirá investimentos de R$ 10 bilhões. E ainda tem interesse em participar de projetos navais futuros, uma vez que comprou, em julho deste ano, a fabricante de submarinos Kockums. Os desdobramentos da compra dos caças pelo Brasil prometem ser profundos e se estender por décadas. Bem ao gosto da família Wallenberg. “Às vezes, somos criticados pelos investidores de private equity, mas as nossas duas empresas mais antigas, o banco SEB e a Atlas Copco, são as de maior valor de mercado”, diz Marcus Wallenberg.

“Acreditamos que negócios são coisas de longo prazo.” Prova disso é a Ericsson, uma das joias do grupo, que opera no País há um século. Através da Saab, a ideia é que a relação comercial entre Brasil e Suécia se renove para sobreviver por muito mais tempo.

“O DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA É A ÚNICA FORMA DE COMPETIRMOS”

Imagem
Marcus Wallenberg – FOTO: swisssamba.ch

Marcus Wallenberg, presidente do conselho de administração da Saab, falou à DINHEIRO em Estocolmo. Confira a entrevista:

Qual é a expectativa da Saab com o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff?

Se as empresas em que estamos envolvidos perceberem uma oportunidade de investir, elas farão isso. Sabemos que muitos países, como o Brasil, têm consciência de como é importante criar empregos para continuar se desenvolvendo economicamente. Então, não tenho razão para acreditar que o governo não será muito favorável para os negócios. Estou certo que, se nos encontrarmos daqui a três ou cinco anos, perceberemos que o projeto de fornecimento dos caças Gripen criará mais negócios entre os dois países. Essa é minha esperança, minha ambição e minha aspiração.

Há alguns anos, só se falava nos BRICS e agora isso ficou para trás. Eles ainda trazem boas oportunidades de negócios?

Nós, europeus ocidentais, assim como os americanos, subestimamos o poder do Hemisfério Sul. Fiz parte do comitê do governo sueco para a globalização. Logo chegamos à conclusão que 99,9% da população mundial está fora da Suécia, mas parece que é o contrário, pelo tom do debate aqui. Subestimamos a importância do crescimento populacional. No entanto, sempre haverá ciclos econômicos. Você nunca poderá se livrar do sobe e desce da economia. Os BRICS continuarão sendo uma importante força no desenvolvimento do mundo. Em algum ponto, eles voltarão a receber uma visão mais positiva. É mais uma questão de se retomar a confiança e os negócios. Precisamos nos lembrar que viemos de uma crise financeira mundial, e vivemos numa sociedade globalizada. Está muito claro que o Brasil tem uma grande força econômica, de um tamanho que não posso ver em outros lugares. No longo prazo, sou muito otimista.

A família Wallenberg tem como política investir diretamente apenas na Suécia. Mas as empresas que os senhores controlam fazem investimentos em companhias internacionais, como o da Saab na brasileira Akaer. Há expectativas de mais negócios nessa direção?

Pode ser. No caso da Saab, a entrada no Brasil exige o desenvolvimento da tecnologia local. Será decisivo estimular uma relação de codesenvolvimento com o Brasil. Olhando da perspectiva sueca, o desenvolvimento da tecnologia é a única forma de competirmos. Temos dez milhões de habitantes e dependemos de exportações, mesmo sem contarmos com uma estrutura de custos como a da China. Então, só a inovação nos salva.

Por que os negócios da família chegaram tão rapidamente e se desenvolveram tanto no Brasil?

Cheguei a conversar isso com o meu avó, porque ele era muito envolvido em levar a relação Brasil e Suécia adiante. Acredito que, na primeira parte do século 20, todo mundo percebeu o potencial da América do Sul, especialmente do Brasil, que é uma nação amigável e aberta. Então, as empresas suecas se sentiram muito bem recebidas desde o começo. A Ericsson foi uma pioneira e incentivadora desse processo. Ela chegou muito cedo ao Brasil, assim como na China e nos EUA, na virada para os 1900. Como já disse, a população da Suécia é pequena. Então, somos completamente dependentes dos negócios com o resto do mundo. Somos neutros, e só queremos fazer negócios. Os vikings já eram negociadores, não apenas guerreiros.

“TEMOS MUITO EM COMUM COM O BRASIL”

Imagem
Stefan Löfven – Foto Anders Löwdin

Stefan Löfven, primeiro-ministro da Suécia, falou à DINHEIRO. Confira:

Como o sr. avalia o acordo da Saab com o Brasil?

Estamos convencidos de que é um bom negócio para o Brasil. Além de ser uma excelente aeronave, trata-se de uma cooperação muito boa e ampla, de ciência e comércio, entre dois países. Temos muito em comum com o Brasil.

Existe uma preocupação na Suécia de que o acordo faça o país perder empregos?

Somos um país muito pequeno. Precisamos de abertura. Sim, se perdem alguns empregos. Mas também temos uma redução da equipe de produção quando um produto fica velho.

Para um país com tantos problemas de desigualdade como o Brasil, esse investimento não pode soar exagerado?

É claro que, até mesmo para nós, seria melhor não ter nenhuma arma e investimento militar. Mas a realidade não é assim. Vamos aumentar nossos gastos militares nos próximos anos.

Preocupação com a Rússia?

Observamos que a Rússia aumentou a sua capacidade militar, nos últimos anos. Não significa que sentimos uma ameaça imediata. Mas devemos considerar o que se passa nas áreas ao redor, na Ucrânia. A União Europeia deixou claro que a anexação da Crimeia foi uma quebra da lei internacional. Além disso, acompanhamos o que acontece no Mar Ártico. É uma área que se tornará mais importante, porque será uma nova rota de comércio.

A Suécia pode reavaliar sua relação com Otan?

Não. Dissemos na nossa declaração de governo que não vamos pedir para sermos membros da Otan. Deixamos isso bem claro, porque há países da nossa região que não são membros da Otan. Então, vamos ficar assim.

FONTE: Isto É DINHEIRO
http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=48378




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73285 Mensagem por Carcará » Ter Dez 02, 2014 11:16 pm

Prezado Lima,

Tenho uma dúvida. Os equipamentos que estão sendo utilizados na modernização dos A-4 pela Embraer (que não possui expertise em aeronaves embarcadas), notadamente os eletrônicos vindos da AEL/Israel (que também não possuem expertise em aeronaves embarcadas), foram homologados para uso em porta-aviões? Por quem?

O radar israelense é o mesmo comercializado para as aeronaves baseadas em terra ou é uma versão marinizada para aguentar os trancos em porta-aviões? Esse radar já era existente no portfólio ou foi desenvolvido para ser comercializado apenas 12 unidades para a MB?

Agora me vieram estas dúvidas?

Grande Abraço!

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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73286 Mensagem por knigh7 » Ter Dez 02, 2014 11:18 pm

Marino escreveu:Apresenta algo que fala em sociedade?
Olá,Marino.

Não é sociedade, mas eles assinaram um Memorando de Entendimento neste ano, antes da assinatura do contrato entre FAB/SAAB. Eu vou colocar aqui a nota oficial para dirimir as dúvidas.

NOTA EMBRAER-SAAB:

São José dos Campos / Likoping - 11 de julho de 2014 – A EMBRAER e SAAB assinaram um memorando de entendimento com a finalidade de estabelecer uma parceria na gestão conjunta do Projeto F-X2 no Brasil. Por meio deste acordo, a EMBRAER exercerá um papel de liderança na condução geral do programa, bem como realizará uma grande parte do trabalho de produção e entrega das versões monoposto e biposto do caça de última geração Gripen NG para a Força Aérea Brasileira (FAB). A EMBRAER coordenará todas as atividades de desenvolvimento e produção no Brasil, em nome da SAAB, e, além de uma grande parcela de trabalho neste projeto, a Empresa também participará do desenvolvimento de sistemas, da integração, testes em voo, montagem final e entregas.
Além disso, a EMBRAER e a SAAB serão responsáveis pelo desenvolvimento completo da versão biposto do Gripen NG, ao mesmo tempo em que as duas empresas estudam a formação de uma parceria estratégica para promoção e vendas das duas versões, monoposto e biposto, no mercado global.
A EMBRAER e a SAAB possuem uma longa tradição no mercado de defesa e agora irão trabalhar em conjunto para entregar soluções competitivas, de alta qualidade, à Força Aérea Brasileira e aos clientes do Gripen NG. Esse acordo vai fortalecer os laços entre as indústrias de defesa do Brasil e da Suécia”, diz Jackson Schneider, Presidente e CEO da EMBRAER Defesa & Segurança.

“É com entusiasmo que anunciamos essa parceria com a Embraer. Além de compartilhar da experiência nos mercados de defesa e aeronáutica, ambas as empresas são claramente dedicadas à satisfação do cliente. Por meio dessa parceria, vamos assegurar um excelente resultado para a Força Aérea Brasileira e formar uma base sólida para o sucesso tanto de futuras oportunidades de negócios como dos clientes”, diz o Presidente e CEO da Saab, Håkan Buskhe.
"Além de reequipar a Força Aérea Brasileira, o projeto F-X2 foi concebido para estimular a Base Industrial de Defesa do país. Essa parceria da Embraer com a Saab será de grande relevância para o Brasil, pois além de participarmos do desenvolvimento, seremos capazes de manter nossa frota de forma autônoma. A Embraer, com sua alta tecnologia na fabricação de jatos comerciais, e a Saab, com a tradição no desenvolvimento de aeronaves de caça, são empresas complementares que certamente ganham muito com esse acordo", disse o Tenente-Brigadeiro Juniti Saito, Comandante da Força Aérea Brasileira.
O Gripen NG é um verdadeiro caça multimissão, baseado na comprovada plataforma do Gripen C/D, construído para adaptar-se às distintas ameaças e exigências operacionais enfrentadas pelas forças aéreas modernas. A combinação de excelentes capacidades operacionais e custos de ciclo de vida moderados fazem com que o Gripen seja um caça único no mercado mundial.
O acordo será implementado após a conclusão das negociações em curso entre a SAAB e o Brasil no que diz respeito à finalização do contrato do Projeto F-X2. Estas conversações estão ocorrendo conforme o planejado e espera-se chegar a um resultado positivo até o final de 2014.

http://www.defesanet.com.br/gripenbrazi ... omunicado/




Editado pela última vez por knigh7 em Ter Dez 02, 2014 11:37 pm, em um total de 1 vez.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73287 Mensagem por knigh7 » Ter Dez 02, 2014 11:31 pm

J.Ricardo escreveu:
LeandroGCard escreveu: Realmente não entendo esta polêmica.

Não pudemos vender nem ST ou AMX para a Venezuela, mesmo tendo nós mesmos desenvolvido estas aeronaves, qual a surpresa de não podermos vender um avião desenvolvido lá fora para a Argentina? Na época em que eu trabalhei em uma fábrica de motores diesel de origem inglesa mas já nacionalizada fomos proibidos de vender alguns lotes de unidades de grande porte para o Iraque porque as bombas injetoras eram alemãs, e os EUA solicitaram que eles não fornecessem estas bombas. Imagine no caso de material bélico sensível como caças modernos :roll: .

Podem esquecer, se quisermos ter a possibilidade de vender qualquer produto que seja sem limitações impostas por outros países teremos que ter também a capacidade de desenvolver aqui toda a sua cadeia produtiva, ou possuir um nível de influência internacional que hoje sequer se pode imaginar. Como jamais teremos nem uma coisa nem outra devíamos estar dando ênfase ao desenvolvimento de produtos e/ou armamentos que possamos dominar completamente, e o resto compramos de prateleira ou no máximo produzimos para nosso próprio uso. Exportações de armamentos com componentes importantes estrangeiros só esporadicamente, para quem for amigo de todo mundo e em pequenas quantidades. Qualquer expectativa diferente é só um sonho inocente.


Leandro G. Card
Todas as minhas ultimas mensagens eu escrevi exatamente isso, que só poderemos exportar para quem tivemos o ok, sem isso esqueça, e a discussão fica rodando em querer ou não exportar.
A resposta a isso tudo é simples, nós não somos os donos da tecnologia e ponto. Mas parece que o povo é difícil de entender...
Essa declaração absoluta está errada.

Observe a nota oficial entre a Embraer e a SAAB que eu acabei de postar e as declarações da FAB na CRE, cujo link o Penguin postou.

Nós vamos desenvolver aqui tecnologias. Daquilo que for desenvolvida, vamos ser donos.

O Governo do país que detém essa tecnologia sensível tem o direito de vetar a exportação. É por isso que a Argentina está conjecturando o radar e outros sistemas que não sejam britânicos em caso de escolha do Gripen.

Eu estou na mesma posição do Leandro. Eu não consigo entender essa polêmica.




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73288 Mensagem por Alcantara » Ter Dez 02, 2014 11:38 pm

Carlos Lima escreveu:Isso foi a muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito tempo...

Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuita coisa mudou.

Sou fã de carteirinha dos ingleses, mas estudando um pouco sobre o assunto eles fizeram muita gambiarra... engraçado de ver hoje, mas talvez nem tanto na época... :lol:

Não é impossível, mas está longe de ser fácil (ou barato).

[]s
CB_Lima
Sim, eu concordo. O último desenvolvimento deles foi a bastante tempo. Por outro lado, creio que tenham ainda bastante expertise para olhar um projeto e dizer: "olha, isso não funciona", "isso aqui está bom", "isso aqui não vai aguentar, tem que mudar", etc.

Abraços!




"Se o Brasil quer ser, então tem que ter!"
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73289 Mensagem por Justin Case » Qua Dez 03, 2014 12:03 am

Carcará escreveu:Prezado Lima,

Tenho uma dúvida. Os equipamentos que estão sendo utilizados na modernização dos A-4 pela Embraer (que não possui expertise em aeronaves embarcadas), notadamente os eletrônicos vindos da AEL/Israel (que também não possuem expertise em aeronaves embarcadas), foram homologados para uso em porta-aviões? Por quem?

O radar israelense é o mesmo comercializado para as aeronaves baseadas em terra ou é uma versão marinizada para aguentar os trancos em porta-aviões? Esse radar já era existente no portfólio ou foi desenvolvido para ser comercializado apenas 12 unidades para a MB?

Agora me vieram estas dúvidas?

Grande Abraço!

"Carcará" Mascarenhas
Olá, Carcará.

No meu entender, a "navalização" de uma aeronave (e seus equipamentos) é tarefa complexa. Certamente as empresas têm conhecimento ou sabem onde buscá-lo. Uma aeronave de caça que opera de terra já tem capacidade para suportar cargas g positivas, mas não foi concebida para grandes acelerações longitudinais (nos dois sentidos). Quanto à resistência à salinidade, certamente há diferenças no projeto. Em termos de equipamentos de apoio de solo, mesmo que tenha sido projetada para requerer pouco apoio, uma operação terrestre não tem o mesmo cenário operacional de um porta-aviões. Por exemplo (rasteiro), é bem mais comum usar degraus incorporados na estrutura da aeronave do que escadas (elas de novo :roll:). O ambiente eletromagnético muito mais denso de um porta-aviões pode exigir requisitos mais aprimorados de EMI/EMC. Quando os franceses resolveram colocar aquele nariz curto, menor enflechamento no delta e o piloto lá em cima no Rafale, não foi com intenção de prejudicar o desempenho aerodinâmico no supersônico, nem diminuir o espaço disponível para o radar. Foram requisitos associados à operação aeronaval.
O narigão do Gripen pode ser aceitável, mas não seria assim se já tivesse nascido para operar a partir de porta-aviões.
Os requisitos para operação aeronaval são outros e as atividades de desenvolvimento serão extensas. Acho que será um avião muito diferente do atual. A comunalidade entre as versões do Gripen será muito menor do que a existente entre as versões do Rafale, que já foi concebido para os dois tipos de operação.
Eu duvido que o projeto atual do NG já esteja sendo desenvolvido para os dois tipos de operação. Se não houver contrato para o Gripen naval, essa preparação representaria custo adicional e "peso morto" para ser carregado por décadas de operação, em forças aéreas que não precisam disso. Acho que o desenvolvimento, o trabalho mesmo (sem contar os estudos de viabilidade que estão sendo feitos), levaria pelo menos cinco anos após um contrato, com não menos de dois protótipos.
Finalmente, dizer que a tarefa de navalizar o Gripen é simples não ajuda nada. Só cria falsas expectativas, com grande probabilidade de trazer decepções.
Se for uma decisão estratégica nossa (nunca será econômica, a meu ver), eu até concordo, mas temos que saber em que canoa estaremos embarcando.
Quanto à modernização do A-4, tenho certeza que o cenário operacional foi considerado no projeto, mas teremos que esperar para ver seus resultados no ciclo de vida.
Abraço,

Justin




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#73290 Mensagem por Carlos Lima » Qua Dez 03, 2014 4:55 am

knigh7 escreveu:
J.Ricardo escreveu: Todas as minhas ultimas mensagens eu escrevi exatamente isso, que só poderemos exportar para quem tivemos o ok, sem isso esqueça, e a discussão fica rodando em querer ou não exportar.
A resposta a isso tudo é simples, nós não somos os donos da tecnologia e ponto. Mas parece que o povo é difícil de entender...
Essa declaração absoluta está errada.

Observe a nota oficial entre a Embraer e a SAAB que eu acabei de postar e as declarações da FAB na CRE, cujo link o Penguin postou.

Nós vamos desenvolver aqui tecnologias. Daquilo que for desenvolvida, vamos ser donos.

O Governo do país que detém essa tecnologia sensível tem o direito de vetar a exportação. É por isso que a Argentina está conjecturando o radar e outros sistemas que não sejam britânicos em caso de escolha do Gripen.

Eu estou na mesma posição do Leandro. Eu não consigo entender essa polêmica.
O que ele disse não está exatamente errado.

Os pedaços "Br" tem alguns deles que serão desenvolvidos no Brasil, outros vem via proxy (AEL), e sim teremos um certo controle sobre o que acontece com eles. Mas como esse projeto agrega muitos parceiros que não são o Brasil, não é tão fácil assim a SAAB abrir mão de determinados parceiros que estão agregando toda a sua experiência nesse tipo de projeto para colocar empresas brasileiras que nem sabem o que estão fazendo e ainda tem que aprender (é um Sr desafio).

Além disso é claro que é obrigação da Embraer trazer essas notas oficiais cheias de carinho quando na verdade a coisa é bem mais complicada do que isso.

No meio disso tudo tem uma série de tecnologias que nunca serão transferidas para nós e essa é a realidade.

Além é claro que esse papo de Argentina é a mais pura ilusão porque saí caro, porque os ingleses estão envolvidos até o pescoço no Gripen (incluindo aí projetando o que poderá vir a ser o Gripen Naval) e aquilo foi mais 'palanque' do que algo realista (tipo os papos deles de Sub Nuclear, e outras viagens).

Na minha opinião temos que gastar energia com Equador e outros candidatos mais realistas do que pensar em gastar $$$ desenvolvendo uma versão 'Inglaterra Free (USA também)' do Gripen.

Porque mesmo que isso aconteça, os próprios ingleses ligam para os suecos e dizem:

"- Really?"

... e ponto final... acabou a venda do "Gripen Freedom Fries" para a Argentina.

Sem contar o nosso próprio relacionamento (e o das nossas FAs) com a Inglaterra que certamente não vão querer passar aperto por conta dos argentinos (levando em conta que a essa altura do campeonato o nosso Gripen será mais um ítem "inglês" dessa lista).

[]s
CB_Lima




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