SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1306 Mensagem por urss » Sex Set 19, 2014 8:00 am

joao fernando escreveu:Acho que o termo "caça do povo" seja pelo volume de produção, e não por que seria pilotado por civis :mrgreen:

Creio que a tradução ai esteja falha. O VolksWagen, carro do povo, e o Volksradio, rádio do povo, foram projetados para volume de produção. Nunca iriam meter um jato, na mão de pilotos capengas

na verdade o termo caca do povo, Antes de pensares no volume de producao tens que pensar no preco

um he162 custava 75000RM exatamente metade de um me262 que custava 150000RM essa é a verdadeira razao para o nome Volksjäger




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1307 Mensagem por pt » Sex Set 19, 2014 8:23 am

joao fernando escreveu:Acho que o termo "caça do povo" seja pelo volume de produção, e não por que seria pilotado por civis :mrgreen:

Creio que a tradução ai esteja falha. O VolksWagen, carro do povo, e o Volksradio, rádio do povo, foram projetados para volume de produção. Nunca iriam meter um jato, na mão de pilotos capengas
Na realidade, a tese mais sensata, afirma que provavelmente o nome tem que ver com a facilidade de produção, já que o avião, segundo a especificação tinha que ser feito de materiais não estratégicos, como madeira ou cartão prensado e poderia ser fabricado em grande número de instalações.

No entanto, os pilotos deveriam ser cadetes das escolas de aviação. O avião tinha que ser concebido de forma a poder ser pilotado por pessoas com um minimo de formação em aviação e com poucas horas de voo.
O avião nunca conseguiu cumprir com a especificação e como se confirmou, não só não poderia ter sido pilotado por jovens pilotos sem experiência, ele tinha que ser pilotado por pilotos super experientes, que faziam falta para pilotar o Me.262, mais sofisticado e mais capaz.

Os alemães não tiveram qualquer problema em enviar crianças para o campo de batalha, armadas apenas com um Panzerfaust. De qualquer forma, como o demonstram os investigadores destes temas, a aeronave da Henschel, desenvolvida em apenas alguns meses, nunca foi aceite pela Wermacht e apenas a unidade de testes formada voou a aeronave.

As pessoas tendem a esquecer o que se passou na Alemanha nos ultimos meses da II guerra mundial.
A situação era desesperada e situações desesperadas levam a medidas desesperadas. Uma das medidas desesperadas foi a utilização de alguns dos aviões de um modelo de testes, cheio de problemas, para tentar abater alguns aliados.
A medida não tinha obviamente qualquer lógica do ponto de vista militar.




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1308 Mensagem por urss » Sex Set 19, 2014 8:35 am

como mandava a tradicao na altura existiu a unidade de testes, essa unidade chamava-se Erprobungskommando162, mais tarde a Jagdgeschwader1 fez a conversao e o seu grupo 1 e 2 estava completo com o he162 em Leck, mas aí apareceu a rendicao e acabou a Guerra

tambem pt, um he162 estima-se que se precisa-se cerca de 1500h de trabalho contra as 9000h do me262




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1309 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Set 19, 2014 7:31 pm

pt escreveu:Mas tentei encontrar um qualquer documento oficial brasileiro escrito em vermelho, e fiquei com a impressão de que não era comum.
Se o fundo for branco geralmente se usa preto ou azul, se for preto vermelho, verde, amarelo ou branco, e essas cores são usadas simplesmente para facilitar a leitura, documentos oficiais são escritos em folhas brancas, portanto...

O vermelho não é tão difícil de ler em sobre um fundo branco e é uma forma de dar destaque a uma palavra ou frase, destaque esse que só faz sentido em conversas informais.

E isso tudo não é baseado em nenhuma regra ou código, só algo que brasileiros fazem por hábito, porque facilita a leitura e porque as cores não tem nenhum significado em especial.

Quanto ao resto do mundo, me surpreendeu, o computador de bordo dos carros da VW e Audi tem dígitos vermelhos, algumas marcas usam o verde, o vermelho é a cor onde o foco fica mais afastado (o índice de refração da córnea não é igual para todas as cores), o olho dos caucasianos é mais sensível ao verde, dos asiáticos ao vermelho, por esse motivo os HUDs dos caças tem letras em verde e há sugestões de deixar os HUDs chineses em vermelho.

Acho que o resto do mundo não se ofende tão fácil assim.




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1310 Mensagem por Wingate » Sex Set 19, 2014 8:09 pm

Marechal-do-ar escreveu:
pt escreveu:Mas tentei encontrar um qualquer documento oficial brasileiro escrito em vermelho, e fiquei com a impressão de que não era comum.
Se o fundo for branco geralmente se usa preto ou azul, se for preto vermelho, verde, amarelo ou branco, e essas cores são usadas simplesmente para facilitar a leitura, documentos oficiais são escritos em folhas brancas, portanto...

O vermelho não é tão difícil de ler em sobre um fundo branco e é uma forma de dar destaque a uma palavra ou frase, destaque esse que só faz sentido em conversas informais.

E isso tudo não é baseado em nenhuma regra ou código, só algo que brasileiros fazem por hábito, porque facilita a leitura e porque as cores não tem nenhum significado em especial.

Quanto ao resto do mundo, me surpreendeu, o computador de bordo dos carros da VW e Audi tem dígitos vermelhos, algumas marcas usam o verde, o vermelho é a cor onde o foco fica mais afastado (o índice de refração da córnea não é igual para todas as cores), o olho dos caucasianos é mais sensível ao verde, dos asiáticos ao vermelho, por esse motivo os HUDs dos caças tem letras em verde e há sugestões de deixar os HUDs chineses em vermelho.

Acho que o resto do mundo não se ofende tão fácil assim.
Interessante sua observação sobre a cor vermelha. Nos navios de guerra usava-se a cor vermelha à noite nos interiores pois, em caso de emergência, ao sair, os olhos dos tripulantes se acostumariam rapidamente com a escuridão.

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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1311 Mensagem por mmatuso » Sex Set 19, 2014 9:54 pm

ótima explicação, só vejo fonte vermelha em coisas mais informais como logotipos e material publicitário, não sabia que tinha todo esse significado.

Mas o logo da coca cola e até o nome é escrito em vermelho, portanto.




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1312 Mensagem por Túlio » Sáb Set 20, 2014 12:32 am

Gostei desse lance da cor vermelha ser a fonte de todos os males: CHUPA, FRAGUAS véio SOFREDOR! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1313 Mensagem por DSA » Sáb Set 20, 2014 4:38 pm

São códigos semânticos como toda a linguagem é, e cada cultura tem a sua, e está diretamente relacionada com a cultura de quem a usa.

Um exemplo muito simples é considerar que escrever em maiúsculas, na internet, significar estar a gritar!




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1314 Mensagem por gingerfish » Seg Set 29, 2014 11:14 pm

Imagem
Pedaço da História:
Uma carcaça de um bombardeiro médio norte-americano B-25 Mitchell abandonado na Papua-Nova Guiné. Lembrando que em Papua-Nova Guiné houve várias batalhas terrestres entre tropas australianas, neo-zelandesas e norte-americanas contra tropas japonesas que ameaçavam desembarcar na Austrália.
Papua-Nova Guiné só seria território Aliado em fins de 1943, afastando a frente de combate do Pacífico do litoral da Austrália.




A vida do homem na Terra é uma guerra.
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1315 Mensagem por Wingate » Ter Set 30, 2014 8:58 am

gingerfish escreveu:Imagem
Pedaço da História:
Uma carcaça de um bombardeiro médio norte-americano B-25 Mitchell abandonado na Papua-Nova Guiné. Lembrando que em Papua-Nova Guiné houve várias batalhas terrestres entre tropas australianas, neo-zelandesas e norte-americanas contra tropas japonesas que ameaçavam desembarcar na Austrália.
Papua-Nova Guiné só seria território Aliado em fins de 1943, afastando a frente de combate do Pacífico do litoral da Austrália.


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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1316 Mensagem por Clermont » Ter Set 30, 2014 10:34 am

gingerfish escreveu:Uma carcaça de um bombardeiro médio norte-americano B-25 Mitchell abandonado na Papua-Nova Guiné.
Um efeito colateral interessante das lutas na Nova Guiné foi o surgimento de um culto religioso, chamado de "O Culto da Carga".

Os nativos dessa e de outras ilhas presenciaram, durante os anos de luta, as imensas quantidades de bens e suprimentos de todo tipo que os Aliados desembarcavam nos aeródromos e lançavam de paraquedas, parcela dos quais os Aliados distribuiam para eles, em busca de guias e auxiliares para servirem na luta contra os japoneses. Porém quando a guerra acabou, a maioria das instalações e pistas de pouso foram desmanteladas, acabando com o fluxo de suprimentos.

Então, surgiu a crença de que através de magia, os aviões e paraquedas poderiam voltar a lançar cargas, por obra dos deuses. Para isso, os nativos marcavam simulacros de pistas de pouso, tentando atrair aviões não-existentes. Eles também passaram a imitar as práticas que eles viam os Aliados utilizarem em suas bases. Assim, os nativos imitavam paradas militares; usavam ímitações de fardas, armas velhas e até imitações de madeira das torres de controle aéreo. Ou seja, transformaram as práticas militares de uma base aérea num ritual religoso de adoração dos deuses.

Isso assumiu um tal vulto que, em certo momento, o governo australiano teve de enviar tropas para tentar conter esses movimentos.




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1317 Mensagem por gingerfish » Ter Set 30, 2014 4:18 pm

Interessantíssimo.




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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1318 Mensagem por Lirolfuti » Seg Out 13, 2014 5:54 pm

Comandante de um "Emtcha" do Exército Vermelho - Parte 1
A operação do carro de combate M4 Sherman pelo Exército Soviético na Segunda Guerra Mundial. As experiências de um comandante de tanque russo.

Nota Defesanet - Na semana do lançamento do "Fury" nos cinemas dos EUA e Europa (Corações de Ferro no Brasil com previsão de lançamento para 05 fevereiro 2015), filme que conta o drama de uma tripulação de um Sherman M4A3E8, liderados pelo vetereno sargento Don 'Wardaddy' Collier (Brad Pitt) nos campos de batalha na Europa. Resolvemos resgatar esse artigo de um comandate de um "Emtcha", Sherman M4A2. Porém, na outra extremidade do TO, no leste, do lado russo em combate contras às forças nazistas utilizando essa máquina.


Artigo publicado originalmente www.iremember.ru e na versão em português (em 2006) no site www.totalkrieg.com.br.

Dividio em duas (2) partes




Parte 1


Dimitri Fiedorovitch, em quais tanques americanos você lutou?

- Em Shermans. Nós os chamávamos de "Emtchas", que vem de M4 [em russo "em tchietirie"]. Inicialmente eles tinham o canhão principal curto, mais tarde começaram a vir com a versão mais longa e com freio de boca. Na inclinação da blindagem frontal havia uma trava de transporte usada para prender o tubo durante marchas em estrada.

O canhão principal era bem comprido. No todo, era um bom veículo, mas como todo tanque, tinha seus altos e baixos. Quando alguém me diz que esse foi um tanque ruim eu respondo "Me desculpe, mas não se pode dizer isso. Ruim comparado a que?".

Vocês só possuíam tanques americanos em sua unidade?

- Nosso 6º Exército de Tanques da Guarda Blindado - sim, nós tínhamos seis deles - lutou na Ucrânia, Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Áustria. A guerra terminou para nós na Tchecoslováquia.

Então eles nos enviaram para o extremo leste e nós lutamos contra os japoneses. Lembrando-lhe que o 6º Exército era composto por dois corpos: o 5º Corpo de Tanques da Guarda Blindado "Stalingrado" com nossos T-34s e o 5º Corpo Mecanizado, no qual eu lutei. No início nosso corpo tinha Matildas, Valentines e Churchills.

Sim, um pouco tarde. Depois de 1943 nós recusamos vários tanques ingleses porque eles apresentavam deficiências significantes. Eles tinham 12-14 cavalos por tonelada quando bons tanques deveriam ter 18-20 cavalos por tonelada. Desses três tanques britânicos o melhor era o Valentine produzido no Canadá. Sua blindagem era bem inclinada e o mais importante, ele tinha um canhão principal de 57mm. Minha unidade os substituiu pelos Shermans americanos no final de 1943.

Depois da Operação Kishinev nosso Corpo se tornou o 9º Corpo Mecanizado. Esqueci de mencionar que todo corpo era composto por quatro brigadas. Nosso corpo tinha três brigadas mecanizadas e uma brigada de tanques, na qual lutei. Um Corpo de Tanques tinha três brigadas de tanques e uma brigada mecanizada. Nós tínhamos Shermans em nossa brigada ao fim de 1943.

Mas os tanques britânicos não foram retirados de serviço, de modo que eles continuaram lutando até serem destruídos. Houve algum período em que seu Corpo apresentava uma mistura de tanques britânicos e americanos? Havia algum problema ligado à presença de tanques de diferentes tipos e nacionalidades? Por exemplo, problemas com manutenção e suprimentos?

Bom, problemas sempre estiveram presentes. De maneira geral, o Matilda era imprestável! Eu vou te falar de uma deficiência do Matilda que nos causou vários problemas. Algum tolo no Comando Geral planejou uma operação e nos enviaram para a área de Yelnia, Smolensk e Roslavl.

O terreno de lá era pantanoso. O Matilda tinha saias laterais. O tanque foi originalmente criado para operar no deserto. Essas bordas funcionavam bem no deserto, pois a areia passava por seus escoadouros retangulares. Mas nos pântanos da Rússia a lama se amontoava no espaço entre as esteiras e essas bordas laterais.

A transmissão do Matilda tinha um mecanismo auxiliar para facilitar a troca de marcha. Esse mecanismo não suportava as condições impostas pelo terreno russo, superaquecendo e então falhando. Isso não era problema para os ingleses. Em 1943 eles desenvolveram uma peça de reposição que era instalada facilmente, bastando-se desparafusar quatro parafusos, tirar a peça velha e inserir a nova.

Conosco, nem sempre funcionava assim. No meu batalhão havia um Primeiro Sargento (Starshina) chamado Nesterov, ex-motorista de trator em uma "kolkhoz" [uma espécie de comunidade agrícola soviética] que era o mecânico do batalhão.

Em geral cada uma de nossas companhias de tanques tinha um mecânico, Nesterov era o mecânico do batalhão inteiro. No nosso Corpo nós tínhamos um representante (cujo nome me foge à memória) da firma inglesa que fabricava esses tanques.

Eu tinha o seu nome escrito, mas quando meu tanque foi atingido tudo que havia dentro foi queimado - fotografias, documentos e um caderninho. Éramos proibidos de fazer anotações no front, mas mesmo assim eu o fiz às escondidas.

De qualquer forma, esse representante britânico constantemente interferia em nossas tentativas de reparar componentes individuais do tanque. Ele dizia "Isso vem com um selo de fabricação. Não mecha", de modo que tínhamos que retirar toda a peça a fim de instalar uma nova. Nesterov fez um simples reparo para todas essas transmissões. Certa vez o representante veio até ele e perguntou "Em que universidade você estudou?" ao que Nesterov respondeu "Na kolkhoz!".

Os Shermans eram muito superiores nesse quesito. Você sabia que um dos designers do Sherman foi um engenheiro russo chamado Timoshenko? Ele era parente do Marechal S.K. Timoshenko.

- O Sherman tinha suas franquezas, sendo a maior delas o seu alto centro de gravidade. O tanque freqüentemente tombava para os lados, como uma boneca Matrioshka (uma boneca de madeira). Mas eu estou vivo hoje graças a essa deficiência.

Estávamos lutando na Hungria em Dezembro de 1944. Eu comandava o batalhão e numa curva meu motorista-mecânico freou. Meu tanque tombou para o lado. Nós todos tombamos lá dentro, é claro, mas nós sobrevivemos. Enquanto isso os outros quatro tanques prosseguiram e foram pegos em uma emboscada. Foram todos destruídos.

O Sherman tinha uma esteira de metal coberta por borracha. Alguns autores contemporâneos apontam essa característica como uma deficiência, uma vez que em combate a borracha poderia pegar fogo. Com as esteiras descobertas de sua proteção, o tanque era inutilizado. O que você tem a dizer a esse respeito?

- Por um lado essa esteira coberta de borracha era uma grande vantagem. Primeiro porque fazia a esteira ter uma vida útil aproximadamente duas vezes maior que a de uma esteira de aço. Eu posso estar enganado, mas eu acredito que a vida útil da esteira de um T-34 é de 2500 quilômetros.

A vida útil das esteiras do Sherman era de 5000 quilômetros. Em segundo lugar, o Sherman deslizavam suaves como um carro em superfícies difíceis ao passo que os nossos T-34 faziam tanto barulho que só o diabo sabe há quantos quilômetros podiam ser ouvidos. Qual era o lado ruim das esteiras do Sherman? Em meu livro, "Commanding the Red Army's Sherman Tanks", há um capítulo intitulado "Descalço" no qual eu escrevi a respeito de um incidente que ocorreu em agosto de 1944, na Romênia, durante a Operação Jassy-Kishinev.

O calor era terrível, algo em torno de 30° C. Nós havíamos andado aproximadamente 100 km pela rodovia em um único dia. As coberturas de borracha que cobria nossas rodas auxiliares ficaram tão quentes que a borracha derreteu e se soltou em longos pedaços. Nosso corpo parou não muito longe de Bucareste.

A borracha estava se soltando, os cilindros começaram a derreter, o barulho era terrível, e no final tivemos que parar. Isso foi imediatamente reportado a Moscou. Seria isso uma piada? Um Corpo parado? Para nossa surpresa eles nos trouxeram novos cilindros de suporte rapidamente e nós passamos três dias instalando-os. Eu ainda não sei onde é que eles conseguiram tantos cilindros em tão pouco tempo.

Havia ainda um outro contra da lagarta emborrachada. Mesmo em uma superfície ligeiramente congelada o tanque escorregava como uma vaca gorda. Quando isso acontecia, nós tínhamos que amarrar arame farpado em torno das esteiras, ou qualquer coisa que nos desse um pouco de tração.

Mas isso era com os primeiros tanques que nos foram enviados. Tendo notado isso, os representantes americanos informaram sua companhia e as próximas levas de tanques vieram acompanhadas de esteiras adicionais com pontas de tração. Se eu me lembro bem havia sete blocos para cada esteira, num total de quatorze para cada tanque. No geral os representantes americanos trabalhavam de maneira eficiente. Qualquer deficiência por ele observada e reportada era rapidamente corrigida.

Um outro defeito do Sherman era a escotilha do motorista. A escotilha nas primeiras leva de Shermans era localizada no teto da torre e simplesmente abria-se para fora. Freqüentemente o motorista-mecânico a abria e espiava para ter um melhor campo de visão.

Não raro, durante a rotação da torre o canhão principal batia na tampa da escotilha que por sua vez atingia a cabeça do piloto. Eu vi isso acontecer uma ou duas vezes na minha própria unidade. Posteriormente os americanos corrigiram esse defeito de modo que a escotilha se levantasse e depois deslizasse para o lado, como nos tanques modernos.

Outra grande vantagem do Sherman era seu sistema de recarga da bateria. Em nossos T-34 era necessário ligar o motor, no seu máximo de 500 cavalos, a fim de recarregar as baterias. No compartimento da tripulação do Sherman havia um motor auxiliar a gasolina, pequeno como o de uma motocicleta. Era só liga-lo e recarregar as baterias. Essa era uma grande vantagem para nós.

Por muito tempo depois da guerra uma pergunta me perseguiu. Se um T-34 começasse a pegar fogo, nós tentávamos correr para o mais longe dele possível, mesmo que isso fosse proibido, porque a munição interna explodia. Por um breve período eu combati em um T-34 nas proximidades de Smolenks.

O comandante de uma de nossas companhias teve seu tanque atingido. A tripulação conseguiu escapar do tanque, mas não pode fugir porque os alemães estavam varrendo o campo com metralhadoras. Então eles se jogaram sob o campo de trigo e o tanque explodiu.

Ao anoitecer quando a batalha havia se acalmado, nós fomos até lá. Eu encontrei o comandante deitado no chão com um enorme pedaço da blindagem do tanque saindo de sua cabeça. Quando um Sherman pegava fogo a munição interna não explodia. Por quê?

Isso ocorreu uma vez na Ucrânia. Nosso tanque foi atingido. Nós saímos dele, mas os alemães estavam atirando morteiros em volta de nós. Nós nos deitamos debaixo do tanque enquanto ele queimava. Nós ficamos lá por um longo tempo, sem lugar pra ir. Os alemães estavam varrendo em volta do tanque com tiros de metralhadora e morteiros. Nós ficamos lá.

A parte de trás do meu uniforme começou a esquentar. Nós pensamos que estávamos acabados. Ouviríamos um grande estrondo e tudo estaria acabado. Um túmulo de irmãos. Ouvimos vários barulhos vindos da torre. Era a munição perfuradora de blindagem explodindo. Logo o fogo atingiria as cargas de alto explosivo e tudo viraria um inferno.

Mas nada aconteceu. Por quê? Porque nossas cargas de alta explosão explodiam e as americanas não? Depois descobri que era porque a munição americana tinha explosivos mais refinados. Nossa munição tinha algum tipo de componente que aumentava o poder da explosão conseqüentemente aumentando o risco de detonação da munição.

É considerado notável o fato de que o Sherman era muito bem equipado do lado de dentro. Isso é verdade?

- É verdade. Não são boatos! Eles eram lindos! Como eles dizem hoje "Euro-repair"! Era um tipo de retrato europeu. Em primeiro lugar: ele era pintado lindamente. Segundo: os assentos eram confortáveis, cobertos por um tipo de couro artificial.


Se o tanque fosse abatido ou danificado e abandonado literalmente por apenas alguns minutos, a infantaria iria roubar todo o seu estofamento. Com ele se fazia excelentes botas. Simplesmente lindas!

Como você vê os alemães? Como fascistas e invasores ou não?

- Quando alguém está na sua frente com uma arma nas mãos e é uma questão de quem vai matar quem, há apenas uma resposta. Ele era o inimigo. Assim que um alemão jogava fora sua arma e nós os capturávamos, então a coisa era outra.

Eu não estive na Alemanha. Eu já te disse onde eu combati. Ai vai um incidente que ocorreu na Hungria. Nós tínhamos um "letuchka" (uma espécie de caminhão) alemão. Nós penetramos na retaguarda alemã em formação de coluna. Então um outro caminhão alemão, como o nosso, uniu-se a nossa coluna.

Pouco depois nossa coluna parou. Eu estava andando pela coluna, checando os veículos. Tudo estava em ordem. Eu me aproximei do ultimo veículo e perguntei "Sasha, está tudo ok?". Em resposta eu recebi um "WAS?". Que diabos? Eram alemães.

Eu imediatamente pulei pro lado e gritei "Alemães!". Nós os cercamos, um motorista e dois outros. Nós os desarmarmos e só então nosso caminhão que deveria estar por ultimo apareceu na estrada. Eu disse "Sasha, onde vocês se meteram?". Ele respondeu "Nós nos perdemos". "Bom" eu disse "aqui está outro caminhão para você".

Então você não os odiava?

- Não, claro que não. Nós entendíamos que eles eram seres humanos.

E como era sua relação com os civis?

- Quando o 2º Front Ucraniano alcançou a fronteira romena em Março de 1944 nós paramos, e ficamos no mesmo local em agosto. De acordo com as leis de guerra, toda a população civil tinha que ser removida para no mínimo 100 quilômetros da linha de frente. Esse povo já havia feito suas plantações. As autoridades anunciaram a evacuação da população e enviou caminhões para pegá-los na manhã seguinte. Com lágrimas nos olhos os Moldávios se sentiam impotentes.

Como poderia? Eles tinham que abandonar suas plantações! O que restaria quando retornassem? A evacuação foi feita como exigido, e não tivemos praticamente nenhum contato com a população civil. Naquela época eu era Chefe de Estado-Maior do batalhão, encarregado do suprimento de munição.

O comandante da brigada me convocou e disse "Loza, você é descendente de camponeses?", ao que eu respondi afirmativamente, e ele disse "Foi o que pensei. Estou nomeando-o chefe de grupo! Você será responsável por cultivar essas plantações e se assegurar de que tudo cresça. E Deus impeça que até mesmo um pepino se perda. Não toque em nada! Se necessário, plante sua própria colheita".

Grupos foram organizados; em minha brigada havia 25 homens. Por toda a primavera e verão nós trabalhamos nessas plantações. No outono, quando as tropas partiram, nos foi ordenado que convidássemos o presidente de uma kolkhoz ao qual foram designadas todas as plantações.

Quando a dona da casa onde eu fiquei voltou, ela imediatamente correu para fora checar seu jardim e o que ela viu a deixou estupefata. Havia enormes abóboras, tomate e melões. Ele retornou para dentro da casa, caiu aos meus pés, e começou a beijar minhas botas. "Meu filho! Nós pensamos que tudo teria secado e sido destruído, mas tudo está em ordem. Tudo que temos que fazer agora é cuidar das plantações." Este é um exemplo de como lidávamos com a população.

Na Guerra a medicina funcionou bem, mas havia certos casos que tudo que os médicos podiam fazer era sacudir suas cabeças. Companheiro, naquela época a Romênia era o poço venéreo de toda a Europa! Nós tínhamos um ditado "Se você tem 100 Lei (moeda romena) você pode dormir com uma rainha". Certa vez um grupo de prisioneiros de guerra alemão caiu em nossas mãos.

Seus bolsos estavam cheios de preservativos. Uns cinco ou 10. Nosso oficial político criou um grande caso "Vejam! Eles têm isso para poder estuprar nossas mulheres!". Mas na verdade esses alemães eram mais espertos que nós, pois compreendiam o que doenças venéreas podiam fazer com um exército. Eu queria que nossos médicos tivessem nos avisado dessas doenças.

Mesmo tendo ficado pouco tempo na Romênia, nós tivemos um terrível surto de doenças venéreas em nossa unidade. Nosso Exército tinha dois hospitais: um para casos cirúrgicos e o outro para ferimentos leves. Eles foram obrigados a abrir uma seção para cuidar de doenças sexualmente transmissíveis mesmo estando sem equipamentos necessários.

Nós interagíamos com a população húngara da seguinte maneira. Quando entramos na Hungria em outubro de 44, vimos praticamente apenas vilarejos desertos. Quando entravamos nas casas encontrávamos fogões, com comida quente dentro, mas nenhuma pessoa na casa. Lembro-me que em uma cidade havia uma faixa enorme pendurada na parede de uma casa. Ela retratava um soldado soviético comendo um bebê.

Esse povo estava tão aterrorizado que quando podiam, fugiam. Abandonaram todas as suas posses. Depois, com o passar do tempo, quando começaram a entender que tudo isso era propaganda sem sentido, começaram a voltar.

Lembro-me de uma ocasião em que paramos no norte da Hungria, na fronteira com a Tchecoslováquia. Àquela altura eu já era Chefe do Estado-Maior do batalhão. Um dia fui informado que uma velha senhora húngara havia entrando em um celeiro na noite passada. Nós tínhamos pessoal da contra-inteligência em nosso Exército que trabalhava para o SMERSH (Smert Shpionam, ou "morte aos espiões").

Havia um oficial da SMERSH em cada batalhão, e nas unidades de infantaria um para cada regimento e acima. Eu disse ao meu oficial da SMERSH para ir checar. Eles procuraram e encontraram uma garota de 18 ou 19 anos. Quando eles a trouxeram para fora ela estava toda coberta de arranhões e tossia.

A velha senhora estava em lagrimas pensando que iríamos estuprar sua filha. Besteira! Ninguém encostou um dedo nela! Pelo contrário, nós a demos tratamento médico. Ela passou a nos visitar muito, passando mais tempo conosco do que em casa. Quando estive na Hungria 20 anos depois, eu a encontrei. Que mulher bonita! Ela havia se casado e tinha filhos.

Então vocês não cometeram nenhum excesso com a população civil?

- Não. Uma vez eu tinha que ir a algum lugar na Hungria. Tomamos um húngaro como guia para que não nos perdêssemos, afinal era um país estrangeiro. Ele fez seu trabalho pelo qual pagamos com dinheiro e comida enlatada.

Em seu livro "Commanding the Red Army's Sherman Tanks" você escreveu que os tanques M4A2 Sherman da 233ª Brigada eram armados não só com 75 mm de cano curto, mas também com 76 mm de cano longo em janeiro de 1944. Não era um pouco cedo? Esses tanques não apareceram mais tarde? Explique mais uma vez que canhões eram montados sobre os Shermans da 233ª Brigada.

- Hmm, eu não me lembro. Nós tínhamos bem poucos Shermans com o canhão de cano curto. No geral nossos canhões eram longos.

Não foi só a nossa brigada que lutou com Shermans. Talvez estes de cano curto estivessem em outras. Em algum lugar no nosso Corpo eu vi tais tanques, mas em nossa Brigada a grande maioria era de cano longo.

Havia submetralhadoras Thompson (Tommy gun) em cada Sherman que chegava na URSS. Eu li que essas armas eram roubadas e que poucos tanques chegavam a vocês com as armas. Que tipo de armamento pessoal vocês tinha? Americano ou soviético?

- Cada Sherman vinha com duas submetralhadoras Thompson, calibre 11.43mm (.45), uma munição boa. Mas a submetralhadora era inútil. Nós tivemos vários problemas com ela. Alguns de nossos homens se envolveram em uma discussão. Eles acabaram atirando uns nos outros.

Como ambos estavam usando jaquetas acolchoadas, a munição acabou ficando alojada nas jaquetas. Uma metralhadora inútil. Pegue uma submetralhadora alemã de coronha dobrável [submetralhadora MP-40]. Nós a amávamos, uma arma compacta. A Thompson era grande. Não podia se mover dentro de um tanque com ela.

O Sherman tinha uma metralhadora antiaérea Browning M2 calibre.50 . Vocês a usavam com freqüência?

- Eu não sei o porquê, mas alguns tanques chegaram até nós com essas metralhadoras, outros não. Nós as usamos contra alvos terrestres e aéreos. Nós a usávamos menos contra alvos aéreos porque os alemães não eram tolos. Eles nos bombardeavam ou de grande atitude ou executando mergulhos. A metralhadora era boa até uns 400 ou 600 metros na vertical.

Os alemães lançavam suas bombas de uns 800 metros ou mais alto. Tente abater o safado! Sim, nós a usávamos, mas não era muito efetiva. Nós usávamos até nosso canhão contra aviões. Colocávamos o tanque na elevação de uma colina e atirávamos. Mas nossa impressão geral da metralhadora era boa. Elas foram de grande utilidade na guerra contra o Japão, contra os kamikazes. Nós atirávamos tanto neles que eles pegavam fogo e cozinhavam. Até hoje eu tenho um fragmento de um projétil de uma metralhadora antiaérea na minha cabeça.

Em seu livro você fala de uma batalha em Tinovka que envolveu unidades do 5º Corpo Mecanizado. Você escreveu que a batalha foi em 26 de janeiro de 1944. Alguém foi até lá e escavou alguns mapas alemães, que indicavam que em 26 de janeiro de 1944 Tinovka já estava em mãos soviéticas.

Além disso, esse homem também encontrou um relatório da inteligência alemã, baseado no interrogatório de um tenente soviético de um batalhão antitanque da 359ª Divisão de Infantaria. Esse relatório indicava que havia T-34s e tanques médios americanos, assim como alguns KVs camuflados com palha em Tinovka. Esse homem gostaria de saber se você poderia estar enganado a respeito da data. Ele indica que uma semana mais cedo Tinovka estava, de fato, sob domínio alemão.

- É bem possível. Pense na quão confusa era a situação por lá! Rapaz, foi uma bagunça e tanto! A situação não mudava diariamente, mas de hora em hora. Nós cercamos o grupamento alemão Korsun-Shevchenkovskiy.

Eles começaram a nos atacar para escapar do cerco ao mesmo tempo em que alemães fora do cerco nos atacavam para ajudar os camaradas. Essas batalhas foram tão pesadas que Tinovka mudou de mãos várias vezes por dia.

Você escreveu que em 29 de janeiro o 5º Corpo Mecanizado avançou para o oeste para apoiar unidades do 1º Front Ucraniano, que estavam segurando o contra ataque alemão. Alguns dias depois, o Corpo Mecanizado estava na área de Vinograd. Logo em seguida, em 1 de fevereiro, estava no caminho do principal ataque das 16ª e 17ª Divisões Panzer, 3º Corpo Blindado. Esse ataque foi lançado da área de Rusakoika e Noiai Greblia ao norte e nordeste. Após alguns dias, os alemães capturaram Vinograd e Tinovka, forçaram passagem sobre o rio Gniloi Tikich e alcançaram Antonoika. Você poderia descrever o papel do seu Corpo na batalha?

- Nós cercamos os alemães e fechamos o bolsão. Eles imediatamente nos empurraram para a borda exterior do círculo. O clima era terrível; a lama degelava durante o dia. Eu pulei fora do meu tanque e caí direto na lama. Era mais fácil tirar meus pés das minhas botas que minhas botas da lama.

À noite, a temperatura caiu e o barro congelou. Nós lutamos contra esse barro no anel exterior. Tínhamos poucos tanques restantes. A fim de criar a impressão de que ainda estávamos fortes, à noite ligamos os faróis de todos os caminhões e tanques e seguimos em frente. Todo o nosso Corpo estava na defesa. Os alemães achavam que nossas defesas estavam entrincheiradas.

Na verdade, quase 30% do nosso Corpo éramos formados por tanques. Os combates haviam sido tão intensos que nossas armas ferviam. Algumas vezes a munição fundia. Você disparava e ela simplesmente caía no meio do barro a alguns metros do tanque. Os alemães lutavam por suas vidas e não tinham nada a perder. Alguns pequenos grupos conseguiram romper nossas linhas.

Aviões alemães chegaram a infligir danos significativos ao seu equipamento? Em particular, o que você poderia me dizer do Henschel Hs-129?

- Nem sempre, mas acontecia. Eu não me lembro do Henschel; talvez houvesse esse avião. Algumas vezes nós conseguíamos desviar das bombas. Você podia vê-las caindo em sua direção, sabe? Nós abríamos as escotilhas, espiávamos e instruíamos o motorista pelo interfone: "A bomba vai cair na nossa frente". Mas, em geral, havia casos de tanques sendo atingidos e explodindo. Perdas dessa natureza não ultrapassaram 3 ou 5 tanques no batalhão. Era mais fácil um único tanque ser destruído.

O maior perigo eram os atiradores armados com panzerfausts escondidos em construções. Na Hungria eu me lembro de estar tão cansado que pedi ao meu subordinado que comandasse o batalhão enquanto eu dormia. Eu dormi bem lá no compartimento de combate do meu Sherman. Nas proximidades de Beltsy eles lançaram munição para de pára-quedas.

Pegamos um pára-quedas para nós e eu o usava como travesseiro. O pára-quedas era de seda de modo que piolhos não conseguiam entrar no tecido. Eu estava dormindo profundamente! De repente, eu acordei. Por quê? Por causa do silêncio. Acontece que aviões haviam destruído dois tanques. O batalhão havia parado, desligado os motores e tudo ficou silencioso. Então eu acordei.

Vocês trancavam suas escotilhas durante combates em cidades e áreas construídas?

- Definitivamente. Quando invadimos Viena, eles estavam arremessando granadas contra nós do andar superior dos edifícios. Eu ordenei que todos os tanques parassem sob passagens de edifícios e pontes. Vez ou outra, eu tinha que ir com meu tanque até terreno aberto, a fim de estender a antena de comunicação para enviar e receber comunicados do alto comando.

Em certa ocasião, um operador de rádio e um motorista-mecânico estavam fazendo algo dentro do tanque e esqueceram a escotilha aberta. Alguém abriu e jogou uma granada lá dentro. Ela bateu nas costas do operador de rádio e explodiu. Ambos morreram. De modo que nós sempre trancávamos as escotilhas quando estávamos em cidades ou áreas construídas.

O principal efeito destrutivo da munição HEAT (carga oca), categoria à qual o panzerfaust pertencia, é a alta pressão no tanque, que incapacita a tripulação. Se as escotilhas fossem mantidas semi-abertas, isso não daria um certo grau de proteção?

- Sim, mas, mesmo assim, nós as mantínhamos trancadas. Talvez tenha sido diferente em outras unidades. Os atiradores de panzerfaust geralmente atiravam contra o compartimento do motor, de forma a incendiar o tanque, forçando a tripulação a sair e ficando exposta ao tiro das metralhadoras alemãs.

Qual era a chance de sobreviver se o seu tanque fosse atingido?

- Meu tanque foi atingido no dia 19 de abril de 1945. Um Tiger meteu um buraco em nós. O projétil passou pelo compartimento de combate e então atingiu o compartimento do motor. Havia três oficiais no tanque: eu como comandante do batalhão, o comandante da companhia Sasha Ionov (cujo tanque havia sido atingido) e o comandante do tanque.

Três oficiais, um motorista-mecânico e um operador de rádio. Quando fomos atingidos o piloto morreu na hora. Minha perna direita foi ferida, à minha direita Sasha Ionov teve sua perna amputada. O comandante do tanque se feriu e, abaixo de mim, estava o canhoneiro, Lesha Romanshkin. Suas duas pernas foram destruídas. Pouco tempo antes desse ataque nós estávamos sentados e Lesha me dise "Se eu perder minhas pernas eu vou me matar.

Quem precisaria de mim?". Ele era órfão e não tinha parente. Numa ironia do destino foi exatamente o que acabou acontecendo a ele. Nós tiramos Sasha do tanque e, em seguida, Lesha e começamos a ajudar na evacuação dos outros feridos quando Lesha se matou. Em geral um ou dois homens eram sempre feridos ou mortos. Dependia do local onde o tiro o atingia.

Os soldados ou suboficiais recebiam algum dinheiro para gastos na frente?

- Em comparação com as unidades regulares não de Guardas, os soldados e sargentos, até sargento sênior, recebiam pagamento dobrado, e os oficiais recebiam 1,5 vezes a mais em unidades da guarda. Por exemplo, meu comandante de companhia recebia 800 rublos.

Quando me tornei comandante do batalhão passei a receber 1200 ou 1500 rublos, não me lembro da quantia exata. Em todo caso nós não recebíamos todo o pagamento. A maior parte era mantida em poupanças em uma conta pessoal.

Nós podíamos guardar o dinheiro ou enviar para nossa família. Não carregávamos dinheiro no bolso. Nisso o governo era esperto. O que faríamos com dinheiro no meio de uma batalha, afinal?

O que vocês podiam comprar com o dinheiro que tinham?

- Certa vez, estávamos nos reunindo em Gorkiy. Eu fui a um mercado com o meu amigo Kolya Averkiev. Ele era um bom sujeito, mas morreu em seus primeiros combates!

Nós estávamos dando algumas voltas por lá e encontramos um sujeito vendendo pão de centeio. Ele segurava um em uma mão e os outros dois em outra. Kolya perguntou "Quanto você quer pelo pão?" ao que o sujeito respondeu: "Três kosykh" (Kosaya é uma gíria russa, que significa 100 rublos, de forma que o sujeito estava pedindo 300 rublos por um pão).

Kolya não sabia o que era "kosaya", então, tirou três rublos e entregou ao homem. Ele disse "Você está louco?", Kolya respondeu "Qual o problema? Você pediu três kosykh e eu te dei três rublos!", o homem disse "Três kosykh são trezentos rublos!" e Kolya respondeu "Você é uma pestilência! Você está aqui explorando as pessoas enquanto nós estamos derramando sangue por você!". Como oficiais, nós sempre portávamos nossas armas pessoais. Kolya puxou sua pistola. O homem agarrou os três rublos e bateu em retirada.

Além do dinheiro, uma vez ao mês os oficiais recebiam um pacote suplementar. Ele continha 200 gramas de manteiga, uma caixa de bolachas, um pacote de biscoitos e, creio eu, um pouco de queijo. Alguns dias depois do incidente no mercado nós recebemos nosso pacote. Nós cortamos o pão, passamos manteiga e cobrimos com queijo. Foi uma festa!

Que tipo de comida vocês recebiam em seus pacotes suplementares? Soviética ou americana?

- Ambas. Uma vez uma, outra vez a outra.

Soldados ou suboficiais recebiam alguma coisa por serem feridos? Dinheiro, comida, dispensa ou qualquer outra forma de compensação?

- Não.

Que tipo de recompensa era dada pela destruição de tanques, canhões, etc.? Alguém determinava essa recompensa ou haviam regras específicas? Toda a tripulação era premiada ou somente um indivíduo em especial?

- O dinheiro era dado à tripulação e dividido igualmente entre os membros.

Na Hungria, em 1944, em um de nossos encontros, nós decidimos que pegaríamos todo o dinheiro que recebêssemos como recompensa por abate de equipamento inimigo e faríamos uma "vaquinha" para, mais tarde, enviar às famílias dos nossos camaradas mortos. Depois da guerra, quando eu trabalhava nos arquivos, eu encontrei listas endossadas por mim com os dados da transferência do dinheiro para as famílias: três mil rublos, cinco mil rublos e assim por diante.

Na região do lago Balaton nós rompemos a retaguarda alemã e atacamos uma coluna de tanques, destruindo 19 deles, 11 dos quais eram tanques pesados. Muitos outros veículos também foram destruídos. Ao todo nós contamos 29 veículos de combate destruídos. Nós recebemos 1000 rublos por cada veículo.

Nossa brigada foi formada em Naro-Fominks [uma pequena cidade nas proximidades de Moscou, Valera], de modo que nela havia um grande número de homens de Moscou. Dessa forma, quando, após a guerra, fui estudar na Academia Militar Frunze, eu tentei encontrar as famílias dos soldados mortos.


A conversa era triste, claro, mas era necessária, pois eu sabia como seu filho, pai ou irmão havia morrido. Muitas vezes eu sabia os detalhes, até a data. Eles se lembravam do dia em que foram notificados e de como isso mudou suas vidas. Lembrava-se de quando receberam o dinheiro. Algumas vezes conseguíamos mandar além do dinheiro, embrulhos contendo troféus (itens capturados).

Então quando um tanque era destruído ele era creditado individualmente para cada membro da tripulação?

- Sim.

Quem registrava as baixas inimigas?

- O Estado Maior e os comandantes de batalhão e companhia. O vice-comandante de manutenção também fazia registros. Nós criamos um grupo para fazer a evacuação dos tanques destruídos. Não confundir com grupos de retaguarda.

Esse grupo normalmente consistia de 3 a 5 homens com um veículo de resgate [tanque sem torre, Valera] comandado pelo vice-comandante de manutenção. Eles se moviam por trás das formações de combate, registrando e anotando nossas baixas e as dos alemães.

Como se determinava quem destruiu um tanque ou canhão? O que acontecia se mais de uma tripulação afirmava ter destruído o mesmo tanque?

- Isso acontecia ocasionalmente, mas não com muita freqüência. Normalmente o tanque era creditado a ambas as tripulações e notificado como "em conjunto" de forma que no relatório contava como um só tanque abatido. O dinheiro era dividido. 500 rublos para cada tripulação.

Como a tripulação deveria agir se seu tanque fosse danificado em combate?

- Deveria tentar salvá-lo, tentar concertá-lo. Se faltassem recursos para concertá-lo, deveria ser armada uma defesa em torno dele. Era categoricamente proibido abandonar o tanque. Eu já mencionei que havia um oficial da SMERSH em cada batalhão.

Deus te proteja se você abandonar um tanque! Nós tivemos um caso em que, antes de um ataque, um membro da tripulação afrouxou a esteira do tanque. Não foi difícil para o motorista-mecânico tirá-la dos roletes. Mas nosso oficial da SMERSH tomou nota do ocorrido e prendeu os culpados. Foi um caso de covardia descarada!

Não poderia acontecer que a tripulação deixasse a esteira frouxa por descuido e ser acusada de covardia mesmo assim?

- Sim. A tripulação tinha que cuidar de seu tanque ou eles poderiam simplesmente acordar em um batalhão penal. Era obrigação de cada comandante de tanque e do comandante da companhia checar a tensão nas esteiras antes do combate.

Você já disparou contra seus próprios soldados ou tanques?

- Companheiro, tudo pode acontecer na Guerra. Tal fato ocorreu a oeste de Yuknov. Nossa brigada chegou ao local e parou em uma floresta. Uma batalha estava sendo travada três quilômetros à frente. Os alemães haviam capturado uma cabeça de ponte em algum rio e estavam começando a expandi-la. O comandante do nosso Corpo enviou a companhia de Matildas da nossa Brigada vizinha para contra atacar.

Os alemães não tinham tanques de forma que foi fácil para os matildas eliminar a cabeça de ponte e forçar os alemães através do rio. Agora os nossos Matildas retornavam do combate. Um pouco antes, temendo um avanço alemão, nosso comandante destacou um batalhão de artilharia antitanque. Eles foram colocados 300 metros a nossa frente e estavam se entrincheirando.

Os artilheiros não sabiam que nós estávamos lá e nem que estávamos usando veículos estrangeiros. Quando viram os Matildas retornando, eles abriram fogo destruindo três ou quatro deles. Os tanques restantes recuaram rapidamente em busca de abrigo. O comandante do batalhão, um artilheiro, correu até os tanques destruídos, olhou lá dentro e viu nossos homens. Um deles tinha o peito coberto de medalhas.

Em outra ocasião, quando o 1º e o 2º Fronts Ucranianos se uniram em Zvenigorodka e fecharam o cerco em torno do bolsão de Korsun-Shevchenkovskiy, o 5º Exército equipado com T-34s aproximou-se pelo sul enquanto nossos Shermans vinham do norte. Nossas tropas nos T-34s não haviam sido avisadas que haviam Shermans na área e atiraram no tanque do comandante do meu batalhão, Nikolay Nikolaevich Malyukov. Ele morreu dentro do tanque.

Alguém era punido por isso?

- Eu não sei, talvez eles punissem alguém. Cada caso era investigado.

Como vocês cooperavam com a infantaria durante o combate?

- A Brigada de Tanques tinha três Batalhões de Tanques, cada um com 21 tanques, e um Batalhão de Sub-Metralhadoras. Um Batalhão de Sub-Metralhadoras tinha três Companhias uma para cada Batalhão de Tanques. Nós tínhamos essa estrutura de três batalhões apenas no final de 1943 e inicio de 1944.

O resto do tempo nós tínhamos apenas dois batalhões de tanques para cada brigada. Os homens das companhias de submetralhadoras eram como irmãos para nós. Durante as marchas eles pegavam caronas em nossos tanques. Eles ficavam aquecidos, secavam suas coisas e dormiam um pouco.

Nós dirigíamos e então parávamos em algum lugar. Os tanquistas podiam dormir e os homens das companhias de submetralhadoras tomariam conta. Com o decorrer do tempo muitos deles se tornavam membros da tripulação de algum tanque, começando geralmente como carregador ou operador de rádio. Nós dividíamos os espólios igualmente. De formar que as coisas eram um pouco mais fáceis para eles que para homens de uma companhia de infantaria regular.

Durante os combates eles se sentavam sobre os tanques até o fogo começar. Quando os alemães começavam a atirar sobre os tanques, eles pulavam fora e corriam para se proteger atrás deles.

Se em alguma situação os tanques estivessem limitados em suas manobras e velocidade, você manobrava a infantaria ou os faziam parar?

- Nenhum dos dois. Nós não prestávamos atenção a eles. Nós manobrávamos e eles vinham atrás. Não havia problemas.

A velocidade do tanque era limitada durante o ataque? Pelo que?

- Claro! Nós precisávamos atirar!

Como vocês atiravam? Fazendo pequenas paradas ou em movimento?

- De ambas as maneiras. Se atirássemos em velocidade a velocidade do tanque nunca excedia 12km/h. Mas nós raramente o fazíamos, só quando queríamos criar pânico entre as tropas inimigas. Basicamente nós atirávamos parados. Corríamos até uma posição, parávamos, atirávamos e então seguíamos.

O que você pode dizer sobre o Tiger alemão?

- Era um veículo extremamente pesado. O Sherman nunca poderia derrotá-lo em um ataque frontal. Nós tínhamos que força-lo a expor seu flanco. Se estivéssemos defendendo, tínhamos uma tática especial. Dois Shermans eram designados para cada Tiger.

O primeiro Sherman atirava em sua esteira, quebrando-a. Por um curto espaço de tempo o Tiger continuava a se mover com a outra esteira, o que o fazia se virar de lado. Nesse momento o segundo Sherman acertava-o de lado, tentando atingir tanque de combustível. É assim que fazíamos. Um tanque alemão era derrotado por dois dos nossos e creditado à tripulação dos dois. Há uma história a esse respeito intitulada "Hunting With Borzois" em meu livro.

O freio de boca tem uma desvantagem significante: uma nuvem de poeira é levantada durante o disparo, revelando a posição. Alguns artilheiros tentam contornar isso, por exemplo, molhando o solo em frente dos seus canhões. Que tipo de medida vocês empregavam para atenuar esse efeito?

- Você está certo! Nós amassávamos o chão, de forma a ficar duro, e cobríamos com nossos casacos.

A vista do tanque era dificultada pela poeira, sujeira ou neve?

- Não havia nenhuma dificuldade em especial. A neve, é claro, podia nos cegar. Mas não a poeira. A viseira do Sherman não era pra fora, ficava na torre. Dessa forma ficava bem protegida conta esses elementos.
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1319 Mensagem por Lirolfuti » Seg Out 13, 2014 5:55 pm

Comandante de um "Emtcha" do Exército Vermelho - Parte 2

Tanquistas que lutaram nos Churchills ingleses apontaram o fraco aquecimento interno como uma deficiência. O sistema padrão de aquecimento era inadequado para o inverno russo. Como o Sherman era equipado nesse sentido?

- O Sherman tinha dois motores conectados por duas juntas de união paralelas. Isso era bom e ruim. Havia ocasiões em que um desses motores parava durante a batalha.

A junta podia ser solta e o tanque podia se arrastar para longe em apenas um motor. Por outro lado havia grandes ventiladores encima dos motores. Nós costumávamos dizer "Abra sua boca e o ar vai sair pelo seu rabo!". Como diabos podiam ficar aquecidos? Havia correntes de ar muito fortes. Talvez viesse algum calor dos motores, mas não foi lhe dizer que aquilo era o suficiente.

Quando parávamos, nós imediatamente cobríamos o compartimento do motor com nossos casacos. Então o tanque se aquecia por várias horas; nós dormíamos nele. Nada no mundo fez com que os americanos nos dessem macacões forrados de lã.

Havia alguma norma para o consumo de munição?

- Sim, havia. Em primeiro lugar, nós levávamos um carregamento básico [BK - boekomplekt - um carregamento completo de munição, um BK do Josef Stalin II era igual a 28 cápsulas - Valera] conosco para batalha. Nós levávamos um BK adicional do lado de fora dos tanques durante grandes jornadas.

Quando fomos para Viena, por exemplo, meu comandante nos ordenou pessoalmente que levássemos dois BK: um dentro e o segundo fora sobre a blindagem. Em adicional nós levamos duas caixas de chocolate e provisão adicional em cada tanque. Nós estávamos sós, por assim dizer.

Isso significava que se tivesse que conduzir um ataque em algum lugar nós teríamos que nos livrar das rações e colocar a munição em seu lugar. Todos os nossos veículos de suprimentos eram Studebakers americanos de duas toneladas. Eles sempre traziam munição para o batalhão.

Há uma coisa que eu gostaria de dizer. Como nós preservávamos nossa munição soviética? Vários cartuchos cobertos de graxa, em caixas de madeira. Alguém tinha que ficar limpando a graxa dos cartuchos por horas.

A munição americana era empacotada em tubos de papelão, três cartuchos pra cada. Os cartuchos ficavam limpos e brilhantes dentro dos tubos. Nós os tirávamos e imediatamente guardávamos dentro do tanque.

Que tipo de munição você levava em seu tanque?

- Perfurante de blindagem e munição de alto-explosivo. Mais nada. A proporção era de um terço de Alta Explosão para dois terços de perfuradora de blindagem.

Talvez a proporção varie com o tanque. Nos JS era o contrário!

- Sim, você está certo. Mas o poder de fogo do JS era tamanho que um tiro era suficiente. Quando fomos para Viena, eles nos deram uma bateria de JSU-152s, três deles (em seu livro Loza os chamada de SAU-152, eu o perguntei sobre esses veículos e ele disse que eram baseados no chassi do JS, então só poderiam ser JSU-152). Eles nos atrasaram muito.

Na auto-estrada nós podíamos fazer 70km/h com os Shermans enquanto os JSUs mal se moviam. Quando entramos em Viena sucedeu-se um incidente que eu descrevo em meu livro. Os alemães nos contra-atacaram com vários Panthers. O Panther era um tanque pesado. Eu ordenei que um JSU avançasse para combater os Panthers. "Bem, dê um tiro", e oh, eles atiraram! Devo dizer que as ruas de Viena eram estreitas, as construções altas e muitos queriam assistir esse combate entre o JSU e o Panther.

As pessoas ficaram nas ruas. O JSU disparou e atingiu o Panther atrás (de uma distancia de 400 ou 500 metros). Sua torre foi arrancada e voou alguns metros. Com a força do tiro todos os vidros das casas em volta quebraram e caíram em nossas cabeças.

Esse dia eu me culpei por não ter previsto isso. Muitos foram feridos. Foi bom que estivéssemos usando capacetes, mas nossos braços ficaram todos cortados. Essa foi minha primeira experiência em combate urbano, e foi triste. Nós ainda dizemos "Um homem inteligente não entra numa cidade, ele a contorna". Mas nesse caso eu tinha ordens específicas para entrar na cidade.

Em geral, Viena foi muito destruída?

- Não, não muito. Não em comparação com Varsóvia, por exemplo. Minha missão era capturar o centro da cidade e o banco. Foram capturadas 18 toneladas de ouro, o que não era mixaria. Os homens brincavam comigo "Se ao menos você pudesse pegar só uma bolsa" e eu respondia "Homens, por quantos anos eu quebraria pedras por esse roubo?".

Em geral, Viena foi muito destruída?

- Não, não muito. Não em comparação com Varsóvia, por exemplo. Minha missão era capturar o centro da cidade e o banco. Foram capturadas 18 toneladas de ouro, o que não era mixaria. Os homens brincavam comigo "Se ao menos você pudesse pegar só uma bolsa" e eu respondia "Homens, por quantos anos eu quebraria pedras por esse roubo?".

Como vocês reabasteciam?

- Cada batalhão tinha vários caminhões tanque. Antes de qualquer batalha os caminhões tinham que ser esvaziados. Se estivéssemos em marcha, então levávamos tanques extras sobre os tanques, e antes do combate nós os largávamos. Os caminhões vinham pela retaguarda e traziam combustível pra gente.

Nunca eram trazidos todos os caminhões de combustível de uma só vez. Assim que um caminhão era esvaziado ele voltava para a brigada e recarregava e o próximo vinha, e assim por diante. Na Ucrânia tínhamos que rebocar esses caminhões com nossos tanques por causa da lama.

A lama lá era terrível. Na Romênia os alemães cortaram nossos suprimentos. Fizemos um coquetel, uma mistura de gasolina com querosene (os M4A2 Shermans era a diesel). Os tanques conseguiam andar com esse coquetel, mas os motores superaqueciam-se.

Vocês tinham tanquistas sem tanques em sua unidade? O que era feito deles?

- Certamente nós tínhamos. Normalmente um terço do total de homens não tinham tanques. Eles faziam de tudo. Ajudavam na manutenção, suprimento de munição, reabastecimento e qualquer coisa que fosse preciso. Eles o faziam.

Vocês tinham veículos camuflados em sua unidade?

- Alguns, mas eu não me lembro deles. Tínhamos de tudo. No inverno nós pintávamos nossos tanques de branco em um sistema obrigatório com tinta ou com cal.

Era preciso permissão para instalar camuflagem? Vocês precisavam de autorização para pintar qualquer tipo de slogan no tanque, por exemplo, "Za rodinu" - Pela Pátria?

- Não, nenhum tipo de permissão era necessário. A escolha era sua - se você quisesse pintar, você pintava. Se não queria camuflar seu tanque, você não camuflava. Quanto aos escritos eu acredito que eles tinham que ser aprovados pelos representantes políticos. Afinal era algum tipo de propaganda.

Os alemães fizeram um amplo uso de camuflagem. Isso ajudava?

- Sim, ajudava muito. Em algumas ocasiões isso foi crucial para eles.

Então porque vocês também não usavam camuflagem tanto quanto eles?

- Faltava-nos material. Nós não tínhamos uma ampla opção de cores. Havia uma cor de proteção e nós a pintávamos. Precisa-se muita tinta para se pintar todo um tanque. Talvez se tivéssemos tido acesso a outros cores de tinta, nós tivéssemos feito maior uso de camuflagem. Em geral havia várias coisas a se fazer: concertos, reabastecimento e assim por diante.

Os alemães eram mais ricos. Eles não tinham apenas camuflagem, mas também usavam zimmerit em seus tanques pesados.

A tripulação recebia contussões quando o tanque era atingido, mesmo se o projétil não penetrasse a blindagem?

- Geralmente, não. Depende de onde o projétil atingia. Digamos que eu estivesse sentando no lado esquerdo da torre e um projétil atingisse o tanque perto de mim. Eu ouvia o impacto, mas não me machucava. Se ele atingisse em algum lugar do corpo do tanque, talvez eu nem mesmo o ouvisse.

Isso acontecia com freqüência. Nós saíamos depois de um combate para inspecionar o tanque e encontrávamos marcas de impactos na blindagem, como manteiga cortada por uma faca quente. Algumas vezes o motorista gritava "Eles estão atirando da esquerda", mas não havia nenhum som que sobressaísse. É claro que se uma arma poderosa como um JSU-152 nos atingisse, nós ouviríamos, e em seguida perderíamos a cabeça junto com a torre.

Eu gostaria de acrescentar que a blindagem do Sherman era forte. Havia casos de T-34s serem atingidos, mas o projétil não penetrava, mas mesmo assim a tripulação era ferida por estilhaços da blindagem que voam da parte interna do tanque. Isso nunca aconteceu em um Sherman.

Qual o oponente mais perigoso? Um canhão, tanque ou avião?

- Todos eram perigosos até que o primeiro tiro fosse disparado. Mas em geral os mais perigosos são os canhões antitanque. Eles eram muito difíceis de distinguir e de derrotar. Os artilheiros os enterravam no chão até que seus canos ficassem literalmente deitados sobre o solo. Você podia ver apenas alguns centímetros do escudo. O canhão atirava. Era bom quando tinha freio de boca e o tiro fazia a poeira subir. Mas se fosse inverno ou se tivesse chovendo!

Havia casos em que você não podia ver de onde o fogo vinha, mas a infantaria sim? Se sim, como eles lhes guiavam?

- Algumas vezes eles batiam na torre e gritavam. Às vezes eles atiravam na direção do inimigo com balas traçantes ou atiravam um foguete sinalizador em sua direção. E geralmente o comandante olhava pela torre. Nenhum dos periscópios, mesmo os da torre de comando, nos dava boa visibilidade.

Como você mantinha contato com seu comandante e os outros tanques?

- Por radio. Os Shermans tinha dois rádios, HF e UHF, de excelente qualidade. Usávamos o HF para comunicação com nossos superiores e o UHF para comunicação dentro do batalhão ou da companhia. Para comunicação dentro do tanque nós usávamos o sistema de interfone. Funcionava muito bem.
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

#1320 Mensagem por Hermes » Qua Out 15, 2014 2:44 pm

Alguém sabe dizer alguma coisa sobre isso? Caça Zero encontrado submerso na costa do Perú, crivado de balas e ninguém sabe como foi parar lá.

http://worldnewsdailyreport.com/remains ... near-peru/




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