wagnerm25 escreveu:Dilma diz 'lamentar' bombardeio dos EUA contra terroristas na Síria. Em Nova York, presidente cita Iraque, Líbia e Faixa de Gaza para defender que ofensivas não trazem resultado esperado.
Pois eu penso que a senhora Roussef pode estar errada uns 99 % das vezes que abre a boca. Mas, nesse ponto, ela está 100 % correta.
Em 2001, os EUA lançaram uma ofensiva no Afeganistão, apesar do governo local jurar que nada tinha a ver com o atentado do 11 de Setembro. Em 2014, os americanos ainda estão no Afeganistão e a guerra está claramente perdida, pois, segundo a lógica da guerra de guerrilhas, você perde se não vence, e você vence se não perde.
O Taliban não perdeu.
Portanto, a "ofensiva não trouxe resultados esperados", como disse Roussef....
Em 2003, os EUA lançaram uma ofensiva no Iraque, apesar do governo local jurar que nada tinha a ver com com o atentado do 11 de Setembro e nem possuir "armas de destruição em massa". Apesar de ter sido uma coisa boa o enforcamento do Saddam, ficou claro que era ele quem mantinha aquele balaio de gatos sob controle. Em 2014, os americanos já estão retornando, aos poucos, depois de terem saído, sem vitória alguma.
Portanto, a "ofensiva não trouxe resultados esperados", como disse Roussef...
Em 2011, os EUA lançaram uma ofensiva na Líbia para "salvar o povo líbio" de Khadaffi e "levar a democracia". O ditador líbio acabou linchado na rua mas a Líbia não está nem perto de uma democracia, está mais para um balaio de gatos extremistas e militares golpistas.
Portanto, a "ofensiva não trouxe os resultados esperados", como disse Roussef...
Em 2011, estourou um levante armado na Síria, e os EUA resolveram apoar os insurgentes, para "levar a democracia". Desde o início, estava claro que a principal força por trás dos insurgentes eram extremistas islâmicos, que usavam de todos os métodos tradicionais: terrorismo, limpeza étnico-religosa contra cristãos e outras minorias; homens-bomba; decapitações etc e tal. Mesmo assim, os EUA (e seus capachos europeus e turcos) com apoio das monarquias árabes forneceram todo tipo de apoio (armas, suprimentos e com toda certeza, elementos de operações especiais descaracterizados).
Os EUA só não atacaram com suas forças armadas regulares pela clara e vigorosa oposição da população americana que chegou até a contagiar os membros das forças armadas, coisa espantosa. Apesar desse revés, o apoio do Ocidente continuou, fazendo prolongar a guerra, criando refugiados, e criando também, mais extremistas islâmicos. Então, esses extremistas - incluindo, centenas ou até milhares de muçulmanos nascidos no Ocidente cristão (Brasil inclusive), começaram a "transbordar" para o vizinho Iraque.
Ora, o Iraque sob domínio xiita (pela primeira vez na história, graças à intervenção americana) estava maduro para uma rebelião dos sunitas, inconformados com a perda do seu domínio histórico sobre o país. A chegada de veteranos de combate da Síria e da Líbia, serviu de estopim para o levante desta nova organização "Exército Islâmico". E deu no que está dando.
Portanto, a "ofensiva não trouxe os resultados esperados", como disse Roussef...
Então, porque será que existem tantas pessoas acreditando que uma ofensiva contra a Síria ou contra o Iraque, no pé em que as coisas estão, irá trazer algum resultado realmente esperado e desejado pelo governo dos Estados Unidos, depois de uma década inteira de fracasso em cima de fracasso?
Volto a repetir: a presidente do Brasil, Dilma Roussef, tem toda a razão.