andrelemos escreveu:Senhores, somente um adendo.
Estamos esquecendo que a parceria é de cunho estratégico. Países como Argentina, Bolívia, Venezuela são vizinhos nossos, e portanto, sempre serão de enorme relevância para o planejamento estratégico brasileiro, em todos os aspectos. Governos de esquerda, como os atuais, vão e vem. A Cristina Kirchner daqui a pouco será substituída por outro governante, talvez de linha ideológica completamente diferente. O mesmo vale até para o Maduro, não sabemos se em dez anos ainda estará agarrado ao poder.
Nossas relações com estes países, necessariamente, são relações de longo prazo. Eu diria justamente o contrário, que não podemos abandonar um projeto estratégico de integração política e econômica regional, fundamental para nossas atuais e futuras ambições de projeção internacional, por conta de um ou outro contrato de desenvolvimento de armamento, ou de comércio, ou por (des)afinidades ideológicas com um ou outro governo passageiro.
Claro que temos de ter cuidado, e sobretudo moderação nestas questões que são certamente delicadas. Agora, não podemos permitir uma aproximação político-estratégica ou econômica entre a Argentina e qualquer outra potência, ou uma guerra e completo isolamento do nosso vizinho.
Temos, sim, de agir de forma a moderar quaisquer excessos que eles queiram cometer, enquanto apoiamos seu desenvolvimento econômico e militar, desde que seja atrelado ao nosso, e que sirva nossos objetivos estratégicos de longo prazo. Temos que agir da mesma forma que outros países com profundas relações político-estratégicas e econômicas fazem mundo afora como os EUA com seus aliados mais próximos (Canadá, Grã-Bretanha e Japão, por exemplo), os países da UE fazem entre si, etc. A Rússia está se metendo numa confusão danada justamente por não saber "gerenciar" as ambições de seus vizinhos e oferecer-lhes uma alternativa mais atraente que a UE, no caso, a Geórgia e agora a Ucrânia. Está pagando um alto preço em termos econômicos e diplomáticos.
Não podemos cometer o mesmo erro.
andrelemos escreveu:FCarvalho escreveu:
Meu caro Paisano, aí é que penso reside o problema todo. Moderação nunca foi necessariamente uma das melhores qualidades dos nossos hermanos argentinos. Vide as caneladas que trocamos com eles em várias áreas até hoje por causa de governos desmedidos e politicagens afins.
Ademais, a velha cultura de insubmissão que eles, ainda, tem em relação a nós, continua latente, mesmo que diminuta na sociedade argentina. Eles são orgulhosos demais para admitir qualquer tipo de dependência em relação ao Brasil.
E mesmo que consigamos atrelar o seu desenvolvimento ao nosso, dificilmente podermos contar com a simpatia argentina em relação aos nossos interesses, quando for necessário. Já deram prova disso mais de uma vez.
Aliás, é bom que se diga aqui, que não estou me referindo ao povo argentino em geral, mas às suas instituições, governo e políticos, que ao fim e ao cabo são com quem nos relacionamos efetivamente.
Esperar moderação dos argentinos em seus negócios é, no mínimo, ato falho. Esperar que consigamos moderá-los por quaisquer meios que sejam, também é, no mínimo, ingenuidade.
abs.
Mas aí é que está o jogo. Muitos diriam a mesma coisa sobre França e Alemanha, quando começaram a se integrar economicamente nos anos 50 (com uma história muito mais extensa e sangrenta de conflitos entre si).
No final das contas, como certa vez ouvi de um diplomata Argentino, "
A questão é se a Argentina deseja ser o Canadá do Brasil"
Eles sabem perfeitamente que juntos conosco serão muito mais fortes do que conseguirão ser sozinhos, e terão mais facilidade para se desenvolver, tendo acesso ao nosso grande mercado interno. Paraguai, Uruguai e agora a Venezuela estão entrando também neste raciocínio.
Não só a negociação comercial com o resto do mundo aumenta o poder de barganha desses países, mas a integração econômica conosco é muito interessante do ponto de vista econômico para estes países.
O Brasil está desenvolvendo sua indústria bélica a olhos vistos, com diversos projetos que visam a incorporar tecnologias dominadas por poucas outras potências. Tecnologias estas que estes países não tem a menor condição de desenvolverem sozinhos, ou de arrumar algum parceiro extrarregional que se disponha a tê-los como parceiros. Sob o nosso "guarda-chuva" econômico, político e militar, poderão ter participação nos nossos projetos e entrar em um acordo de defesa mútuo da região que seria muito, mas muito mais efetivo do ponto de vista dissuasório que qualquer investimento individual dos países citados, inclusive nós.
Cabe a nós termos o "jogo de cintura" para acomodar as demandas deles, de apoiar suas ambições, etc. A questão das Malvinas é um tema sensível, como também é o atual clima de extremo antiamericanismo e ruptura política na Venezuela e a fragilidade das instituições democráticas no Paraguai. Ninguém disse que seria fácil. Vamos ter que conceder em alguns pontos, e "puxar a coleira" em outros. Mas assim caminha o mundo, e os países que desejam ser líderes de suas respectivas regiões e participar da "briga de cachorro grande" na arena internacional todos têm projetos nesse sentido, de integração regional, obtenção de "esferas de influência", ou de defesa das que eles já tem, contra possíveis usurpadores (EUA vs. China na Ásia).
Enfim, peço desculpas pelo longo post, mas temos que colocar os pingos nos "i"s nesta discussão, para não descambarmos para uma discussão de preferências políticas e ideológicas que seria muito pouco produtivo.
Boa Noite andrelemos !
Tomei a liberdade de juntar estes dois posts que envolvem o mesmo assunto !
Em primeiro lugar, se me permite uma observação, muito interessante sua linha de raciocínio!
Porém parte de uma premissa de que nosso GF atua na América do Sul, com uma linha de conduta bem definida e fortemente ancorada numa estratégia nobre de liderança regional e de autoridade moral para "contermos" os ânimos de alguns, bem como, apoiadores do crescimento econômico e social de outros ...
coisa que sinceramente não é o que eu vejo no Itamaraty, absolutamente.
Aliás isso é o que queríamos que fosse o Itamaraty ...
Na minha opinião, o que acontece é exatamente o contrário, vejo um MRE absolutamente impregnado e ancorado numa ideologia ultrapassada, com valores morais, abaixo de ZERO a esquerda ... tendencioso, fraco, sem nenhuma autoridade internacional, de caráter duvidoso, titubeante, enfim, UMA VERGONHA PARA O NOSSO PAÍS.
Vejo uma instituição que coloca seus valores ideológicos acima dos interesses nacionais, sob uma "lógica socialista" em que os amigos "tudo pode" aos demais ... às regras !
Não vou me alongar nos exemplos, mas podemos citar alguns:
- Nunca condenou as atrocidades cubanas, pela opressão ao seu povo, o cerceamento da liberdades individuais, na comissão dos direitos humanos, quando o faz sem cerimônia aos chamados "demais".
- Apoiou a assunção ao poder do Maduro (eleito por Chaves), mesmo quando seu governo massacrou as manifestações populares na Venezuela com milícias armadas ... matando indivíduos que protestavam contra o governo ... o Brasil se CALOU ... fechou os olhos de forma covarde e parcial e amoral.
- Excluiu o Paraguai do Mercosul para burlar o regimento interno daquela instituição internacional porque o Congresso daquele País não referendava a entrada da Venezuela (aliás aqui vai um adendo a seu comentário: Que falta de democracia é esta que o amigo viu no Paraguai ???? ... conhece bem suas leis ??? )
- Contrata médicos cubanos e lhes paga salário de fome, passando 80% de seus salários para o "regime" ... em apoio explícito à Cuba e em detrimento dos direitos TRABALHISTAS dos médicos.
QUE AUTORIDADE MORAL TEM ESSE ITAMARATY ???? ... Que liderança é essa que amigo de forma lúdica educada e inteligente e até Romântica quer nos convencer que o Brasil exerce ou exercerá ????
É digno de nota, que não se vê "parceria estratégica" com Colômbia, México, Chile, Peru, né ??? ... porque será ???
Pelos posts inteligentes GOSTARIA DE SUAS OBSERVAÇÕES !