MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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LeandroGCard
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4396 Mensagem por LeandroGCard » Seg Abr 28, 2014 4:56 pm

Penguin escreveu:Entrevista: Fabio Giambiagi
'Produtividade tem de virar obsessão nacional', diz economista

Para Fabio Giambiagi, governo tem um papel pedagógico a cumprir: explicar à população que o paternalismo estatal terá de dar espaço à competição

Naiara Infante Bertão
Economista Fabio Giambiagi é professor da UFRJ e da PUC-RJ

Diante da incapacidade da economia brasileira de se expandir num ritmo acelerado, os entraves que a sufocam tornam-se mais patentes — e a produtividade é o principal deles. Não bastasse o custo Brasil, formado pelo conjunto explosivo de alta carga tributária, burocracia e falta de infraestrutura, outro desafio se interpõe no caminho entre o Brasil e o amplo desenvolvimento: o esgotamento da contribuição ao PIB dada pela incorporação de novos trabalhadores ao mercado de trabalho. Isso significa que, para que o país avance, será preciso que cada trabalhador produza mais e gere mais riqueza. E isso, segundo o economista Fabio Giambiagi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem de se tornar "uma obsessão nacional".
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O PT minou a produtividade devido às suas políticas protecionistas?
A crítica que cabe é que eles não perceberam que o modelo baseado na utilização extensiva de mão-de-obra e da ociosidade inicialmente existente, por meio de injeções maciças de estímulos à demanda (como o aumento do crédito), tenderia a se esgotar — e que seria necessário preparar o país para os desafios da nova fase. É como se eles estivessem utilizando um software 1.0 quando deveriam usar o 2.0: o que servia antes não serve mais. Sei que a idiossincrasia nacional não é algo que se mude em uma semana, mas quem está no Executivo tem um papel enorme no sentido de apontar direções. Eu gosto de lembrar que o papel da liderança política é liderar. Quem faz aquilo que as pessoas querem não é líder, é seguidor de tendências.
Este já é um artigo que traz alguma contribuição mais útil, por falar em um ponto crucial que é a produtividade. Mas se perde por dar a entender que ela pode ser buscada sozinha (quase que de forma messiânica - "o governo tem um papel pedagógico a cumprir. A missão é quase educativa"), sem estar atrelada aos demais fatores que atrapalham o crescimento econômico do país.

É claro que sem um aumento contínuo da produtividade não é possível sequer pensar em crescimento econômico sustentável no longo prazo, e sem ele qualquer tentativa de inserção do país nas cadeias de produção mundial vai redundar em fracasso, seja pela dizimação em massa das empresas nacionais ou instaladas aqui, seja pelo esmagamento da renda e do padrão de vida dos trabalhadores de menor produtividade (a grande maioria) que seria necessária para que o primeiro caso não acontecesse.

O problema é que aumentar a produtividade depende de investimentos não apenas em pessoal mais qualificado (educação + experiência) mas também de decisões de investimento não só em meios produtivos mais modernos mas também em produtos novos e inovadores (não adianta ter a fábrica mais produtiva do mundo para fabricar produtos obsoletos que ninguém mais quer comprar). Mas as decisões de investimento são tomadas por empresários (nacionais e estrangeiros) que pensam sobretudo no seu potencial de ganhos, e não estão nem aí para um eventual "futuro melhor para o país via aumento da produtividade". Para que eles decidam fazer os investimentos necessários é preciso que vejam alguma chance de ganhar dinheiro, mais do que ganhariam se investissem os recursos em outro negócio ou em outro lugar qualquer.

Este é o desafio do Brasil hoje. Fazer com que produzir aqui tenha pelo menos a mesma possibilidade de lucro que em qualquer outro lugar do planeta, sem apelar ad-infinitum para o fechamento do mercado que sempre tivemos. Isso implica em facilidade de negócios e competitividade equivalentes ao que existe no resto do mundo, e qualquer conjunto de ações que não inclua especificamente a busca disso estará fadado ao fracasso mesmo antes de começar. Se queremos ter produtividade temos que ser competitivos (o que implica em moeda no valor adequado, simplicidade administrativa, juros mais baixos, financiamento abundante e a custos não exorbitantes, infraestrutura adequada e etc...), um fator é sinérgico com o outro. Não adiantará nada tentar conseguir apenas uma destas coisas (produtividade) e esperar que a outra (competitividade) venha depois sozinha, por consequência, mesmo com tudo o mais continuando a jogar contra.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4397 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Mai 04, 2014 5:23 am

Reportagem do JN da Rede Globo sobre produtividade, destacando aqui, o setor agropecuário, com destaque para a Embrapa, de renome internacional. Exemplo industrial americano na indústria de tecnologia mostra diferenças fortes em relação aqui. E a infra estrutura nossa que ainda necessita de muitos avanços.

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Produtividade média da economia brasileira cresce 1% ao ano

http://g1.globo.com/jornal-nacional/vid ... o/3323132/




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4398 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Mai 04, 2014 5:28 am

Embrapa inaugura novo banco genético. Passaremos de 7º para 3º lugar entre os maiores bancos genéticos, atrás apenas de EUA e China. 8-]

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Pesquisa e Inovação

Embrapa completa 41 anos e inaugura maior banco genético da América Latina

24/04/2014 18h53

Brasília

Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil

(...)

Fonte: EBC

http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquis ... enetico-da




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4399 Mensagem por Bourne » Dom Mai 04, 2014 7:16 pm

Gasto com o custeio da máquina pública aumenta 28% no primeiro trimestre e contradiz discurso de austeridade do governo

Fonte: http://jlcoreiro.wordpress.com/2014/05/ ... -01052014/

ROSANA HESSEL


Apesar das promessas de austeridade, o governo da presidente Dilma Rousseff continua gastando como nunca. No primeiro trimestre, as despesas com o custeio da burocracia federal e da máquina pública aumentaram 28,8% em relação ao mesmo período do ano passado, muito acima da expansão das receitas, de 11,8%. O gasto administrativo, que inclui ainda programas como o Bolsa Família, também avançou mais do que os investimentos necessários para fortalecer a economia, que cresceram 21,5%.

No total, o dispêndio do governo teve elevação de 15,1%. A falta de convergência entre o discurso e a prática resultou numa queda de 34,6% no superavit primário do governo central, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência. Nos três primeiros meses do ano, a economia para pagar os juros da dívida pública foi de R$ 13,05 bilhões, o menor resultado para esse período desde 2010. Em março, isoladamente, o saldo positivo foi de R$ 3,2 bilhões.

Os números apresentados ontem, pelo Tesouro Nacional mostram , porém, que o Tesouro continua usando sem constrangimento o expediente da contabilidade criativa, lançando na contabilidade receitas não recorrentes para melhorar o quadro fiscal. Os resultados foram inflados com o recebimento de um montante artificialmente elevado de dividendos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco do Brasil e da Caixa. Somente em março, foram quase R$ 3 bilhões. No primeiro trimestre, o total somou R$ 5,9 bilhões, um volume recorde e 667,6% maior do que o registrado no mesmo período de 2013. Até o fim do ano, a previsão do governo é contabilizar R$ 23,9 bilhões com essa rubrica.

Vale lembrar que, em março, o país teve sua nota de crédito rebaixada pela agência Standard & Poor”s, entre outros motivos, pela perda de consistência da política fiscal. “Mais uma vez o governo está inflando o superavit primário, fazendo operações triangulares com esses bancos e o caixa do Tesouro. Eles estão insistindo em uma estratégia cujo resultado é a perda de credibilidade”, avaliou o especialista em contas públicas Felipe Salto, da consultoria Tendências.

Promessa

O economista-chefe da corretora Tullett Prebon Brasil, Fernando Montero, destacou que, além dos dividendos, houve um incremento no item “demais receitas”, que explodiu 74% no mês retrasado na comparação com março de 2013 e aportou um ganho de R$ 5,2 bilhões apenas nesse mês. “A brecha nas contas foi preenchida por dividendos, tributos sobre Transações Financeiras do Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações) e ressarcimentos à Previdência. Quanto tempo isso se sustenta?”, destacou.

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, prometeu que, em abril, o resultado será bem mais elevado, na casa de dois dígitos. Na avaliação dele, apesar de somar R$ 70,1 bilhões, equivalentes a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), no acumulado de 12 meses, o superavit do governo central ficou “dentro do esperado”. “Isso mostra que a meta para o quadrimestre, de R$ 28 bilhões, será cumprida”, disse. O saldo registrado até agora, no entanto, está abaixo da meta anual para todo o setor público, de 1,9% do PIB, ou R$ 99 bilhões. “Com o resultado do trimestre, dificilmente o governo conseguirá cumprir a meta, a não ser com maquiagem”, avaliou José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

E EU (Oreiro, vulgo porquinho :lol: )
COM ISSO
O aumento acentuado dos gastos públicos amplia a demanda por bens e serviços, o que contribui para estimular a alta de preços. Numa situação em que a inflação já está elevada, como ocorre atualmente no país, a expansão da despesa do governo pressiona os preços ainda mais e acaba deixando toda a responsabilidade pelo combate à carestia com o Banco Central, que precisa subir fortemente as taxas de juros. No entanto, juros altos desestimulam as vendas do comércio e os investimentos. Desse modo, o país não consegue crescer e gerar empregos. O ideal seria que as políticas monetária e fiscal fossem coordenadas, mas isso não vem acontecendo no Brasil nos últimos anos.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4400 Mensagem por Matheus » Dom Mai 04, 2014 10:41 pm

Queria entender onde ocorre o aumento do gasto de custeio...salario real do funcionalismo federal foi capado em 1/4 desde 2009...meu auxílio creche tem o mesmo valor de 15 anos atrás.....passamos de janeiro a março sem dinheiro pra manutenção de viatura. Uma diária mal e porcamente paga um hotel....e o resto subindo....luz 30%, cabeleireiro 50%, carne uns 20%...e o culpado da gastança é o funcionalismo....tá...conta a próxima. Se for aposentados até acredito, pois estão ficando velhos e a taxa de renovação é inferior ao de aposentados.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4401 Mensagem por Penguin » Seg Mai 05, 2014 10:23 am

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Brasil, o elo partido

Salvo exceções, o País está distante das cadeias de fornecimento globais, eixos do dinamismo econômico mundial

O ANO de 2014 está perdido para a indústria, anunciou a Fiesp em abril, oito meses antes do fim do período, aparentemente sem surpreender ninguém. O índice de confiança dos empresários do setor medido pela FGV caiu para menos de 100 pontos, o mesmo nível atingido na grande depressão mundial de 2009.

Dificuldades (e avanços) acumularam--se nos últimos anos, mas as principais agruras do setor vêm de décadas atrás. Estudos recentes apontam uma das consequências da crise crônica da indústria: o Brasil distanciou-se dos padrões internacionais e hoje, exceto no caso de algumas empresas, é um elo partido das grandes cadeias de fornecimento globais, também chamadas de cadeias produtivas ou de valor. A situação é preocupante, mas o País tem condições de resolvê-la, asseguram as análises.

Uma cadeia de fornecimento global é o conjunto de empresas de diferentes países envolvidos nas diversas etapas de produção de um bem ou serviço, da produção ao marketing e à distribuição. O Ford Escort produzido em 1981 na Europa com peças de várias procedências é considerado o primeiro carro mundial fabricado nesse sistema. O iPhone e o iPad são exemplos recentes de utilização da mesma lógica de suprimento.

Ficar fora dessas redes mundiais de suprimento equivale a apartar-se do mundo industrial e econômico contemporâneo, porque elas "baratearam enormemente os custos e aumentaram a eficiência dos sistemas da produção manufatureira", explica o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Mas "participar das cadeias globais é para quem pode, não para quem quer", diz Mario Bernardini, diretor de competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, a entidade responsável pela mobilização, há um mês, de 21 associações empresariais para pressionar o governo federal por medidas de apoio à indústria de transformação. As reivindicações abrangem câmbio, juros, carga tributária, concorrência de produtos importados, desoneração de investimentos, indexação de preços, custo de energia e infraestrutura.

O conjunto de problemas considerados sistêmicos expressos na pauta encaminhada pela Abimaq explica em parte a inserção reduzida da indústria local nas cadeias globais e o baixo valor agregado nas transações do País com o mundo. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a Organização Mundial do Comércio consideram o Brasil uma das economias com menor valor adicionado de itens importados nas suas exportações, da ordem de 10%. Mas a sua contribuição em valor acrescentado às exportações de outros países é a segunda maior entre as economias em desenvolvimento, principalmente por conta das vendas externas de insumos e de matérias-primas. O seu lugar é mais o de um fornecedor de insumos para empresas de outras origens adicionarem valor às suas cadeias produtivas do que um exportador de produtos com maior valor adicionado. Empresas multinacionais buscam o País atraídas pelo mercado interno ou pela exploração de recursos naturais, mas não o veem como um local para agregar valor às cadeias globais às quais estão conectadas, concluem OCDE e OMC.

A elevada concentração no topo das cadeias de valor globais restringe o espaço de inserção dos países em desenvolvimento, mostra um levantamento feito por Peter Nolan, da Universidade de Cambridge, um dos principais estudiosos de cadeias produtivas e consultor oficial do governo da China (leia a tabela). Três empresas, em média, controlam quase 70% dos mercados mundiais em 31 setores e subsetores. São as integradoras das respectivas cadeias de valor global, quase todas com sedes nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

Há apenas uma integradora brasileira, a Embraer, que reparte com a canadense Bombardier 75% do mercado mundial de aeronaves comerciais de 20 a 90 assentos.

O problema da baixa inserção da indústria brasileira ficou mais nítido com o impulso dado pela globalização às grandes cadeias produtivas mundiais. O setor foi menos ator e mais plateia desse movimento ocorrido entre 1980 e 2008. "A globalização é um fenômeno das economias asiáticas, europeias e americanas. Não chegou por aqui. Nós não fomos incluídos", diz Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

A participação reduzida do Brasil tem a ver com a política econômica dos anos 1970 e a crise da dívida externa nos anos 1980, responsável por um choque de 15 anos na economia. "Antes do Plano Real, a situação grave do balanço de pagamentos e a ameaça da hiperinflação afastaram o País das estratégias de migração e reorganização da grande empresa transnacional", diz Luiz Gonzaga Belluzzo, diretor daFacamp Faculdades de Campinas e consultor de Carta Capital. Apartir do plano, controlou-se a inflação, mas "a valorização do real, além de reanimar a vulnerabilidade externa, desfavoreceu a participação brasileira nas cadeias produtivas globais, sobretudo nos setores em que as transformações estruturais e tecnológicas ocorriam com mais intensidade".

O movimento de globalização e a estruturação das cadeias de valor globais abalaram também concepções enraizadas a respeito da evolução provável das economias nacionais e das empresas. "Ao contrário da crença dos economistas da corrente de pensamento dominante, o chamado mainstream, de que abrir as economias em desenvolvimento proporcionaria às empresas locais oportunidades para seguir o caminho daquelas dos países de alta renda, as três décadas de globalização testemunharam um grau sem precedentes de consolidação internacional e concentração industrial", dizem Peter Nolan e Jin Zhang, pesquisadora de Cambridge, no estudo Competição Global pós Crise Financeira.

A trajetória da Embraer contrasta com a da maior parte do setor industrial. A empresa iniciou a articulação de educação, manufatura e pesquisa há 45 anos, com apoio do governo, através do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Um desenvolvimento anterior, portanto, às políticas liberalizantes dos anos 1980.

Com as transformações financeiras e organizacionais e as novas formas de concorrência surgidas a partir dessa década, as grandes empresas dos países desenvolvidos reconfiguraram o ambiente internacional. O crescente comércio entre as indústrias e principalmente o suprimento mundial, ou global sourcing, tiveram um papel decisivo nas estratégias de internacionalização das cadeias de fornecedores beneficiadoras, a partir da década de 1990, das economias asiáticas, em especial da chinesa.

A maior parte do suprimento da Boeing, uma das integradoras da cadeia global de produção de aeronaves de grande porte, provêm de empresas do Japão, Coréia do Sul, Taiwan e China. A situação da Airbus, concorrente da Boeing, da Bombardier e da Embraer é semelhante.

"A realidade do setor aeronáutico, em âmbito mundial, exige produtos no estado da arte da tecnologia para manter as empresas competitivas e geradoras de empregos. Poucos fornecedores em todo o mundo estão aptos a prover muitos dos componentes e peças com as especificações necessárias para tais produtos, o que faz com que as cadeias sejam globalizadas", diz Nelson Salgado, vice-presidente-de-relações institucionais e sustentabilidade da Embraer. A empresa auxilia o desenvolvimento dos seus fornecedores nacionais para atendimento dos padrões de excelência e competitividade exigidos para inserção na cadeia global e aumento do índice de nacionalização dos seus produtos.




Editado pela última vez por Penguin em Seg Mai 05, 2014 7:14 pm, em um total de 1 vez.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4402 Mensagem por knigh7 » Seg Mai 05, 2014 1:00 pm

Analistas reduzem projeção do PIB em 2014 para 1,63%

Segundo o relatório Focus, estimativa para a inflação segue no teto da meta, em 6,50%
05 de maio de 2014 | 9h 01

BRASÍLIA - Economistas consultados na pesquisa Focus, do Banco Central, diminuíram a projeção de crescimento da economia em 2014 e mantiveram a previsão para a inflação. Para o PIB, a previsão recuou de 1,65% para 1,63%, porcentual que constava no relatório de quatro semanas atrás. Para 2015, a estimativa de expansão caiu de 2% para 1,91%.

A projeção para a inflação medida pelo IPCA em 2014 está no teto da meta, limite definido em 6,50%. Para 2015, a projeção ficou estável em 6%.

A expectativa de PIB menor se deve em parte à queda das estimativas para a indústria. A projeção para o crescimento do setor industrial em 2014 apresentou, no entanto, recuou de 1,40% para 1,21%. Para 2015, economistas mantiveram estável a previsão de 2,65%. Quatro semanas antes, a Focus apontava estimativa de expansão de 1,50% para 2014 e de 3,00% em 2015 para o setor.

Os analistas reduziram de 34,85% para 34,80% a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2014. Há quatro semanas, estava em 34,80%. Para 2015, segue em 35,00% há 20 semanas.

Inflação. A previsão de inflação para os próximos 12 meses à frente recuou de 6% para 5,93%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 6,07%.

Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2014 no cenário de médio prazo não apenas permanece acima do teto da meta como acelerou, passou 6,59% para 6,67%. Para 2015, a previsão dos cinco analistas subiu de 6,00% para 6,50%. Há quatro semanas, o grupo apostava em altas de 6,57% para 2014 e 6,00% para 2015.

Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a mediana das estimativas para o IPCA de abril ficou estável em 0,80%. Há quatro semanas, estava em 0,61%. Para maio, a projeção aumentou de 0,47% para 0,48%, há quatro semanas era 0,45%.

Juro. A previsão para a taxa Selic em 2014 também foi mantida. Economistas esperam um juro de 11,25% ao ano no fim de 2014. Há quatro semanas a previsão era a mesma. Para 2015, no entanto, a mediana subiu de 12% ao ano para 12,25%. A taxa básica de juros está em 11,00% ao ano desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreu em abril.

Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para a Selic no fim de 2014 passou de 11,88% ao ano para 12,13% e, para 2015, recuou de 13,00% para 12,88%. Há quatro semanas a projeção era, respectivamente, 11,88 % ao ano e 13,00%.

http://economia.estadao.com.br/noticias ... 3716,0.htm




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4403 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mai 05, 2014 1:10 pm

Penguin escreveu:O movimento de globalização e a estruturação das cadeias de valor globais abalaram também concepções enraizadas a respeito da evolução provável das economias nacionais e das empresas. "Ao contrário da crença dos economistas da corrente de pensamento dominante, o chamado mainstream, de que abrir as economias em desenvolvimento proporcionaria às empresas locais oportunidades para seguir o caminho daquelas dos países de alta renda, as três décadas de globalização testemunharam um grau sem precedentes de consolidação internacional e concentração industrial", dizem Peter Nolan e Jin Zhang, pesquisadora de Cambridge, no estudo Competição Global pós Crise Financeira.
Este é um alerta importantíssimo.

Se simplesmente se adotar a ideia de que basta abrir as fronteiras (o que é fácil) para a indústria e a economia entrarem nos eixos, sem antes resolver nossos problemas domésticos (o que é muito difícil), o resultado será exatamente o oposto do que se deseja, com a quebradeira em massa das empresas. Qualquer recuperação depois será muitíssimo mais difícil.
A trajetória da Embraer contrasta com a da maior parte do setor industrial. A empresa iniciou a articulação de educação, manufatura e pesquisa há 45 anos, com apoio do governo, através do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Um desenvolvimento anterior, portanto, às políticas liberalizantes dos anos 1980.

Com as transformações financeiras e organizacionais e as novas formas de concorrência surgidas a partir dessa década, as grandes empresas dos países desenvolvidos reconfiguraram o ambiente internacional. O crescente comércio entre as indústrias e principalmente o suprimento mundial, ou global sourcing, tiveram um papel decisivo nas estratégias de internacionalização das cadeias de fornecedores beneficiadoras, a partir da década de 1990, das economias asiáticas, em especial da chinesa.

A maior parte do suprimento da Boeing, uma das integradoras da cadeia global de produção de aeronaves de grande porte, provêm de empresas do Japão, Coréia do Sul, Taiwan e China. A situação da Airbus, concorrente da Boeing, da Bombardier e da Embraer é semelhante.

"A realidade do setor aeronáutico, em âmbito mundial, exige produtos no estado da arte da tecnologia para manter as empresas competitivas e geradoras de empregos. Poucos fornecedores em todo o mundo estão aptos a prover muitos dos componentes e peças com as especificações necessárias para tais produtos, o que faz com que as cadeias sejam globalizadas", diz Nelson Salgado, vice-presidente-de-relações institucionais e sustentabilidade da Embraer. A empresa auxilia o desenvolvimento dos seus fornecedores nacionais para atendimento dos padrões de excelência e competitividade exigidos para inserção na cadeia global e aumento do índice de nacionalização dos seus produtos.
A Embraer poderia ser maior ainda do que já é não fossem nossos problemas internos (ela inclusive é blindada contra alguns deles, como a falta de crédito ou de mão de obra especializada, e ainda conta com acesso preferencial ao mercado, via FAB). Mas a empresa tem o grande mérito de jamais parar de se aperfeiçoar naquilo que ela realmente domina e é importante, que é o desenvolvimento de novos projetos de aeronaves. No dia em que ela parar de fazer isso (por exemplo passando a fabricar projetos estrangeiros) ela deixará de ser uma empresa grande e promissora.

E infelizmente as possíveis fornecedoras brasileiras da empresa não tem a mesma proteção contra nossas mazelas internas, e por isso nem com ajuda da própria Embraer conseguem se firmar. O resultado é que os aviões da empresa acabam tendo pouquíssimo conteúdo nacional.


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cassiosemasas
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4404 Mensagem por cassiosemasas » Seg Mai 05, 2014 10:31 pm

é tudo uma questão de ponto de vista!!!
pois é uma coisa estranha pois esse Pnad gerou uma crise no IBGE porque estava sendo usado com cunho politico, engraçado isso..né!
Dilma convoca ministros para rebater críticas à política econômica
Durante o encontro, foram apresentados números que apontam crescimento na renda, apesar da desaceleração da economia


05/05/2014 | 22:13


A presidente Dilma Rousseff convocou nesta segunda-feira (5), no Palácio do Planalto, uma reunião com 21 ministros para desconstruir o discurso de economistas e as críticas recentes desferidas contra sua política econômica.

O ministro Marcelo Neri (Secretaria de Assuntos Estratégicos) apresentou ao alto escalão do governo dados que subsidiam o argumento de que, apesar de os dados econômicos mostrarem desaceleração da economia, há, nos últimos onze anos, crescimento na renda dos brasileiros.

As informações foram coletadas a partir da Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, e organizadas sob o nome "Desenvolvimento Inclusivo Sustentável? - As Novas Transformações Brasileiras". Após a audiência, o ministro explicou parte dos números apresentados.

Segundo Neri, "os dados mostram que a desigualdade cai e continua caindo. E a renda média das pessoas continua subindo, independente da situação macroeconômica".
"O brasileiro em suas casas está tendo um desempenho bem acima do desempenho que as contas nacionais e a maior parte dos economistas analisa. Em qualquer dimensão", disse.

Ele afirmou que a desidratação do PIB (Produto Interno Bruto), que serve para quantificar o crescimento da economia a partir da soma dos valores de tudo que é produzido no país, não é suficiente para analisar o desempenho econômico do governo.
Em vez disso, deu ênfase à variação anual da renda, que cresceu em média 3,5% desde 2005. A renda mediana, isto é, que abrange o valor central da amostragem, cresceu 7,1%.

"Não diria que é um erro [analisar a economia só pelo PIB]. O mercado está preocupado em precificar ativos. Agora, se o seu objetivo é entender como que vai a vida das pessoas, de fato acho que há uma análise incompleta", disse o ministro. A ideia defendida pelo ministro é que há uma contínuo "descolamento", conduzido durante os anos de governo Lula e Dilma, entre a renda e o mercado de trabalho e o desempenho econômico.

"O descolamento continua. Vejo as pessoas fazendo a análise nos últimos anos dizendo que vai descolar, vai desacelerar, mas o mercado de trabalho [não desacelera]. Para mim, a grande prova de resistência dessa nova classe média é a classe média continuar crescendo apesar do desempenho pior da economia. Até agora, não existe evidência."

Inflação

Segundo os dados expostos pelo ministro, houve, durante o primeiro semestre de 2013, queda no crescimento da renda da população -- o que ajuda, segundo ele, a explicar o fenômeno das manifestações de junho. Os gráficos mostram que, a partir de fevereiro de 2013, houve perda na renda domiciliar per capita de -0,54%. Em junho, havia recomposição de 1,28%, depois de uma sequência de perdas.

Questionado se a inflação poderia ter contribuído para esse cenário de queda e se isso poderia explicar as manifestações, disse: "Eu acho que o fenômeno das manifestações é um fenômeno bem complexo, ele tem múltiplas dimensões (...). Eu acho que a economia e principalmente a economia que importa às pessoas, o dinheiro no bolso, o trabalho, o poder de compra da renda das pessoas, de fato teve esse tropeço no primeiro e no segundo trimestre do ano passado, os dados mostram com clareza", disse.

"Isso em parte capta o efeito da inflação, você teve a renda real que cresceu menos do que a inflação cresceu, acelerou naquele período. (...) Mas acho que não é só isso, eu acho que, além disso, você tem um fenômeno redes sociais (...). Mas eu diria que é um conjunto grande de fatores, mas, vamos dizer, o PIB não ajuda a explicar. Ele dificulta", continuou.

Efetivação

Neri, que foi efetivado no cargo de ministro hoje, afirmou que já sabia de sua promoção desde o fim do ano passado, quando, em um jantar em dezembro no Palácio da Alvorada, Dilma avisou que tornaria sua condição de chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) definitiva.

Questionado se o erro na pesquisa do Ipea, órgão associado à SAE, que, em março, divulgou números equivocados sobre pesquisa de violência contra a mulher, não depôs contra sua permanência, disse que o fato adiou a nomeação. No entanto, minimizou o ocorrido: "Estou sendo promovido. Virar ministro é uma promoção. Acho que mostra a qualidade do meu trabalho", disse.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4405 Mensagem por Bourne » Ter Mai 06, 2014 9:56 am

Se o PNAD estiver viesado politicamente, dano-se. Tudo que se faz no brasil em relação a políticas públicas, avaliações de mercado e bem-estar, industria e consumo tem como base o PNAD. Esteja no IPEA ou universidades. Simplesmente, todos os modelos e planos estariam estimados com bases erradas, teriam que ser refeitos e ajustados.

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O legal do texto da carta Capital "Brasil, o elo partido" trazem a opinião de quem não entende nada de política industrial: os campineiros (Belluzo e Almeida). Os dois membros oriundos do mesmo pensamento de política econômica dos gurus do Guido Mantega. Os mesmos que defendem a política atual "tem que produzir aqui", empurrar estímulos de demanda, estatizar o crédito e fechar o país a competição internacional.

Eles insistem em aquecer a demanda, quando o problema é oferta. O tipo de política que serve para curto prazo, mas não sustenta no longo. Não apenas não cresce como acelera a inflação, que força elevar juros, dívida pública, piora a arrecadação e entra em crise fiscal. Dentro do governo Dilma tem gente que sabe e mostra que não vai funcionar, mas é ignorado.

Ainda distorcem o texto do Peter Nolan para politizar o debate e ataca o maldoso "mainstream". A carta capital precisa criar mocinhos e bandidos. O conceito de mainstream é bem elástico e muda o tempo todo. Por exemplo, nos EUA é que chamam de keynesiano, que desperta simpatia aos heterodoxos. Porém a carta Capital se descola do debate atual e outros que não precisam ser radicais para criticar a política industrial adotada pelo Brasil na Era Mantega ou o extremo de vamos abrir tudo e a eficiência virá. O material está no site do banco mundial, com muitos estudos financiados por agências chinesas.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4406 Mensagem por Clermont » Ter Mai 06, 2014 3:09 pm

Os estragos do governo petista em estatais.

O Globo - 06.05.14.

É um paradoxo que importantes estatais enfrentem enormes dificuldades num governo do PT, partido que se arvora em intransigente defensor das empresas públicas. Usa, inclusive, esta imagem como instrumento eleitoral. Foi assim em 2006, quando o partido acusou os tucanos e seu candidato a presidente, Geraldo Alckmin, de tramarem mais um programa de privatização, num apelo ao instinto nacionalista das ruas. O PSDB não soube responder à manobra, e Alckmin perdeu para Lula.

Tudo desandou no governo de Dilma Rousseff, no qual a Petrobras e o braço estatal do setor elétrico sob controle da União enfrentam sérios problemas, curiosamente impostos por políticas equivocadas do Planalto.

Se fosse outro governo, com o PT na oposição, já teriam ocorrido tentativas de instalar CPIs no Congresso, e haveria grande mobilização política em torno de um alegado projeto de levar estatais à ruína para privatizá-las a preço vil.

Os dados objetivos sobre a Petrobras e a Eletrobras denunciam uma gestão desastrosa. No caso, do principal acionista das empresas.

O mergulho dado pela cotação das ações das duas é revelador. A da Petrobras estava em R$ 29 quando Dilma assumiu. Desabou para abaixo dos R$ 15. Defensores do governo argumentam que, por trás da oscilação do valor de mercado da empresa, há variações no preço do petróleo no mercado internacional. Sim, mas enquanto as cotações voltavam a subir no mundo, a Petrobras continuava a se desvalorizar.

Há, portanto, causas específicas na desvalorização patrimonial da empresa. Duas delas: o uso da estatal como instrumento de controle da inflação, com o virtual congelamento do preço de combustíveis, vendidos no mercado interno abaixo do custo de importação, e a sua conversão em instrumento de substituição de importações de equipamentos, mesmo sob o risco de atrasos na execução de projetos e perda de eficiência operacional. Na administração de Graça Foster, há tentativas de se flexibilizarem algumas dessas regras para não prejudicar ainda mais a eficiência da empresa.

No plano geral, é a subordinação da Petrobras a objetivos político-ideológicos que afasta investidores de suas ações. No caso do sistema elétrico, há a subjugação da Eletrobras e subsidiárias ao projeto eleitoreiro de corte da conta de luz em 20%, também a qualquer custo. Resultado: o valor de mercado da Eletrobras caiu 75,8% desde 2010, de R$ 46 bilhões para R$ 11 bilhões. Como para a Petrobras, isso dificulta a capitalização futura da companhia via mercado de ações. Tem sido tão ruinosa a intervenção do governo no setor elétrico que ela gera um rombo fiscal nas contas públicas, devido a subsídios para evitar repasses ao consumidor antes da urnas de outubro.

É de suprema ironia que, ao subordinar estatais à visão intervencionista em voga no Planalto, o governo do PT aja como grande predador de empresas públicas.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4407 Mensagem por Bourne » Sex Mai 09, 2014 6:37 pm

Procuram-se trabalhadores

Trabalhar por aqui nunca teve prestígio. Foi coisa de escravo e de quem não tinha algo melhor a fazer
por Thomaz Wood Jr. — publicado 09/05/2014 04:52

http://www.cartacapital.com.br/revista/ ... -6550.html

O livro Produtividade no Brasil foi escrito a partir de pesquisas realizadas pelo McKinsey Global Institute em oito setores da economia. Conclusão: a produtividade do trabalho das empresas brasileiras é um quarto da produtividade do trabalho das empresas norte-americanas (tomadas como referência), ou seja, são necessários quatro brasileiros para gerar o valor que um norte-americano produz. No prefácio da obra, observa o economista Edmar Bacha, o caminho para aumentar a produtividade poderia ser mapeado, as empresas poderiam evoluir e, se o Brasil aumentasse em dez anos sua produtividade para até três quartos da produtividade norte-americana, a renda por habitante dobraria.

Importante: o livro foi lançado em 2000. O que mudou na produtividade do trabalho no Brasil a partir daí? Muito pouco. Uma década foi perdida. Dados recentemente divulgados pela revista The Economist mostram que, enquanto países como Coreia do Sul, China e Chile apresentaram forte evolução na última década, o Brasil permaneceu estagnado. Alguns setores e empresas evoluíram. Entretanto, o quadro geral é desanimador. Um conjunto de estudos divulgado pelo Ipea, em 2013, registrou conclusão similar: nosso desempenho em produtividade e tecnologia é insuficiente e precisa melhorar para viabilizar o crescimento econômico.

Os dados econômicos refletem a realidade que testemunhamos no dia a dia. Os restaurantes brasileiros são generosos no número de garçons, mas o atendimento é lento, os pratos vêm trocados e a conta chega errada. Nas dezenas de pequenas obras que empesteiam nossas cidades, para cada indivíduo trabalhando vemos sempre outros quatro (ou dez) observando. Visitar as modernas instalações de grandes empresas não revelará quadro distinto. A aparência pode ser de frenesi laboral, marcado por telefonemas urgentes e andares acelerados. Entretanto, um breve diagnóstico revelará uma infinidade de reuniões sem razão, projetos sem objetivo e iniciativas sem “acabativas”. Em suma: caos institucionalizado.

Se o ambiente, as leis, a infraestrutura e a cultura de trabalho não cooperam, a gestão nas empresas também não ajuda. Pesquisas indicam que as empresas brasileiras são, em geral, mal administradas. Sobra simpatia por modismos gerenciais, porém há pouco apreço por práticas consolidadas, aqueles processos e procedimentos básicos que não colocam a empresa na capa das revistas de negócios, mas que realmente importam.

Houvesse um índice Gini que medisse a distribuição do trabalho no Brasil, esse revelaria resultado tão desastroso quanto o de distribuição de renda, pois aqui poucos trabalham muito, a maioria trabalha pouco, e quase ninguém trabalha direito. Enquanto alguns setores e empresas carregam o piano da economia, gerando valor e divisas, outros setores e empresas apenas apreciam a música, sem ao menos pagar pelo ingresso. Tivesse a minoria produtiva consciência de classe, há muito teria posto a correr, ou trabalhar, as hordas parasitas do redor.

Qualquer executivo estrangeiro sabe que, ao cruzar a fronteira brasileira, começa a perder tempo: no trânsito infernal, com a infraestrutura insuficiente, a legislação arcaica, os impostos incompreensíveis, e a mão de obra pouco qualificada, frequentemente a sofrer de crônica laborfobia.

De fato, a aversão ao trabalho é uma antiga característica tropical. Trabalhar por aqui nunca teve muito cartaz. Já foi coisa de escravo e de quem não tinha algo melhor a fazer. Nas décadas recentes, o Brasil encheu-se de empregados, o que foi ótimo, mas não evoluiu na produtividade do trabalho, o que é péssimo. Quem quer o emprego quer o salário, a segurança e o consumo que vem do salário. Muito justo. Mas não parece querer a labuta justa que vem com o emprego.

O trabalho nos trópicos não recebeu herança similar à da ética protestante. Do modelo de colonização e do flagelo da escravidão herdamos a aversão à labuta. Pressionados, esticamos as jornadas e aceleramos o ritmo, recebendo em troca estresse e patologias, mas não conseguimos melhorar a forma como o trabalho é realizado. Recusamos o trabalho transformador e celebramos a mais conservadora preguiça, preparando-nos para perder mais uma década.
Não digo que concordo. Na verdade, grande parte do texto discordo, menos de que o países não consegue fazer reformas para ser mais produtivo, seguindo o caminho dos asiáticos e vizinhos sul-americanos. Alguma coisa no brasil entrava tudo.

O importante é ressaltar que o conceito de produtividade envolve elementos: estoque de capital; tecnologia; educação; burocracia que ajude e não atrapalhe; infraestrutura de transportes, comunicação e suporte a produção; administração das firmas; legislação; regulação entre outras. É um conjunto de fatores que ditam a produtividade da economia em que seu crescimento implica na melhora da renda e salários das famílias, refletindo em maior arrecadação e melhores gastos para melhorar a estrutura econômica e social, com resultado final de ganho de bem-estar. Este último o objetivo de qualquer países que queira se desenvolver ou, em outras palavras, melhorar a condição de vida da população. É teoria básica de crescimento e desenvolvimento econômico.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4408 Mensagem por Boss » Dom Mai 11, 2014 11:06 pm





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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4409 Mensagem por Wingate » Seg Mai 12, 2014 6:26 pm

Rodrigoiano escreveu:Embrapa inaugura novo banco genético. Passaremos de 7º para 3º lugar entre os maiores bancos genéticos, atrás apenas de EUA e China. 8-]

===================

Pesquisa e Inovação

Embrapa completa 41 anos e inaugura maior banco genético da América Latina

24/04/2014 18h53

Brasília

Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil

(...)

Fonte: EBC

http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquis ... enetico-da
Aproveitando esta ótima notícia, não seria interessante (considerando o assunto "produtividade" enfocado aqui pelos colegas), criar-se uma instituição similar voltada para a indústria, visando produtividade e inovação, nos mesmos moldes de eficiência da EMBRAPA mas visando prover ao empresário brasileiro (principalmente o pequeno e médio empresário) caminhos para uma melhor competitividade de seus produtos enfocando desde a administração da indústria até a linha de produção e posterior distribuição (logística)?

Sei que estou viajando na Hellman´s, porém, sonhar (ainda) não custa... 8-]

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4410 Mensagem por Bourne » Seg Mai 12, 2014 7:00 pm

Tipo isso :lol:
Crédito da Finep para inovação deve subir para R$ 10 bilhões este ano

Agência Brasil

http://www.em.com.br/app/noticia/econom ... -ano.shtml

Publicação: 11/05/2014 17:39 Atualização:
O volume de crédito concedido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para empresas inovadoras no país aumentou de R$ 1,1 bilhão, em 2001, para R$ 6,3 bilhões, no ano passado. Segundo o presidente da Finep, Glauco Arbix, os financiamentos deverão alcançar R$ 10 bilhões neste ano, quase dobrando em relação a 2013.

A estimativa se baseia no desempenho do Programa Inova Empresa, lançado há um ano pela presidenta Dilma Rousseff, com orçamento de R$ 32,9 bilhões, dos quais R$ 25 bilhões vêm de recursos da Finep e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Nós conseguimos uma demanda agregada, que está em processamento atualmente, com algumas operações já contratadas, de R$ 93,2 bilhões em projetos de tecnologia. É um volume de recursos muito forte que mostra a vontade trabalhar e entrar nas atividades de desenvolvimento tecnológico e de inovação”, diz Arbix.

A Finep lançou 12 programas vinculados ao Inova Empresa para áreas consideradas prioritárias pelo governo, como saúde, petróleo, energia, etanol, telecomunicações, em que o Brasil tem carência de tecnologia. Para Arbix, o déficit de investimentos na área ocorre pelo desequilíbrio na balança comercial, que obriga o país a importar tecnologia ou produtos de natureza tecnológica. “O Brasil tem também a preocupação de dominar e consolidar tecnologias internamente”, lembra.

Do total da demanda agregada de R$ 93 bilhões para o Inova Empresa, o presidente da Finep admitiu que deve ser feito um recorte entre 30% e 35% por causa da desistência de projetos pelas empresas ou por problemas de documentação. Mesmo assim, ele estima que, se a Finep e o BNDES contratarem 10% desses projetos a cada ano pelos próximos dois anos, isso significará algo em torno de R$ 30 bilhões de contratação, valor suficiente para duplicar o investimento privado empresarial em tecnologia e inovação.

O orçamento do Programa Inova Empresa engloba também recursos do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), além de R$ 3,5 bilhões em recursos não reembolsáveis para subvenção econômica (subsídios) ou para apoio a parcerias entre universidades e centros de pesquisas e empresas.

Na avaliação de Arbix, a expressiva demanda do programa significa que as empresas brasileiras já descobriram que o caminho para o desenvolvimento é o da tecnologia e da inovação: “É uma situação impensável um volume de demanda desse porte. É difícil imaginar isso há seis ou sete anos”. Ele, no entanto, reconheceu que existem desafios. “A economia brasileira não é inovadora. As empresas brasileiras, em geral, investem pouco em inovação se comparadas aos países mais avançados, e mesmo a países emergentes que competem conosco”, diz.

Apesar do baixo volume relativo de investimentos do tipo, o presidente da Finep destaca que está crescendo de forma acelerada o número de empresas que estão procurando meios para investir em inovação e tecnologia. “A demanda continua crescendo apesar das dificuldades na economia. Está havendo uma reviravolta na definição de estratégias das empresas brasileiras. Elas estão incorporando inovação às suas estratégias competitivas de crescimento e de ampliação de mercado, seja doméstico ou internacional”.

A demanda para o Inova Empresa envolve 2,7 mil empresas e 223 institutos e centros de pesquisa públicos e privados. Segundo Arbix, o intercâmbio entre as empresas e a universidade e empresa está sendo ampliado. Ele também cita a descentralização do crédito visando a atingir as micro, pequenas e médias empresas, por meio de bancos estaduais e fundações de amparo à ciência e tecnologia.

Uma terceira dimensão que contribui para o sucesso do programa, salientou Arbix, foi a redução do impacto da burocracia com redução de custos e de prazos e mais agilidade para análise dos projetos. Na Finep, o prazo de análise caiu de mais de 400 dias para 30 dias, graças à informatização total dos processos.
Em comparação com as linhas de crédito americanas que vão algumas centenas de bilhões por ano é pouco, mas considerando a diferença de escala até que não é ruim. O problema parece estar no desenho do programa e como determinar e medir objetivos e metas.

A agricultura e agroindústria acharam seus caminhos de exportação e como se manter lucrativas, visto na saída norte e pelo Uruguai que postei na geopolítica brasileira. A industria não vejo os grandes mudaram, a esperança são os pequenos mudarem a filosofia de negócio.

O problema acaba sendo como melhorar a produtividade para fora da porteira e barracão em infraestrutura de transportes, comunicação, tecnologia, burocracia entre outros. Por exemplo, não pode admitir que um caminhão fique três dias parado esperando para carga ou descarga, o equipamento de mais de 500 mil e o trabalhador sem fazer nada refletem na produtividade e custo. Sinais de caminhos para mudança existem mesclando soluções públicas e privadas, tal como concessão de infraestrutura com preços aceitáveis como porto aqui no litoral paranaense, financiar os cabos de fibra ótica ao redor do país, atrair investimentos em tecnologia 4G e comunicações. O país precisa de soluções, não importa a cor para tirar o atrasado. A maioria entendeu, mesmo que não dê entrevistas na grande mídia golpista.




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