MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4726 Mensagem por prp » Qui Out 02, 2014 12:37 pm

Pergunto aos senhores, qual a alternativa?




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4727 Mensagem por mmatuso » Qui Out 02, 2014 12:56 pm

Brasil só não tem divida maior do que a Espanha, um país quebrado.

Boa Dilma! [003]

prp escreveu:Pergunto aos senhores, qual a alternativa?
Velho dilema malufista/tiririca:"Pior do que tá não fica" ou "Rouba mas faz".




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Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4728 Mensagem por Bourne » Qui Out 02, 2014 1:07 pm

prp escreveu:Pergunto aos senhores, qual a alternativa?
Volte aos planos do Lula pre-2008.

Não precisa inventar. E só fazer o arroz com feijão.

Em 2015 veremos se volta por vontade própria ou forcado pelas circunstancias.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4729 Mensagem por mmatuso » Sex Out 03, 2014 11:49 pm

Reportagem da CNN da eleição e o repórter ainda fala um pouco da situação do país




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4730 Mensagem por Bourne » Sáb Out 04, 2014 3:08 pm

O que o possível novo ministro da fazenda diz :arrow:

Um lado interessante é ver a economia como um todo e não apenas a inflação, o que vai ocorrer no próximo semestre e como maquiar números.

Se for ele o novo ministro, comemorem. Um dos melhores nomes e equipes que poderiam assumir, junto com Nelson Barbosa e Joaquim levy. Mas se um soldado fiel da Dilma da filma como o secretário do tesouro e trombini, muda nada.
Economista prevê que próximo governo pode ter metas fiscais plurianuais

Read more: http://oglobo.globo.com/economia/econom ... z3FCVmMcgG

RIO - Vivendo há mais de dez anos em Washington, onde trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento e como diretor-executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto é citado como um possível ministro da Fazenda num eventual segundo mandato de Dilma Rousseff. Canuto, que foi secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda no primeiro governo Lula, não comenta o assunto. Mas, em entrevista por telefone, faz um diagnóstico detalhado da economia brasileira e defende mudanças na política fiscal, nos gastos sociais e na política industrial.

Esta semana, o dólar bateu R$ 2,50. Há um clima de pessimismo no mercado e entre os empresários. Qual é a percepção do país no exterior?

Quando olhamos para a Bolsa, é onde há uma correlação maior entre o noticiário político e o preço dos ativos. No câmbio, aí a correlação parece maior com movimentos da economia global. Quem tem investimentos produtivos está em compasso de espera para ver os desdobramentos das eleições. E há uma percepção de que essa mudança de patamar de dólar era esperada diante da evolução do déficit em conta corrente. Isso vai colocar desafios de natureza inflacionária. E toda a atenção será dirigida à política fiscal, que será chamada a colaborar para evitar que os juros tenham que subir muito. A margem de manobra é estreita. O próximo governo poderá fazer algum tipo de comprometimento plurianual, além do curto prazo, do tipo: “Olha, a margem que eu tenho para aumentar meu superávit primário neste momento é essa, mas, se faço isso por algum tempo, consigo o efeito que vocês todos estão esperando”.

As pesquisas apontam a provável reeleição de Dilma. Como fica a credibilidade de uma política fiscal plurianual se, no último governo, metas anuais foram descumpridas?

Não vou fazer argumentos sobre o governo específico. Mas, no geral, a trajetória fiscal brasileira não aponta para um colapso. E as políticas são vistas não apenas a partir do contexto em que são implementadas, mas também a partir dos encarregados de executá-las. É uma questão de comunicação.

O clima de pessimismo já leva a comparações com 2002. Será preciso algum tipo de compromisso dos candidatos?

Uma Carta ao Povo Brasileiro?

Ou a definição de nomes da equipe.

Há uma diferença essencial. A dúvida em 2002 não era se haveria ou não a manutenção do grau de investimento. A discussão era calote ou não calote. Então, em 2002, os compromissos dos candidatos foram divisores de água. Não é o caso hoje.

Hoje a questão é se vamos perder ou não o grau de investimento?

Hoje há um certo desconforto, e descrevo o que escuto, com a incerteza sobre qual é o tamanho da dívida. A transparência é fundamental, não por uma questão de bom-mocismo. Os credores sabem fazer conta. Ela é importante em si mesma porque é um valor apreciado pela democracia, e também para quem decide se compra ou não um papel da dívida.

O governo Lula conviveu com um cenário externo muito favorável. Agora, as perspectivas são diferentes?

Do lado externo, vários dos presentes caídos do céu não estarão presentes. Teremos que voltar à agenda de reformas.

Nossa transição para um crescimento baseado em investimentos ainda não ocorreu. Será mais difícil?

Depende da qualidade da política econômica. Vou dar um exemplo concreto. Se a política de concessões em infraestrutura tivesse alcançado mais rapidamente o perfil que assumiu no ano passado, o país já poderia estar usufruindo dos efeitos de uma onda de investimentos em infraestrutura.

Um modelo mais próximo da parceria público-privada? Que não tenha 51% da Infraero nos aeroportos, por exemplo?

Sem 51% de ninguém, sem tabelamento de taxa de retorno. E com uma divisão mais clara de atribuições entre poder público e iniciativa privada. Com um detalhe: as regras do jogo são fundamentais, a confiança na estabilidade.

O crescimento mais baixo pode pôr em risco algumas conquistas sociais?

Ameaçar o que está conquistado, eu não creio. Mas torna mais difícil a melhoria na margem. Enquanto havia uma ociosidade no trabalho e um espaço enorme para ganhos via formalização, foi possível ter salários, inclusive o mínimo, crescendo a um ritmo bem maior do que a produtividade. Agora será mais difícil. E o que se pode fazer? Reformar os gastos, como algumas pensões que não se justificam. E como podem os gastos com abono e seguro-desemprego estarem tão elevados com a taxa de desemprego baixa?

E reformas para produtividade?

Há uma coisa óbvia: a qualidade da educação. As outras três são interconectadas: infraestrutura, custo Brasil e qualidade do gasto público. E é preciso rever a política comercial. Hoje o produtor brasileiro tem a sua competitividade prejudicada por não ter acesso ao que há de melhor lá fora. O paradigma deveria ser a Embraer. Ou a Petrobras antes de ser submetida a uma política drástica de conteúdo nacional.

Seu nome tem sido citado como um possível ministro da Fazenda se a presidente Dilma for reeleita...

Soube disso pelos jornais. E, como funcionário do Banco Mundial, sou proibido de fazer qualquer comentário de natureza política em relação a qualquer um dos países membros.



Read more: http://oglobo.globo.com/economia/econom ... z3FCVdnfXH




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4731 Mensagem por Bourne » Sáb Out 04, 2014 11:04 pm

Canuto - parte II
Meta fiscal poderá ser plurianual’, diz brasileiro consultor do Banco Mundial

RIO — Vivendo há mais de 10 anos em Washington, onde trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento e como diretor-executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto é um dos citados como possível ministro da Fazenda num eventual segundo mandato de Dilma Rousseff. Canuto, que foi secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda no primeiro governo Lula, não comenta o assunto. Mas, em entrevista por telefone, faz um diagnóstico detalhado da economia brasileira e defende mudanças na política fiscal, nos gastos sociais e na política industrial.

Esta semana, o dólar bateu R$ 2,50, o país registrou o maior déficit comercial para setembro desde 1998, o resultado as contas públicas veio muito ruim, sobretudo no governo central. Há um clima de pessimismo muito grande no mercado financeiro e entre os empresários brasileiros. Como o senhor vê a percepção no exterior em relação ao Brasil?

Há dois tipos diferentes de volatilidade no que diz respeito aos ativos financeiros no Brasil. Isso é importante diferenciar. Quando olhamos para a Bolsa ou para ativos domésticos, é onde há uma correlação maior entre o noticiário político e o preço dos ativos. No que diz respeito a ingresso e saída de recursos, a dinheiro de portfolio, conforme manifesto na curva de juros e na taxa de câmbio, aí a correlação parece que é maior com movimentos que estão ocorrendo na economia global. Já desde agosto estamos vendo uma saída de aplicações em fundos para mercados emergentes. É um movimento parecido com o que tinha ocorrido no verão do ano passado, em reação ao anúncio, feito em abril, de que haveria a retirada dos estímulos do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) no futuro. E também parecido com o que ocorreu em janeiro deste ano, quando a causa maior foram as dúvidas sobre a aterrissagem chinesa, se seria suave ou abrupta. Então, eu acho que no caso de câmbio e no caso de balança de pagamentos, tem a ver mais com o noticiário externo do que interno. Não quer dizer que o noticiário interno não afete, é claro que a intensidade do ajuste vai depender de como os agentes percebem. Mas o que eu escuto é que estão dando o benefício da dúvida. Eu apostaria que alguma parte desse pessoal já tem a sua estratégia pronta para diversos cenários possíveis, o que inclui evidentemente o cenário de que, se não gostarem, intensifiquem o ajuste que está ocorrendo. Isso da perspectiva de quem compra ativos financeiros.

Quem tem investimentos pelo lado produtivo está em compasso de espera para ver quais serão os desdobramentos das eleições em termos de políticas econômicas futuras, em que medida elas vão apontar na direção de alguma retomada do potencial de crescimento do Brasil, se não imediatamente após as eleições, se não no início do ano que vem, em algum momento do futuro previsível. É claro que este ano é um ano de baixo desempenho, em parte porque, na medida em que todos os investidores do lado do real dão uma parada para analisar, ao fazerem isso em conjunto, o nível de investimentos como um todo cai. Não surpreende que este seja um momento em que a economia esteja parada. E tem uma percepção, aí eu estou sendo descritivo, eu estou descrevendo o que eu escuto, de que essa mudança de patamar de dólar que já está começando a acontecer agora era algo que já estava mais ou menos esperado. Quando você olha a evolução do déficit em conta corrente observa que o déficit agora, ao contrário de anos anteriores, está acima daquilo que o investimento direto externo pode financiar. O patamar do dólar vigente até antes das últimas semanas era um no qual só era sustentável com o ingresso de capital de portfólio. Como o sinal agora mudou, e há uma tendência de reajuste para baixo na disposição para mercados emergentes, era de se esperar uma pressão de desvalorização do real, que provavelmente só não está ocorrendo com mais força por causa da ação do Banco Central, através de leilões de swaps, para reduzir a volatilidade. Só que, ao reduzir a volatilidade, na verdade o Banco Central também está segurando um pouquinho o câmbio. Então todo mundo espera, o que eu escuto um quase um consenso, que estava na conta alguma mudança no patamar cambial no Brasil. Em certa medida, o que está ocorrendo é uma antecipação disso. O efeito disso deverá ser uma atenuação da perda de competitividade do sistema produtivo, em particular a indústria manufatureira, que tem estado imprensada, por um lado, pelo real bem valorizado e, de outro, pelos custos salariais crescentes. Isso é o lado de oportunidade desse movimento quase inevitável do câmbio.

Por outro lado, isso vai colocar desafios de natureza inflacionária. Principalmente na medida em que ele também vai vir com um provável realinhamento gradual de preços administrados que estão defasados. Já tem ocorrido uma correção gradual, mas não o suficiente para colocar os preços administrados em patamares sustentáveis. Então vai ocorrer algum realinhamento de preços no futuro, a maneira se vai seguir regras ou não, se vai ser gradual ou não, é algo que nós vamos saber depois das eleições, depois de que haja alguém encarregado de formular a política econômica futura. Isso vai se juntar com a desvalorização cambial, para provavelmente criar um pavio de elevação da inflação. O Banco Central já claramente, pela linguagem no relatório de inflação último, está meio que pronto para “vamos fazer o que for necessário para cumprir com a meta”. Isso leva a que toda a atenção seja dirigida para o lado da política fiscal, que terá que ser chamada a colaborar com a política monetária no ano que vem, de uma maneira que evite que os juros tenham que subir de maneira mais elevada. E aí a variável chave de decisão para o novo governo, ou o mesmo governo, ou qualquer que seja o governo que ganhe as eleições, vai estar na variável fiscal, que não tem graus de liberdade muito amplos. Há algumas despesas não-recorrentes que não precisarão ser feitas, mas também não haverá algumas das receitas não-recorrentes que têm sido usadas pelo governo. Mas o sentimento prevalecente entre aqueles que olham as contas é que tem uma margem de manobra estreita.

O próximo governo poderá fazer algum tipo de comprometimento plurianual, que vá além do curto prazo, que diga assim: “Olha, a margem que eu tenho para aumentar meu superávit primário neste momento é essa aqui, mas se eu faço isso por algum tempo eu consigo o efeito que vocês todos estão esperando”. No fundo o que o próximo governo vai fazer, o que é perfeitamente natural, é limpar o terreno de uma série de coisas a ser feita no curto prazo, para inclusive abrir o espaço para se enfrentar uma agenda de mais longo prazo, uma agenda de reformas, que tem um alcance para além do arbítrio do executivo, uma reforma tributária, mexer com a qualidade do clima de investimentos no Brasil, com o custo Brasil, avançar na agenda de infraestrutura que permita daqui a dois três anos, se permita ter efeitos da infraestrutura melhor sobre a oferta. Esse é um cenário que, se visto com credibilidade, por parte de todo mundo, e aí isso se aplica não apenas a agentes do mercado financeiro, mas também a investidores do lado real, dos ativos físicos, o que se espera que ocorra para poder perseguir uma travessia das turbulências inevitáveis do ano que vem no mundo no lado do Brasil.

As pesquisas eleitorais apontam hoje como o cenário mais provável o de reeleição da presidente Dilma. Como ficaria a credibilidade de uma política fiscal plurianual se, durante o último governo, as metas anuais foram sistematicamente descumpridas ou ajustadas?

Eu não vou fazer argumentos sobre o governo específico. O que eu posso dizer que, no geral, a trajetória fiscal brasileira não é uma trajetória que aponte para um colapso. E, como o próprio governo tem dito, houve um manejo anticíclico da política fiscal no período imediatamente posterior à crise. E as políticas inclusive são vistas não apenas a partir do contexto em que são implementadas, mas também a partir das pessoas que são encarregadas de executá-las. É uma questão de comunicação, de reconhecimento de compromisso das autoridades.

O clima de pessimismo já leva a comparações com 2002, quando em determinado momento, foi preciso, antes mesmo de uma definição nas urnas, que os candidatos fizessem um compromisso para reverter a espiral de expectativas ruins. O senhor acha que hoje isso é necessário?

Uma Carta ao Povo Brasileiro?

Ou uma definição de nomes da nova equipe.

Há uma diferença essencial. A dúvida em 2002, antes da Carta ao Povo Brasileiro, era quanto a uma probabilidade de um calote do Brasil. Eu me lembro que ainda era professor, na Unicamp ou na USP, quando saíram dois papers de dois economistas de um instituto aqui de Washington, o Peterson Institute for International Economics. O paper de Morris Goldstein atribuía uma probabilidade 70% de calote para o Brasil. John Williamson apostava que o Brasil não iria decretar um calote. Esses dois papers fizeram muito sucesso nos circuitos da época, justamente porque eram dois respeitados economistas que apontavam na direção de conclusões completamente opostas, e embora o John Williamson acabasse sendo vencedor pelos fatos, é verdade que, se os juros continuassem se elevando ao ritmo que se fazia necessário naquele momento, e com a aposta contrária de alguns grandes fundos, como o Pimco, a trajetória da dívida brasileira era então explosiva. Naquela época, a discussão não era manutenção ou preservação de grau de investimento. A discussão era calote ou não calote, se Brasil seguiria a Argentina (que entrou em moratória em 2001) ou não. Então, num certo sentido, os compromissos dos candidatos com o acordo com o Fundo (Monetário Internacional) foram divisores de água numa trajetória que, em termos mecânicos, apontavam na direção de um calote. Não é o caso hoje.

Hoje a questão é se vamos perder ou não o grau de investimento?

Hoje há um certo desconforto, e eu estou aqui descrevendo o que escuto, há um certo desconforto com a incerteza em relação a qual é o tamanho adequado a ser levado em conta do estoque da dívida. E também do saldo. De modo que a gente possa depurar o que é despesa estável e permanente e o que é receita estável e permanente. Independentemente do resultado dessa revisita às contas públicas, enquanto ela não acontece, o desconforto é grande por conta da incerteza. E tenho quase certeza de que, num momento em que você tem um número que é tomado como crível pelo mercado e se tem a garantia de uma trajetória de superávit primário, que supondo taxas de juros razoáveis, apontam na direção de estabilidade ou queda da dívida bruta, mesmo que haja necessidade de correção para cima no momento zero, tornará mais fácil absorver. Esse é um momento no qual o exercício concreto de política econômica é que vai contar mais.

Neste sentido, o resultado apresentado esta semana pelo governo nas suas contas públicas, em que foram explicitadas despesas até então represadas, mesmo que o resultado final mostre um número pior, o fato de ser mais transparente é percebido como positivo?

Certamente. A transparência é fundamental não por uma questão de bom-mocismo, não. É porque, francamente, a quem interessa o exame mais acurado e detalhado das contas públicas, e certamente não é o grande público, são os credores, esse pessoal sabe fazer conta. E só se sente seguro com a capacidade de fazer conta. Quanto menos transparência há nisso, mais desconfortável e mais isso é colocado no preço por aqueles que sabem fazer conta. Eu me lembro muito bem que, alguns anos atrás, o governo brasileiro foi classificado num estudo do Fundo Monetário como o país mais transparente fiscalmente da América Latina, mais até do que o Chile. E essa transparência é importante não apenas em si mesma, porque isso é um valor apreciado pela sociedade civil, pela democracia, pelo direito de acesso à informação e a julgamento, como também é um valor para qualquer um que é obrigado a decidir se compra ou se não compra um papel brasileiro, se compra ou não compra um papel da dívida pública. Então a transparência tem que ser uma meta perseguida e garantida a todo tempo.

O governo Lula conviveu com um cenário externo muito favorável. Mas agora as perspectivas são diferentes. Será mais difícil, então, para o país retomar o crescimento econômico?

O Brasil vai ter que contar mais com os fatores domésticos de crescimento do que com os ventos de cauda que prevaleceram até recentemente. O Brasil, como o resto da região toda e boa parte do mundo, esteve sujeito a dois grandes choques no começo do milênio para cá. Um deles é o sucesso de boa parte do mundo em integrar pessoas que estavam fora da economia do mercado, que estavam ocupadas em atividades próximas da subsistência e que, por conta das mudanças tecnológicas, por conta dos processos de integração que seus países decidiram fazer, e aí a China é apenas o grande exemplo, mas não é o único, houve uma incorporação enorme de mão de obra não qualificada na oferta global de trabalho. Esse choque cria dificuldades para a sustentação do emprego manufatureiro na região, no Brasil, na periferia da Europa e, segundo alguns, junto com a tecnologia, esvaziando também a classe média nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, esse mesmo processo de transformação acelerada criou um choque de demanda expresso nos preços das commodities. Mas tudo isso foi também potencializado pela fantástica máquina de geração endógena, por dentro, do nada, de liquidez, em torno do sistema financeiro americano, que é o que possibilitou não apenas o grande consumo e o excesso de endividamento do lado americano, como deu algum derrame para todos os emergentes em geral. Não é que isso vá se reverter, mas passa a ocorrer em ritmos diferentes. A máquina de liquidez se manteve, não é tão exuberante como antes, mas as políticas monetárias não-convencionais americanas mantiveram o patamar de liquidez bem elevados, não gerando as pirâmides de ativos como até 2007, mas no que diz respeito a países como o Brasil, ainda liquidez abundante. Mas alguém pode dizer, temos lá o Japão e temos a Europa também entrando no seu turno de políticas monetárias não-convencionais agressivas, só que nem o Japão e muito menos a Europa poderão substituir o sistema financeiro americano nessa capacidade de transbordar liquidez para nós. Então, este cenário deve mudar. Não vai mudar abruptamente, mesmo com o fim do quantative easing. Mas, se tem algum sinal para a liquidez externa, este é um sinal de menos exuberância do que foi até aqui.

Da mesma maneira, para a recuperação americana, ninguém está prevendo uma retomada do ritmo de crescimento americano pré-2007. A China, por sua vez, está transitando para uma nova fase no seu processo de crescimento e desenvolvimento, que já era esperada, de uma fase associada a um crescimento menor, porque o crescimento exuberante chinês anterior, essa oportunidade de crescer com saldos comerciais gigantescos em relação ao resto do mundo, foi uma janela durante a qual, enquanto o consumo era comprimido, enquanto os salários ficaram lá embaixo, a taxa de investimento como proporção do PIB alcançava taxas gigantescas como 50% do PIB. Eles já sabiam que esse modelo iria chegar a uma exaustão, porque estava causando certos desequilíbrios e principalmente, iria se esgotar, porque a partir do momento que a transferência de mão de obra começa a exaurir o estoque disponível (de trabalhadores), os salários começam a crescer. Então, para continuar avançando, a China precisa adquirir competitividade em segmentos que são mais intensivos em tecnologia com algum conteúdo local, com adaptação criativa mais forte. E no setor de serviços, porque agora o PIB deles começa a depender mais de serviços. E aí o desafio é de outra natureza, não é um desafio que se enfrenta simplesmente com a combinação de salários baixos e câmbio desvalorizado. Ao mesmo tempo, eles sabiam que o novo padrão de crescimento será mais dependente também do consumo doméstico, o que é incompatível com investimento de 50% do PIB. Então, o ritmo de crescimento da China tende a se acomodar num patamar bem mais baixo do que os 10% 11% do período anterior. Os cenários possíveis de uma queda gradual no crescimento para os próximos 10 anos estão em 5%, e os cenários otimistas em 6%, 7%. Vai ter uma transformação continuada em outras partes da Ásia e da África que podem absorver partes das atividades que não sejam mais competitivas na China, mas isso não será suficiente. E esse crescimento novo chinês, embora num ritmo menor, ele é até socialmente mais estável, porque a percepção da população de usufruir os frutos do crescimento será maior, porque virá via consumo doméstico. Então, temos a acomodação chinesa para baixo, estou abstraindo aqui as dificuldades da China de deglutir a bolha imobiliária que se formou de 1988 para cá, quando eles usaram a construção como uma maneira de mitigar o fim do modelo anterior e a chegada do novo. E não preciso falar das dificuldades da economia europeia.

Então, de fato, do lado externo, vários dos presentes caídos do céu que a América do Sul e o Brasil tiveram não vão estar aí presentes. Então, a gente vai ter que reencontrar fontes domésticas de crescimento. Quando olhamos as fontes de crescimento do PIB brasileiro dos anos 90 para cá, observamos que, até metade da década passada, o ritmo de crescimento do PIB dependeu principalmente de aumentos da produtividade, que foram derivados de reformas que o país implementou, inclusive as reformas que permitiram o alcance da estabilidade macroeconômica. Quando olhamos a segunda metade da década passada, aí os fatores principais a propulsionar o crescimento vieram de fora, vieram da evolução favorável dos termos de troca. Então, agora, teremos que voltar à agenda de reformas, já que o cenário externo não vai ser tão benévolo quanto foi, do ponto de vista de crescimento do PIB, na primeira década do milênio.

A China hoje cresce baseada em investimentos e terá que crescer baseada em consumo. A nossa transição ao contrário, de um crescimento baseado em consumo para um crescimento baseado em investimentos, ainda não ocorreu. A nossa transição será mais difícil?

Não sei se é mais demorada ou mais difícil, é difícil falar no abstrato, porque depende muito da qualidade da política econômica. Vou dar um exemplo concreto. Se a política governamental no que diz respeito a concessões na área de infraestrutura tivesse alcançado mais rapidamente o perfil que assumiu no ano passado, se tivesse sido adotada e implementada dois anos antes, o país já poderia agora estar usufruindo os efeitos de uma onda de investimentos em infraestrutura. Já no caso chinês, transformar a família chinesa em consumidora, vai exigir a construção de um arcabouço mínimo de proteção social que não existe lá para assegurar às famílias chinesas que elas não tenham que poupar. Porque lá, hoje, quem não poupar não pode pôr os filhos na escola, nem tem saúde, nem aposentadoria na velhice. Essa reforma institucional chinesa, até gerar uma mudança de comportamento das famílias, não é algo que se faça da noite para o dia.

No nosso caso, o senhor se refere a um modelo de concessão na área de infraestrutura mais próximo da parceria público-privada?

Isso.

Um modelo que não tenha 51% da Infraero nos aeroportos, por exemplo?

Sem 51% de ninguém, sem tabelamento de taxa de retorno. E com uma divisão mais clara. E o que tem que ser feito, e ninguém precisa ser especialista em cada setor da infraestrutura, e por isso eu me arvoro a dizer, e aí é a minha opinião, em cada um deles, transportes, energia, comunicações, você abre a caixinha e constrói a cadeia de geração de valor de cada um desses setores, e decompõe as etapas e as responsabilidades. E vai perceber que, em algumas coisas, o setor privado é melhor gerente; em outras, o setor público é melhor líder. E isso muda com o tempo. Há algumas coisas nas quais o setor público pode ser líder em algum momento e, uma vez, limpado o terreno, pode ser transitado para o setor privado, que gerencia melhor, isso vale desde a construção, a manutenção, a operação. Tem que ser feito um exame, algumas áreas têm que ser compartilhadas. Uma vez que os investimentos em infraestrutura se tornem minimamente maturados, estejam de pé operando, o que na linguagem do pessoal do ramo é passar de greenfield para groundfield, aí o perfil do financiamento pode mudar completamente, pode passar a depender do financiamento privado, e não do público. O que é preciso é ser pragmático e estabelecer uma divisão de responsabilidades entre os setores públicos e privado, com cada um deles fazendo o que faz melhor dentro dessa cadeia. Com um detalhe: as regras do jogo são fundamentais, a confiança de que haverá estabilidade. Esse é o caminho para o qual tende o mundo inteiro. Haverá diferenças na fronteira entre público e privado entre várias dessas áreas, mas, se há um modelo de convergência no mundo inteiro, é para a partilha de responsabilidades.

Mesmo que essa transição para um crescimento doméstico mais baseado em infraestrutura se acelere, o cenário que se vislumbra para o Brasil é de crescimento mais baixo, não é?

Sim, não existem milagres econômicos.

Um crescimento mais baixo pode pôr em risco algumas das conquistas sociais das últimas décadas? Os últimos dados da Pnad mostraram um leve aumento no número de brasileiros miseráveis e a desigualdade caindo mais lentamente.

Ameaçar o que está conquistado, eu não creio. O que se expressa hoje é resultado de conquistas alcançadas que não têm porque serem revertidas. Mas esse quadro torna mais difícil a melhoria na margem. Algumas coisas que puderam ser acionadas nos últimos 10 anos que ajudaram, agora, não se poderá ter. Por exemplo, durante algum período, enquanto havia uma margem de ociosidade no trabalho e enquanto havia um espaço enorme para ganhos via formalização, foi possível ter salários, não apenas o mínimo, mas aqueles que dependem do mínimo, crescendo a um ritmo bem maior do que a produtividade. Isso agora será mais difícil.

Inclusive para o mínimo?

Sim, inclusive para o salário-mínimo. E o que se pode fazer? Justamente para proteger esses ganhos e procurar espaço para melhoras, é preciso fazer reformas. Reformar os gastos. A questão é que vários desse uso benigno, do ponto de vista da redução da pobreza, do gasto público, foi feito sem que se mexesse em algumas outras características do gasto público brasileiro que beneficiam pessoas que não são pobres. Os novos gastos foram adicionados aos anteriores. A única maneira de continuar encontrando espaço para aumentar o gasto com os pobres vai ser revendo várias coisas que estão lá dentro e que permaneceram intocadas.

Como, por exemplo, o quê?

Algumas pensões que não se justificam por critérios de assistência social nem por questão de contribuição. Há coisas absurdas e que ninguém consegue explicar: como podem os gastos com abono e seguro-desemprego estarem tão elevados num contexto em que a taxa de desemprego é baixa? Tem que abrir cada caixinha dessas. E são medidas dolorosas, porque vão afetar direitos que as pessoas veem como adquiridos, mesmo pessoas que estão lá no topo. A grande verdade é que, se por um lado, as políticas sociais melhoram muito em qualidade e em volume de recursos nos últimos 10 anos, quando a gente faz uma avaliação do impacto social da estrutura de tributação e do gasto público brasileiro, o caráter benigno dos Bolsas Famílias da vida é revertido, porque o resultado final é um resultado que é concentrador de renda.

O problema maior está nos gastos ou no modelo de tributação ou em ambos?

Em ambos. Na verdade, as agendas estão interconectadas, é preciso ter uma agenda pelo lado tributário e de gastos. Porque pelo lado tributário, a agenda poderia permitir a simplificação de tributos e ganhos no lado do custo Brasil.

A agenda tributária se tenta implantar há muitos anos e não se consegue espaço político.

Pelo lado técnico, é inclusive relativamente fácil hoje encontrar propostas bem delineadas de coisas que seriam factíveis. Mas a questão é a decisão de apostar capital político nisso e também a margem de manobra do governo federal para eventualmente ajudar no enfrentamento de resistência dos estados.

De certa forma, reformas, algumas delas dolorosas, tradicionalmente são implantadas em momentos de adversidade econômica como agora?

Sim, é verdade, e elas também são mais fáceis de serem perseguidas em começos de governo. Maquiavel já disse isso.

É preciso adotar reformas para acelerar a produtividade também?

Há uma coisa óbvia, que é tão óbvia que não estamos nem abordando aqui, que é a qualidade da educação. Um dos fatores importantes para a queda da pobreza no Brasil na década passada foi a melhora no acesso à educação, não o acesso à educação de qualidade, mas a simples melhora na escolaridade da população pobre foi um fator importante na redução da pobreza. Essa é uma agenda óbvia. As outras três estão interconectadas: infraestrutura, custo Brasil e qualidade do gasto público. A melhora no custo Brasil deve acontecer com investimento maior na infraestrutura física. E, por sua vez, a simplificação dos processos, que é algo que pertence ao domínio do custo Brasil, também facilita o investimento em infraestrutura e o investimento em geral. A agenda do gasto público e a agenda do custo Brasil também estão interligadas, porque o processo tributário não precisa ser tão violentamente contributivo para o custo Brasil como é. E reformas que se façam na operação do setor público que introduzam uma maior relação entre resultados concretos na área de educação, de saúde e, por sua vez, o rendimento dos funcionários. E isso está provado ser um fator poderoso de melhora na eficiência dos gastos públicos, o que melhora o ambiente de negócios. É preciso também rever a política comercial. Hoje o Brasil é um país fechado, o fato concreto é que, quando comparamos o Brasil com países comparáveis, o Brasil é mais fechado. E não se trata de transformar o Brasil numa economia com coeficiente de exportação e importação comparáveis a de outros mercados emergentes. Mas certamente hoje o produtor brasileiro tem a sua competitividade e a sua capacidade de aprendizado tecnológico prejudicada por não ter acesso ao que há de melhor como insumo e como equipamento lá fora. O paradigma de para onde a gente deveria evoluir é a Embraer. A Embraer só é a Embraer porque é boa em determinado segmento da cadeia de valor da produção do avião e com liberdade para se abastecer onde quer que queira no mundo nos demais componentes. Eu creio que um mecanismo óbvio de ter um ganho de produtividade e de aprendizado tecnológico no Brasil é mover, na medida possível, nosso sistema produtivo em direção a um modelo como é o modelo exitoso da Embraer. E como foi o da Petrobras antes de ser submetida a uma política drástica de conteúdo nacional.

Mas algum grau de conteúdo nacional seria desejável?

Tem formas e formas de dar esses incentivos. Certamente a elevação de tarifas e o impedimento de acesso a insumos não é o caso. Eu concordo que é importante que o país adquira capacidade competitiva em segmentos-chaves de algumas cadeias de valor. Não tem que ser em todas as cadeias de valor, porque nenhum país consegue fazer isso. E, se for implementar um objetivo assim, isso acaba sendo destrutivo, porque um impede a competitividade do outro. Seria uma estupidez o custo de querer ser bom em tudo, querer ter inserção nobre em tudo, seria autodefecting. Tem algumas áreas, áreas que tem a ver com recursos naturais, onde o país pode garantir o domínio de pontos da cadeia de valor, chaves e importantes, mas nem em todos.

No caso da Petrobras, seria dominar só parte da cadeia do pré-sal?

Sim, poderia ser a capacidade de prospecção, ou a capacidade de gerência.

O senhor vai voltar para Brasília? O seu nome tem sido citado frequentemente como um possível ministro da Fazenda se a presidente Dilma for reeleita.

Eu soube disso pelos jornais. E, como funcionário do Banco Mundial, eu sou proibido de fazer qualquer comentário de natureza política em relação a qualquer um dos países membros.



Read more: http://oglobo.globo.com/economia/meta-f ... z3FES0Pknv




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4732 Mensagem por Bourne » Seg Out 06, 2014 2:28 am

Nelson Barbosa com zero chances de assumir o ministério da fazenda na gestão Dilma. O motivo é que saiu tretado com Dilma e os demais comandados. O único que sobra é o otaviano Canuto que não está disposto a aceitar certos termos e nomes.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4733 Mensagem por Bourne » Seg Out 06, 2014 8:39 pm

Um beijo molhado da Marina para quem identificar a diferença do programa econômico do Aécio para Lula (I e II) e a nova política econômica que falam nos corredores do PT para 2015. :lol:


Aécio divulga programa econômico

Fonte: http://www.valor.com.br/eleicoes2014/37 ... -economico

BRASÍLIA - O programa econômico do candidato Aécio Neves, do PSDB, intitulado “Desenvolvimento Econômico - Crescimento Sustentável com Justiça Social”, recém divulgado, traz uma radiografia, compromissos e propostas para a macroeconomia, política de crédito e mercado de capitais, política comercial, agricultura, tecnologia e inovação, infraestrutura e logística, política industrial, entre outros.

Na macroeconomia, o primeiro compromisso é com o tripé econômico: inflação na meta, superávit primário sem artifícios e câmbio flutuante, para recolocar a economia nos trilhos da estabilidade e do crescimento e reverter a tendência atual à estagflação.

Dentre as propostas estão: a autonomia operacional do Banco Central que levará, sem artificialismos, a inflação para a meta de 4,5% ao ano e, uma vez atingida no prazo de até três anos, o candidato se compromete com a redução da meta para 3% e da banda de flutuação de 2 pontos percentuais para 1,5 p.p; em um prazo de dois anos começar a produzir superávit primário das contas públicas suficiente para reduzir, gradualmente, tanto a dívida líquida como a dívida bruta co mo proporção do PIB. Em ambos os casos, na convergência da inflação para a meta e na obtenção de superávit, é preciso atenção aos ciclos econômicos.

No caso da meta fiscal, o programa se compromete com a inclusão de todas as despesas, subsídios e desonerações, na conta do gasto público não só para dar transparência à gestão da política mas, sobretudo, por entender que um orçamento real e transparente e condição básica para o “funcionamento da democracia”.

Para que a carga tributária pare de crescer será imperativo que o gasto público não aumente mais do que a taxa de crescimento do PIB. Há uma definição das linhas básicas de uma reforma tributária que passa pelas seguintes sugestões: adotar a sistemática de crédito financeiro para os tributos federais, ao invés do crédito físico; instituir o cadastro fiscal único, criar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), dentre outros. O IVA seria um imposto único que agregaria tanto o ICMS estadual quanto todos os impostos e contribuições que recaem sobre o faturamento ou a receita das empresas.

O programa do candidato do PSDB traz, ainda, uma vasta gama de propostas para uma nova política comercial, destinada a uma economia mais aberta; para a agricultura, aumento da competitividade da economia, política indus trial, infraestrutura e regulação, dentre outras. Propõe, para a indústria, uma nova agenda.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4734 Mensagem por Grep » Seg Out 06, 2014 11:34 pm

O tripé...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4735 Mensagem por LeandroGCard » Ter Out 07, 2014 8:58 am

Bourne escreveu:Um beijo molhado da Marina para quem identificar a diferença do programa econômico do Aécio para Lula (I e II) e a nova política econômica que falam nos corredores do PT para 2015. :lol:
Com relação ao que o Lula fez existem diferenças enormes. O Lula praticamente não mexeu na estrutura tributária, ignorou solenemente a própria existência da indústria, tomou medidas que resultaram em maior fechamento da economia (como a exigência de conteúdo local nos equipamentos da Petrobras e a mudança do marco regulatório da exploração de petróleo), interrompeu os programas de infraestrutura que dependiam das empresa privadas (o programa de privatizações) e não acrescentou nenhuma novidade em nenhum campo além da expansão dos programas sociais.

Veja, não digo que tudo o que foi feito foi ruim, as privatizações como vinham acontecendo tinham mesmo que parar, um novo marco do petróleo poderia funcionar um pouco melhor que o anterior se fosse feito direito (embora eu tenha sido e ainda seja contra a mudança que foi feita) e exigir conteúdo nacional para equipamento de empresas públicas é política adotada mundialmente. O problema é que tudo foi adotado de supetão, sem coordenação, sem um planejamento eficiente de médio/longo prazo e sem medidas complementares que poderiam fazer as coisas funcionar. E outras coisas importantíssimas, como as reformas de base que permitiriam destravar a economia (fiscal, administrativa, etc...) passaram a não ser mais nem discutidas a sério. Após as primeiras medidas incompletas e confusas o Lula passou a surfar na onda do crescimento mundial e da valorização das commodities e fez praticamente um não-governo. Não vejo razão alguma para sentir saudades dele.

Já o programa do Aécio menciona pontos importantes. Mas o próprio fato de só sair agora, tempos depois da campanha eleitoral estar na rua, já é uma indicação de que muito provavelmente não se trata de uma estratégia pensada e planejada para se obter os melhores resultados para o país, e sim um simples apanhado de tópicos que alguns consultores indicaram ficar "bonitinhos" em um programa econômico, mas que no governo não há garantia alguma de que seriam de fato perseguidos. O mais certo é que não haja comprometimento algum com eles e que sejam solenemente esquecidos em prol de conchavos políticos para se garantir uma "governabilidade" que só serviria para engessar o governo e torná-lo uma outra nulidade, como foi o governo Lula.

Já a Dilma é uma incógnita, minha aposta é que por ela continuaria a insistência nos "puxadinhos" que ela vem tentando desde o início do seu governo, embora algumas mudanças ela seja obrigada a fazer para impedir que o país afunde de vez em uma recessão muito mais brutal e protestos como os de 2013 voltem ainda mais com mais força. Mas não seriam mudanças pensando no futuro, e sim apenas em evitar problemas presentes e empurrar com a barriga por mais 4 anos enquanto espera que suas "mágicas" finalmente tragam algum resultado (o que não vai acontecer).

Resumindo: Com programas parecidos ou diferentes, não acredito que nenhum dos candidatos que esta aí seria muito diferente do que foi o Lula, uma nulidade do ponto de vista prático. E isso na melhor das hipóteses. O país real que se vire para sobreviver com governos assim.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4736 Mensagem por Bourne » Ter Out 07, 2014 10:19 am

queres um beijo molhado da marina?

No primeiro paragrafo, as afirmações tem uma enorme incoerência

"(...)ignorou solenemente a própria existência da indústria, tomou medidas que resultaram em maior fechamento da economia (como a exigência de conteúdo local nos equipamentos da Petrobras e a mudança do marco regulatório da exploração de petróleo)(...)"

O programa de parcerias público privadas, concessão de estradas e outras obras de infraestrutura começaram a funcionar em 2008/2009. Agora que estão decolando.

Além da conta do BNDES que o tesouro anda pagando, aquela montanha de programas pro-industria, protecionismo e subsídios dizem que existem a preocupação com a industria na Dilma I. O questionável é se está indo para o lugar certo e se funciona. O pessoal da Unicamp e que ocupou o BNDES diz que é perfeito. Os empresários e o mundo do grande capital que não entendeu ainda.

Compare os programas e verás que as promessas são as mesmas. O programa do Aécio e Lula (I e II) são política fiscal e BC são iguais. E, apesar de não admitir, o PT na Dilma II propõe o mesmo devido as circunstâncias.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4737 Mensagem por LeandroGCard » Ter Out 07, 2014 11:24 am

Bourne escreveu:queres um beijo molhado da marina?
Dispenso [024] :lol: :lol: :lol: .
No primeiro paragrafo, as afirmações tem uma enorme incoerência

"(...)ignorou solenemente a própria existência da indústria, tomou medidas que resultaram em maior fechamento da economia (como a exigência de conteúdo local nos equipamentos da Petrobras e a mudança do marco regulatório da exploração de petróleo)(...)"

O programa de parcerias público privadas, concessão de estradas e outras obras de infraestrutura começaram a funcionar em 2008/2009. Agora que estão decolando.
Ou seja, teria começado mais de 5 ANOS atrás, no finalzinho do governo Lula, e estaria começando a funcionar só agora. E nos 8 anos do Lula, nada? Porque então ele é apresentado como bom exemplo? É exatamente isso a que me refiro, as INTENÇÕES declaradas são sempre lindas e maravilhosas, mas um governo veio, se estendeu mais 4 anos, acabou, e o seguinte teve que correr 4 anos para alguma coisa acontecer. E ainda assim com os percalços que vemos, ainda vai demorar algum tempo para a coisa engrenar de vez, isso se o próximo governo não decidir mudar tudo de novo :? .
Além da conta do BNDES que o tesouro anda pagando, aquela montanha de programas pro-industria, protecionismo e subsídios dizem que existem a preocupação com a industria na Dilma I. O questionável é se está indo para o lugar certo e se funciona. O pessoal da Unicamp e que ocupou o BNDES diz que é perfeito. Os empresários e o mundo do grande capital que não entendeu ainda.
Estes foram parte dos tais puxadinhos da dona Dilma, fechar mercados específicos e dar rios de dinheiro do BNDES para quem ela e sua equipe acham que pode talvez quem sabe ajudar em alguma coisa (incluindo figuras como o Eike). Coisa de compadres e não de planejamento econômico sério, não admira que quem fica de fora não entenda nada.
Compare os programas e verás que as promessas são as mesmas. O programa do Aécio e Lula (I e II) são política fiscal e BC são iguais. E, apesar de não admitir, o PT na Dilma II propõe o mesmo devido as circunstâncias.
As promessas são sempre as mesmas, afinal todo mundo sabe o que precisa ser feito. O problema é na hora de realmente arregaçar as mangas e fazer... :roll: .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4738 Mensagem por Hermes » Ter Out 07, 2014 11:38 am

O governo gera doenas - e depois aplica paliativos em seus sintomas.

Mais Links e citações na matéria original.
http://nelcisgomes.jusbrasil.com.br/art ... newsletter

Dê uma olhada em toda a vasta quantidade de políticas governamentais inventadas com o intuito de corrigir todos os problemas existentes no país. Veja as leis e as regulamentações criadas especificamente para lidar com cada um destes problemas.

Veja tudo o que o governo inventa. Para melhorar a renda, ele estipula um salário mínimo. Para reduzir a desigualdade de renda, ele cria programas redistributivos e assistencialistas. Para controlar empresas, serviços e preços, ele cria agências reguladoras. Para proteger trabalhadores, ele repassa dinheiro a sindicatos e os apóia. Para proteger o emprego e os salários de pessoas diplomadas, ele inventa licenças ocupacionais. Para proteger a indústria, ele cria tarifas de importação e intensifica a fiscalização da Receita Federal em aeroportos. Para mitigar os efeitos do desemprego, ele cria o seguro-desemprego. Para estimular a economia, ele inventa vários pacotes de estímulo.

Fora do âmbito econômico, para tentar melhorar a educação, ele cria ministérios e secretarias específicos para essa área. Ele cria provas e exames obrigatórios; ele institui padrões governamentais; ele impõe uma idade compulsória para se estar na escola, mesmo que contra a vontade dos pais; e ele cria programas de empréstimos estudantis subsidiados.

Para melhorar a segurança pública, ele intensifica seu monopólio deste serviço e ainda desarma os cidadãos inocentes. Para melhorar a saúde estatal, ele despeja cada vez mais dinheiro neste setor.

Todas essas regras, regulamentações, leis e programas possuem ao todo milhares de páginas especificando todos os seus detalhes de funcionamento, cada uma delas tentando colocar um esparadrapo sobre um problema específico, problema esse que os burocratas creem poder solucionar simplesmente criando novas regras.

Alguma delas funciona? Na melhor das hipóteses, mesmo quando os resultados não são um desastre completo, sempre há um grande custo envolvido, sempre há uma enorme ineficiência gerada, sempre há desperdícios, corrupção e, inevitavelmente, violações à liberdade individual.

A grande ironia de tudo é que toda essa multiplicidade de problemas que as intervenções governamentais tão desesperadamente tentam corrigir não são de maneira nenhuma problemas reais: todos eles são sintomas. Salários baixos são um sintoma. Desigualdade de renda é um sintoma. Empresas oligopolistas com serviços ruins e preços altos são um sintoma. Desemprego é um sintoma. Desindustrialização é um sintoma. Estagnação econômica é um sintoma. Saúde pública ruim é um sintoma. Segurança ruim é um sintoma. Educação ruim é um sintoma.

E, como qualquer médico razoavelmente competente pode explicar, é insensato e contraproducente tratar apenas um sintoma e ignorar completamente a doença subjacente.

As doenças

Comecemos com os baixos salários. Eles são o sintoma de uma doença. E a doença, no caso, é a carga tributária elevada e a baixa produtividade da mão-de-obra. Produtividade depende de duas coisas: capacidade técnica do trabalhador (ou seja, seu preparo e sua educação) e quantidade de capital utilizada pela empresa.

Dado que a educação não irá melhorar no curto prazo, a baixa produtividade poderia ser contornada com um aumento da quantidade de bens de capital utilizada pela empresa. Só que isso é travado pela carga tributária.

No Brasil, as empresas têm de lidar não apenas com os encargos sociais e trabalhistas que incidem sobre a folha de pagamento, como também com toda a carga tributária que incide sobre a receita e sobre o lucro das empresas, o que impede aumentos salariais, contratações a salários atraentes e, principalmente, a acumulação de capital.

Por exemplo, a alíquota máxima do IRPJ é de 15%. Porém, não bastasse o IRPJ, há uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa determinado valor; há também a CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), cuja alíquota pode chegar a 32%; o PIS, cuja alíquota chega a 1,65%; e a COFINS, cuja alíquota chega a 7,6%. PIS e COFINS incidem sobre a receita bruta. Há também o ICMS, que varia de estado para estado, mas cuja média é de 20%, e o ISS municipal.

É impossível haver uma grande acumulação de capital desta forma. Lucro que poderia ser reinvestido na compra de bens de capital modernos, que aumentariam a produtividade dos trabalhadores — e, consequentemente, seus salários — é confiscado pelo governo e desperdiçado no sustento da burocracia. A atividade governamental é destruidora de capital e impede o enriquecimento de empresas e trabalhadores.

Adicionalmente, dentre os encargos sociais, há o INSS, o FGTS normal, o FGTS/Rescisão, o PIS/PASEP, o salário-educação e o Sistema S. Dentre os encargos trabalhistas temos 13º salário, adicional de remuneração, adicional de férias, ausência remunerada, férias, licenças, repouso remunerado e feriado, rescisão contratual, vale transporte, indenização por tempo de serviço e outros benefícios.

Este site mostra que, dependendo do caso, os encargos sociais e trabalhistas podem chegar a quase 102% do salário, o que faz com que um salário de R$ 678 gere um custo final total de R$ 1.369 para o empregador.

Outro sintoma combatido é a desigualdade de renda. Só que a doença que gera a desigualdade de renda é estimulada pelo próprio governo: a inflação monetária e a expansão do crédito.

O atual sistema monetário é formado por um sistema bancário que pratica reservas fracionárias e por bancos centrais que protegem e dão sustentação a este sistema, é quem gera diretamente a desigualdade de renda. O dinheiro é criado monopolisticamente pelo Banco Central e é em seguida entregue ao sistema bancário. O sistema bancário, por sua vez, por meio da prática das reservas fracionárias, se encarrega de multiplicar este dinheiro (eletronicamente) por meio da expansão do crédito. Falando mais diretamente, o dinheiro criado pelo Banco Central é multiplicado pelo sistema bancário e entra na economia por meio do endividamento de pessoas e empresas.

Essa expansão monetária gerada pela expansão do crédito gera aumento de preços. Quando os preços aumentam em decorrência de uma expansão da oferta monetária, os preços dos vários bens e serviços não aumentam com a mesma intensidade, e também não aumentam ao mesmo tempo. Mises explica os efeitos:

A quantia adicional de dinheiro que entra na economia não vai parar diretamente nos bolsos de todos os indivíduos; e dentre os beneficiados que recebem primeiramente essa nova quantia, nem todos recebem a mesma quantia e nem todos reagem da mesma forma à mesma quantia que recebem. Aqueles primeiros beneficiados têm agora um efetivo em caixa maior do que antes, o que os permite ofertar mais dinheiro no mercado em troca dos bens e serviços que desejam adquirir.

Essa quantia adicional de dinheiro que eles ofertam no mercado pressiona os preços e salários para cima. Mas não são todos os preços e salários que sobem; apenas os desses setores que primeiro receberam o novo dinheiro em troca de seus bens e serviços. E mesmo esses preços e salários que subiram, não sobem no mesmo grau. Por exemplo, se o dinheiro adicional for gasto com obras públicas, apenas os preços de algumas mercadorias e apenas os salários de alguns tipos de trabalho irão subir, sendo que os de outras áreas irão permanecer inalterados ou podem até mesmo cair temporariamente.[...]

Assim, as mudanças nos preços em consequência da inflação começam apenas com algumas mercadorias e serviços, e depois vão se difundindo mais vagarosamente de um grupo para outro. Leva-se tempo até que essa quantia adicional de dinheiro tenha perpassado toda a economia e exaurido todas as possibilidades de mudanças de preço. Mas, mesmo ao final do processo, os vários bens e serviços da economia não foram afetados no mesmo grau. Esse processo de progressiva depreciação monetária alterou a renda e a riqueza dos diferentes grupos sociais.[...]

Aqueles que estão vendendo mercadorias ou serviços cujos preços são os primeiros a subir poderão, em decorrência desse fenômeno, utilizar seus maiores proventos para adquirir o que quiserem a preços que ainda não se alteraram. Esses são os indivíduos que tiveram um ganho de riqueza. Por outro lado, aqueles que são os últimos a receber esse novo dinheiro estarão vendendo mercadorias ou serviços a preços ainda inalterados. Esses indivíduos ainda não obtiveram nenhum ganho de renda. Contudo, esses mesmos indivíduos agora têm de comprar as outras mercadorias e serviços a preços mais altos. Esses são os indivíduos que perderam riqueza.

Ou seja: os primeiros a receber o novo dinheiro obtiveram ganhos específicos; eles são os exploradores. Os últimos a receber o novo dinheiro são os perdedores, os explorados, de cujos bolsos saem os ganhos extras obtidos pelos exploradores. Enquanto durar o processo de inflação, estará havendo uma alteração contínua na renda e na riqueza dos indivíduos. Um grupo social ganha à custa de outros. Quando todas as alterações de preços em decorrência da inflação estiverem consumadas, pode-se dizer que ocorreu uma transferência de riqueza entre os grupos sociais. Há agora no sistema econômico uma nova dispersão de riqueza e renda.

Outro sintoma combatido é o das empresas oligopolistas com serviços ruins e preços altos. Só que a doença que gera esse sintoma é o próprio governo por meio de suas regulamentações que restringem a livre concorrência.

Em teoria, agências reguladoras existem para proteger o consumidor. Na prática, elas protegem as empresas dos consumidores. Por um lado, as agências reguladoras estipulam preços e especificam os serviços que as empresas reguladas devem ofertar. Por outro, elas protegem as empresas reguladas ao restringir a entrada de novas empresas neste mercado.

No final, agências reguladoras nada mais são do que um aparato burocrático que tem a missão de cartelizar os setores regulados — formados pelas empresas favoritas do governo —, determinando quem pode e quem não pode entrar no mercado, e especificando quais serviços as empresas escolhidas podem ou não ofertar, impedindo desta maneira que haja qualquer "perigo" de livre concorrência.

Quem cria cartéis, oligopólios e monopólios é e sempre foi o estado, seja por meio de regulamentações que impõem barreiras à entrada da concorrência no mercado (via agências reguladoras), seja por meio de altos tributos que impedem que novas empresas surjam e cresçam. Apenas olhe ao seu redor. Todos os cartéis, oligopólios e monopólios da atualidade se dão em setores altamente regulados pelo governo (setor bancário, aéreo, telefônico, elétrico, televisivo, postos de gasolina etc.).

No que mais, uma empresa regulada pode encontrar várias maneiras de fazer as regulações funcionarem em proveito próprio e contra os interesses dos consumidores. Por exemplo, não é incomum que grandes empresas façam lobby para criar regulamentações complicadas e onerosas sobre seu próprio setor. Por que elas fazem isso? Para dificultar uma potencial concorrência de empresas novas, pequenas e com pouco capital.

Empresas grandes e já estabelecidas têm mais capacidade e mais recursos para atender regulações minuciosas e onerosas. Empresas pequenas, que querem entrar naquele mercado mas que ainda não possuem muitos recursos financeiros, não têm essa capacidade. Empresas grandes podem contratar lobistas (ou podem simplesmente subornar políticos) para elaborar padrões de regulação que elas já atendem ou que podem facilmente atender, mas que são impossíveis de serem atendidos por empresas pequenas e recém-criadas.

E podemos continuar a lista ad æternum.

Desemprego é um sintoma causado por uma combinação de duas doenças: ciclos econômicos (que por sua vez são gerados pela expansão do crédito) e encargos sociais e trabalhistas, que fazem com que o custo do empregado fique maior que a sua produtividade.

Desindustrialização é um sintoma causado por outra combinação de duas doenças: inflação e carga tributária (detalhes completos neste artigo).

Saúde estatal, educação estatal e segurança estatal ruins são meros sintomas de uma doença grave: a impossibilidade de o próprio governo prover esses serviços de maneira eficiente.

No cômputo final, a combinação de todos esses sintomas faz com que a economia cresça muito abaixo de seu potencial. E são esses sintomas que o governo, nas profundezas de sua ignorância, tenta solucionar por meio da criação de políticas específicas para cada um delas. Em vez de atacar diretamente as doenças que causam os sintomas, ele prefere apenas tentar remediar os sintomas.

E se o governo não gerasse as doenças?

Se todas essas doenças fossem aniquiladas, haveria mais empreendedorismo, mais produção, mais poupança e, consequentemente, mais crescimento econômico. Com um crescimento econômico robusto haveria mais demanda por mão-de-obra e, logo, maiores salários. Nesse cenário de intensa demanda por mão-de-obra, trabalhadores teriam mais poder de barganha, o que tornaria as leis trabalhistas e os encargos sociais e trabalhistas desnecessários.

Com menos desemprego e maiores salários, a demanda por bens e serviços seria crescente. Ato contínuo, empregadores teriam de fazer o maior uso possível da mão-de-obra disponível para satisfazer essa crescente demanda. Sendo assim, eles não poderiam se dar ao luxo de selecionar empregados apenas com base em diplomas. Consequentemente, a demanda por cursos universitários seria menor, o que resultaria em preços menores e em qualidade maior (já que agora os universitários seriam bem mais seletos e exigentes).

Ao mesmo tempo, trabalhadores poderiam dispor de mais horas de lazer por causa de seus maiores salários, e isso lhes permitiria aprimorar sua própria educação, seja cursando universidade ou estudando autonomamente. Os pais se tornariam mais cultos, o que resultaria em crianças mais educadas e preparadas — e isso sem falar na maior capacidade dos pais de pagar uma escola de melhor qualidade para seus filhos.

Com mais educação, menor carga de trabalho e mais dinheiro, haveria mais saúde. Alimentos de melhor qualidade poderiam ser comprados e consumidos, haveria mais tempo disponível para atividades físicas, e mais precauções poderiam ser tomadas contra doenças. A redução na demanda por médicos resultaria em queda nos preços, e o fato de que mais pessoas teriam tempo e dinheiro para estudar medicina faria com que a concorrência nessa área fosse mais intensa, gerando melhores serviços.

Parece um tanto utópico, mas um crescimento econômico genuíno (e não artificial), contínuo e robusto realmente é um fenômeno que melhora o padrão de vida de todos. Só que, em vez de permitir esse crescimento, o governo cria doenças e em seguida tenta remediar os sintomas, mantendo a doença inatacada.

Conclusão

O que o governo deve fazer? Primeiro, sair da frente. Segundo, abolir suas leis e regulamentações. Terceiro, mais nada. É realmente simples. Se o governo permitir que indivíduos sejam livres pare empreender e lucrar, eles contratarão o máximo de mão-de-obra possível. Se o governo parar de erigir barreiras que impedem indivíduos de ganhar dinheiro, eles irão ganhar dinheiro. Se o governo deixar as pessoas em paz, elas cooperarão, empreenderão e criarão grandes coisas.

O arranjo econômico em que vivemos, com todas as intervenções governamentais que ele sofre, é como um paciente neurótico que está completamente grogue em decorrência de todos os antidepressivos, sedativos e antipsicóticos que lhe foram ministrados. O paciente está tão derrubado, que a verdadeira causa de seus problemas deixou de ser uma preocupação para os médicos. Tudo o que interesse é mitigar os sintomas com paliativos.

__________________________________________

Participaram deste artigo:

Leandro Roque, editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

Logan Albright, escritor e economista.

Andreas Marquart, diretor-executivo do Instituto Ludwig von Mises da Alemanha, é consultor financeiro independente há mais de 15 anos e defensor da Escola Austríaca de economia.

Fonte:http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1945




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4739 Mensagem por Bourne » Ter Out 07, 2014 11:53 am

LeandroGCard escreveu:Estes foram parte dos tais puxadinhos da dona Dilma, fechar mercados específicos e dar rios de dinheiro do BNDES para quem ela e sua equipe acham que pode talvez quem sabe ajudar em alguma coisa (incluindo figuras como o Eike). Coisa de compadres e não de planejamento econômico sério, não admira que quem fica de fora não entenda nada.

Leandro G. Card
Pode parecer estranho, mas eles acreditam nisso. Faz parte da "nova matriz econômica" da Dilma que hoje não tem pai e é rejeitado pela mãe.

Falar que o tesouro não deveria arcar com os custos de bombar o BNDES e financiar grandes empresas que não precisam é encarado como ofensa pelos membros do governo. A resposta será que dirão que se o BNDES não financiar, ninguém financiar.

Errado!

Primeiro que serve para manter as empresas compadres do governo bem alimentadas que não precisam. O mantega disse isso descaradamente enquanto faz campanha para Dilma na FIESP. No fundo alimento do crony capitalismo em fazer tudo depender do estado e vontade do governo. O exemplo do fracasso é o Eike e as empresas "X". O sucesso é o JBS que cresceu em cima do apadrinhamento do BNDES como outras que vivem bem alimentadas. Em seguida distorce o papel dos bancos públicos em financiar o que o mercado não financia, basicamente, infraestrutura e inovação.

Essas grandes empresas tem acesso ao mercado de capitais, bancos privados nacionais e internacionais, sobretudo, as que tem receita em dólares. O que falta é um planejamento e reformas que criem condições para desenvolvimento financeiro em que o BNDES e bancos ´públicos fazem partes, mas não são os únicos elementos como hoje. inclusive sendo impossível pensar qualquer investimento industrial no país sem ter o BNDES por traz, pois cobram barato e não precisa se arriscar no mercado. A maioria dos empreendimento sairiam com ou sem bndes.

Os subsídios colocado na conta do tesouro dirão que é normal. Embora no futuro impacta na política fiscal e endividamento, sendo pago pela sociedade como um todo. O grande salto é que vai ter um crescimento espetacular puxado pelo investimento e, portanto, o subsidio será mais que compensado com maior arrecadação. O problema é que o salto não ocorreu e não sabem explicar por que e nem como sair do enrosco que impacta na política fiscal, inflação e até endividamento externo.




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cassiosemasas
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4740 Mensagem por cassiosemasas » Qui Out 09, 2014 3:35 am

agora diga ai.
O Canuto, será um melhor Ministro da fazenda, do que o atual?(sabendo que isso é muito fácil, devido ao universo "mantegal" que vive nosso atual M.F) será que dona "Vana" ira se render a esse cara?




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