Mundo Árabe em Ebulição

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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LeandroGCard
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5731 Mensagem por LeandroGCard » Ter Ago 26, 2014 8:52 am

suntsé escreveu:
Bolovo escreveu:Sim, não manda pq perdeu controle graças a papagaiada que o ocidente (EUA/UE) fizeram de apoiar os rebeldes, criando um vácuo de poder no leste de Síria, que fulminou na ascensão do ISIS. É o que aconteceu na Líbia, só que a Síria está conseguindo segurar a situação. Estão certos.
Sem falar que os EUA é o país menos confiável do mundo. Começam a atacar o território Sírio a pretexto de combater o ISIS, e do nada começa a atacar posições do exercito Sírio sob um pretexto qualquer...

Eles estão realmente certos.
A Síria na verdade não proibiu os americanos de atacarem o Isil em seu território, ela disse que isso só pode ser feito se as ações dos EUA forem coordenadas com as das forças Sírias.

Dada a quantidade de casualidades sofridas pelos EUA causadas por fogo amigo nas duas invasões do Iraque, é uma exigência no mínimo sensata... :wink: . Sem falar da real possibilidade de que os ataques acabem sendo focados em muito mais do que apenas o Isil. Como nosso governo deveria reagir se um país que nos ameaçasse com bombardeios durante anos de repente dissesse que agora queria bombardear inimigos dentro do nosso próprio território?

A questão é: Os EUA tem algum motivo para se recusar a coordenar com os Sírios seus eventuais ataques contar o Isil?


wagnerm25 escreveu:Podem estar certos, mas no momento não há nada que possam fazer a não ser espernear.
Com Buk e Pantsir na área? Não sei se é bem assim não, muito embora as defesas AAe sírias tenham péssima fama depois de 1982.


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Kevin
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5732 Mensagem por Kevin » Ter Ago 26, 2014 9:06 am

Cross escreveu:
wagnerm25 escreveu:Aí o suspeito de decapitar o jornalista americano.

Imagem
Isso é mais um sintoma da incapacidade e da falta de coragem britânica de combater o radicalismo islâmico dentro de seu próprio país. A Grã Bretanha está sendo tomada por islamofascistas. O multiculturalismo frouxo, propagado por esquerdistas social-democratas sabotadores, se enraizou tão profundamente na cultura da população britânica que pessoas que falem contra esse lixo islamofascista são indiciados por racismo e podem até ir presas. A Inglaterra ao se curvar diante da ideologia do Politicamente Correto semeou a própria destruição; a democracia que não possui mecanismos para silenciar elementos radicais e autocráticos ira ruir de dentro pra fora como uma estrutura de madeira devorada por cupins.
Você defende que a Inglaterra combata os "islamofascistas" impondo sua própria Englishness? Nesse caso em que ela se diferenciaria do ISIS? Desde o século XVII a Inglaterra recebe imigrantes que são parte constituinte da ideia de "inglês" e da nação inglesa/reino unido - o chá da tarde não é produzido na Inglaterra diria Eliot. Sem contar a generalização de que toda cultura "islâmica" é fascista. [002]




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5733 Mensagem por Túlio » Ter Ago 26, 2014 9:16 am

Posso estar errado mas não vi generalização. A intenção do post me pareceu clara, refere-se aos radicais, que usam o Islamismo como desculpa para dar vazão a seus instintos nada aceitáveis. E lembro de outro colega, que recordou a matança entre Cristãos Católicos e Protestantes na Irlanda, matar em nome de Deus é muito interessante para degenerados de toda etnia e credo... :wink: 8-]




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5734 Mensagem por LeandroGCard » Ter Ago 26, 2014 9:46 am

Túlio escreveu:Posso estar errado mas não vi generalização. A intenção do post me pareceu clara, refere-se aos radicais, que usam o Islamismo como desculpa para dar vazão a seus instintos nada aceitáveis. E lembro de outro colega, que recordou a matança entre Cristãos Católicos e Protestantes na Irlanda, matar em nome de Deus é muito interessante para degenerados de toda etnia e credo... :wink: 8-]
O problema é que é extremamente difícil diferenciar os radicais que o são apenas em fé dos que podem realmente partir para a violência. O camarada pode passar a vida toda apenas navegando na internet defendendo suas próprias ideias sobre alguma passagem obscura de um texto sagrado qualquer sem partir para o fato. Quantos conheço aqui mesmo no Brasil que estão em uma verdadeira cruzada contra os homossexuais, as mulheres nuas na TV ou a teoria da evolução das espécies, mas que jamais iriam tomar a iniciativa de atacar algum gay na rua, proibir a família de ver televisão ou trollar em algum site de faculdade de biologia, ao passo que outros que nem se manifestam nos cultos de suas igrejas (ou nem vão à igreja) fazem tudo isso?

A mesma coisa acontece com estes radicais de países externos ao OM. A maioria absoluta mal se manifesta e não comete crime algum em seus países de origem, mas quando surge a oportunidade de irem para a frente de batalha no OM se entregam à execução das maiores barbaridades, até para provar aos seus "correligionários" locais que são tão fervorosos quanto eles apesar de terem nascido e crescido em outras terras. O que as forças de segurança locais do ocidente podem fazer nestes casos? A única forma de evitar que alguns loucos tomem alguma religião como motivo para cometer atrocidades é suprimi-la, juntamente com a liberdade de expressão (e aí eles vão arranjar outro motivo, vide os massacres recorrentes perpetrados por loucos nos EUA). É isso que se propõem?


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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5735 Mensagem por EDSON » Ter Ago 26, 2014 10:11 am

akivrx78 escreveu:
ONU acusa Estado Islâmico de crimes contra a humanidade
Navi Pillay disse que militantes estão atacando até mesmo mulheres e crianças

Imagem
Ataque. Em atentado contra mesquita xiita, no leste de Bagdá, pelo menos 11 pessoas morreram
PUBLICADO EM 25/08/14 - 22h15

Genebra, Suíça. Os militantes do Estado Islâmico declaradamente mataram mais de 670 prisioneiros na cidade de Mosul e cometeram outros abusos horríveis no Iraque que representam crimes contra a humanidade, disse a alta comissária das Nações Unidas para direitos humanos, Navi Pillay. A diplomata afirmou que “violações graves dos direitos humanos são cometidos diariamente” pelo grupo extremista e por seus aliados na conquista agressiva de províncias no norte e no leste iraquianos.

Veja Também
video Explosões matam pelo menos 15
Mais

A missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Iraque verificou relatos de um massacre de detidos na prisão de Badoush, em Mosul, ocorrido em 10 de junho. Em entrevistas, 20 sobreviventes e 16 testemunhas contaram que atiradores do Estado Islâmico colocaram entre mil e 1.500 prisioneiros em caminhões e levaram todos para uma área deserta próxima. Homens armados, então, mandaram os sunitas formarem um grupo separado.

De acordo com os relatos, os atiradores gritaram insultos contra os detidos remanescentes, fizeram quatro filas com eles, ordenaram que eles se agachassem e abriram fogo, matando cerca de 670 prisioneiros. “Um assassinato tão a sangue-frio, sistemático e intencional de civis, após separá-los por afiliação religiosa, pode ser comparado a crimes de guerra e a crimes contra a humanidade”, disse Pillay.

Atrocidades. As violações dos militantes, que tentam expandir as fronteiras de seu autoproclamado califado na fronteira entre o Iraque e a Síria, incluem assassinatos planejados, conversões forçadas, sequestros, tráfico, escravidão, abuso sexual, destruição de locais com significados religiosos e culturais, além do assédio contra comunidades por razões étnicas, religiosas ou sectárias.

“Eles estão sistematicamente atacando homens, mulheres e crianças baseados em suas filiações étnicas, religiosas ou sectárias e estão realizando amplas limpezas étnicas e religiosas impiedosas nas áreas sob seu controle”, disse Pillay. “Tais perseguições são equivalentes a crimes contra a humanidade”, reforçou a comissária da ONU.

Sequestros e assassinatos

Nineveh. A alta comissária das Nações Unidas para direitos humanos, Navi Pillay, citou também a matança de centenas de membros da minoria yazidi em Nineveh e o sequestro de cerca de 2.500 pessoas no começo de agosto.

Cotcho. Além disso, a comissária da ONU relatou o sequestro e o assassinato de centenas de yazidis na vila de Cotcho, na região de Sinjar, ocorrido no dia 15 de agosto.

Amirli. Navi Pillay destacou ainda o cerco contra 13 mil turcos de etnia Shia na cidade de Amirli, incluindo 10 mil mulheres e crianças.

http://www.otempo.com.br/capa/mundo/onu ... e-1.905468

Intervenção | 25/08/2014 13:48

Comitê da ONU cobra ação no Iraque
Comitê da ONU para a eliminação da discriminação racial pediu ao secretário-geral das Nações Unidas o desdobramento de uma missão de boinas azuis no Iraque
Imagem
Combatentes do Estado Islâmico: pedido visa evitar mais massacres em província

Genebra - O Comitê da ONU para a eliminação da discriminação racial (CERD) pediu nesta segunda-feira ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o desdobramento de uma missão de boinas azuis no Iraque para evitar mais massacres na província de Ninawa.

O Comitê, que se reúne em sessão ordinária nesta semana em Genebra, emitiu um comunicado após seu primeiro encontro em que se mostra "horrorizado pelos massacres, atrocidades e outros abusos dos direitos humanos contra povoações civis, em função de sua etnia ou religião, cometidos pelo (grupo jihadista) Estado Islâmico (EI)".

O grupo de analistas se declara "profundamente preocupado pelos assassinatos em massa, assim como a limpeza étnica, o deslocamento forçado de população, a violência contra mulheres e crianças e outros crimes contra a humanidade", e alerta para o "crescente risco de genocídio no país".

Diante desta realidade, o Comitê pediu a Ban Ki-moon recorrer ao Conselho de Segurança e estabelecer uma missão de manutenção da paz "como uma medida temporária de emergência para poder criar uma zona de segurança na província de Ninawa".

Além disso, o Comitê solicita ao Conselho de Direitos Humanos uma sessão especial para abordar a situação dos direitos humanos no Iraque e permitir a formação de uma comissão de investigação para averiguar as causas do conflito, a origem e as ações do Estado Islâmico (EI), assim como a possibilidade de julgar os responsáveis pelos crimes.

Neste aspecto, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, acusou hoje o EI de ter assassinado "a sangue frio" quase mil de pessoas nas últimas três semanas no Iraque, além de ter sequestrado mais de 2.500 pessoas e de ter recrutando menores de idade para usá-los como "escudos humanos".

http://exame.abril.com.br/mundo/noticia ... -no-iraque
Boinas Azuis?

O ISIS irão comer eles no café da manhã! Precisa de uma invasão como em 2003. Deixe o Irã se armar e autoriza eles a usar seu exército contra o ISIS. Claro que eles nunca mais irão sair do sul do Iraque mas este vai ser o mal menor.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5736 Mensagem por prp » Ter Ago 26, 2014 10:42 am

Os EUA estão cagando e andando para o Iraque.
Vão mandar uma galerinha lá para proteger os campos de petróleo mais lucrativos e continuarão armando o ISIS para infernizar a vida da Síria e Irã.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5737 Mensagem por rodrigo » Ter Ago 26, 2014 11:58 am

prp escreveu:Os EUA estão cagando e andando para o Iraque.
Vão mandar uma galerinha lá para proteger os campos de petróleo mais lucrativos e continuarão armando o ISIS para infernizar a vida da Síria e Irã.
Também acho. E ainda acho esse ISIS é um factóide criado pela mídia. Eles são cruéis, mas a ênfase dada às suas crueldades parecem que eles são diferentes de qualquer grupo da região. Mas não são. Naquela região todo mundo que tem um pouco de poder, seja um governo, uma tribo, se impõe pela violência sem limites, para amedrontar mesmo. Não fazem nada que Assad ou Sadam Hussein não faziam, apenas com discurso diferente. O que temos hoje é acesso direcionado à informação. Mostram os sujeitos degolando, crucificando, derrotando outras tribos, e parece que eles são super invencíveis, e os primeiros malvados dali.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5738 Mensagem por EDSON » Ter Ago 26, 2014 12:13 pm

E eu tenho certeza de que não é isto. Os americanos não tem uma é grana par bancar uma ventura bélica desta natureza. Luta com o Talibã no Afeganistão e da armas para Frente -Alnursa e o ISIS na Síria? As armas foram parar na mão dos radicais porque quem distribuiu foram os Sauditas e é obvio que muitos do alto escalão saudita financiam redes Wahabis pois se frequentam Mesquitas sabem muito bem o que os Imãs pregam. Os turcos também distribuíram armas para a oposição síria que na verdade haviam vários grupos e os grupos de identidade religiosa suplantaram os moderados.

Parem de sonhar de que o jogo esta controlado. :lol:




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5739 Mensagem por DSA » Ter Ago 26, 2014 4:03 pm

P44 escreveu:
DSA escreveu:
Infelizmente:
Sem um Sadam o Iraque nunca mais terá paz!
Sem um kadafi a Libia nunca mais tera paz!
A Siria sem o HASSAD vai acontecer-lhe o mesmo!

i.e., a descoberta da pólvora
Não é descoberta de polvora nehuma ja o afirmei logo no inicio da primavera Árabe que no ocidente foi encarada, no inicio como uma libertação dos povos oprimidos por ditaduras sanguinárias.

Resta acrescentar: a China sem a mão pesada do Partido Comunista desintegra-se em centenas de territórios a reclamar independência.
O mesmo com a Rússia, e o Putin sabe-o bem! Esta sua cruzada na Ucrania não é mais do que tentar conseguir um inimigo, um fantasma externo, para manter a coesão do povo!




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5740 Mensagem por suntsé » Ter Ago 26, 2014 6:26 pm

EU tenho certeza que haveria muita pressão do povo americano contra qualquer segunda invasão do Iraque. Porque com certeza voltariam bem mais sacos pretos de lá.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5741 Mensagem por Lirolfuti » Ter Ago 26, 2014 7:55 pm

De onde vem o dinheiro que financia o Estado Islâmico?

"Isso vai além do que vimos antes", disse há poucos dias o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, referindo-se ao Estado Islâmico (EI), anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis, na sigla em inglês).

Segundo Hagel, o EI não seria um grupo terrorista, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes obtidos por meio de financiamento externo, o que permitiria ao grupo continuar sua ofensiva e lançar as bases de seu califado.

Até alguns meses atrás, o Isis era apenas um dos vários grupos armados sunitas radicais que se opunham ao regime de Bashar al-Assad na Síria. A organização havia ganhado notoriedade por ser uma dissidência da Al-Qaeda, a qual acusou de não ser suficientemente radical.

Mais recentemente, o Isis tornou-se EI e agora é a manifestação mais violenta da insurgência sunita que tenta impor uma versão ultraconservadora do Islã, contra o que considera uma expansão do xiismo liderado pelo Irã, com forte influência no Iraque, na região.

O cerco e a expulsão das minorias cristãs yazidis do Iraque e a decapitação do jornalista americano James Foley são os últimos exemplos da crueldade com que o EI atua.

Mas, diferentemente de outros grupos de insurgentes, o EI chama atenção por seu poderio econômico.
Uma das razões origens do dinheiro que financia o grupo está na principal matéria-prima do Iraque: o petróleo.

O país é o segundo maior produtor do óleo no mundo, depois da Arábia Saudita.

Há alguns meses, o EI controla uma parte importante da indústria do petróleo iraquiano no norte do país. Mossul, uma das cidades dominadas pelo grupo, produz cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia.

O EI também controla a planta de gás de Shaar e Baiji, cidade onde se localiza a maior refinaria de petróleo do país.

A partir desta área, os insurgentes cortaram o fornecimento de petróleo para a Turquia enquanto tentam avançar sobre as fontes de energia abundantes do Curdistão iraquiano.

O EI não destrói as fontes energéticas que conquista militarmente. O objetivo é usar os lucros para construir o tão propalado Estado islâmico ou califado.

A estratégia é semelhante à de outros grupos armados que estabeleceram nas últimas décadas redes econômicas ilícitas para seu financiamento, compra de armas e enriquecimento de suas lideranças.

Na Libéria e em Serra Leoa, por exemplo, proliferaram na década de 90 grupos insurgentes que competiam entre si pela exploração e pelo tráfico de diamantes.

No Afeganistão, por outro lado, o cultivo da papoula é a principal fonte de renda para o Talebã e outros setores políticos. Já na Colômbia há diversos vínculos entre grupos insurgentes, paramilitares, políticos e traficantes de drogas.

No caso do Estado islâmico, o grupo ganhou experiência na Síria antes de cruzar a fronteira e se estabelecer no Iraque.

"Uma das razões pelas quais o EI tem sido capaz de crescer tão fortemente é que pode importar recursos e ativistas da Síria", diz Patrick Cockburn, em seu livro The Jihadis Return: ISIS and the New Sunni Uprising ("O Retorno dos Jihadistas: Isis e o Novo Levante Sunita", em tradução livre do inglês).

No Iraque, o EI ganhou rapidamente terreno junto à comunidade sunita após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003.

Com a queda de Saddam Hussein, os sunitas foram marginalizados e reprimidos por governos xiitas que se revezaram no poder, especialmente o do premiê Nouri al-Maliki.

Ao mesmo tempo, comandantes militares de Saddam Hussein e funcionários do Partido Baath, expulsos de seus cargos após a invasão, se aliaram ao EI.

Usar os dividendos das fontes energéticas para financiar atividades e impor regimes autoritários não é uma exclusividade do grupo.Peter Custers, autor do livro Questioning Globalized Militarism ("Questionando o Militarismo Globalizado", em tradução livre do inglês), indica que muitos governos da região usam a renda proveniente do petróleo para comprar armamento pesado e armas dos Estados Unidos e Europa e poder, assim, reprimir seus povos.
Os circuitos e as ligações
Theodore Karasik, do Institute for Near East and Gulf Military Analysis (INEGMA) e Robin Mills, autor do livro The Myth of the Oil Crisis ("O Mito da Crise do Petróleo", em tradução livre do inglês), calculam que o EI ganhe U$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões) por dia somente com a exploração do petróleo iraquiano.

Os especialistas argumentam que o valor poderia chegar, no entanto, a US$ 100 milhões (R$ 230 milhões) se somadas as rendas provenientes do comércio da matéria-prima no Iraque e na Síria.

Com visão de mercado, o EI vende o barril a US$ 30 no mercado negro – enquanto o preço internacional supera os US$ 100 – por meio de intermediários na Turquia e na Síria.
Mas o petróleo não é a única fonte de renda para EI.

No caso da Síria, um estudo do Centro de Análise do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR na sigla em Inglês) indica que o EI e outros grupos armados estão instalando um sistema de impostos em áreas conquistadas ao mesmo tempo em que promovem atividades ilegais como roubo de reservas de dinheiro de bancos locais, contrabando de carros e armas, sequestros e bloqueios de estradas.

"Uma economia de guerra está tomando conta da Síria, em particular nas zonas controladas pela oposição, criando novas redes e atividades econômicas que alimentam a violência", diz o estudo.

A pesquisa afirma que o EI também apreendeu grandes quantidades de armas do Exército iraquiano e grupos armados sírios contra os quais luta.

Na Síria, o grupo chegou, inclusive, a desmantelar fábricas inteiras e vender as estruturas na Turquia.
Segundo Jihad Yazigi, autor do relatório para o ECFR, lideranças de grupos armados também estariam interessadas em prolongar o conflito para continuar a receber remessas internacionais de países aliados.

Essa 'economia de guerra', diz ele, cria incentivos para diferentes indivíduos e atores que não teriam interesse no fim do conflito.

Segundo os especialistas, esses novos agentes econômicos, que controlam fontes de energia, contrabando, roubo e venda de armas, sequestros e impostos especiais a minorias religiosas, operariam sem conexão com autoridades do governo.Mas alguns outros mantêm laços com o poder institucionalizado, aponta o relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores. O resultado é uma desintegração do Estado a partir de sua base econômica.
Estados fracos e sectarismo
O apoio da Arábia Saudita e dos países do Golfo aos sunitas para combater xiitas e seus aliados está na raiz do sucesso econômico do EI e de outros grupos jihadistas, afirma o jornalista Patrick Cockburn e outros analistas.

Segundo eles, esses países já teriam canalizado centenas de milhões de dólares para insurgentes sunitas na Síria.

Como ocorreu no Afeganistão com o apoio que os insurgentes recebiam dos países ocidentais nos anos 80, o EI tem crescido através de uma combinação de fraqueza do Estado, do sectarismo por parte do Estado, e do apoio econômico e militar externo para a insurgência.

Para o regime do presidente sírio Bashar Assad, essa fragmentação da economia levará à perda de receita de que ele precisa para prestar serviços básicos e manter o apoio popular nas áreas que controla, pagar o Exército e começar a reconstruir a Síria.

No Iraque, o novo primeiro-ministro, Haidar Abadi, tem menos território e recursos energéticos para lançar uma política mais inclusiva.

Especialistas em terrorismo questionam se o EI pode instaurar um Estado e consolidar uma estrutura econômica.

Para Yezid Sayigh, do Carnegie Middle East Center, o EI só é forte onde tem apoio, o qual poderia diminuir dado à brutalidade das ações do grupo. A resistência dos curdos iraquianos e o que restou do Estado iraquiano, que é apoiado pelos Estados Unidos, pode freá-lo, mas não fazê-lo desaparecer.

Além disso, criar e manter uma economia estatal é complicado. Em muitos casos, a infraestrutura de exploração de petróleo e gás é antiga e necessita de uma renovação tecnológica difícil de ser obtida.

O Estado Islâmico e seu modelo de economia política, bem como o papel de atores externos, têm tornado a região ainda mais complicada.

(*) Mariano Aguirre é diretor do instituto Norwegian Peacebuidling Resource Centre (NOREF) www.peacebuilding.no
http://www.assuntosmilitares.jor.br/201 ... cia-o.html




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5742 Mensagem por Bolovo » Ter Ago 26, 2014 10:23 pm

Aviões do ISIS?

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5743 Mensagem por Ziba » Ter Ago 26, 2014 11:56 pm

Interessante




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5744 Mensagem por Sávio Ricardo » Qua Ago 27, 2014 7:53 am

Bolovo escreveu:Aviões do ISIS?

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Se sobrar algum, aposto que a FAB compra!




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#5745 Mensagem por J.Ricardo » Qua Ago 27, 2014 12:59 pm

Vai ser alvo fácil se sair do chão...




Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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