MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4426 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Mai 25, 2014 10:29 pm

irlan, isso é possível, mas depende basicamente de duas coisas:
1) Da competência dos governantes brasileiros;
2) Da incompetência dos governantes portugueses;

Quanto ao item 2 estou certo que podemos contar com isso, o problema é que o item 1, um ótimo exemplo de oximoro.

Mas, se, hipoteticamente falando, esses dois itens colaborassem então, sim, é possível o brasileiro ter o poder de compra de um português ou até maior.




"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4427 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mai 27, 2014 9:32 am

Estou sem tempo para participar do fórum, mas este artigo é interessante por mostrar onde realmente está o problema da economia brasileira, e indicar que ações focadas no mercado de consumo (seja para incentivá-lo seja para inibi-lo) pode até afetar a inflação, mas vão ter pouco ou nenhum efeito sobre o crescimento. Por isso reservei um tempinho para copiá-lo aqui.

Não tem mais jeito, ou se resolvem os gargalos que entravam a produtividade e a eficiência das empresas instaladas no país, ou é caminhar lenta mas seguramente para o buraco. O resto, sejam políticas populistas ou conservadoras, será tempo e esforço jogados pelo ralo.
Eficiência ferida

José Paulo Kupfer - O Estado de S.Paulo - 27 de maio de 2014

A taxa de poupança na economia brasileira se encontra num ponto historicamente muito baixo. Mas as razões para que não tenha passado de 13,9%, em 2013, vindo numa descendente desde 2009, não são as que costumam ser apontadas por um grande número de economistas.

Não é a explosão do consumo das famílias, nem muito menos a "generosidade" do sistema de seguridade social, o fator que mais contribui para rebaixar a taxa de poupança aos atuais e anêmicos níveis. Diferentemente dessas teorias, a taxa de poupança é mais diretamente influenciada pelo volume de lucros retidos pelas empresas. Os lucros retidos desabaram nos últimos anos e a taxa de poupança desabou junto.

O achado é fruto de uma cuidadosa pesquisa realizada pelo Centro de Estudos do Instituto Ibmec (Cemec), sob a coordenação de seu diretor, o economista Carlos Antonio Rocca, professor da Faculdade de Economia da USP e ex-secretário de Fazenda em São Paulo. "No mundo inteiro, pelo menos metade da poupança agregada vem dos lucros retidos", diz Rocca. "No Brasil, esse porcentual é até um pouco mais alto." Os lucros retidos, conforme mostram as tabelas do Cemec, responderam, em 2013, por quase 60% da poupança agregada, depois de representarem, há dez anos, dois terços do total.

Ocorre que, nos últimos dois anos, os lucros retidos das empresas não financeiras de capital aberto sofreram um enxugamento abrupto. Se, de 2005 a 2011, os lucros retidos giraram na faixa de 3% do PIB, recuaram para níveis baixíssimos, equivalentes a 0,8% do PIB, em 2012, e 0,5% do PIB, no ano passado. Como parcela da poupança nacional, os lucros retidos das empresas desceram, nestes últimos 9 anos, de mais de 10% do total para menos de 8%.

Os lucros retidos foram à lona porque sua fonte primária - os lucros líquidos - encolheu. A equipe de Rocca constatou que o total do lucro líquido das empresas não financeiras de capital aberto se manteve equivalente a cerca de 3,5% do PIB, entre 2005 e 2011, mas despencou para 1,9% do PIB em 2012, e recuou mais, para 1,6%, no ano passado. O recuo dos lucros retidos foi ainda maior porque as empresas decidiram preservar a parcela destinada ao pagamento de dividendos. Estes se mantiveram, de 2005 para cá, no nível histórico em torno de 2% do PIB.

A poupança das famílias, aquela que, segundo certos diagnósticos, explicaria a queda da poupança agregada, não tem apresentado, de acordo com os levantamentos do Cemec, alteração significativa em seu comportamento histórico. No período analisado, variou, ano a ano, em torno de uma fatia de 5% do PIB, o que resultou, com o recuo da poupança como um todo, em aumento de participação. De 24,5% do total da poupança, em 2008, a poupança das famílias saltou para 37%, em 2013.

Soam muito estranhos, diante desses constatações, os diagnósticos bem corriqueiros no Brasil, segundo os quais, para aumentar a taxa de poupança doméstica, o Brasil deveria seguir o exemplo chinês e cortar benefícios previdenciários e de saúde básica, para impelir as famílias a poupar. Detalhe: ainda que a poupança das famílias chinesas seja bem mais alta que a das famílias brasileiras, também na China a principal fonte de poupança são os lucros retidos - que, no caso, engordam a poupança pública, já que o Estado chinês é sócio na grande maioria das empresas.

Esse tipo de "macroeconomia do lar", que tenta comparar os problemas orçamentários da dona Maria e do seu João com as questões de natureza muito diversa da administração dos agregados econômicos, tende a produzir diagnósticos que podem levar à formulação de políticas equivocadas. Os verdadeiros males da baixa taxa de poupança agregada brasileira, como mostram com clareza os consistentes levantamentos de Rocca, ferem a geração de lucros nas empresas. Dizem respeito, assim, a uma muito preocupante perda cumulativa de eficiência do principal motor da economia.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4428 Mensagem por Bourne » Qui Mai 29, 2014 10:02 am

Já que ninguém leu o artigo da página passada, transcrevo o trecho sobre a "nova matriz macroeconômica" que saiu da cabeça dos campineiros durante o governo Dilma.
4 – Do “Desenvolvimentismo Inconsistente” ao fracasso da “Nova Matriz
Macroeconômica”.

O regime de crescimento adotado pelo Brasil a partir da crise financeira internacional de 2008 baseia-se na ideia do “desarollo hacia dentro”, a qual guarda grande similaridade com o regime wage-led discutido anteriormente19. Trata-se de um modelo no qual as políticas de redistribuição de renda e de aumento real do salário mínimo, em conjunto com uma forte expansão do crédito bancário, deveriam estimular um vigoroso crescimento dos gastos de consumo, o que levaria os empresários a
aumentar os gastos de investimento, permitindo assim um aumento simultâneo da capacidade produtiva e da produtividade do trabalho. Nesse caso, seria possível obter um elevado crescimento do PIB e dos salários reais, ao mesmo tempo em que a inflação seria mantida sobre controle.

Esse regime de crescimento, no entanto, resultou num dilema de política econômica, qual seja, um trade-off entre competitividade externa e estabilidade da taxa de inflação, de tal maneira que o referido regime pode ser, na verdade, caracterizado como “desenvolvimentismo inconsistente”.

Com efeito, o forte crescimento da demanda doméstica no período (2007-2012) levou o desemprego a níveis historicamente baixos, fazendo com que os salários reais crescessem acima da produtividade do trabalho, exacerbando a perda de competitividade decorrente da apreciação cambial acumulada desde 2005, ao mesmo tempo em que alimentava as pressões inflacionárias latentes na economia brasileira. O resultado disso foi um aumento significativo do custo unitário do trabalho, principalmente na indústria de transformação, conforme podemos observar na Tabela II abaixo.

(...)

Com efeito, no final do ano de 2012, o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, afirmara que o governo brasileiro havia adotado uma “nova matriz macroeconômica” caracterizada pela combinação entre juros
baixos, câmbio competitivo e política fiscal “amigável” ao investimento público (Valor Econômico, 17/12/2012). Essa nova matriz macroeconômica deveria levar a um aumento considerável do ritmo de crescimento do investimento ao longo do ano de 2013, de maneira a permitir a aceleração do crescimento da economia brasileira.

Outra razão do fracasso é a permanência da taxa real de juros em patamares elevados. Com efeito, a taxa Selic representa a taxa de retorno da aplicação financeira livre de risco na Brasil, uma vez que ela é a taxa que remunera as assim chamadas letras financeiras do tesouro, as quais são um tipo de título de dívida emitido pelo governo federal que tem liquidez diária. No momento em que escrevo este artigo a taxa Selic se encontra em 11,00% a.a. Supondo uma expectativa de inflação para os próximos 12 meses de 6%, então a taxa real de juros da aplicação financeira livre de risco na economia brasileira é igual a 4,71% a.a. Em poucos lugares do mundo uma aplicação livre de risco gera uma taxa de retorno tão alta. O efeito disso sobre a decisão de investimento é perverso. Como a taxa de juros das aplicações livre de risco é muito alta, os empresários só estarão dispostos a realizar aqueles projetos de investimento cuja taxa de retorno supere a taxa de juros livre de risco por uma elevada margem (essa margem é o que se conhece como prêmio de risco). O problema é que numa economia que se
defronta com uma forte sobre-valorização cambial e que possui sérias deficiências de infra-estrutura – problemas esses que se somam a incerteza oriunda da política macroeconômica que se comporta como uma “biruta de aeroporto” - poucos são os
projetos de investimento cuja taxa de retorno supera, por uma margem suficientemente grande para se tornar atrativa para os empresários, a taxa de juros livre de risco.

Fonte: http://joseluisoreiro.com.br/site/link/ ... 989497.pdf

(...)
Uma leitura possível (não do Oreiro) é que a política de crescer por distribuição de renda é limitada pelas condições de oferta. Só resolvidas com investimento em infraestrutura, melhora da burocracia, reformas e tudo mais que reduzam custos e elevem a produtividade. Assim, elevar o crédito para consumo não surte mais efeito, a disponibilidade de fundos públicos para empresas investirem não é usada por falta de interesse. Incentivos tributários pouco alteram o quadro.

Uma alternativa é olhar para mercado externo e tentar direcionar a demanda para outros mercados, mas também sofre restrição da oferta e capacidade de competição da industria nacional. O que caí na necessidade de melhorar as condições de oferta. Porém, na matriz econômica atual, com a filosofia "o importante é produzir aqui", não cria incetivo para conquistar mercado externo, pesquisar e desenvolver soluções e produtos dentro de empresas nacionais e implementar uma integração altiva à economia mundial. Pelo contrário, os preços internos continuam elevados, a qualidade e tecnologia dos produtos ruins, incapaz de concorrer internacionalmente, fora ou dentro do país, recorrendo a pressão por mais incentivos e medidas de proteção.

Durante o governo Lula teve pelo menos três fases.

A primeira bem ortodoxa com austeridade fiscal, incetivo à exportação, construção das politicas de distribuição de renda e prosseguimento de reformas. Ambas permitiram redução do desemprego, elevação da renda, melhora da distribuição da renda, nível de vida em geral.

A segunda proveniente da crise de 2007-08 para manter a economia aquecida no curto prazo com políticas anticíclicas através da elevação de crédito públicos, desoneração fiscal, redução de juros. Deu certo. Porém é uma política de curto prazo que deve ser relegada á momentos de crise.

A terceira é a "nova matriz econômica" baseada no distributivismo, incetivos fiscais e creditícios, isolando o país do resto do mundo. É uma ideia que saiu da cabeça dos campineiros, orientados por uma distorção dos modelos de crescimento pela demanda kaldorianos, em que uma maior demanda, incetiva o investimento e transformação estrutural. Uma espécie de reedição em outras bases do segundo PND II dos anos 1970.

O problema é que o mundo mudou. Sem incetivos para ganhos e investimentos, encontrados em uma demanda crescente, o investimento não cresce e a economia não avança. O distributivismo fica restrito as condições de oferta. Sem maior demanda, não existe crescimento. Alguns país da criança como Wilson Cano afirmam e reafirmam a necessidade de mais protecionismo e aprofundar a filosofia "tem que produzir aqui".

Nem mais Dona Dilma acredita nessa "nova matriz econômica". Dizem que as cartas de demissão estão escritas e serão mandadas pelos idos de novembro.

Hora de mandar o currículo. Vai que me dão cargo importante. [003]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4429 Mensagem por irlan » Qui Mai 29, 2014 8:24 pm

Que papo é esse que vão mexer na poupança das pessoas?

Alguém leu isso hoje?

http://odia.ig.com.br/noticia/economia/ ... micos.html




Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4430 Mensagem por LeandroGCard » Sex Mai 30, 2014 12:57 pm

Com o restante do texto eu concordo plenamente, mas não sei se estou de acordo com o que é descrito abaixo:
A primeira bem ortodoxa com austeridade fiscal, incetivo à exportação, construção das politicas de distribuição de renda e prosseguimento de reformas. Ambas permitiram redução do desemprego, elevação da renda, melhora da distribuição da renda, nível de vida em geral.
Não tenho tempo de procurar números agora, mas pelo que me lembro na primeira fase do governo PT, durante a maior porte do mandato do Lula, foi mantida basicamente a mesma política econômica do FHC, que já havia fracassado fragorosamente durante o governo do PSDB (e acabado com a Argentina). A única diferença notável foi o fim da política de privatização à todo custo, mas os juros altos, câmbio sobrevalorizado, abertura da economia à entrada de capitais externos e etc... continuou a todo vapor. De resto as únicas ações pró-ativas do governo Lula foram na área social, com o aumento real do salário mínimo, bolsa família e etc... . Mesmo o PAC na verdade não realizou quase nada, e certamente menos do que se já se realizava antes dele :? .

Em termos de realmente fazer alguma coisa para colocar o país em uma rota de crescimento sustentável o governo Lula foi uma verdadeira nulidade. Não se melhorou nada em nada, a burocracia, os impostos, a falta de eficiência, os gastos absurdos e etc..., tudo isso continuou exatamente na mesma. Os poucos anos de crescimento um pouco mais robusto durante o governo dele coincidiram justamente com o ciclo de crescimento acelerado mundial e a explosão dos preços das commodities, então faz muito mais sentido atribuir o aparente “sucesso econômico” deste período a estes fatores externos do que a qualquer ação do governo brasileiro. E ainda assim só surfamos mesmo lá para o finalzinho deste ciclo, desperdiçamos a maior parte da onda.

Nem mais Dona Dilma acredita nessa "nova matriz econômica". Dizem que as cartas de demissão estão escritas e serão mandadas pelos idos de novembro.

Hora de mandar o currículo. Vai que me dão cargo importante. [003]
O que me assusta é que a “mudança” que os candidatos mais fortes à próxima eleição e a grande mídia pedem é justamente a volta ao modelo FHC/PSDB de arrocho combinado com o desmanche unilateral da capacidade industrial do país, e que era ainda pior do que a inação generalizada do governo do PT :roll: .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4431 Mensagem por Bourne » Dom Jun 01, 2014 11:38 am

Tipo isso :lol:
Retrato do Desastre Econômico no Governo Dilma

Fonte: http://rgellery.blogspot.com.br/2014/05 ... l?spref=fb

Saíram os números referentes às Contas Nacionais relativos ao primeiro trimestre de 2014 (link aqui). O resultado que mais chamou atenção foi o baixo crescimento do PIB, no trimestre em questão o PIB cresceu 0,2% na série com ajuste sazonal. Em relação ao primeiro trimestre de 2013 o crescimento foi de 1,9%. Outro número relativo ao PIB que chamou atenção foi a revisão para cima do crescimento de 2013, o valor original de 2,3% foi revisto para 2,5%. A revisão não muda o diagnóstico que fiz aqui no blog quando do lançamento dos números originais (link aqui).

A análise do PIB pela ótica da produção mais uma vez mostra a agricultura como o setor que mais cresce no Brasil, cresceu 3,6% no período. A indústria decresceu, mostrando mais uma vez o fracasso da mudança na política econômica em atingir um dos objetivos que mais desejava, qual seja: aumentar a participação da indústria no PIB. Na comparação com o primeiro trimestre de 2013 a indústria cresceu 0,8%, menos da metade do crescimento do PIB. Porém a indústria de transformação, objeto maior das políticas industriais defendidas por Dilma e sua equipe, teve uma redução de -0,5%. O resultado positivo da indústria foi devido a indústria extrativa mineral que cresceu 5,4%.

Pela ótica da demanda a queda do investimento também aponta para o fracasso da mudança de política econômica. Queiram ou não os defensores da Nova Matriz Econômica (ainda existe algum defensor?), os principais objetivos da nova matriz, recuperar a indústria e aumentar a taxa de investimento, não foram alcançados, pelo contrário. Não estou surpreso, acreditar que a manipulação de alguns preços vai resolver os problemas da economia brasileira sempre esteve além das minhas capacidades. A verdade é que se a nova matriz tivesse funcionado estaríamos vivendo um racionamento de energia, não o paraíso sonhado pelos que acreditam que o problema é o câmbio ou os juros.

Como desgraça pouca é bobagem a crença que a política de estímulo à demanda, a queda dos juros e a desvalorização do câmbio despertariam o espírito animal dos empresários e nos levariam a um ciclo de aumento do investimento e de crescimento não apenas reduziu a taxa de investimento como levou a taxa de poupança ao patamar mais baixo dos últimos anos. A figura abaixo, retirada do relatório do IBGE, mostra as taxas de poupança e investimento no Brasil. Poupamos 12,7% da renda contra 17% que poupávamos quando Dilma começou a nos governar. Sem poupança e com a necessidade urgente de aumentar a taxa de investimento o caminho é apelar cada vez mais para poupança externa, ou seja, vamos nos endividar ainda mais com o resto do mundo. Tudo fica mais grave porque, ao contrário do cantando em prosa e verso pela turma do câmbio, a desvalorização do câmbio veio acompanhada por uma redução no saldo comercial, na realidade no primeiro trimestre de 2014 o valor das importações de bens e serviços foi maior que o das exportações de bens e serviços.

A necessidade de financiamento da economia brasileira chegou a R$ 66 bilhões no primeiro trimestre de 2014, no primeiro trimestre de 2009, quando a crise financeira deixava o mundo em pânico, a necessidade de financiamento foi de R$ 14 bilhões e no primeiro trimestre de 2011, logo após a posse de Dilma, a necessidade de financiamento era de R$ 28 bilhões. É difícil encontrar exemplos de política econômica com resultados tão ruins como a política econômica de Dilma. Uma política anunciada como a salvação da indústria de transformação teve a indústria, particularmente a indústria de transformação, como maior vítima. Uma política anunciada como a que ia gerar o maior ciclo de investimento das últimas décadas viu a taxa de investimento despencar. A presidente que começou o governo afirmando que seria lembrada como a presidente do PIBão viu nos seu governo uma das menores taxas de crescimento da história. Se pelo menos ela aprendesse com os erros...
Não compro a crítica do texto. Apesar do autor ser renomado, não quer dizer que seja obrigado à concordar. Postei por que é uma opinião que critica a "nova matriz econômica" pela visão oposta do Oreiro.

O governo Lula eram políticas sociais para distributivismo durante o primeiro mandato. O planejamento era avançar em reformas estruturais no segundo. Porém veio a crise política do mensalão que excluiu o Palocci que era o cão de guarda do grupo, frente aos radicais do PT como em relação ao pessoal capineiro que está lá. Grande parte dos que não eram do grupo foram convidados a ser retirar. Em seguida, a crise econômica mundial trouxe como receituário básico de enfrentamento de curto prazo incetivo a demanda interna, fortalecendo o pessoal na nova matriz, mesmo sendo uma estratégia que todo mundo fez uso e está longe de ser um monopólio desse grupo. Agora continuam com a mesma política, sem considerar que não funciona.

Os avanços sobre modelos de investimentos em infraestrutura, concessão, reforço do financiamento à inovação e política industrial foram gestados e implementados no primeiro governo Lula pré-crise. Investimentos com participação privada com conservação de estradas, recapeamento, concessão de portos e tudo tem uma história de uma década. Agora que começaram a funcionar. Apesar de terem sido distorcidas pelo grupo que assumiu o poder, orientando as medidas para se adequar à "nova matriz econômica". O refinamento dos instrumentos e modelos de governança tinha que continuar avançando, pois não vai ter um modelo pronto como países desenvolvidos com decreto, exige tempo e muito trabalho. As reformas mais evidentes e pesadas viriam no segundo mandato do Lula, abrindo caminho para o sucessor colher os frutos e pilotar sem emoções. O problema que se perdeu no caminho pela crise política interna e econômica externa. Agra a possibilidade é de voltar ao caminho anterior com uns seis anos de atraso com um ambiente bem mais arredio.

O cara mais equilibrado que conversei até hoje a questão foi Otaviano Canuto. Ele foi professor da Dilma, conselheiro próximo do Lula, que colocava em pauta as ideias e por que não acredita nesse pessoal campineiro, apesar de ser lá. Até hoje tem contado com a Dilma e dizer ser o candidato para ser ministro da fazenda e indicar os "bois de piranha" para consertar os estragos atuais e reconstruir a política econômica.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4432 Mensagem por Wingate » Qui Jun 05, 2014 10:24 am

Prezado colega Bourne,

Um amigo recomendou (para um analfabeto de carteirinha que sou em economia) o livro COMPLACÊNCIA, dos autores Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, Elsevier Editora Ltda., que traz uma análise do baixo crescimento atual do Brasil, com linguagem acessível aos "não-iniciados".

Você teria alguma informação sobre esses autores (isto é, se valeria a pena investir na aquisição do livro)?

Desde já, fico antecipadamente grato pelos sempre valiosos comentários do colega.

SDS,

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4433 Mensagem por nveras » Qui Jun 05, 2014 1:39 pm

Marechal-do-ar escreveu:irlan, isso é possível, mas depende basicamente de duas coisas:
1) Da competência dos governantes brasileiros;
2) Da incompetência dos governantes portugueses;

Quanto ao item 2 estou certo que podemos contar com isso, o problema é que o item 1, um ótimo exemplo de oximoro.

Mas, se, hipoteticamente falando, esses dois itens colaborassem então, sim, é possível o brasileiro ter o poder de compra de um português ou até maior.
Resposta de Marechal. :lol: :lol:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4434 Mensagem por Clermont » Qui Jun 05, 2014 10:36 pm

Não sabe.

Merval Pereira, O Globo - 05.06.14.

Ao ser perguntada por jornalistas estrangeiros recentemente por que o país cresce tão pouco em seu governo, a presidente Dilma deu uma resposta espantosa, mas coerente com a atual situação: “Não sei”. É preocupante que ela não saiba, mas a resposta confirma a impressão generalizada de que temos à frente do governo uma pessoa incapaz de dar resposta à crise em que o país está instalado.

O governo da presidente Dilma, com a previsão de que o crescimento do PIB este ano será em torno de 1%, terá o pior desempenho econômico da História republicana, com exceção de dois que tiveram crescimento negativo. O professor Reinaldo Gonçalves, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez um ranking dos governos brasileiros com base apenas na avaliação econômica desde Deodoro da Fonseca.

Ele classifica os que tiveram crescimento do PIB abaixo de 2,3% como os piores: além dos governos com queda do PIB durante os mandatos, Collor (-1,3%) e Floriano Peixoto (-7,5%), compõem a lista Venceslau Brás (2,1%) e Dilma Rousseff (2%), isso quando a previsão de crescimento era de 2,1% a 2,2% em 2013-14.

Em termos de comparação, governos “medíocres” foram aqueles que tiveram crescimento do PIB entre 2,3% (Fernando Henrique) e 3,1% (Campos Salles). Entre eles estão Afonso Pena (2,5%) e João Figueiredo (2,4%). A taxa média anual de crescimento do PIB brasileiro é de 4,5% no período republicano; a taxa de crescimento médio anual do PIB mundial é 3,5%.

Para o governo Dilma chegar à classe “medíocre”, seria necessário que as taxas de crescimento médio anual do PIB fossem maiores do que 2,8% em 2013-14, impossível de se concretizar diante do crescimento pífio de 2,5% ano passado e de previsão pior ainda este ano.

É por isso que os candidatos de oposição estão comparando a performance do governo Dilma às piores da República. Ontem, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos disse que o crescimento econômico do país é o pior “desde Deodoro da Fonseca”, o que, sendo uma quase verdade, já basta para a luta política pela Presidência da República.

A pesquisa do Pew Research Center, dos Estados Unidos, que mostra que 86% dos brasileiros consideram que a inflação é a principal causa do mau humor generalizado no país — que resiste até mesmo a uma Copa do Mundo — toca no ponto fulcral de nossa situação.

O governo, em busca de melhorar o crescimento a qualquer custo, aceitou um pouco mais de inflação e acabou sendo atingido por sua negligência. Se a presidente Dilma não está convencida ainda de que uma das principais razões para o país não crescer é a inflação estabilizada em níveis altos, que deveriam ser inadmissíveis, estamos bem parados.

A resiliência da popularidade da presidente Dilma, que ainda é vista com bons olhos pela maioria da população, é um ponto fora da curva neste cenário brasileiro atual, mas é muito difícil afirmar-se que esse ponto se manterá até a eleição como uma exceção, enquanto os níveis das demais facetas da administração federal permanecem no negativo.

Não sendo uma política carismática, a presidente Dilma dificilmente conseguirá manter essa distância da realidade, e necessariamente será tragada pelo ambiente negativo que domina o país. O fato de não poder ir a um estádio de futebol com temor de ser vaiada é significativo de clima, mesmo numa festa como a Copa do Mundo.

O perigo de despertar na multidão um sentimento negativo é tão grande que nem o ex-presidente Lula se arrisca a colocar a cabeça fora d’água, ele que gosta tanto de futebol e foi o maior responsável pela existência do Itaquerão.

Nem mesmo a torcida do seu Corinthians pode garantir que passe imune às críticas sobre a organização do Mundial de futebol, cuja desorganização começou em seu governo, responsável ao mesmo tempo pela glória de ter trazido o campeonato para o Brasil e de ter conseguido transformá-lo em um ônus para os governos petistas, sem o bônus que tanto buscaram.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4435 Mensagem por LeandroGCard » Sex Jun 06, 2014 10:32 am

Clermont escreveu:O governo, em busca de melhorar o crescimento a qualquer custo, aceitou um pouco mais de inflação e acabou sendo atingido por sua negligência. Se a presidente Dilma não está convencida ainda de que uma das principais razões para o país não crescer é a inflação estabilizada em níveis altos, que deveriam ser inadmissíveis, estamos bem parados.
Erro crasso ainda acreditar a esta altura do campeonato que uma causa importante do baixo crescimento é a inflação elevada, na verdade é bem o contrário, a inflação está elevada porque o crescimento está baixo nas áreas de investimento e de infra-estutura, fazendo com que a produção não acompanhe o consumo.

Mas erro muito pior ainda será acreditar que o combate à inflação pelo método tradicional de arrocho dos salários, corte de investimentos, moeda sobrevalorizada e juros elevados é que vai trazer o crescimento. Isso já vem falhando miseravelmente desde o governo FHC (quando nosso potencial de crescimento era muito maior e foi jogado no lixo), e com a situação atual só iria piorar ainda mais a situação. Falta muito pouco para jogar o país em uma espiral de recessão com inflação da qual ele dificilmente teria condições de se recuperar.

Ou alguém acorda e percebe que o problema está na ineficiência generalizada do país em tudo, da administração em todos os níveis à avaliação de investimentos, à saúde, educação, justiça e etc... e começa a consertar as regras erradas para fazer as instituições voltarem a funcionar, ou é ladeira abaixo forever, combatendo-se ou não a inflação :? .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4436 Mensagem por Bourne » Sex Jun 06, 2014 12:44 pm

O texto nível merdal Pereira :twisted:

A inflação é uma consequência da política econômica que quer crescer com incentivo à demanda, levando transmutação em maior investimento, produção e mudança técnica. O problema é que a passagem entre maior demanda e investimento não funciona. A questão está em por que as políticas de incetivo á demanda, o suporte público ao investimento não levam a maior investimento. Existe alguma coisa perdida no meio do caminho.

O próximo governo, seja reeleição da Dilma, Aécio ou Campos, não vai fazer milagre. Se falam é uma mentira descarada. A equipe técnica sabe que não tem milagre. O que ocorrerá, mesmo com Dilma, é voltar as reformas estruturais, viabilizar investimento em infraestrutura antiga e tecnológica, reformas da legislação e, apesar da resistência, tentar mudar política industrial. Coisas que demoram 5 - 10 anos para ter efeito. O consenso é que o modelo atual está morto. E os responsáveis serão convidados a se retirar.

Outra coisa, também é possível encarar a alta da inflação como conflito distributivo, em um ambiente que a massa das capitalistas não tem interesse em investir e ampliar produção, os salários não crescem e o consumo entrava. O resultado é que a elevação de preços se torna estratégia para expropriar renda. Sem necessariamente ter a ver com oferta e demanda.




Editado pela última vez por Bourne em Sex Jun 06, 2014 1:08 pm, em um total de 1 vez.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4437 Mensagem por Bourne » Sex Jun 06, 2014 12:55 pm

Wingate escreveu:Prezado colega Bourne,

Um amigo recomendou (para um analfabeto de carteirinha que sou em economia) o livro COMPLACÊNCIA, dos autores Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, Elsevier Editora Ltda., que traz uma análise do baixo crescimento atual do Brasil, com linguagem acessível aos "não-iniciados".

Você teria alguma informação sobre esses autores (isto é, se valeria a pena investir na aquisição do livro)?

Desde já, fico antecipadamente grato pelos sempre valiosos comentários do colega.

SDS,

Wingate
Não!!! Se não me engano foi esse que meti o pau no tópico por distorcer as teorias do desenvolvimento recente, dando uma explicação não é o que a teoria e evidências empíricas dizem.

Os livros de economia no brasil para iniciantes é basicamente venda ideológica com ideias distorcidas. O Fábio Giambiagi era um técnico respeitado do IPEA, mas no livro vende o peixe dele. O Alexandre Schwartsman é palpiteiro que defende seus interesses de homem de mercado. Não se assuste por ele ter PhD em Berkeley, pois ser doutora é um pressuposta, mas está longe de dizer se o cara é bom. Já li ele tomando pancada de um pesquisador do IPEA, Adolfo Sachsida, que tem vivencia acadêmica e trabalhos relevantes, apesar ter uma forte posição ideológica.

No Brasil, os que falam bem, entendem, acreditam e falam bem são: Bresser-Pereira; Oreiro; Beluzzo; leda Paulani; mônica de bolle. Procure eles que dão uma resposta melhor que esse livros ou dos palpiteiros dos meios midiáticos.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4438 Mensagem por Bourne » Sex Jun 06, 2014 1:05 pm

Uma proposta ideologizada que não ajuda em nada. Sem PPP, esqueçam investimentos em infraestrutura necessários, sorte que deixou Há muito de fazer parte dos dirigentes do PT e outros partidos grandes. O que tem que se fazer é construir melhores contratos e reduzir custos ao usuários final, seja para metrô, portos, estradas e tudo mais.

É claro que está dentro do delírio da Carta Capital.
O que querem os metroviários em São Paulo?
Expansão desabou nas gestões tucanas, e a falta de investimentos e as suspeitas corrupção trouxeram o colapso. Metroviários querem salário e mais segurança e conforto para o usuário
por Gilberto Maringoni — publicado 06/06/2014 04:30, última modificação 06/06/2014 04:31

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica ... -9253.html

A greve dos metroviários coloca novamente São Paulo diante de um de seus maiores problemas: o da mobilidade urbana.

A capital paulista é uma cidade em que as linhas do transporte sobre trilhos foram implantadas tardiamente. Enquanto metrópoles como Londres, Paris ou mesmo Buenos Aires começaram a instalar seus metrôs entre 1890 e 1910, São Paulo somente colocou em operação suas linhas em 1974. Mas os primeiros projetos remontam a primeira gestão do prefeito Prestes Maia (1938-45).

Os planos iniciais foram deixados de lado e somente na segunda metade dos anos 1960, quando a população já ultrapassava a marca de cinco milhões de habitantes, é que se iniciou a construção sistema.

Pequena extensão

Do início dos anos 1970 até hoje, a cidade implantou 75 quilômetros de linhas.

Se compararmos com metrópoles da periferia, que assentaram seus trilhos no mesmo período, como Seul e Cidade do México, a brasileira faz feio. Os dois municípios estrangeiros têm, respectivamente 287 e 226 quilômetros de vias, que cobrem boa parte da malha urbana.

O ritmo de construção diz muito sobre a dinâmica dos investimentos. Nos primeiros 17 anos de operação – entre 1974 e 1991 – foram implantados 57 quilômetros de linhas. Um ritmo de 3,35 quilômetros por ano.

Nos 22 anos seguintes - entre 1992 e 2014 – foram assentados apenas mais 18 quilômetros. Aqui, o ritmo desabou para 770 metros por ano.

Este segundo período coincidiu com as administrações do PSDB, que fizeram do ajuste fiscal e da falta de investimentos sua pedra de toque.

Em 1970, a cidade tinha 5,9 milhões de habitantes. Em 1991, eram 9,6 milhões os moradores da capital e hoje temos 11,25 milhões dividindo esse imenso chão.

O que isso indica? Que enquanto a população crescia e a urbanização se espalhava de forma desordenada, o investimento no mais moderno sistema de transportes para grandes cidades se reduziu. E pior: uma das linhas, a amarela, que liga a Estação da Luz ao Butantã, é privada. Ou seja, o poder público não tem controle sobre planos de investimento e gestão.

Mesmo assim, esse metrô de reduzidíssimo tamanho é vital para a cidade.

A pauta de reivindicações

Os metroviários foram à greve como último recurso, após várias tentativas de negociação com o governo do PSDB.

O que querem?

Nada demais.

Pedem um piso salarial equivalente ao salário mínimo – isso mesmo, mínimo! – calculado pelo DIEESE, o que dá R$ 2.778,63 por mês e o reajuste dos salários para acompanhar a inflação.

A pauta de reivindicações estende-se por 98 páginas. A maior parte das demandas versa sobre direitos trabalhistas. Mas há solicitações de interesse cidadão, que devem merecer especial atenção. Entre elas estão:

- Uma gestão empresarial democrática;

- O fim à privatização, “para que todo o investimento em sistemas metroviários seja realizado através desta, com a imediata suspensão do projeto de expansão (...) através de PPP’s” [Parcerias Público-Privada];

- Combate à corrupção, com demissão e “confisco dos bens e cadeia para todos os corruptos e corruptores envolvidos nas denúncias de cartel no Metrô”;

- Deve-se também “reverter o dinheiro confiscado em investimento e em expansão do metrô público e com redução da tarifa, rumo à tarifa zero”.

Os metroviários não estão aí para atrapalhar a vida de ninguém. Querem retomada de investimentos, para que o sistema não entre definitivamente em colapso.

Para isso é preciso expandi-lo rapidamente.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4439 Mensagem por Clermont » Sex Jun 06, 2014 1:07 pm

Lula diz que remédio contra inflação tem que ser tomado já.

Flávio Ilha, O Globo - 06.06.14.

PORTO ALEGRE – O ex-presidente Lula reconheceu nesta quinta-feira em Porto Alegre que a inflação já é um problema e que precisa ser controlada imediatamente antes “de chegar aos 40 graus”. Em palestra para uma plateia de empresários e dirigentes do PT durante evento de comemoração dos 10 anos da revista Voto, Lula disse que o Brasil não tem “direito de ficar brincando de retroceder” – em alusão às críticas da oposição sobre a situação econômica do país.

— Durante 11 anos este país está dando aumento real aos salários e durante 11 anos o salário mínimo tem aumentado, enquanto a inflação está pela primeira vez, há dez anos, dentro da meta. Está um pouquinho alta. É como se a gente não estivesse com 37 graus de febre, estivesse com 38 e precisando tomar remédio já para não deixar chegar a 39, 40 graus. Se não, tem que dar um choque mais pesado, dar um banho gelado. Mas a presidente Dilma tem esse compromisso porque ela sabe que quem perde com a inflação é quem recebe salário — disse.

Em outro trecho de uma palestra que teve mais de uma hora e meia de duração, Lula disse que o país continuou gerando empregos mesmo em plena crise econômica global, chegando a criar 10 milhões de vagas formais entre 2008 e 2013.

— E mantendo a inflação controlada. Também não estou gostando a inflação a 6% não, eu quero ela a 4%, de preferência a 3,5%. Nós precisamos brigar por isso. Mas não é só uma briga da Dilma, é uma briga nossa também. Cada vez que a gente abrir a boca tem que falar da inflação, criticando aqueles que querem ganhar no curto prazo o que deveriam ganhar no médio e no longo — afirmou. O ex-presidente também reconheceu que o crescimento poderia ser maior, mas ressalvou que nenhum país dentro do G-20 teve índices de elevação do PIB como Brasil durante os anos de crise econômica. O ex-presidente lembrou que no ano passado a economia se expandiu 2,5%.

— É pouco? É pouco. Eu gostaria que crescesse 5%, 7%. Mas quanto cresceram os Estados Unidos, os países europeus? Falta pouco para o Brasil ser a quinta economia do mundo, mas o PIB precisa crescer um pouquinho mais alguns anos seguidos — disse.

Durant. e a palestra, o ex-presidente se esforçou para comparar os governos petistas com os antecessores. Lula reclamou que o país tem um “extraordinário complexo de vira-lata”, capaz de fazer com que os brasileiros viajem ao exterior só para falar mal do Brasil. E disse que os empresários nunca ganharam tanto dinheiro no país quanto nos governos do PT.

— Agora inventaram uma coisa legal: quando a gente começa a falar das conquistas de emprego e tal dizem que não devem isso ao governo. Isso é esforço nosso, dizem. Mas por que então não foram tão esforçados no governo Fernando Henrique? — ironizou Lula.

Também ironizou a crítica dos tucanos em relação à inflação dizendo que até hoje deve ter papel higiênico comprado no período em que o economista Maílson da Nóbrega era ministro da Fazenda, com inflação de 80% ao mês.

— Eu vejo essas pessoas falando da inflação e nós estamos exatamente há 11 anos com ela dentro da meta, obedecendo as bandas, dois pra lá e dois pra cá, como se fosse um bolerão — comparou Lula.

ENCONTRO RESERVADO COM EMPRESÁRIOS DO GRUPO GERDAU.

O ex-presidente também minimizou os problemas de infraestrutura do país e citou o acesso ao crédito, as exportações, a produção e o consumo e a geração de empregos, especialmente na construção civil, como conquistas do governo. Lula também lançou um desafio aos empresários presentes: que alguém confirmasse que estava melhor em 2002 do que agora.

— Tenho certeza que este país não quer retrocesso. Vamos ter eleições e cada candidato vai prometer o que quiser. Mas o dado concreto é que este país sabe que não pode voltar atrás, alcançou um patamar que nós não temos o direito de brincar de retroceder — disse.

No final da palestra, Lula teve um encontro reservado com os empresários Jorge e André Gerdau – na palestra, o ex-presidente citou o industrial Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração do grupo siderúrgico, como seu “amigo”.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4440 Mensagem por Wingate » Sex Jun 06, 2014 1:32 pm

Bourne escreveu:
Wingate escreveu:Prezado colega Bourne,

Um amigo recomendou (para um analfabeto de carteirinha que sou em economia) o livro COMPLACÊNCIA, dos autores Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, Elsevier Editora Ltda., que traz uma análise do baixo crescimento atual do Brasil, com linguagem acessível aos "não-iniciados".

Você teria alguma informação sobre esses autores (isto é, se valeria a pena investir na aquisição do livro)?

Desde já, fico antecipadamente grato pelos sempre valiosos comentários do colega.

SDS,

Wingate
Não!!! Se não me engano foi esse que meti o pau no tópico por distorcer as teorias do desenvolvimento recente, dando uma explicação não é o que a teoria e evidências empíricas dizem.

Os livros de economia no brasil para iniciantes é basicamente venda ideológica com ideias distorcidas. O Fábio Giambiagi era um técnico respeitado do IPEA, mas no livro vende o peixe dele. O Alexandre Schwartsman é palpiteiro que defende seus interesses de homem de mercado. Não se assuste por ele ter PhD em Berkeley, pois ser doutora é um pressuposta, mas está longe de dizer se o cara é bom. Já li ele tomando pancada de um pesquisador do IPEA, Adolfo Sachsida, que tem vivencia acadêmica e trabalhos relevantes, apesar ter uma forte posição ideológica.

No Brasil, os que falam bem, entendem, acreditam e falam bem são: Bresser-Pereira; Oreiro; Beluzzo; leda Paulani; mônica de bolle. Procure eles que dão uma resposta melhor que esse livros ou dos palpiteiros dos meios midiáticos.

Valeu, colega! Muito obrigado pelos comentários e pelas dicas sobre autores.

Forte abraço,

Wingate




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