O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#31 Mensagem por Sniper » Sex Jul 25, 2014 10:19 pm

O ser humano é naturalmente um animal insatisfeito!

Tanto os sargentos quanto os oficiais prestaram concurso para ingressarem no Exercito, por que será que ninguém "largou o osso" se é tão ruim assim?




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#32 Mensagem por Clermont » Qui Set 04, 2014 1:22 pm

A realidade das praças nos Estados Unidos.

Por "Beto Fera" - Comunidade "Heróis de Verdade" do Orkut - 2 de março de 2009.

O Sargento-Mor é o equivalente no Brasil ao Subtenente.1

O Curso de Sargento-Mor, é realizado na Academia de Sargentos-Mores do Exército dos Estados Unidos (sigla em inglês USASMA), em Fort Bliss, na cidade de El Paso, Texas. A graduação de Sargento-Mor (SGM) é a posição mais elevada do graduado – Oficial Não-Comissionado (NCO) – no Exército Americano.

O militar poderá ser o graduado mais antigo de um comando de unidade a partir do nível batalhão, seguindo-se brigada, divisão, comando de exército. Esta função é chamada, em todos os níveis, de Sargento-Mor de Comando (CSM). O CSM faz cumprir as normas e assessora o comandante de qualquer nível, sendo o responsável pela apresentação e conduta de todos os praças, de soldado à sargento-mor.

No Exército Americano, há também o Sargento-Mor do Exército (SMA), que é o maior cargo da graduação de SGM, sendo exercido pelo graduado mais antigo no Exército. O militar, que exerce essa função de assessor, trabalha com o Comandante do Exército, visando as seguintes áreas: problemas relacionados com o pessoal; educação, crescimento e progressão profissional do graduado; instrução, pagamento, promoções e outros assuntos concernentes ao pessoal.

O Exército Americano possui uma estrutura diferenciada, se comparada com a estrutura do Exército Brasileiro. Onde a experiência do praça é aproveitada em todos os escalões. Estabelecido em 1971, o Sistema de Ensino de Oficiais Não-Comissionados (NCOES) consiste de quatro níveis progressivos de instrução; primário, básico, avançado e sênior.

A missão de cada nível é preparar graduados para posições de maiores responsabilidades, compatíveis com o desenvolvimento de suas carreiras e grau hierárquico. O Curso de Sargento-Mor do Exército dos Estados Unidos (SGMC) representa a linha mestra desse sistema. É o ápice do sistema de ensino do Exército para os graduados.

Com um novo sistema de ensino para as praças, o Exército Americano estabeleceu também a criação da USASMA, que iniciou seus trabalhos em janeiro de 1973. Empregando técnicas de ensino baseadas em trabalhos de grupo.

A partir de junho de 1981, a USASMA assumiu o encargo de desenvolver as habilidades de liderança, no âmbito dos graduados do Exército, treinando-os nas áreas de comando, comunicação, administração, habilidades profissionais e estudos militares. A USASMA também mantém um controle operacional sobre o Curso de Primeiro-Sargento (FSC), durante cinco semanas.

O Curso de Sargento-Mor de Comando (CSMC), administrado pela USASMA a partir de 1989, é realizado no período de uma semana. Seu objetivo é dar aos militares escolhidos para ocupar posições de CSM, os conhecimentos necessários para desempenhar efetivamente a função de assessoramento aos comandantes de unidades de nível batalhão. As posições para brigada, divisão e comando de área são escolhidas entre aqueles que já exerceram função em unidades de nível batalhão ou subseqüente.

O topo da carreira da praça do Exército Americano é a graduação de SGM, pois não há o acesso ao oficialato, como ocorre no Brasil, por intermédio do Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO). Entretanto, se o militar se graduar em uma universidade, terá a oportunidade de acessar uma academia e se tornar um oficial de pleno direito, por meio de uma prova de habilitação. A grande diferença entre os dois exércitos está no fato de que o sargento-mor tem fortíssima influência perante o comandante e perante todos os graduados da OM, por estar lotado diretamente no estado-maior da unidade em contraste com o oficial brasileiro do QAO que está mais ligado a funções administrativas e, na maioria dos casos, perde o vínculo com os graduados.

Motivação e busca incessante por desempenhos de alto padrão são metas permanentemente perseguidas pelos militares americanos. Nação guerreira, não descuida jamais do preparo de seus homens e baseia toda a sua força no homem. O desenvolvimento da liderança militar é preocupação desde os primeiros momentos da vida na caserna, bem como o bem estar do combatente dentro das OM e também fora destas, através de uma excelente rede de apoio às famílias.

Como podemos notar a distância que separa a realidade da praça dos Estados Unidos para as praças brasileiras é um abismo!

Os Estados Unidos necessitaram perder vergonhosamente dois conflitos e passar po diversos problemas de fluxo de comando em outros, para começar a valorizar o seu sargento. Elo fundamental entre o comando e a tropa!

Será que o Brasil precisa de uma guerra com outro país ou de um estado de violência sem controle nas cidades, como vem acontecendo, para valorizar suas praças?

Brasil Acima de Tudo!

______________________________

Nota do Clermont: 1 Na verdade, o sargento-mor americano não tem equivalente no Exército brasileiro. O subtenente brasileiro, como o mais elevado praça graduado numa companhia de fuzileiros, equivaleria ao primeiro-sargento americano (que é diferente do 1º sargento brasileiro).




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#33 Mensagem por eagle » Sex Set 12, 2014 5:53 pm

Refletindo sobre o "post" do Clermont, me ocorreu a seguinte questão : O que os colegas acham do fato dos sargentos do EB e FAB já ingressarem em suas respectivas forças na referida graduação ? Perdoem-me se me manifestei em tópico errado.Em tempo, concordo plenamente com o exposto acima.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#34 Mensagem por Clermont » Sex Set 12, 2014 6:29 pm

eagle escreveu:O que os colegas acham do fato dos sargentos do EB e FAB já ingressarem em suas respectivas forças na referida graduação ?
A única coisa que eu sei é que, por exemplo, no Corpo de Fuzileiros Navais brasileiro isso não acontece. Nas armas combatentes, um 3º sargento fuzileiro naval de infantaria só conquista sua graduação tendo começado, lá atrás, como fuzileiro dentro do GC passando a cabo comandante de esquadra de tiro.

Assim também era no Exército alemão da Segunda Guerra Mundial, como também no americano. E ainda funciona do mesmo jeito no atual Exército dos Estados Unidos. Só uma vez, durante a Guerra do Vietnam, os americanos usaram um sistema semelhante ao da Escola de Sargentos das Armas no Brasil, abrinco vagas para civis serem incorporados e concluírem o curso como sargentos. No Vietnam, esses graduados receberam o apelido de "sargentos Shake & Bake".

"Shake & Bake" era uma marca de ração de galinha na época...

Aqui, no Brasi, uma vez responderam aqui no Fórum DB que na média, 50 % dos formados da ESA vieram das fileiras dos soldados e cabos do chamado "Núcleo-Base" ou "Efetivo Profissional". O restante é civil. Seria necessário conhecer dados que comparem o desempenho de ambos os grupos, ao longo de seu tempo de serviço, para tentar chegar à conclusões.




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#35 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Set 12, 2014 7:35 pm

eagle escreveu:Refletindo sobre o "post" do Clermont, me ocorreu a seguinte questão : O que os colegas acham do fato dos sargentos do EB e FAB já ingressarem em suas respectivas forças na referida graduação ? Perdoem-me se me manifestei em tópico errado.Em tempo, concordo plenamente com o exposto acima.
Não sei a resposta certa, mas imagino qual seja, o EB não espera manter soldados e cabos por muito tempo em serviço (temporários, SMO, convocados, etc), quando alguém quer fazer carreira o EB já facilita com a entrada como sargento, mas após 2 longos anos de preparo.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#36 Mensagem por eagle » Sáb Set 13, 2014 4:33 pm

Minha primeira impressão é de que a experiência como Soldado e Cabo é muito importante para o desempenho da função de Sargento, mas posso estar enganado.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#37 Mensagem por cehsarus » Sáb Set 13, 2014 7:59 pm

Sem dúvidas que a experiência como cabo e Sd seria importante, mas com a definição de que o serviço obrigatório deve continuar isso ficou mais complicado, porque, como os soldados não são concursados como acontece no CFN e na MB, não podem seguir "carreira" e ficam no máximo oito anos.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#38 Mensagem por cehsarus » Sáb Set 13, 2014 8:08 pm

Clermont escreveu:Aqui, no Brasi, uma vez responderam aqui no Fórum DB que na média, 50 % dos formados da ESA vieram das fileiras dos soldados e cabos do chamado "Núcleo-Base" ou "Efetivo Profissional". O restante é civil.

Isso já não é assim, antes o concurso tinha 50% das vagas reservadas para militares, mas isso deixou de acontecer porque as vagas de militares não eram completadas pq os candidatos militares não alcançavam a nota mínima de 5,00.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#39 Mensagem por eagle » Seg Set 15, 2014 8:37 pm

Minha visão do EB no Séc.XXI é um Exército sem o serviço militar obrigatório, carreira do militar graduado começando como Soldado, como ocorre na MB, e fim da estratégia de presença.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#40 Mensagem por thicogo » Seg Set 15, 2014 11:22 pm

Segundo o estatuto dos militares, soldados/marinheiros e cabos são elementos de execução,ou seja, fazer faxina.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#41 Mensagem por Clermont » Seg Out 20, 2014 7:44 am

RODINHA DE BIRITA NO VIETNAM.

Coronel James L. Estep, Exército dos Estados Unidos - "Company Commander Vietnam - Comanche Six", Presidio Press, 1991.

O sargento-mor Cooper, nosso sargento-mor de comando, era um dos mais coloridos dos soldados do batalhão. Eu tive a oportunidade de ficar íntimo dele durante o breve intervalo antes de a unidade retornar a Binh Dinh. Exigente, bom de copo, sargento totalmente profissional do alto da cabeça até as pontas dos pés, ele conhecia bem a importância de relaxar num ambiente de combate, quando havia a oportunidade para tanto. Eu gostava dele.

Birita, da boa, não era admitida no mato, e com razão. Portanto, ela fluía muito livremente durante a chamada pausa de serviço em An Khe, com os soldados da divisão [1ª Divisão de Cavalaria (Aeromóvel)] contemplando Campo Radcliff, depois de meses no mato, de forma muito similar como os marinheiros olhavam seu porto de origem, depois de uma longa temporada no mar. Uma das cabanas onde as bebidas rolavam soltas era aquela do sargento-mor de comando.

Nos dias derradeiros da permanência do batalhão em An Khe, Cooper convidou um par de comandantes de companhia, vários dos seus tenentes e alguns de nós, no estado-maior, para sua cabana para um coquetel noturno.

Tendo chegado tarde, vi que o sargento-mor e meus colegas oficiais estavam "entornando" já há um bom tempo.

"É, e foi essa a última vez que eu alguma vez ouvi falar do jovem Romeu," dizia Cooper, rindo, enquanto eu entrava.

"Quem é Romeu?" Perguntei, casualmente, puxando uma cadeira.

"Realmente, quem é Romeu!" respondeu o sargento-mor. "Bem, isso foi antes de sua época, capitão. Pra falar a verdade, foi antes da época do velho." (Um comandante de unidade, neste caso, coronel Lich, tradicionalmente, e respeitosamente, é referido como o "velho".).

"Bem, Romeu - que é como o chamávamos, por razões que logo ficarão óbvias - era um garoto de dezessete anos, dos campos de Indiana... ou era do Illinois?"

Ela pausou, momentaneamente, como se este aspecto na existência anterior de Romeu pudesse ter alguma relevância para a história, então, evidentemente, concluindo que não, prosseguiu. "Oh, bem, não importa a porra de onde ele saiu, ele era um jovem garanhão que ainda não tinha saído da fazenda até ser recrutado e acabado aqui no Nam... ondel ele se apaixonou."

Ele começou a rir, como os outros, que obviamente apreciavam ouvir a saga de Romeu, tanto quanto o sargento-mor se deliciava em contá-la.

Mas, então, abruptamente, ele parou de rir e, num tom sério, disse,

"Cavalheiros, a parte não-engraçada desta história é que perdemos, o Exército perdeu, o que poderia de outro modo ter sido um bom soldado, para a danada de uma puta comunista!"

Após uma breve pausa, continuou. "Mas isso é irrelevante."

"Diabos, a história é tão velha quanto o próprio Exército e não há nada que se possa realmente fazer sobre ela. Rapaz sai da fazenda, vai para o além-mar, e se apaixona pela primeira puta na qual ele mete, que, provavelmente ou não, é também a primeira metida de sua vida. De qualquer modo, nosso Romeu se apaixonou por aquela coisinha doce da aldeia, na última vez que o batalhão estabeleceu segurança de base - merda, quase um ano atrás. Bem, se apaixonar tudo bem, mas quando chegou o momento de voltar para o mato, Romeu decidiu que ficaria na aldeia com seu amor verdadeiro... hã ... conhece a história, primeiro amor, não pode mais viver sem ela, Charlie [o inimigo] pode pegá-lo se ele voltar e por aí vai. Então, o batalhão retorna ao mato e relata o jovem Romeu como AWOL [Ausente Sem Licença]. E no dia seguinte, os PMs vão até a aldeia, o recolhem e o devolvem ao destacamento de retaguarda [a força residual do batalhão em An Khe], onde ele é confinado aos alojamentos, até que sua companhia possa ser informada de sua apreensão."

"Enquanto isso, seu verdadeiro amor volta para sua família em Qui Nhon, com idéias de matrimônio na cabeça. Bem, Romeu sabendo disso, decide se "desconfinar". Ele então, apenas anda para fora do campo, aborda um ônibus local, e vai para Qui Nhon. Uma semana depois, os PMs o encontram lá, o recolhem e o trazem de volta para An Khe uma segunda vez."

"Agora, o comandante do destacamento de retaguarda - esse foi o seu predecessor, senhor," ele disse olhando para mim, "sentindo-se um pouco embaraçado a respeito de sua primeira desaparição, pôs um guarda com uma .45 carregada junto a Romeu e iniciou um Artigo 32." (O Artigo 32 do Código de Justiça Militar Uniforme, prevê uma investigação pré-julgamento de alegações sérias para determinar ou não se a alegada ofensa deve ser encaminhada para corte-marcial.)

"Nesta mesma noite, o guarda, achando que precisva de uma pausa curta para cerveja no Cavalo Preto, algema Romeu ao seu catre e vai embora."

O sargento-mor pausa, brevemente, para ordenar seus pensamentos e misturar outro drinque. Vários de nós seguem o exemplo.

"Agora, como vocês podem adivinhar," continuou, de novo olhando para mim, "quando o guarda retornou, ambos Romeu e seu catre tinham desaparecido! Danação, agora que penso nisso, nunca mais achamos aquele beliche. De qualquer modo, a PM agora sabia onde encontrar o jovem Romeu, assim, rapidamente o pegaram em Qui Nhon e o trouxeram de volta para cá, uma terceira vez. Desnecessário dizer que o RDC estava emputecido! (O RDC era o Comandante da Área de Retaguarda, [Rear Detachment Commander])

Sendo assim, ele decidiu mandar Romeu para LBJ." (Cooper não estava, neste contexto, fazendo referência ao nosso comandante-chefe, o presidente Lyndon Baines Johnson; ele estava referindo-se à instalação penitenciária do Exército dos Estados Unidos no Vietnam, localizada em Long Binh, que os snuffies ["Snuffy", uma gíria designando os praças] chamavam Long Binh Jail ou simplesmente, LBJ.) "Portanto, o RDC começou a movimentar as rodas para o confinamento pré-julgamento. Bem, o comandante de companhia de Romeu ouviu sobre isso e disse, "De jeito nenhum! Nenhum danado de AWOL meu vai ficar com sua bunda preguiçosa sentada em LBJ, à salvo e fazendo três refeições quentes por dia, enquanto o restante de nós sofre aqui fora. Enfiem o jovem Romeu no próximo "pássaro" de logística voando [helicóptero] e ele poderá cumprir seu pré-julgamento aqui no mato!" O que, quando a gente pensa, faz um bocado de sentido."

"Acho que sim," concordei. "Quer dizer, se ele está no campo com sua companhia, dificilmente poderá vagabundear por Qui Nhon à vontade."

"Exatamente!" respondeu Cooper. "Especialmente a área que sua companhia estava então trabalhando, subindo as montanhas a oeste do Vale Feliz. Quer dizer, era "território índio", o playground de Charlie, a porra da selva por quilômetros de nada e sem ninguém!"

De novo, ele fez uma breve pausa, muito como um comediante faria antes da parte final da piada, e notando os sorrisinhos nas caras dos meus colegas oficiais, eu senti que estávamos chegando a esse ponto na história do sargento-mor.

"Então," ele disse, começando a rir, "o jovem Romeu voltou para o mato no "pássaro" de logística da noite na ZP English [Zona de Pouso]. De volta ao seu pelotão, o tenente o colocou numa posição de combate de dois homens durante a noite - sabe, um de pé, outro deitado" (querendo dizer, um homem acordado enquanto o outro dorme).

"Bem, quando surgiu a primeira luz, Romeu tinha sumido! Arma, mochila e Romeu! Foram-se!"

E isso ainda não era a parte final da piada. Eles estavam rindo, mas contidos.

Havia mais por vir.

"Agora, o comandante de Romeu não teve escolha a não ser reportá-lo como MIA (Desaparecido em Ação, Missing In Action),"

Cooper continuou. "Você sabe, dar ao camarada e sua família o benefício da dúvida, porque provavelmente ele estaria morto agora, e se não estivesse, no melhor dos casos, retornaria como PG [Prisioneiro de Guerra] quando as coisas finalmente acabassem."

Após uma breve pausa, ele sorriu e disse, "Na noite seguinte, a PM esbarrou com Romeu na cabana de sua namorada em Qui Nhon! Naturalmente, eles o recolheram e devolveram a An Khe pela quarta e última vez."

Fim da piada!

Após as gargalhadas morrerem, o sargento-mor finalizou sua saga de Romeu num tom quase sério.

"Tanto quanto posso dizer, a última vez que ouvi de Romeu, ele estava em LBJ, aguardando corte-marcial. Agora, provavelmente ele deve estar quebrando pedras em Leavenworth. Mas, sabe, o Exército não devia ter mandado o jovem Romeu para a cadeia. Deviam tê-lo mandado para os "States" para lecionar num curso de fuga e evasão - ensinar pilotos e outros babacas de alto-valor a evadirem-se de Charlie caso sejam apanhados nas "badlands". Quero dizer, você pode imaginar alguém capaz de sair andando de um perímetro de companhia como aquele, no meio da noite, no meio da selva, e abrir caminho através de sessenta ou oitenta quilômetros de "território índio" até Qui Nhon! Merda, o amor verdadeiro não tem limites!"

"Não sei, não, Top," observou um primeiro-tenente da Companhia Bravo, um pouco envelhecido, mas em boa-forma e muito bronzeado. "Quer dizer, tudo o que o sujeito precisava fazer é descer até a Auto-estrada 19, ir até o leste para a Auto-estrada 1, e seguir nela até Qui Nhon. Diabos, seu Romeu provavelmente pegou carona com o primeiro 2,5 Ton viajando pela "19" na manhã após ter abandonado a companhia, sabendo que o snuffie dirigindo não ia dizer uma palavra sobre recolhê-lo ali."

"Certo, tenente Russel," respondeu Cooper, "se você acha que isso não foi nada mais do que a porra de um passeio no bosque, por quê não tenta fazer isso na próxima vez que a Bravo estiver trabalhando no Vale Feliz? Vou arranjar as coisas com o velho, pra que sua foto saia na Stars and Stripes, e então, mandaremos você de volta para Benning para lecionar Fuga & Evasão!"

Russel apenas sorriu de volta, aparentemente satisfeito por ter, em algum pequeno grau, diminuído a grandiosidade da história do sargento-mor. Mais tarde fiquei sabendo que não havia nada rancoroso nisso; Cooper e Russel, este mesmo sendo um sargento superior antes de adquirir uma comissão, conheciam-se "desde que Cristo era cabo" e, meramente, gostavam de estarem em quase constante discórdia verbal. Também contaram-me que se Cooper parecesse estar ganhando uma de suas freqüentes altercações, Russel se deleitava em agarrar a oportunidade para lembrá-lo de que, independente do que estivessem discutindo a respeito, os primeiro-tenentes eram superiores dos sargentos-mores, o que é algo que eu não podia conceber que um tenente sugerisse a qualquer sargento-mor! No entanto, ainda mais tarde nesta noite, depois da conversa ter saído dos feitos de Romeu para as prerrogativas de patentes, e o coquetel ter saído do âmbito social para o esporte de competição, eu testemunhei o tenente Russel fazer exatamente isto.

"Não me entenda errado, Top," disse numa voz um pouco arrastada, ainda que sutilmente antagonizante. "Quer dizer, você se saiu muito bem. Diabo, sargento-mor de batalhão é uma bela posição de peso, bela mesmo. Mesmo assim, você não é um oficial e nunca será, e, é claro, isso significa que todo oficial no batalhão - como questão de fato, na porra do Exército inteiro - ultrapassa você. Mas,... hã... você sendo um praça graduado profissional e tudo, estou certo de que entende isso."

O sargento-mor, sentado no outro lado da mesa de Russel, estava soltando fumaça.

Primeiro de tudo, ele, obviamente, não gostava de ser tratado por "Top", um apelido normalmente reservado para um primeiro-sargento de companhia, não para um sargento-mor de comando de um batalhão - e, é claro, Russel sabia disso.

Em segundo, ele não estava muito excitado com a essência dos comentários de Russel, concernentes á estrutura de postos do Exército.

"Ouça, bundão."

"Pra você, é "Senhor, tenente Bundão, Top", Russel interrompeu, sorrindo, antagonizando, bêbado.

"Como quiser, senhor tenente Bundão!" Cooper respondeu, desafiadoramente, enquanto se colocava, de forma pouco firme, de pé. "Eu sei muito bem que está me sacaneando, senhor, mas a porra da verdade simples é que você não pôde "fazer o oito"!" (Russel tinha sido um sargento de primeira-classe, E-7 [Enlisted Seven, o sétimo grau dos praças americanos] antes de ser comissionado. Se tivesse permanecido nas fileiras, sua próxima posição teria sido para o grau de E-8.) "Não pôde chegar à primeiro-sargento de uma companhia de linha, então decidiu jogar como candidato na escola para meninos de Benning e por algum milagre, ou erro administrativo, conseguiu uma 'barra de manteiga' lá". ["barra de manteiga" é o apelido pejorativo para a barra dourada que é a insígnia de segundo-tenente).

"E os barras-de-manteiga também ultrapassam os sargentos-mores, Top,' disse Russel, tentando com pouco sucesso, ficar de pé, para fazer face à Cooper.

"Muito bem, senhor tenente! Vou contar-lhe um pequeno segredo. Eu podia ter feito a mesma coisa; qualquer graduado com um mínimo de capacidade podia. Mas, veja, nós preferimos viver como soldados! Nós gostamos de pensar que nossa próxima promoção será baseada em nossa capacidade de ser soldados, não em como nossas línguas são compridas para podermos lamber sacos! E mais, se eu quisesse, eu podia ser duas vezes mais oficial do que você jamais será algum dia!"

"Ah, é! Pois muito que bem, deixe-me desafiá-lo então, Top. Se você realmente pensa que pode dar um oficial duas vez mais do que eu sou, ora, então, por quê não se candidata a uma comissão direta... hummmmm?" O tenente Russel afastou-se da mesa do sargento-mor, na qual ele e vários de nós estávamos sentados, numa valente tentativa final de ficar de pé. Fracassou e caiu para trás, em sua cadeira, sua cabeça batendo no piso de concreto da cabana com um baque surdo.

De algum modo hesitante, mas ainda firmemente plantado sobre seus pés, Cooper abriu caminho ao redor da mesa, olhou para baixo na direção de Russel - que aparentemente decidiu que o piso era um lugar tão bom quanto outro para descansar o resto da noite - e disse, "Muito bem, Russ, eu posso fazer justamente isso. Sim, senhor, eu posso fazer esse negócio."

E ele fez.

Não foi muito tempo depois do coquetel do sargento-mor, enquanto a Companhia Bravo estava em segurança de perímetro na ZP English, que o primeiro-tenente Russel recebeu uma mensagem ordenando que se apresentasse imediatamente ao capitão Cooper no comando do batalhão . Supostamente, o único comentário de Russel foi, "Oh, merda. E eu vou ter de prestar continência para ele, também."

O capitão Cooper, é claro, não permaneceu muito tempo com o 5º Regimento de Cavalaria.

Por razões que nunca fui capaz de discernir, o Exército vê desfavoravelmente seus antigos sargentos servindo como oficiais na mesma unidade na qual ganharam suas comissões. Logo após tornar-se um capitão, o ex-sargento-mor Cooper foi transferido para o único batalhão mecanizado da divisão, para lá assumir o comando de uma companhia de fuzileiros mecanizados.

E, num dia claro e ensolarado, logo depois disso, enquanto o capitão Cooper estava de pé no topo de sua viatura blindada de transporte de pessoal M-113, um tocaieiro norte-vietnamita teve sorte e enfiou um projétil bem no meio do peito de nosso antigo sargento-mor.

_____________________

O coronel James L. Estep, ingressou no Exército dos Estados Unidos como soldado, em 1957. Ascendeu a sargento e então conquistou uma comissão como oficial, reformando-se em 1989 com a patente de coronel. Ele serviu quatro temporadas de serviço no Vietnam: como graduado de Forças Especiais, como oficial de Forças Especiais, como comandante de companhia de fuzileiros e como conselheiro do Exército sul-vietnamita. Na condição de comandante de companhia, foi citado muitas vezes, conquistando a Estrela de Prata, a Estrela de Bronze, três Purple Hearts entre outras.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#42 Mensagem por prp » Seg Out 20, 2014 8:37 am

cehsarus escreveu:
Clermont escreveu:Aqui, no Brasi, uma vez responderam aqui no Fórum DB que na média, 50 % dos formados da ESA vieram das fileiras dos soldados e cabos do chamado "Núcleo-Base" ou "Efetivo Profissional". O restante é civil.

Isso já não é assim, antes o concurso tinha 50% das vagas reservadas para militares, mas isso deixou de acontecer porque as vagas de militares não eram completadas pq os candidatos militares não alcançavam a nota mínima de 5,00.
Deixou de acontecer porque era inconstitucional, não tem nada a ver com militares alcançar a nota mínima.




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#43 Mensagem por cehsarus » Seg Out 20, 2014 11:08 am

prp escreveu:
cehsarus escreveu:
Isso já não é assim, antes o concurso tinha 50% das vagas reservadas para militares, mas isso deixou de acontecer porque as vagas de militares não eram completadas pq os candidatos militares não alcançavam a nota mínima de 5,00.
Deixou de acontecer porque era inconstitucional, não tem nada a ver com militares alcançar a nota mínima.
Falso. O concurso para a EsSA era constitucional porque os 50% das vagas reservadas para militares eram consideradas como concurso interno. Assim como ocorre em vários Órgãos. Assim como ocorre no concurso de Soldado S1 e concurso para o Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica. Como ocorre no concurso de oficiais do Quadro Auxiliar da Armada e de Fuzileiros Navais da marinha. Como está acontecendo com o concurso para oficial CHQAO do EB...




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#44 Mensagem por jauro » Seg Out 20, 2014 4:23 pm

Concurso interno é para se apurar os méritos daqueles que já foram concursados e já estão dentro da Força. Exemplo, concurso para cabo e sargento fuzileiro naval, para o CHQAO, concurso de admissão à EsCEME.
Para quem vai ingressar no serviço público (pela 1ª vez), o concurso é de âmbito nacional e não pode haver reserva de vagas para qualquer classe já existente. Assim é para o EB, MB e FAe. No EB funciona para o concurso da ExPCEx, da EsFCEx, da EsSA e da EsSLog




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Re: O Exército Brasileiro dos Anos 2000 - Uma visão.

#45 Mensagem por henriquejr » Seg Out 20, 2014 6:42 pm

Mas na FAB existe o EEAR A, destinado ao público em geral, e o EEAR B, destinados aos Cabos. Se não me engano, são disponibilizados a mesma quantidade de vagas.




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