MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Moderador: Conselho de Moderação
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Na verdade, quando se fala em capital humano é o conjunto de educação formal e experiência/habilidade que se chama de "skill". O problema é que mensurar o que é skill fica complicado e normalmente se mensura indiretamente pelos anos de escolaridade e tempo de experiência de trabalho. Os modelos mais recentes tentam capturar esses detalhes e como impactam no crescimento, produtividade e distribuição de renda.
O mérito dos sistemas educacionais mais desenvolvidos não são apenas os anos formais de estudos, mas ter condição de integrar e aperfeiçoar os ex-estudantes nas funções reais. Seja no ensino técnico, tecnólogo, graduação, pós-graduação e acadêmico. O exemplo de mais sucesso os países ricos da europa, especialmente Alemanha. Ou, mais seletivo de graduação e pós-graduação, os estados unidos. Apesar de também possuir uma enorme de rede de universidades comunitárias, públicas e privadas que fornecem ensino técnico e pós-médio quase de graça.
Enquanto o brasil é um dos poucos países do mundo que formam um doutor e mandam se virar no mundo real sem experiência, trabalho ou possibilidade de estagiar de fato em um grande projeto de pesquisa privada e pública. Na Alemanha, demora uma década para provar que realmente é bom e pode assumir uma cadeira relevante, idem nos EUA. Durante o período de experiencia é empregado com todos os direitos trabalhistas, auxiliando os doutores e realizando tarefas simples de aulas e auxílios aos alunos de graduação.
Outra coisa é que a educação pública e privada pode ser colocada como investimento devido a formar um capital humano, essencial para elevar a produtividade e utilizar o capital. Assim existe uma forte indicação de que a forma de mensurar investimentos como sendo apenas de capital físico esteja errada. E a educação deveria ir para a conta de investimento.
O mérito dos sistemas educacionais mais desenvolvidos não são apenas os anos formais de estudos, mas ter condição de integrar e aperfeiçoar os ex-estudantes nas funções reais. Seja no ensino técnico, tecnólogo, graduação, pós-graduação e acadêmico. O exemplo de mais sucesso os países ricos da europa, especialmente Alemanha. Ou, mais seletivo de graduação e pós-graduação, os estados unidos. Apesar de também possuir uma enorme de rede de universidades comunitárias, públicas e privadas que fornecem ensino técnico e pós-médio quase de graça.
Enquanto o brasil é um dos poucos países do mundo que formam um doutor e mandam se virar no mundo real sem experiência, trabalho ou possibilidade de estagiar de fato em um grande projeto de pesquisa privada e pública. Na Alemanha, demora uma década para provar que realmente é bom e pode assumir uma cadeira relevante, idem nos EUA. Durante o período de experiencia é empregado com todos os direitos trabalhistas, auxiliando os doutores e realizando tarefas simples de aulas e auxílios aos alunos de graduação.
Outra coisa é que a educação pública e privada pode ser colocada como investimento devido a formar um capital humano, essencial para elevar a produtividade e utilizar o capital. Assim existe uma forte indicação de que a forma de mensurar investimentos como sendo apenas de capital físico esteja errada. E a educação deveria ir para a conta de investimento.
-
- Sênior
- Mensagens: 3804
- Registrado em: Qua Dez 03, 2008 12:34 am
- Localização: Goiânia-GO
- Agradeceu: 241 vezes
- Agradeceram: 84 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Até na política os tucanos estão repetindo o erro do passado, travestido de outro nome. O "já deu" não passa de uma releitura do fracassado "cansei" que algumas entidades e vertentes políticas tentaram, sem sucesso, emplacar há algum tempo atrás.Bourne escreveu:O problema não é propor protecionismo, mas sim colocar a proteção a industria como tábua de salvação e jogar fora o mercado externo e integração das cadeias produtivas. O resultado final é maior isolamento em relação ao exterior, preservando elevadas taxas de lucros, ineficiência e não necessidade em inovar. Exatamente retornando a prática de industrialização e política industrial dos anos 1970s. Não cabe mais no mundo atual.
Por esse irrealismo e falta de resultado é que provavelmente boa parte da equipe não vai estar em um eventual segundo mandato da Dona Dilma. Como também, a opção a esquerda do Campos é mais amigável a visão do Oreiro e Canuto, especialmente por não terem os cargos mais tradicionais ocupados.
O Aécio e equipe dos "novos" tucanos é populista. Para eles, essas questões são irrelevantes. Simplesmente não tem propostas e se limitam a repetir chavões que foram derrubados no âmbito de políticas públicas e debates teóricos nos anos 1990s.
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
A pergunta seria se o Brasil consegue fazer isso? Creio que não. Ainda está preso a ideia de que o importante é produzir internamento, ignorando resultados, capacidade de criar produtos e serviços, ser competitivo e integrar a estruturas produtivas mundiais.
Porém aos poucos abrimos espaço e alterando a mentalidades dos policymakers, pesquisadores e empresários.
Keynote panel titled "Innovation: Do Private Returns Produce the Social Returns We Need" at the Institute for New Economic Thinking's "Human After All" conference in Toronto, with featured speakers Simon Head, Mariana Mazzucato, Stian Westlake, and Dr. Joon Yun, moderated by Quentin Hardy.
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E lá se vai a tímida recuperação da indústria do início do ano. Já era de se esperar, com o aumento dos juros e a queda do dólar. A tendência agora é ir ladeira abaixo
.
Só a minha empresa, que atende estamparias e ferramentarias, já perdeu três clientes tradicionais este ano, por falência das empresas. Isso é inédito, nunca vimos antes na história deste país tantas empresas deste setor desaparecerem ao mesmo tempo. E a VW do Brasil acabou de chamar seus fornecedores para uma reunião interna justamente para dizer que vai exigir ainda mais sacrifícios de quem quiser continuar a tê-los como clientes
. Na verdade eles não estão nem um pouco preocupados em matar a sua base de fornecedores no Brasil, porque na verdade o que querem agora é ir buscar as ferramentas e peças na China e na Coréia do Sul. O próximo passo será trazer os carros completos de lá, é só o governo deixar.
Acho que em breve vou ter que procurar emprego fora do país
.
Leandro G. Card

Só a minha empresa, que atende estamparias e ferramentarias, já perdeu três clientes tradicionais este ano, por falência das empresas. Isso é inédito, nunca vimos antes na história deste país tantas empresas deste setor desaparecerem ao mesmo tempo. E a VW do Brasil acabou de chamar seus fornecedores para uma reunião interna justamente para dizer que vai exigir ainda mais sacrifícios de quem quiser continuar a tê-los como clientes

Acho que em breve vou ter que procurar emprego fora do país

Após bom resultado do início do ano, indústria volta a acumular estoques
Produção industrial cresceu em janeiro e em fevereiro, mas em março os fabricantes de carros, máquinas, equipamentos, produtos têxteis e calçados registraram excesso de estoques
Cleide Silva - O Estado de S. Paulo - 12 de abril de 2014
Os estoques excessivos da indústria vão além das montadoras, cujos pátios cheios de carros desencadearam uma onda de férias coletivas, suspensão de contratos de trabalho e programas de demissão voluntária. Também apontam quadro de estoques acima do normal os setores têxtil, mecânico (máquinas e equipamentos) e vestuário e calçados.
Com esse cenário, a indústria revê para baixo as expectativas de crescimento da produção em relação a 2013. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que em dezembro projetava alta de 2%, reviu os números para 1,7% na sexta-feira.
O Banco Central, no relatório sobre a inflação, aponta alta de apenas 0,5% para a indústria de transformação, em comparação ao crescimento de 1,9% do ano passado. A Fiesp tem avaliação próxima, com expectativa de 0,8% de crescimento. No fim do ano, a aposta era de 2%.
O início do ano foi positivo para a indústria. Em janeiro, a produção industrial, medida pelo IBGE, cresceu 3,8%. Em fevereiro, a alta foi de 0,4%. O resultado do bimestre reverteu totalmente as perdas nos últimos dois meses de 2013. Mas a indústria voltou a apresentar um desempenho errático. Falta de confiança do empresariado e do consumidor, alta dos juros, frustração com a esperada retomada das exportações e crise na Argentina estão entre as razões para a expectativa de crescimento abaixo do que se imaginava.
O indicador de estoques da indústria, elaborado mensalmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, em março, de um total de 14 setores, nove registraram aumento de empresas com produtos parados em excesso. Em dezembro havia cinco setores nessas condições e, há um ano, sete.
No mês passado, 8,4% das cerca de 1,2 mil indústrias consultadas tinham estoques excessivos, excluída a fatia de 1% das empresas que declararam ter produtos insuficientes em seus depósitos. É o mais alto porcentual desde outubro de 2011, quando atingiu 8,5%, segundo o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo. A média dos últimos cinco anos foi de 3,5%.
Leandro G. Card
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Todo mundo no universo sabe que a inovação é o caminho para o desenvolvimento em qualquer área. Mas antes de se falar em investir em inovação é imprescindível que as condições gerais permitam vislumbrar uma possibilidade por mínima que seja de se ganhar alguma coisa com os projetos inovadores, senão os investimentos no setor serão apenas dinheiro jogado fora. E é isso que não é possível no Brasil, pois as nossas condições internas (administrativas, econômicas e, é claro, políticas) não permitem que se possa competir em pé e igualdade com produtos fabricados por empresas instaladas em quase qualquer outro lugar do planeta.
Neste cenário discutir inovação, formar pessoal especializado ou criar incentivos para pesquisas é pura perda de tempo e esforço, vai dar em nada, aliás, já está dando, como mostra o artigo abaixo. E pessoalmente, com minha visão de dentro do setor industrial, não acredito que haja mais tempo de mudar nada. Não existe mais capacidade técnica, gerencial ou mesmo econômica para mudar este quadro, nem mesmo que a situação geral do país fosse totalmente transformada para a melhor de hoje para amanhã (o sabemos que não existe a menor chance de acontecer).
A indústria brasileira já não tem mais condições de recuperação e vai definhar continuamente daqui para a frente, exatamente como aconteceu com a da Argentina e a de outros países fracassados. Com todas as mazelas que trará a perda para o país de um setor que ainda tem um peso considerável na nossa economia e que seria o que mais condições teria de alavancar nosso desenvolvimento. Isso não vai acontecer de um dia para o outro, mas será um processo triste e doloroso que vai se estender pelas próximas poucas décadas, até não sobrar nada além das poucas empresas que não tem absolutamente nenhum concorrente global por produzirem coisas que só são consumidas aqui, como molho para acarajé ou chapéus de couro para jagunços
. As únicas exceções serão uma ou outra empresa muito específica, das que já estão desde há muito inseridas nas cadeias de produção internacionais e contam com todos os incentivos possíveis dados pelo governo. Mas elas sozinhas não serão capazes de alavancar o crescimento nem mesmo dos fornecedores de seu setor, e ficarão cada vez mais como alienígenas que operam em nosso território mas estão totalmente desvinculadas de nossa realidade, comprando e vendendo apenas lá fora sem contato com o que existe ou acontece no restante do país (o exemplo mais clássico destas poucas exceções é a Embraer).
E eu vou ter que ir embora, ou arranjar outra coisa para fazer. Quem sabe criar abelhas
?
.
Leandro G. Card
Neste cenário discutir inovação, formar pessoal especializado ou criar incentivos para pesquisas é pura perda de tempo e esforço, vai dar em nada, aliás, já está dando, como mostra o artigo abaixo. E pessoalmente, com minha visão de dentro do setor industrial, não acredito que haja mais tempo de mudar nada. Não existe mais capacidade técnica, gerencial ou mesmo econômica para mudar este quadro, nem mesmo que a situação geral do país fosse totalmente transformada para a melhor de hoje para amanhã (o sabemos que não existe a menor chance de acontecer).
A indústria brasileira já não tem mais condições de recuperação e vai definhar continuamente daqui para a frente, exatamente como aconteceu com a da Argentina e a de outros países fracassados. Com todas as mazelas que trará a perda para o país de um setor que ainda tem um peso considerável na nossa economia e que seria o que mais condições teria de alavancar nosso desenvolvimento. Isso não vai acontecer de um dia para o outro, mas será um processo triste e doloroso que vai se estender pelas próximas poucas décadas, até não sobrar nada além das poucas empresas que não tem absolutamente nenhum concorrente global por produzirem coisas que só são consumidas aqui, como molho para acarajé ou chapéus de couro para jagunços

E eu vou ter que ir embora, ou arranjar outra coisa para fazer. Quem sabe criar abelhas

O autor do artigo pode torcer o quanto quiser, mas isso não vai ajudar em nada. As empresas nacionais não tem o que ganhar fazendo investimentos em inovação ou P&D (aliás, não tem o que ganhar investindo em nada além de lobbies para manter o mercado o mais fechado possível e viagens à China para comprar lá algo que possam vender aqui com preço competitivo) e por isso não vão inovar em mais nada. Investimento industrial no Brasil hoje é consertar máquina velha ou no máximo comprar máquina usada lá fora para fabricar aqui algo que no resto do planeta ninguém quer comprar maisÉ preciso soltar o freio da enge-inovação
Falta valorização do modo brasileiro de inovar
Estamos indo no caminho certo. Tornar o País mais inovador é a única alternativa para salvarmos a competitividade, a indústria e o emprego. Ocorre que esquecemos, em termos de País e de ações governamentais, o freio de mão puxado. Explico: estamos fazendo a coisa certa, mas em velocidade incompatível com o que precisamos.
De fato, não se trata simplesmente de aumentar indicadores da inovação, como, por exemplo, a porcentagem do PIB investido em inovação no País em 20% ou 30%. O que precisamos para continuar no contexto competitivo global é triplicar, quadruplicar estes índices de forma rápida.
A China vem investindo pesado em inovação. Um mar de patentes (560 mil) foi gerado em 2012. Trezentos mil engenheiros foram formados no ano, criando poderoso exército de inovação, que mudará completamente a imagem e o posicionamento dos produtos chineses no mundo nos próximos cinco anos. Esta mesma China investe uma porcentagem três vezes maior que o Brasil de seu PIB em PD&I. Um PIB muito maior que o nosso, diga-se de passagem. Ou seja, tem uma força de inovação muitas vezes maior do que a nossa.
Do outro lado do planeta, países do norte da Europa como, Finlândia, Suécia e Dinamarca, colocam todas suas fichas em inovação e pulam na frente quando avaliados sob a ótica, por exemplo, do número de pesquisadores para cada mil habitantes, são 16 da Finlândia. Japão, Alemanha e Estados Unidos nem se fala.
Voltando a nós: dia 24 de dezembro último foi publicado um importante relatório do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), que trata do uso dos incentivos da Lei do Bem. As empresas que lá aparecem são as que declaram seus investimentos em PD&I no Brasil e esperam incentivos. Os resultados são, de alguma forma, preocupantes. Das cerca de 187 mil organizações que existem no Brasil em regime de lucro real - dados da receita federal - apenas 1.042 fazem parte da lista. Um cento e oitenta e sete avos declara que investe em PD&I e concorre a incentivos.
Agrava a situação o fato de que 218 delas são consideradas reprovadas. Na avaliação dos técnicos do MCTI, não fazem PD&I de fato. Estas 787 que sobraram, formam uma elite restrita que não será suficiente para fazer nosso País se tornar inovador e player global da indústria. Elas juntas declaram ter investido cerca de R$ 5 bilhões. Este número foi nove em 2008.
Quarenta por cento menor agora. Estas cerca de 800 inovadoras receberam R$ 1 bilhão em incentivos. Aproximadamente seis milhões ao ano para cada empresa – se a divisão fosse uniforme. Um apartamento de luxo em São Paulo por empresa. A renúncia fiscal pela Fazenda (fechada erroneamente), no campo da inovação - tema do qual fala todos os dias nossa presidenta - é um oitenta avos à renúncia total que foi em 2012 de cerca de 80 bilhões. Este número compreende a zona franca de Manaus (25 milhões), IPI reduzido para veículos e linha branca e outras medidas que certamente não mudam nossa posição competitiva lá fora e, muito menos a nossa capacidade de ocupar mercados globais.
Será que conseguiremos nos recuperar a tempo? Ou teremos de enfrentar uma derrocada da indústria? Mais surpreendente é, no entanto, o que aconteceu em 2012 com relação ao setor automotivo. No relatório publicado não há montadoras. Uma das indústrias que mais inova no Brasil ficou fora. Nem veteranos, nem os chamados newcomers comparecem como tendo feito bom uso dos incentivos.
No ano anterior 16 montadoras, dentre elas, Fiat, Caoa e Volvo, lá estavam para justificar a força do setor automotivo no Brasil da inovação. O que teria acontecido? Teriam as empresas todas juntas, de um momento para outro, deixado de fazer P&D? Nada disto.
O que supomos que possa ter havido é que o MCTI deixou estas candidatas aos incentivos de fora por conta dos ajustes nas definições que estão sendo discutidas com representantes do setor e transcritas em uma espécie de cartilha. Bom, mesmo assim, o cenário é preocupante. Os conceitos ligados à inovação constam de manuais internacionais como o de Oslo e Frascati. Da redação contida nestes manuais, o Brasil e outras nações que participam da OCDE, compactuam. Não poderia ser diferente. As leis que foram editadas, no caso a chamada Lei do Bem, manteve-se, por obrigação e convicção, fiel a estes conceitos. Caberia agora rediscuti-los? Reconceituar inovação?
Talvez pelo fato de que a inovação em um mundo no qual a tecnologia está à disposição na internet é muito mais combinação de coisas conhecidas gerando algo totalmente novo, do que o clássico processo de pesquisa básica se transformando, muito tempo depois, em produtos. É justamente deste tipo de inovação que são feitas as empresas e as histórias de sucesso nos dias de hoje. Desse PD&I de integração. E de muito desenvolvimento experimental. Por vezes chamado, depreciativamente, de engenharia. Como se engenharia, não fosse inovação.
As intenções são claramente positivas e neste contexto é claro que evolução vem por aí. Esperamos melhorias que premiem o tipo de PD&I que fazemos no Brasil. Que levem em conta características e a realidade que temos no País. Um parque tecnológico em desenvolvimento e as universidades em transição, tentando se aproximar do mundo real dos negócios.
Torcemos para que mudanças premiem a inovação corajosa feita em um contexto de enorme mercado, mas escassos recursos: “enge-inovação” brasileira da qual deveríamos nos orgulhar mais.

Leandro G. Card
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Se fosse assim nas áreas de maior valor agregado e tecnológico... o país seria outra coisa na esfera mundial. O setor agroindustrial é bem mais articulado e interessado pelo o que ocorre no mundo e pressiona por ações e solução.
Brasil é um dos mais ativos na OMC e ampliou mercados em 20 anos
Fonte: http://www.dw.de/brasil-%C3%A9-um-dos-m ... a-17573895
Brasil é uma das nações em desenvolvimento mais ativas no sistema de solução de controvérsias da organização e, com vitórias contra políticas protecionistas de países ricos, obteve mais espaço para seus produtos.
Ao longo de seus 20 anos de existência, a Organização Mundial do Comércio (OMC) serviu de palco para várias lutas do Brasil contra as políticas comerciais de países e blocos econômicos. Entre os emergentes, o país é um dos mais ativos no sistema de solução de controvérsias da organização.
O Brasil possui um balanço muito positivo na disputa em torno de medidas protecionistas com países como os EUA e blocos como a União Europeia (UE). O país apresentou 26 reclamações e foi alvo de 15 processos; e atuou ainda em 82 casos como "terceira parte", quando não é reclamado nem reclamante, mas tem interesses indiretos.
Para o economista Celso Grisi, da Fundação Instituto de Administração (FIA), a OMC tenta trazer um equilíbrio ao comércio internacional e, mesmo sem ter um poder impositivo – já que, por exemplo, não pode obrigar o cumprimento das retaliações aos países que perderam disputas – acaba servindo como uma proteção aos países em desenvolvimento.
"Ela trabalha como um grande árbitro e assume uma função jurídica relevante na medida em que faz as regras do comércio internacional serem aplicadas", diz Grisi. "Quando um país tenta exercer de forma assimétrica seu poder econômico, a OMC é chamada e atua com imparcialidade."
Maior participação nas exportações
Especialistas ouvidos pela DW dizem ainda que a vitória brasileira em contenciosos de grande destaque ajudou o país a aumentar sua fatia nas exportações mundiais, já que, com a diminuição do protecionismo de alguns países e blocos, o Brasil conseguiu ganhar mercado. De acordo com o relatório World Trade Report 2013 da OMC, a participação brasileira nas exportações mundiais passou de 0,99% em 1980 para 1,4% em 2011.
"Na medida em que regula o comércio e arbitra os contenciosos, a organização possibilita uma expansão comercial dos países emergentes", diz o economista Evaldo Alves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "A OMC tem grande importância não só para o Brasil – que tem usado de forma positiva os instrumentos da organização –, mas também para os demais países em desenvolvimento."
E o Brasil ganhou casos importantes, como, por exemplo, contra os EUA. Os brasileiros reclamaram da sobretaxa imposta pelos americanos à exportação de suco de laranja brasileiro e levaram a melhor. Em outro contencioso, a OMC achou pertinente o protesto brasileiro contra o subsídio dado aos produtores de algodão dos EUA e autorizou o Brasil a retaliar de forma inédita os americanos no valor de 829 milhões de dólares. Porém, a medida está suspensa devido a uma tentativa de acordo entre os dois países.
Em outra disputa marcante, o Brasil, juntamente com Austrália e Tailândia, reclamou dos subsídios dados pelos europeus aos produtores de açúcar por acreditar que eles distorciam seriamente o mercado internacional. Com a decisão favorável ao Brasil, em 2007, a União Europeia ficou proibida de exportar açúcar subsidiado acima da cota de 1,27 milhão de tonelada. O Brasil também venceu outra disputa contra a UE em relação à exportação de peito de frango desossado.
"Essas sucessivas vitórias do Brasil deram credibilidade ao país", diz Alves. "Essa disputa contra os EUA e a Europa não é uma luta de curto prazo, embora o Brasil tenha ganhado uns casos aqui e ali com produtos específicos. Mas, como política geral, vai demorar alguns anos até que a limitação e a restrição aos subsídios terminem."
Telhado de vidro
Para o ex-ministro da Indústria e Comércio José Botafogo Gonçalves, vice-presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em vez de contenciosos, a melhor solução seria um sistema multilateral de comércio – que é o principal objetivo da OMC –, porque os benefícios que um país dá para outro seriam automaticamente estendidos para as demais nações.
"Mas, enquanto existem problemas para avançar com a Rodada Doha, a OMC desenvolveu nesse meio tempo o seu papel de árbitro das desavenças comerciais internacionais por meio desses contenciosos", afirma Gonçalves. "Sobre esse ponto de vista, o Brasil recebe muito bem as regras da OMC porque tem sido beneficiado pelas decisões, embora essas funções da OMC sejam secundárias."
Mas, por conta de sua política industrial, o Brasil também pode virou alvo na OMC. Os europeus, por exemplo, reclamam que subsídios fiscais dados pelo governo federal à indústria criam uma concorrência desleal para as exportações europeias. Entre as medidas questionadas está o Inovar Auto, que concede isenções fiscais para empresas automobilísticas que produzem no país.
A queixa na OMC dá início a um processo de negociações entre as duas partes para a solução de divergências. Caso o Brasil e a UE não cheguem a um acordo, a reclamação poderá gerar um contencioso. Mesmo com a recente visita da presidente Dilma Rousseff à Bruxelas, para a sétima Cúpula UE-Brasil, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que o caso deve ser analisado.
"De uns tempos para cá o Brasil tem se tornado muito protecionista e tem adotado medidas que ferem os princípios da OMC", diz Grisi. "Já há uma série de reclamações contra o Brasil e, dessa forma, deveremos também comparecer a painéis de arbitragem da OMC, mas agora no pólo passivo, como alvo da reclamação."
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O problema é que nas áreas com maior valor tecnológico agregado praticamente não existem mais empresas brasileiras importantes. A grande maioria é de multinacionais, que nem em sonhos irão abrir contenciosos na OMC porque as decisões são tomadas fora do país. As poucas nacionais sobreviventes são pequenas, fracas ou tem produtos tão defasados que quase não tem capacidade de exportar, então nem chegam a se preocupar com regras internacionais de comércio.Bourne escreveu:Se fosse assim nas áreas de maior valor agregado e tecnológico... o país seria outra coisa na esfera mundial. O setor agroindustrial é bem mais articulado e interessado pelo o que ocorre no mundo e pressiona por ações e solução.
A exceção é a Embraer, que aliás já esteve envolvida em uma disputa na OMC com a Bombardier canadense, que pelo que sei acabou empatada.
Leandro G. Card
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Depois que reclamo que fabricar no país através de multinacionais não quer dizer nada tem gente que fica brava. Principalmente, os "técnicos" meia roda pagos para defendê-las dentro das estruturas patronais e do governo, angariando bondades como isenções, empréstimos prioritários e tudo mais.

Claro que ajuda aos interesses dos políticos na região de encher o peito e dizer "trouxemos uma industria moderna e vamos gerar muitos empregos", também ajuda a melhorar os números do trimestre, mas não passa disso.


Claro que ajuda aos interesses dos políticos na região de encher o peito e dizer "trouxemos uma industria moderna e vamos gerar muitos empregos", também ajuda a melhorar os números do trimestre, mas não passa disso.
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Voltando ao assunto a respeito da esquizofrenia da cisão do Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman que é tudo em educação e ponto, sem se importar com a formação e direcionamento para elevar a produtividade.
O texto do Dani Rodrik aborda o problema da produtividade e modelo de desenvolvimento de uma maneira mais ampla e estrutural. Talvez, por que ele trabalhe com isso e tenha conhecimento/vivência com os países em desenvolvimento da ásia, latin america e Europa.
O texto do Dani Rodrik aborda o problema da produtividade e modelo de desenvolvimento de uma maneira mais ampla e estrutural. Talvez, por que ele trabalhe com isso e tenha conhecimento/vivência com os países em desenvolvimento da ásia, latin america e Europa.
The Growing Divide Within Developing Economies
APR 11, 2014
PRINCETON – When researchers at the McKinsey Global Institute (MGI) recently dug into the details of Mexico’s lagging economic performance, they made a remarkable discovery: an unexpectedly large gap in productivity growth between large and small firms. From 1999 to 2009, labor productivity had risen by a respectable 5.8% per year in large firms with 500 or more employees. In small firms with ten or fewer employees, by contrast, labor productivity growth had declined at an annual rate of 6.5%.
Moreover, the share of employment in these small firms, already at a high level, had increased from 39% to 42% over this period. In view of the huge gulf separating what the authors called the “two Mexicos,” it is no wonder that the economy performed so poorly overall. As rapidly as the large, modern firms improved, through investments in technology and skills, the economy was dragged down by its unproductive small firms.
This may seem like an anomaly, but it is in fact an increasingly common occurrence. Look around the developing world, and you will see a bewildering fissure opening up between economies’ leading and lagging sectors.
What is new is not that some firms and industries are substantially closer to the global productivity frontier than others. Productive heterogeneity – or what development economists used to call economic dualism – has always been a central feature of low-income societies. What is new – and distressing – is that developing economies’ low-productivity segments are not shrinking; on the contrary, in many cases, they are expanding.
Typically, economic development occurs as workers and farmers move from traditional, low-productivity sectors (such as agriculture and petty services) to modern factory work and services. As this takes place, two things happen. First, the economy’s overall productivity increases, because more of its labor force becomes employed in modern sectors. Second, the productivity gap between the traditional and modern parts of the economy shrinks, and dualism gradually diminishes. Agricultural productivity increases during this process, owing to better farming techniques and a decline in the number of farmers working the land.
This was the classic pattern of postwar development in the European periphery – countries like Spain and Portugal. It was also the mechanism that generated the Asian growth “miracles” in South Korea, Taiwan, and eventually China (the most phenomenal example of all).
One thing that all of these high-growth episodes had in common was rapid industrialization. Expansion of modern manufacturing drove growth even in countries that relied mostly on the domestic market, as Brazil, Mexico, and Turkey did until the 1980’s. It was structural change that mattered, not international trade per se.
Today, the picture is very different. Even in countries that are doing well, industrialization is running out of steam much faster than it did in previous episodes of catch-up growth – a phenomenon that I have called premature deindustrialization. Though young people are still flocking to the cities from the countryside, they end up not in factories but mostly in informal, low-productivity services.
Indeed, structural change has become increasingly perverse: from manufacturing to services (prematurely), tradable to non-tradable activities, organized sectors to informality, modern to traditional firms, and medium-size and large firms to small firms. Quantitative studies show that such patterns of structural change are exerting a substantial drag on economic growth in Latin America, Africa, and in many Asian countries.
There are two ways to close the gap between leading and lagging parts of the economy. One is to enable small and microenterprises to grow, enter the formal economy, and become more productive, all of which requires removing many barriers. The informal and traditional parts of the economy are typically not well served by government services and infrastructure, for example, and they are cut off from global markets, have little access to finance, and are filled by workers and managers with low skills and education.
Even though many governments exert considerable effort to empower their small enterprises, successful cases are rare. Support for small enterprises often serves social-policy goals – sustaining the incomes of the economy’s poorest and most excluded workers – instead of stimulating output and productivity growth.
The second strategy is to enlarge opportunities for modern, well-established firms so that they can expand and employ the workers that would otherwise end up in less productive parts of the economy. This may well be the more effective path.
Studies show that few successful businesses begin as small, informal firms; they are started, instead, at a fairly large scale, by entrepreneurs who pick up their skills and market knowledge in the more advanced parts of the economy. Enterprise surveys in Africa by John Sutton of the London School of Economics indicate that it is often entrepreneurs with experience in importing activities who found modern domestic firms. Domestic subsidiaries of multinational firms or state-owned enterprises – which are repositories of skilled workers and managers – are also a source of such firms.
The challenge is to create an economic environment in which there are incentives for local talent and capital to invest in firms in the modern, tradable parts of the economy. Sometimes, it is enough to remove certain of the more stifling government regulations and restrictions. At other times, governments need more proactive strategies – such as tax incentives, special investment zones, or hyper-competitive currencies – to raise the profitability of such investments.
The details of appropriate policies will depend, as usual, on local constraints and opportunities. But every government needs to ask itself whether it is doing enough to support the expansion of capacity in the modern sectors that have the greatest potential to absorb workers from the rest of the economy.
----------
Dani Rodrik
Dani Rodrik is Professor of Social Science at the Institute for Advanced Study, Princeton, New Jersey. He is the author of One Economics, Many Recipes: Globalization, Institutions, and Economic Growth and, most recently, The Globalization Paradox: Democracy and the Future of the World Economy.
Fonte: http://www.project-syndicate.org/commen ... ob3D3GH.99
Read more at http://www.project-syndicate.org/commen ... ob3D3GH.99
- Clermont
- Sênior
- Mensagens: 8842
- Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
- Agradeceu: 632 vezes
- Agradeceram: 644 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Petrobrás, bactérias e antibióticos.
Ruy Fabiano - Blog do Noblat, 19.04.14.
Sem argumentos convincentes – simplesmente porque não os há -, o governo tenta transformar a CPI da Petrobras em ataque impatriótico contra a empresa.
Atribui à oposição um delito que, até prova em contrário – se é que é possível, já que ele mesmo, governo, admitiu que a compra da refinaria de Pasadena “foi um mau negócio” -, é seu mesmo.
Se há ataque à Petrobras, esse é o que praticaram os que a fizeram adquirir por mais de 1 bilhão de dólares uma refinaria em estado de sucata, que valia dez vezes menos. Isso, claro, sem falar na refinaria de Abreu Lima, em Pernambuco, onde se constata que as perdas e os desvios foram bem maiores.
E não apenas: há muito se sabe que a Petrobrás é uma caixa preta de “maus negócios”, gerida por predadores que a fizeram descer da 12ª para a 120ª colocação entre as maiores empresas mundiais. Os números falam por si e dispensam explicações.
Outro fenômeno interessante – e intimamente relacionado - é o fato de as ações da empresa terem subido mediante a expectativa da CPI. Se a iniciativa parlamentar fosse contra a empresa, tal não ocorreria. Se os acionistas celebraram a perspectiva de investigação, é porque sabem que, enquanto se mantiver intocável a caixa preta, continuarão a ter perdas.
Portanto, nenhuma iniciativa é mais favorável à Petrobrás que a devassa que se pretende, e o governo tenta evitar a qualquer custo.
Os discursos patéticos de Graça Forster e Dilma Roussef em “defesa da empresa” são apenas sinais de desespero, de quem sabe que defende o indefensável. Equivalem a uma confissão antecipada de delito. Não é a primeira vez que isso acontece.
Ainda no governo Lula, tentou-se investigar a Petrobrás e a reação foi parecida. Motivou, inclusive, uma inédita passeata contra a CPI. Foi a primeira vez na história que isso aconteceu. Ao tempo em que o PT era oposição, promovia passeatas em prol de CPIs.
Lula dizia que “quanto mais CPIs, melhor”. Era de fato o combustível que mobilizava sua militância, fazendo recair sobre os governos a pecha de suspeita. Naquele tempo, PT e alguns procuradores da República, alguns ainda portadores de carteirinha de militantes (o que é ilegal), jogavam um jogo perverso.
Acionavam jornalistas aliados para que plantassem notas na imprensa levantando suspeita contra algum figurão do governo. Mediante a publicação da nota, um parlamentar petista fazia inflamado discurso, pedindo investigação do Ministério Público. E este, mediante “informações da imprensa”, abria ato investigativo, gerando uma crise artificial que desembocava em pedido de CPI.
Fizeram isso com o ex-chefe da Casa Civil de Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge, já fora do governo, mas simbolizando ainda a “caixa preta” da Presidência da República. Eduardo Jorge fora chefe de gabinete de FHC no Senado e seu ministro no primeiro governo. Atacá-lo era atacar FHC. E assim foi.
Não havia um único caso concreto, um único indício, ainda que remoto. Mesmo assim, pediu-se uma CPI baseada em acusações adjetivas, que acabou frustrada pela reação do acusado, que se documentara para além das expectativas dos acusadores, fazendo com que o tiro saísse pela culatra.
Mesmo assim, o ambiente de crise e suspeição manteve-se por meses, gerando desgaste ao governo, objetivo de toda a operação. Hoje, o PT vê-se do outro lado do balcão. E embora esteja há quase 12 anos no poder, tenta ainda atirar à administração tucana o ônus dos padecimentos da Petrobrás.
Busca explorar o velho truque de que o PSDB quis privatizar a empresa e que, por essa razão, ela se encontra no estado lamentável em que está. Só não explica por que, exatamente a partir do primeiro governo do PT, começou a decadência da empresa, fazendo-a desabar para a 120ª colocação no ranking mundial.
A Petrobrás é um dos mais valiosos patrimônios públicos do país. Sua criação foi um dos raros atos ecumênicos do país, a unir a esquerda e a direita. Os militares estiveram lado a lado dos militantes de esquerda que perseguiriam a partir de 64, na campanha nacional que resultou na criação da empresa. FHC, mais de uma vez, diante das acusações de que pretendia privatizar a empresa, declarou que ela era “imprivatizável”, assim como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica.
Não obstante, as acusações se mantiveram e acabaram soando como verdadeiras nos períodos eleitorais, dentro da estratégia recomendada pelo ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, de que uma mentira, repetida à exaustão, vira verdade.
Doze anos depois, porém, não cola. É tempo suficiente para corrigir todos os desvios anteriores. Deu-se, porém, o contrário, conforme se verifica na queda vertiginosa da empresa no ranking mundial. A CPI, nesse caso, funcionará como um antibiótico, que, como se sabe, ataca bactérias e salva o organismo.
No caso presente, as bactérias protestam em nome do organismo, que juram defender. É compreensível – e patético.
Ruy Fabiano - Blog do Noblat, 19.04.14.
Sem argumentos convincentes – simplesmente porque não os há -, o governo tenta transformar a CPI da Petrobras em ataque impatriótico contra a empresa.
Atribui à oposição um delito que, até prova em contrário – se é que é possível, já que ele mesmo, governo, admitiu que a compra da refinaria de Pasadena “foi um mau negócio” -, é seu mesmo.
Se há ataque à Petrobras, esse é o que praticaram os que a fizeram adquirir por mais de 1 bilhão de dólares uma refinaria em estado de sucata, que valia dez vezes menos. Isso, claro, sem falar na refinaria de Abreu Lima, em Pernambuco, onde se constata que as perdas e os desvios foram bem maiores.
E não apenas: há muito se sabe que a Petrobrás é uma caixa preta de “maus negócios”, gerida por predadores que a fizeram descer da 12ª para a 120ª colocação entre as maiores empresas mundiais. Os números falam por si e dispensam explicações.
Outro fenômeno interessante – e intimamente relacionado - é o fato de as ações da empresa terem subido mediante a expectativa da CPI. Se a iniciativa parlamentar fosse contra a empresa, tal não ocorreria. Se os acionistas celebraram a perspectiva de investigação, é porque sabem que, enquanto se mantiver intocável a caixa preta, continuarão a ter perdas.
Portanto, nenhuma iniciativa é mais favorável à Petrobrás que a devassa que se pretende, e o governo tenta evitar a qualquer custo.
Os discursos patéticos de Graça Forster e Dilma Roussef em “defesa da empresa” são apenas sinais de desespero, de quem sabe que defende o indefensável. Equivalem a uma confissão antecipada de delito. Não é a primeira vez que isso acontece.
Ainda no governo Lula, tentou-se investigar a Petrobrás e a reação foi parecida. Motivou, inclusive, uma inédita passeata contra a CPI. Foi a primeira vez na história que isso aconteceu. Ao tempo em que o PT era oposição, promovia passeatas em prol de CPIs.
Lula dizia que “quanto mais CPIs, melhor”. Era de fato o combustível que mobilizava sua militância, fazendo recair sobre os governos a pecha de suspeita. Naquele tempo, PT e alguns procuradores da República, alguns ainda portadores de carteirinha de militantes (o que é ilegal), jogavam um jogo perverso.
Acionavam jornalistas aliados para que plantassem notas na imprensa levantando suspeita contra algum figurão do governo. Mediante a publicação da nota, um parlamentar petista fazia inflamado discurso, pedindo investigação do Ministério Público. E este, mediante “informações da imprensa”, abria ato investigativo, gerando uma crise artificial que desembocava em pedido de CPI.
Fizeram isso com o ex-chefe da Casa Civil de Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge, já fora do governo, mas simbolizando ainda a “caixa preta” da Presidência da República. Eduardo Jorge fora chefe de gabinete de FHC no Senado e seu ministro no primeiro governo. Atacá-lo era atacar FHC. E assim foi.
Não havia um único caso concreto, um único indício, ainda que remoto. Mesmo assim, pediu-se uma CPI baseada em acusações adjetivas, que acabou frustrada pela reação do acusado, que se documentara para além das expectativas dos acusadores, fazendo com que o tiro saísse pela culatra.
Mesmo assim, o ambiente de crise e suspeição manteve-se por meses, gerando desgaste ao governo, objetivo de toda a operação. Hoje, o PT vê-se do outro lado do balcão. E embora esteja há quase 12 anos no poder, tenta ainda atirar à administração tucana o ônus dos padecimentos da Petrobrás.
Busca explorar o velho truque de que o PSDB quis privatizar a empresa e que, por essa razão, ela se encontra no estado lamentável em que está. Só não explica por que, exatamente a partir do primeiro governo do PT, começou a decadência da empresa, fazendo-a desabar para a 120ª colocação no ranking mundial.
A Petrobrás é um dos mais valiosos patrimônios públicos do país. Sua criação foi um dos raros atos ecumênicos do país, a unir a esquerda e a direita. Os militares estiveram lado a lado dos militantes de esquerda que perseguiriam a partir de 64, na campanha nacional que resultou na criação da empresa. FHC, mais de uma vez, diante das acusações de que pretendia privatizar a empresa, declarou que ela era “imprivatizável”, assim como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica.
Não obstante, as acusações se mantiveram e acabaram soando como verdadeiras nos períodos eleitorais, dentro da estratégia recomendada pelo ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, de que uma mentira, repetida à exaustão, vira verdade.
Doze anos depois, porém, não cola. É tempo suficiente para corrigir todos os desvios anteriores. Deu-se, porém, o contrário, conforme se verifica na queda vertiginosa da empresa no ranking mundial. A CPI, nesse caso, funcionará como um antibiótico, que, como se sabe, ataca bactérias e salva o organismo.
No caso presente, as bactérias protestam em nome do organismo, que juram defender. É compreensível – e patético.
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
É isso o que acontece quando ao invés de corrigir as muitas distorções existentes no país o governo fica inventando "puxadinhos" para tentar resolver a situação da economia e particularmente da indústria. Uns poucos espertos ganham milhões, mas em geral não adianta nada e a queda na capacidade industrial continua inexorável.
Leandro G. CardPolítica de conteúdo local é limitada no País
Para o presidente da Abimaq, estaleiros se apropriam de benefícios, mas não os repassam para a cadeia local
ANTONIO PITA / RIO - O Estado de S.Paulo, 20 de abril de 2014
A recontratação de estaleiros estrangeiros para a construção das plataformas P75, P76 e P77 da Petrobrás não é caso isolado, segundo críticos da política de conteúdo local do governo. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) indicam que nos últimos três anos o País importou US$ 141 bilhões em máquinas, peças e embarcações.
Os dados, referentes às importações beneficiadas pelo regime especial de tributação Repetro são da Receita Federal, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Segundo o levantamento, somente em 2013 foram US$ 35 bilhões investidos em embarcações, entre navios de apoio e plataformas para o mercado de óleo e gás offshore.
As importações, na avaliação do presidente executivo da Abimaq, José Velloso, reforçam as críticas de que a política de conteúdo local é limitada no País. "O estaleiro se apropriou de todos os benefícios concedidos, ampliou sua margem de lucro, e não repassou os benefícios para a cadeia local", afirma.
Apesar de os investimentos da Petrobrás em exploração e produção terem crescido mais de 509% em dez anos, a indústria local de peças e equipamentos navais viu menos de um décimo desse montante, com alta de apenas 41% na sua produção. Os dados da Abimaq têm como base a produção das 6,8 mil empresas associadas entre 2003 e 2013. "Os números indicam que o conteúdo local fica restrito a soldas de chapa e pintura, mas o recheio dos navios, que gera valor agregado, é importado. Só temos uma indústria de casco", informa Velloso.
Segundo ele, os estaleiros não repassam aos demais elos da indústria naval benefícios como isenções fiscais, crédito do BNDES e do Fundo de Marinha Mercante. "Para cada emprego que o estaleiro cria, poderíamos criar outros dez".
Na última década, o setor viu cair sua fatia na produção de bens de capital de 19% para 5% em relação aos investimentos da Petrobrás em óleo e gás. "Isso considerando também gastos com manutenção de equipamentos, e não de produção", diz o professor da Fundação Getúlio Vargas e ex-diretor da Petrobrás, Alberto Machado.
Segundo ele, a base de cálculo sobre o conteúdo local gera distorções, que prejudicam a indústria local de peças e máquinas. "Temos escala, mercado e tecnologia, mas não há produção pelo Custo Brasil. Seria preciso mais transparência na avaliação do conteúdo local, estender o Repetro para as indústrias de base e garantir a proteção para o produto nacional frente ao importado", completa.
Para o assessor da Petrobrás, Paulo Alonso, para dar suporte às demandas da empresa nos próximos cinco anos a indústria local precisa ganhar competitividade e ser inovadora. "Queremos comprar conteúdo local, mas não a qualquer preço. É preciso vencer a curva de aprendizado, mas isso é como trocar as peças com o avião voando."
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Não vejo problema nenhum.
A reclamação é por que as estaleiros e a Petrobras não compram da cadeia local a qualquer preço. Parte da estratégia de usurpar renda e se manter protegido. Não deve comprar a qualquer preço. Exigir conteúdo local não cabe no mundo atual. É coisa de política industrial dos anos 1950s em que tudo é integrado ao mesmo tempo e tem que ser feito no país, desenvolver tecnologia, soluções e ser competitivo no cenário internacional é uma consequência. A história mostra que não foi assim para quem se industrializou pós-1945 ou aqueles do século XIX.
É preciso exigir metas de conquista de mercado, resultados e melhora da produtividade. As empresas tem que estar livres para construir a melhor rede de fornecedores possível. O que se pode questionar é a margem de lucro e se os benefícios são realmente necessário para o setor ou podem ser direcionados para outros, sem prejuízo. Ai que entra a cobrança por inovação, competitividade em ter um projeto nacional que possa ser vendido no mercado internacional e preencha as necessidades internas que deveriam estar atrelados ao programa do setor.
Outro exemplo, é a reserva de mercado a empresas nacionais e conteúdo nacional em licitações públicas. As empresas nacionais entram com os planos desenhados para cobrar a mais que os estrangeiros dentro de uma margem de segurança. Por que sabem que não precisam se esforçar e vão ganhar em cima do contrato. A pressão por fazer um bom produto e prestar o serviço é secundária. Interessante que para contratos no exterior eles são bem esforçados para ganhar das mesmas empresas que concorrem aqui. Aliás, a lei de licitações é feita para a obra e compras do governo serem oneradas ao extremo, defende as empresas nacionais que querem renda, não se preocupa com o resto da sociedade.
Se continuar pensando assim o brasil se mantém como grande exportador de matéria-prima, insumos de tecnologia e com preços altos internos. Ou seja, não consegue se integrar a estrutura produtiva mundial por que não consegue construir nada competitivo que tenha valor agregado capaz de ser exportado. Nesse caso, a Embraer é uma aberração dentro de uma lógica de não desenvolvimento" das elites empresariais, apoiados e alimentados por técnicos e políticos.
Está em processo de enfrentar essas malditos, mas um processo longo e doloroso.
![[005]](./images/smilies/005.gif)

A reclamação é por que as estaleiros e a Petrobras não compram da cadeia local a qualquer preço. Parte da estratégia de usurpar renda e se manter protegido. Não deve comprar a qualquer preço. Exigir conteúdo local não cabe no mundo atual. É coisa de política industrial dos anos 1950s em que tudo é integrado ao mesmo tempo e tem que ser feito no país, desenvolver tecnologia, soluções e ser competitivo no cenário internacional é uma consequência. A história mostra que não foi assim para quem se industrializou pós-1945 ou aqueles do século XIX.
É preciso exigir metas de conquista de mercado, resultados e melhora da produtividade. As empresas tem que estar livres para construir a melhor rede de fornecedores possível. O que se pode questionar é a margem de lucro e se os benefícios são realmente necessário para o setor ou podem ser direcionados para outros, sem prejuízo. Ai que entra a cobrança por inovação, competitividade em ter um projeto nacional que possa ser vendido no mercado internacional e preencha as necessidades internas que deveriam estar atrelados ao programa do setor.
Outro exemplo, é a reserva de mercado a empresas nacionais e conteúdo nacional em licitações públicas. As empresas nacionais entram com os planos desenhados para cobrar a mais que os estrangeiros dentro de uma margem de segurança. Por que sabem que não precisam se esforçar e vão ganhar em cima do contrato. A pressão por fazer um bom produto e prestar o serviço é secundária. Interessante que para contratos no exterior eles são bem esforçados para ganhar das mesmas empresas que concorrem aqui. Aliás, a lei de licitações é feita para a obra e compras do governo serem oneradas ao extremo, defende as empresas nacionais que querem renda, não se preocupa com o resto da sociedade.
Se continuar pensando assim o brasil se mantém como grande exportador de matéria-prima, insumos de tecnologia e com preços altos internos. Ou seja, não consegue se integrar a estrutura produtiva mundial por que não consegue construir nada competitivo que tenha valor agregado capaz de ser exportado. Nesse caso, a Embraer é uma aberração dentro de uma lógica de não desenvolvimento" das elites empresariais, apoiados e alimentados por técnicos e políticos.
Está em processo de enfrentar essas malditos, mas um processo longo e doloroso.
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Estou surpreso com o debate. Está em um nível muito acima do normal na globo e imprensa em geral. Por que os debatedores são equilibrados e entendem o que falam.
Prestem atenção no Marcos Fernandes. O carequinha é soda. O Antonio Correa de Lacerda também e um pouco diferente.
Aquele que só fala chiches é cara do mercado financeiro. O que mostra a qualidade dos nossos financistas.
Prestem atenção no Marcos Fernandes. O carequinha é soda. O Antonio Correa de Lacerda também e um pouco diferente.
Aquele que só fala chiches é cara do mercado financeiro. O que mostra a qualidade dos nossos financistas.

Economistas debatem pessimismo sobre economia brasileira
http://globotv.globo.com/globo-news/glo ... a/3293563/
http://globotv.globo.com/globo-news/glo ... e/3293565/
- LeandroGCard
- Sênior
- Mensagens: 8754
- Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
- Localização: S.B. do Campo
- Agradeceu: 69 vezes
- Agradeceram: 812 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O problema aqui é outro, e infelizmente bem pior.Bourne escreveu:Não vejo problema nenhum.![]()
![]()
A reclamação é por que as estaleiros e a Petrobras não compram da cadeia local a qualquer preço. Parte da estratégia de usurpar renda e se manter protegido. Não deve comprar a qualquer preço. Exigir conteúdo local não cabe no mundo atual. É coisa de política industrial dos anos 1950s em que tudo é integrado ao mesmo tempo e tem que ser feito no país, desenvolver tecnologia, soluções e ser competitivo no cenário internacional é uma consequência. A história mostra que não foi assim para quem se industrializou pós-1945 ou aqueles do século XIX.
É preciso exigir metas de conquista de mercado, resultados e melhora da produtividade. As empresas tem que estar livres para construir a melhor rede de fornecedores possível. O que se pode questionar é a margem de lucro e se os benefícios são realmente necessário para o setor ou podem ser direcionados para outros, sem prejuízo. Ai que entra a cobrança por inovação, competitividade em ter um projeto nacional que possa ser vendido no mercado internacional e preencha as necessidades internas que deveriam estar atrelados ao programa do setor.
Outro exemplo, é a reserva de mercado a empresas nacionais e conteúdo nacional em licitações públicas. As empresas nacionais entram com os planos desenhados para cobrar a mais que os estrangeiros dentro de uma margem de segurança. Por que sabem que não precisam se esforçar e vão ganhar em cima do contrato. A pressão por fazer um bom produto e prestar o serviço é secundária. Interessante que para contratos no exterior eles são bem esforçados para ganhar das mesmas empresas que concorrem aqui. Aliás, a lei de licitações é feita para a obra e compras do governo serem oneradas ao extremo, defende as empresas nacionais que querem renda, não se preocupa com o resto da sociedade.
Se continuar pensando assim o brasil se mantém como grande exportador de matéria-prima, insumos de tecnologia e com preços altos internos. Ou seja, não consegue se integrar a estrutura produtiva mundial por que não consegue construir nada competitivo que tenha valor agregado capaz de ser exportado. Nesse caso, a Embraer é uma aberração dentro de uma lógica de não desenvolvimento" das elites empresariais, apoiados e alimentados por técnicos e políticos.
Está em processo de enfrentar essas malditos, mas um processo longo e doloroso.
O que acontece é que o Brasil não tem competitividade em si, por questões muito maiores que a falta de tradição (esta se cria) ou de tecnologia (esta se compra). Assim as únicas atividades industriais que ainda cabe desenvolver aqui são aquelas favorecidas por alguma proteção ou apoio direto do governo, as demais simplesmente não valem à pena. Por isso que coisas como exigência de conteúdo nacional ou incentivos à inovação invariavelmente não funcionam por pura falta de interessados ou no máximo viram fonte de ganhos abusivos para empresários bem relacionados com o governo. O problema não é este tipo de programa existir, mas o fato de o ambiente onde eles são lançados ser completamente desfavorável. É como querer plantar sobre um leito de pedras, o máximo que se conseguirá produzir serão ervas daninhas

Esta situação já se estendeu por tempo demais, e na minha opinião não há mais volta. O grosso do setor industrial do Brasil já está de tal forma defasado e desfalcado que seria totalmente incapaz de se integrar a qualquer cadeia produtiva internacional, ainda se amanhã mesmo todos os problemas técnicos e econômicos fossem eliminados, juntamente com os entraves burocráticos. Inês já é morta, não há mais o que fazer nem mesmo na UTI, e o zumbi dela só permanecerá de pé enquanto estes programas de proteção e favorecimento que tantos problemas tem e causam continuarem existindo. Eliminado isso o Brasil volta imediatamente à sua condição do início do século XX, de produtor única e exclusivamente de matérias primas e bens de baixo valor agregado. O máximo que podemos almejar hoje em termos industriais é alguma coisa no setor de alimentos (afinal, nosso campo esbanja competitividade). O resto, de sapatos a máquinas industriais, se quisermos ter com qualidade e preço justo, só comprando lá fora.
E por a culpa nos empresários e chamá-los de malditos é bobagem, empresário existe para ganhar lucro, e não para desenvolver tecnologia ou dar empregos. Se o ambiente torna mais fácil ganhar dinheiro através de falcatruas e conchavos com o governo do que investindo e desenvolvendo produtos eles vão fazer isso em qualquer lugar do planeta, e não só os brasileiros. Para se ter um exemplo singelo basta ver como os eficientes e competitivos empresários do setor automobilístico (que não são brasileiros) operam no nosso país. Por isso "enfrentar os malditos" é uma total besteira, o que se precisaria fazer (mas todos sabemos que não será feito) seria criar um ambiente em que os "malditos" não tivessem vez, e a vantagem para operar fosse dos "bonzinhos".
Leandro G. Card
P.S.: A Embraer é um totalmente caso à parte, ela praticamente nem é mais uma empresa nacional, está apenas instalada aqui. Ela não compra nem tinta no Brasil para fabricar os seus produtos, e o grosso de suas vendas é lá para fora. Para as empresas aéreas nacionais fica mais barato adquirir aviões de fabricantes estrangeiros do que da Embraer

- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21086
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Olhe bem, tu falou, falou, reclama, reclama, mas defende a mesma estrutura de proteção e manutenção do status quo. Praticamente, tu propõe a solução russo de se fechar, exportar matérias primas e proteger os ganhos dos malditos (
) a revelia do resto da sociedade. Ou seja, não tem jeito, vamos viver assim e tudo será "fabricado aqui".
Os empresários (o termo mais correto seria executivos firmas em geral) tem uma função social. O interesse individual deles não é o mesmo da sociedade. Ao redor do mundo quando os coloca como que perseguindo os interesses individuais ajudam a sociedade foi um desastre. Todos os países desenvolvidos e de sucesso recente tem uma classe empresarial pro desenvolvimento. Seja na Alemanha, Estados Unidos, Coreia, Singapura ou Japão.
O ambiente é importante, mas ainda o equilíbrio institucional que o país está inserido. Um ambiente favorável não quer dizer que o empresariado vai se mexer.
O exemplo do caso norte-americano é explorado no livro abaixo. De grátis no site do NBER.
Considero uma visão distorcida tando na leitura de como os países em desenvolvimento se desenvolveram. Primeiro que não foi fácil, rápido e o complô internacional foi muito menor do que pintado. Segundo a estrutura das instituições econômicas e políticas, formas de interação foram extremamente relevante para criar um ambiente favorável a mudanças estruturais e modernização. Terceiro que a função social dos empresários foi importante foi relevante de uma forma ou outra. Seja para criar impérios em setores como nos EUA ou mega conglomerados como na Alemanha/Japão, tornando secundária a especulação e usurpação de renda. mesmo massacrando trabalhadores em greve ou pagando salários de fome, foram fundamentais criar setores competitivos, desenvolver tecnologia e construir uma base de capital que deu margem a grande reestruturação do capitalismo do século XX.
A vantagem da embraer é ter se tornando uma empresa multinacional integrada internacional. Pode importar o que for, desde que desenvolva produtos que sejam competitivos e realize vendas no exterior. Existe um enorme ganho na operação. Sim, recebe financiamento do BNDES para operações, tal como qualquer empresa de alta tecnologia recebe suporte do estado, seja por financiamento ou algum tipo de subsidio, justificado pelos efeitos sobre a economia.
Uma empresas dessas sem financiamento estatal e/ou subsídios não existe. Não nesse mundo. Por exemplo, a mariana mazzucato tem um trabalho enorme sobre o tema (http://marianamazzucato.com/) e defende que isso não é um problema, mas sim que os resultados precisam ser melhor distribuídos e potencializar o retorno.


Os empresários (o termo mais correto seria executivos firmas em geral) tem uma função social. O interesse individual deles não é o mesmo da sociedade. Ao redor do mundo quando os coloca como que perseguindo os interesses individuais ajudam a sociedade foi um desastre. Todos os países desenvolvidos e de sucesso recente tem uma classe empresarial pro desenvolvimento. Seja na Alemanha, Estados Unidos, Coreia, Singapura ou Japão.
O ambiente é importante, mas ainda o equilíbrio institucional que o país está inserido. Um ambiente favorável não quer dizer que o empresariado vai se mexer.
O exemplo do caso norte-americano é explorado no livro abaixo. De grátis no site do NBER.
Existe uma leitura de que o protecionismo e intervenção do estado é suficiente para desenvolvimento. Está exposto nos texto do wilson Cano, Ha-Joon Chang e outros que dizem resgatar o impeto do Friedrich List e do milagre alemão.Learning by Doing in Markets, Firms, and Countries (Google e-Livro)
Naomi R. Lamoreaux, Daniel M. G. Raff, Peter Temin
University of Chicago Press, 01/11/2007 - 356 págin
Learning by Doing in Markets, Firms, and Countries draws out the underlying economics in business history by focusing on learning processes and the development of competitively valuable asymmetries. The essays show that organizations, like people, learn that this process can be organized more or less effectively, which can have major implications for how competition works.
The first three essays in this volume explore techniques firms have used to both manage information to create valuable asymmetries and to otherwise suppress unwelcome competition. The next three focus on the ways in which firms have built special capabilities over time, capabilities that have been both sources of competitive advantage and resistance to new opportunities. The last two extend the notion of learning from the level of firms to that of nations. The collection as a whole builds on the previous two volumes to make the connection between information structure and product market outcomes in business history.
Fonte: http://books.google.com.br/books/about/ ... edir_esc=y
Considero uma visão distorcida tando na leitura de como os países em desenvolvimento se desenvolveram. Primeiro que não foi fácil, rápido e o complô internacional foi muito menor do que pintado. Segundo a estrutura das instituições econômicas e políticas, formas de interação foram extremamente relevante para criar um ambiente favorável a mudanças estruturais e modernização. Terceiro que a função social dos empresários foi importante foi relevante de uma forma ou outra. Seja para criar impérios em setores como nos EUA ou mega conglomerados como na Alemanha/Japão, tornando secundária a especulação e usurpação de renda. mesmo massacrando trabalhadores em greve ou pagando salários de fome, foram fundamentais criar setores competitivos, desenvolver tecnologia e construir uma base de capital que deu margem a grande reestruturação do capitalismo do século XX.
A vantagem da embraer é ter se tornando uma empresa multinacional integrada internacional. Pode importar o que for, desde que desenvolva produtos que sejam competitivos e realize vendas no exterior. Existe um enorme ganho na operação. Sim, recebe financiamento do BNDES para operações, tal como qualquer empresa de alta tecnologia recebe suporte do estado, seja por financiamento ou algum tipo de subsidio, justificado pelos efeitos sobre a economia.
Uma empresas dessas sem financiamento estatal e/ou subsídios não existe. Não nesse mundo. Por exemplo, a mariana mazzucato tem um trabalho enorme sobre o tema (http://marianamazzucato.com/) e defende que isso não é um problema, mas sim que os resultados precisam ser melhor distribuídos e potencializar o retorno.