MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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- Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Discutir a mera administração financeira é passado, pois é fácil e não tem muito o que fazer. Menos na imprensa que coloca como coisa mais importante do mundo. A questão cabeluda é como mudar a estrutura, enfrentar os grupos de interesse, e ter um plano que garanta condições de longo prazo.
A política industrial por trás da Petrobras reflete os erros na administração do BNDES e resto da estrutura. É a política de "ajude os vencedores e perdedores de forma igual". Não importa se é eficiente ou não, se o produto conquista espaço ou não no mercado nacional e internacional, se o preço é alto ou não, se for produzido no Brasil está bom.
Primeiro por ter exigido que a empresa tenha participação nas zonas exploratórias, forçando o ônus financeiro e dificuldade em relação aos investidores por ser uma companhia de capital aberto e depender de captações/empréstimos no setor privado internacional.
Segundo o projeto de inovação e construção da estrutura do petróleo encontra empresas potencialmente qualificadas e dinheiro a custo irrisório, mas não proporciona vantagens ou ganhos que compensem as empresas investir no setor. Tudo fica extremamente dependente da Petrobrás.
Terceiro que não exige metas para de qualidade, preço e mercado potenciais abrangidos pelos projetos. A possibilidade real é acabarem sendo fabricados equipamentos que imitam os de origem estrangeira e com preços mais elevados.
O problema não é dinheiro. Ele tem. A questão é como organizar um plano que funcione.
-------------
Antes que falem é coisa da oposição e imprensa golpista. Na verdade ele representa a transformação na equipe econômica que vem ocorrendo dentro do Governo Dilma, incentivado pela própria e com apoio do Lula. Deve mudar mais em um segundo mandato por que a receita atual está fazendo água. Não tem o objetivo prioritário de satisfazer o mercado, mas estabelecer bases de crescimento de longo prazo ou tentar fazer algo parecido.
A política industrial por trás da Petrobras reflete os erros na administração do BNDES e resto da estrutura. É a política de "ajude os vencedores e perdedores de forma igual". Não importa se é eficiente ou não, se o produto conquista espaço ou não no mercado nacional e internacional, se o preço é alto ou não, se for produzido no Brasil está bom.
Primeiro por ter exigido que a empresa tenha participação nas zonas exploratórias, forçando o ônus financeiro e dificuldade em relação aos investidores por ser uma companhia de capital aberto e depender de captações/empréstimos no setor privado internacional.
Segundo o projeto de inovação e construção da estrutura do petróleo encontra empresas potencialmente qualificadas e dinheiro a custo irrisório, mas não proporciona vantagens ou ganhos que compensem as empresas investir no setor. Tudo fica extremamente dependente da Petrobrás.
Terceiro que não exige metas para de qualidade, preço e mercado potenciais abrangidos pelos projetos. A possibilidade real é acabarem sendo fabricados equipamentos que imitam os de origem estrangeira e com preços mais elevados.
O problema não é dinheiro. Ele tem. A questão é como organizar um plano que funcione.
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Antes que falem é coisa da oposição e imprensa golpista. Na verdade ele representa a transformação na equipe econômica que vem ocorrendo dentro do Governo Dilma, incentivado pela própria e com apoio do Lula. Deve mudar mais em um segundo mandato por que a receita atual está fazendo água. Não tem o objetivo prioritário de satisfazer o mercado, mas estabelecer bases de crescimento de longo prazo ou tentar fazer algo parecido.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Imprensa golpista!!!!!!!!!!!!!
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Um soco no vazio
Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticia ... O+NO+VAZIO
Num movimento fora de hora e desconectado da realidade, a Standard & Poor's rebaixa a nota do Brasil e de grandes bancos nacionais. O mercado ignorou o ataque da agência de classificação de risco
Por Denize BACOCCINA e Cláudio GRADILONE
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Confira os bastidores da reportagem
Reunido na antessala do gabinete presidencial, no terceiro andar do Palácio do Planalto, em Brasília, o grupo de senhores engravatados aguardava apreensivo. Era perto de três horas da tarde da segunda-feira 24, e eles conversavam, discretamente, sobre qual poderia ser o assunto do encontro, marcado pela própria presidenta Dilma Rousseff, uma semana antes. Na agenda oficial, para não chamar a atenção, constava apenas uma reunião com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. Mas ele não fora sozinho e estava acompanhado dos presidentes das maiores instituições financeiras brasileiras.
Ao final de mais de três horas de reunião, foram informados, ainda no palácio, da notícia mais importante daquele dia: a agência americana Standard & Poor’s (S&P) havia rebaixado o rating soberano do Brasil, de BBB, com perspectiva negativa, para BBB-, com perspectiva estável, mantendo o grau de investimento. A informação já era conhecida desde o início da tarde pelo governo, que fora informado diretamente pela agência. Quando a receberam, os banqueiros reagiram com tranquilidade, lembrando que o mercado já esperava por essa decisão e havia ajustado o preço dos ativos. Eles estavam certos.
Nos dias subsequentes, a Bolsa de Valores de São Paulo subiu, o dólar caiu e o Tesouro Nacional captou recursos baratos no Exterior. Era a comprovação de que a S&P estava equivocada. O direto desferido contra o País transformou-se num soco no vazio. Se antes da reunião os banqueiros estavam apreensivos, foi com uma sensação de agradável surpresa que eles deixaram o Planalto. Como antecipara no início do encontro, a presidenta mais ouviu do que falou. Animada e receptiva, quis saber a opinião de cada um sobre a conjuntura econômica e as perspectivas para o futuro.
Torcida unida: a partir da esquerda: Trabuco, do Bradesco, Portugal, da Febraban, e Setubal, do Itaú.
Os banqueiros disseram à presidenta Dilma que são sócios do Brasil e torcem pelo País
“Os bancos são sócios do Brasil e temos de torcer pelo País”, disse um dos banqueiros, logo no início da conversa, lembrando que as ações do governo se refletem nas instituições financeiras e que, por isso, todos estão do mesmo lado. A presença de Murilo Portugal na grande mesa de reuniões do palácio mostra uma mudança significativa na postura do governo em relação aos bancos. O presidente da Febraban, que já foi o número dois do Fundo Monetário Internacional e acaba de ser reconduzido ao cargo, não era recebido por Dilma havia quase dois anos, quando entrou em conflito com o governo, que pressionava pela redução das taxas de juros bancárias.
Agora, tudo mudou. Banqueiros e autoridades estão unidos no esforço de engavetar o julgamento, no STF, da correção da caderneta de poupança nos planos econômicos entre 1986 e 1990. Faziam parte da comitiva encabeçada pelo presidente da Febraban pesos-pesados do mercado financeiro, como os presidentes do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, do Bradesco, Luiz Trabuco, além de Carlos Alberto Vieira, conselheiro do banco Safra. Não faltaram CEOs de bancos estrangeiros, como Jesús Zabalza, do Santander, André Brandão, do HSBC, e Hélio Magalhães, do Citibank.
Estavam lá também os comandantes dos bancos públicos: Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, e Jorge Hereda, da Caixa, além de André Esteves, do BTG Pactual, e Manuel Felix Cintra Neto, presidente do Banco Indusval e da Associação Brasileira de Bancos Comerciais. Pelo lado do governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, acompanhavam a presidenta Dilma. Na avaliação dos banqueiros, a reunião foi agradável e mostrou uma atitude bem diferente da que o governo vinha adotando até o ano passado. Houve apenas um momento tenso, quando Setubal questionou a política de preços de combustíveis da Petrobras, lembrando que esse é um dos motivos da insatisfação do mercado.
Mantega perguntou se eles preferiam uma política de preços controlados ou o impacto dos preços na inflação. Foi desautorizado por Dilma, que disse não ser preciso escolher entre as duas opções. Mantega, que três dias depois completaria oito anos no cargo e se tornaria o ministro da Fazenda mais longevo no posto, permaneceu em silêncio (leia destaque "Recorde de permanência"). O presidente do Itaú salientou que era melhor um reajuste correto da gasolina e usar outros mecanismos para segurar a inflação. O balanço da reunião, no entanto foi positivo. “Os investidores estão voltando e têm demonstrado interesse em investir no Brasil”, afirmou Esteves, do BTG Pactual.
Ao final do encontro, Dilma mostrou que estava mesmo disposta a estabelecer um diálogo de melhor qualidade, como vem sendo cobrado pelo setor produtivo. Olhou suas anotações e afirmou: “Então, a minha lição de casa é a questão da gasolina, a questão fiscal e que eu preciso ouvir mais o mercado.” Dilma retirou-se da sala e, em seguida, Tombini e Mantega deram a notícia do rebaixamento do Brasil aos banqueiros. De volta ao Ministério, Mantega divulgou uma nota oficial sustentando que a medida adotada pela S&P é “inconsistente” com as condições da economia brasileira.
“A mudança anunciada é contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil”, afirmou. No dia seguinte, além do rating soberano, também foram reduzidas as notas de empresas, como Petrobras, Samarco Mineração, Eletrobras, e as de mais 13 instituições financeiras, incluindo os cinco maiores bancos do País. “É um processo natural, tendo em vista a mudança do rating soberano”, diz a economista americana Lisa Schineller, diretora da Standard & Poor’s responsável pela classificação de risco brasileira. Ela justificou a decisão pela deterioração das contas fiscais, desde 2013, que poderia ser agravada pelos prognósticos de crescimento baixo para 2014 e também para 2015.
Segundo o extenso arrazoado divulgado pela agência ao anunciar a decisão, o rebaixamento da classificação de risco reflete uma combinação de vários fatores. Entre eles, o que seria uma “derrapagem fiscal”, as perspectivas de que a execução fiscal deverá ser comprometida devido ao fraco ritmo de crescimento econômico previsto para os próximos anos, uma capacidade reduzida do governo de realizar ajustes tendo em vista as eleições de outubro e alguma piora nas contas externas brasileiras.
A agência afirmou também que a deterioração da situação fiscal brasileira ao longo dos últimos anos inclui um crescimento no déficit público, decorrente da redução do superávit primário (que não considera o gasto com juros). “A maior necessidade de gastos públicos devido ao crescimento das despesas com energia elétrica também influenciou nessa decisão”, diz a economista, que saberia apenas no dia seguinte da arrecadação federal recorde de R$ 88 bilhões em fevereiro.
IMPACTO NULO No mercado, como os banqueiros haviam previsto, o impacto foi nulo. Na terça-feira 25, primeiro dia de negócios após o anúncio da S&P, o Índice Bovespa encerrou com alta de 0,39%. Até quinta-feira, subiria 3,5%. O dólar recuou para o menor patamar desde novembro de 2013: R$ 2,28. “Essa mudança era esperada e já vinha sendo precificada pelo mercado”, diz o economista e ex-diretor do BC Alexandre Schwartzman, crítico contumaz da condução econômica do governo. “Ela indica a preocupação da agência com a execução fiscal do Brasil, especialmente em um ano de eleição.” Para o economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall, a decisão da S&P não reflete a realidade do País nos últimos meses, mas o médio prazo.
“Eles olharam a trajetória e entenderam que havia comprometimento menor da política fiscal”, diz Kawall. O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, credita ao clima pré-eleitoral a importância dada à avaliação da agência. “Os dados fiscais não são bons, mas não são catastróficos, o País está longe de ficar insolvente”, afirma. Opinião semelhante tem o conselheiro-sênior para as economias dos BRICS do Banco Mundial, Otaviano Canuto. “O Brasil não está à beira de uma crise fiscal.” (leia entrevista no final da reportagem "O Brasil não está à beira de uma crise fiscal").
Indignado, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirma que as agências perderam muita credibilidade nos últimos anos, especialmente depois que falharam ao não prever a crise mundial de 2008, e não devem ser levadas a sério. “Estamos no mesmo nível de rating da Espanha, e nossa situação não pode ser comparada à deles”, afirma Belluzzo. Ele concorda, no entanto, com a avaliação da agência sobre o baixo crescimento da economia brasileira. “Temos um problema com a inflação por conta da indexação que ainda permanece”, diz Belluzzo. O curioso, para não dizer inexplicável, timing do rebaixamento da nota brasileira é que ele acontece justamente num momento em que vários indicadores mostram uma economia mais aquecida.
Na vida real, a deterioração no conceito da agência sobre o Brasil não deve afetar a disposição dos empresários, ou mesmo dificultar a obtenção de financiamento externo. Na quinta-feira 27, o Tesouro Nacional captou € 1 bilhão no Exterior, com juros inferiores a 3% ao ano. “Essa emissão coroa uma boa semana para o Brasil”, disse Arno Augustin, secretário do Tesouro, destilando ironia em direção à S&P. No mesmo dia, o presidente e CEO mundial da gigante americana General Electric (GE), Jeffrey Immelt, que se encontrou com a presidenta Dilma, em Brasília, deu o tom da reação do capital produtivo internacional.
Immelt garantiu com todas as letras que a mudança na nota de crédito não altera os planos da empresa, que opera no País desde 1919. “Adotamos uma visão de longo prazo em relação ao Brasil”, disse Immelt a jornalistas após a audiência no Palácio do Planalto. Ele confirmou o investimento de US$ 1,3 bilhão no País entre 2011 e 2016, incluindo um centro de pesquisa no Rio de Janeiro, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Vemos o Brasil como um dos principais parceiros estratégicos na economia do futuro.” Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o crédito às empresas só seria afetado pela redução de seus próprios ratings.
“É um sinal amarelo, mas não acredito que vai ter reflexos para as empresas”, afirmou Andrade. Além da reação dos empresários, uma série de indicadores também aponta para uma economia mais aquecida neste início de ano. A produção industrial cresceu 2,9% em janeiro em relação a dezembro, e a indústria conta com o dólar mais valorizado para aumentar sua participação no mercado doméstico. Emprego e renda continuam melhorando. O índice de desemprego de fevereiro ficou em 5,1%, o menor da série histórica para esse mês.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra um saldo de 260,8 mil contratações com carteira assinada em fevereiro, 77% a mais do que no mesmo mês do ano passado. A renda real cresceu 3,1% em relação a fevereiro de 2013. Até mesmo Lisa Schineller, da S&P, que virou a personagem da semana, reconhece que o crescimento dos empréstimos concedidos pelos bancos públicos, que pressionaram as metas fiscais, é um item menos preocupante. “Percebemos uma desaceleração na concessão desses empréstimos pelo Banco do Brasil, pela Caixa e pelo BNDES, desde o segundo semestre do ano passado”, diz.
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Renda e consumo: o crescimento na geração de vagas formais, como no setor de call center (acima),
garante a expansão da renda e, consequentemente, das vendas no varejo
RISCOS NO HORIZONTE Os números positivos não significam, no entanto, que os riscos tenham desaparecido do horizonte. A inflação, que fechou em 5,91% no ano passado, deve ficar ainda mais elevada neste ano. Relatório do Banco Central divulgado na quinta-feira revela uma expectativa de alta de 6,1% no custo de vida em 2014. O crescimento do PIB estimado pelo BC é de 2%, inferior à previsão do Ministério da Fazenda, de 2,5%. No mercado, a média das projeções é de 1,7%.
O estudo do BC indica ainda a expectativa, para este ano, de uma expansão moderada do crédito, especialmente para o consumo, ganhos salariais mais tímidos e déficit nas transações correntes, financiado essencialmente por investimentos estrangeiros diretos. Em outras palavras: não dá para contar com a ajuda da balança comercial, que até o momento está no vermelho e, pelas projeções mais otimistas, não deverá repetir os superávits de dois dígitos registrados até 2012. Na política fiscal, as ressalvas da S&P não são de todo infundadas.
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Parceria estratégica: o presidente mundial da General Electric (GE), Jeffrey Immelt, avisou
a presidenta Dilma que sua empresa vai manter os investimentos programados para o Brasil
A equipe econômica sabe que o cumprimento da meta de superávit primário, sem truques contábeis, é fundamental para o resgate da credibilidade do País no Exterior e para a reversão das expectativas dos economistas. Os primeiros passos já foram dados com o anúncio de cortes no orçamento, que totalizam R$ 44 bilhões. Nos próximos meses, é preciso ainda mais empenho para evitar um crescimento desenfreado dos gastos públicos num ano eleitoral – e, nesse contexto, equacionar o problema energético é fundamental. Está nas mãos do governo, portanto, a oportunidade de agir como um experiente boxeador. Primeiro, se esquiva do ataque do adversário, que dá um soco no vazio. Em seguida, contra-ataca com jabs e hooks rumo ao nocaute.
Recorde de permanência
Guido Mantega completa oito anos no cargo e se torna o ministro da Fazenda mais longevo em governos democráticos
Por Denize Bacoccina
Em março de 2006, quando foi convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a assumir o Ministério da Fazenda, em meio à crise que resultou na demissão do ex-ministro Antonio Palocci, o economista Guido Mantega não poderia imaginar que a experiência duraria tanto. Ele não apenas ficou até o fim do segundo mandato de Lula como foi mantido no cargo, a pedido do ex-presidente, por sua sucessora Dilma Rousseff. Na quinta-feira 27, oito anos depois, o economista nascido em Gênova, na Itália, e criado em São Paulo, tornou-se o titular da Fazenda que ocupou o cargo por mais tempo em períodos democráticos.
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Só foi ultrapassado por Artur de Souza Costa, que foi ministro de Getúlio Vargas entre 1934 e 1945, com três períodos de ausência. Mantega bateu o recorde de Pedro Malan, que ocupou a cadeira durante todo o governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002. Embora sejam momentos históricos diferentes – e talvez não comparáveis –, Mantega exibe, na média, resultados melhores de inflação (5,2% ante 9,2% de Malan) e PIB (3,5% ante 2,3% de Malan). O ministro foi muito elogiado na crise de 2008, ao usar os bancos públicos para irrigar o mercado de crédito e incentivar o consumo de bens duráveis. Agora, no entanto, tem sido criticado pelo ritmo morno da economia e pelas recentes manobras contábeis fiscais. Goste o mercado financeiro ou não, o recorde é dele.
Entrevista: Otaviano Canuto, conselheiro-sênior para economias dos BRICS do Banco Mundial
“O Brasil não está à beira de uma crise fiscal”
Por Luís Artur Nogueira
Há 11 anos trabalhando em Washington, o economista sergipano Otaviano Canuto, de 58 anos, já ocupou diversos cargos no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento. Nesse período, teve o privilégio de acompanhar os desdobramentos econômicos no Brasil, sem se deixar contaminar pelo debate político-eleitoral. Além disso, conversa rotineiramente com empresários e investidores estrangeiros interessados em obter informações sobre o País. Em visita à Universidade de São Paulo, na quarta-feira 26, Canuto concedeu entrevista à DINHEIRO em meio às repercussões sobre o rebaixamento do Brasil pela Standard and Poor’s (S&P).
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Qual é a sua visão sobre a situação fiscal do Brasil?
Eu noto um certo descompasso entre a visão de fora, do Exterior, e a visão de dentro do País. Até porque a visão interna é um pouco impregnada por questões políticas, o que é normal numa democracia, ainda mais em ano de eleição.
Mas a visão externa, da S&P, também não é boa...
O que as agências de classificação de risco fazem não é dizer se o Brasil é bom ou ruim, nem se é um bom lugar para investir ou não. O rating dessas instituições é uma tentativa de opinar sobre a probabilidade de pagamento dos países. O importante, no caso da Standard & Poor’s, é que a redução da nota brasileira não foi acompanhada de algum tipo de “olha, teve essa redução e pode ter mais”. Aí, sim, a coisa complicaria, porque o mercado se anteciparia a possíveis rebaixamentos, o que colocaria o País numa zona perigosa.
Então, a perspectiva estável da nota traz tranquilidade ao País?
Sim, afinal de contas o País não está à beira de uma crise fiscal. E, não por acaso, o rebaixamento já estava meio “precificado” pelo mercado. O mais importante é que o Brasil continua sendo grau de investimento. Na hora de avaliar a relação dívida/PIB, é preciso levar em consideração o crescimento econômico, o tamanho do superávit primário e a visão do prêmio de risco que o mercado está exigindo. Dessas três variáveis, a única sobre a qual o governo tem poder imediato é o superávit. De fato, se nós compararmos o Brasil de hoje com o de quatro anos atrás, a dívida bruta piorou um pouco.
É um quadro preocupante?
Não se trata de uma situação de deterioração fiscal que esteja prenunciando uma crise. Porém, a evolução desse quadro vai depender do que acontecerá com a dívida pública no futuro. Do lado do crescimento, tudo o mais permanecendo constante, o sinal é para cima.
O que justifica, na sua avaliação, essa tendência de alta do PIB?
A mudança de postura do governo em relação a concessões, atraindo investimentos na área de infraestrutura. O que está segurando o crescimento no Brasil é a carência de investimentos em infraestrutura, que gera um ônus muito grande em vários setores da economia. O Banco Mundial fez um estudo, em 2006, que apontou uma perda de 30% na produção de soja por conta dos gargalos logísticos como armazenamento, transporte e portos. Eu duvido que esses problemas não se repitam em outros setores. O desperdício de recursos e os riscos associados à insegurança energética reduzem a produtividade da economia. Se o País conseguir deslanchar numa onda de investimentos em infraestrutura, os ganhos de produtividade serão generalizados.
Que outros fatores podem ajudar o PIB?
Sem dúvida, o ambiente de negócios no Brasil. A estrutura jurídico-institucional impõe um desperdício de materiais humanos, sem a contrapartida de valor. O tempo que se requer no Brasil para uma licença de construção é um absurdo, e há problemas em todos os níveis de governo. Para não falar no óbvio, que é o numero de homens-hora que uma empresa gasta para pagar impostos. Não estamos falando de carga tributária, mas o quanto se gasta para conseguir cumprir todas as normas. Isso é desperdício de gente qualificada e de recursos humanos. Além disso, creio que há uma margem de ganho por maior eficiência no gasto público.
De que forma?
Se o País adotasse uma maior transparência não apenas nas grandes obras, mas em todos os gastos, com licitações eletrônicas, certamente haveria menos desvios e mais competição, o que reduziria os gastos públicos. Essa agenda me parece tão óbvia que quem ganhar a eleição vai perceber o potencial de ganhos de produtividade que isso tem.
Quando o Banco Mundial discute o Brasil, qual é o ponto mais exaltado?
A redução da pobreza, nos últimos anos. Esse, aliás, era o ponto que nos dava mais vergonha.
O Bolsa Família é um símbolo disso?
É um símbolo, mas a redução da pobreza é explicada também pela melhora nos índices de escolaridade da população. Há muito o que avançar na qualidade da educação, mas a simples mudança no nível educacional básico já tem feito uma diferença enorme.
E o tema mais criticado?
O que me dá agonia é o ambiente de negócios, porque há coisas irracionais.
Se um investidor estrangeiro chega para o senhor e diz que é difícil fazer negócios no Brasil...
Não tenho o que falar para ele. É inexplicável. Com medo, o investidor arranja um sócio brasileiro e já calcula o custo que terá para contratar um exército de advogados e contadores. No final, é claro, coloca tudo isso no preço. Isso é um impedimento para pequenos e médios empresários estrangeiros que gostariam muito de ter negócios no Brasil. Além disso, esses advogados e contadores poderiam estar fazendo coisas mais úteis dentro da empresa do que enxugar gelo. Essa reclamação eu escuto sempre dos estrangeiros.
O Brasil precisa mudar a sua imagem no Exterior?
Trabalhar a imagem ajuda, mas não sem antes mudar a realidade. As pessoas olham para o País com um potencial enorme, muita riqueza natural, instituições democráticas e uma cultura que é muito amigável ao investimento externo. Tanto que, a despeito de todos esses empecilhos, continua sendo um polo de atração de investimento direto estrangeiro. Só que poderia ser muito mais, com greenfields, novas unidades produtivas.
Estamos comemorando 20 anos do Real. Por que a inflação ainda é manchete econômica no Brasil?
Porque ela está rodando acima do centro da meta. Acho que o ideal seria combinar a política monetária com uma política fiscal condizente. A política monetária é o instrumento principal, mas, evidentemente, sua eficácia seria maior se conseguisse convencer os agentes a alterar suas expectativas. Alterando expectativas, ela diminui o ritmo de repasses e, olhando para a frente, os ajustes de preços passam a ser menores. Mas isso precisa de uma sintonia com a política fiscal. A boa notícia é a clara percepção que o governo federal teve de ajustar a política fiscal, nesse contexto. No entanto, não se consegue isso da noite para o dia, porque parte dessa deterioração no problema fiscal diz respeito a gastos que são automáticos e que precisam de reformas estruturais para serem alterados.
Colaborou: Carolina Oms
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Os verdadeiros problemas na pesquisa do IPEA
Fonte: http://liesbigliesstatisticscomim.blogs ... sa-do.html
Para muitos a retratação do IPEA sobre a sua pesquisa "Tolerância social à violência contra as mulheres", mudando justamente o resultado da sua estatística mais discutida, foi uma vergonha, prova incontestável que o IPEA não é um instituto sério. Para outros, trouxe à luz novos números que mostram uma realidade menos inaceitável. Mas a verdade é que a revisão da estatística (sobre a concordância com a afirmação "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"), passando de 65.1% para 26% não deveria ser um problema per se. Institutos de opinião e de pesquisa revisam e corrigem suas estatísticas todo o tempo. Está bem que esse foi um caso grosseiro, mas eu gostaria de sugerir que os verdadeiros problemas com essa pesquisa são outros.
O primeiro deles é que essa pesquisa foi uma daquelas que 'tocou o dedo na ferida'. As perguntas foram formuladas de modo simples e direto colocando em poucas palavras afirmações delicadas inteligíveis a todos. Será que a elaboração dessa pesquisa foi previamente avaliada por um comitê de ética? Será que não foi muito sensacionalista? Será que sua metodologia foi coerente? Todos esses pontos podem ser considerados, mas não eliminam o fato de que essa pesquisa gerou um impacto sobre um tema relevante, o que é de certo modo incomum entre esse tipo de trabalho. Seus resultados principais sugeriram que vivemos em um país machista, tolerante com a violência sexual, anacrônico no seu pensamento sobre sexualidade e simplesmente subdesenvolvido no respeito aos direitos humanos de parte de sua população.
Foi sem dúvida um grande choque de realidade. Talvez demasiadamente grande. Por isso tanta indignação. Por isso tanta repercussão. A foto da jornalista Nana Queiroz na frente do Congresso Nacional varreu o mundo. A BBC notou o desconforto político no Brasil, o tema ganhou uma repercussão nacional e internacional sem precedentes. Nesse sentido, a pesquisa foi um grande êxito. Mas o problema que ela apontou talvez fosse demasiado grandioso para aceitarmos.
Queremos continuar em uma sociedade que sexualiza precocemente suas crianças, que faz livros e brinquedos 'de menino' e 'de menina', que não protege e cuida da sua infância, que não se importa com os programas de televisão que as crianças assistem, que as expõe deixando escutar músicas de conteúdo sexual explícito que quando repetidos por elas fazem rir aos adultos, etc......e reclamamos incoerentemente que a sociedade brasileira 'coisifica sexualmente' as mulheres. Criamos, como sociedade, as crianças para que pensem na mulher como um objeto sexual, por que esse espanto agora?
O segundo desses problemas é que o IPEA é uma instituição que tem sua imagem abalada por já ser há algum tempo um orgão que serve ao governo brasileiro ao invés de servir ao estado. O IPEA responde a demanda pontuais em defesa do governo que o levam a comprometer sua imparcialidade (se você não concorda com essa afirmativa leia o clássico texto para discussão 1619, de 2011, produzido pelo mesmo técnico do IPEA que renunciou ao seu cargo hoje). O problema do IPEA não foi a fumaça de hoje, mas as evidências de um incêndio que já consome a instituição há muito tempo. (Diga-se de passagem o IPEA tem um corpo técnico íntegro e excelente). O problema é institucional e a questão de hoje não é se o IPEA foi forçado ou não a mudar as estatísticas "para salvar" o Brasil de uma vergonha nacional e internacional sem precedentes. O problema é que sua imagem já esteja tão abalada a ponto de que as pessoas discutam essa possibilidade (o que nunca saberemos).
O que importa é que estamos olhando para o lado errado. O problema maior não é se houve um erro ou não (mesmo que seja um erro assim de grosseiro), mas que a questão levantada pelo IPEA é real e que deve ser encarada de frente. 26% ainda é um número escandaloso e ainda permanece no relatórios outros números como o que diz que 58.5% dos entrevistados que concordaram com a ideia de que "se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Precisamos criar uma agenda de política pública para mudar a formação e entendimento de todos sobre gênero e sexualidade. Mas não podemos continuar fazendo o mesmo que fazemos e esperar que 'por milagre' os resultados sejam diferentes.
Nesse momento, a credibilidade do IPEA e do Brasil está profundamente abalada (a julgar por exemplo por notícias recém divulgadas por jornais internacionais como o 'El País' ("Uma ferida grave para a credibilidade do Brasil" http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04 ... ?rel=rosEP) e pelos comentários nas redes sociais. O problema aqui não é simplesmente o IPEA mas o clima de desconfiança nos dados oficiais que vivemos atualmente.
Nos dois problemas, focamos nas questões menores, quando as questões maiores parecem ser demasiadamente complexas e de difícil resolução. Os verdadeiros problemas na pesquisa do IPEA, nos seus dois momentos, nos mostram um país feio demais para encararmos de frente.
- Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Um artigo polêmico.
![[005]](./images/smilies/005.gif)
A Carga Tributária Brasileira é muito alta? Pense de novo …
06 domingo abr 2014
Fonte: http://jlcoreiro.wordpress.com/2014/04/ ... e-de-novo/
Publicado por jlcoreiro em Uncategorized ˜ Deixe um comentário
O instigante artigo de Francisco Lopes publicado no Volume 34, Número 1, da Revista de Economia Política apresenta uma informação interessante a respeito da carga tributária no Brasil. Entre 2005 e 2009, com base nos dados do IBGE, a carga tributária total do Brasil foi, em média, 34% do PIB, abaixo de países como Portugal e Hungria. Mas a carga tributária bruta não é um bom indicador de “peso fiscal” numa economia. Isso porque o governo realiza uma série de transferências para os indivíduos na forma de pensões, pagamento de seguro-desemprego, etc. Quando levamos essas transferências em conta, a carga tributária líquida no Brasil para o período considerado foi de apenas 19% do PIB. Se excluirmos dessa conta o pagamento sobre os juros da dívida pública – no fundo uma transferência de recursos do governo para os rentistas – chegamos a apenas 14% do PIB.
Esses números mostram que a carga tributária no Brasil está longe de ser elevada. Certamente que para os integrantes da classe média brasileira essa afirmação seria um non sense porque afinal de contas “paga-se muito imposto, mas o retorno na forma de serviços públicos é baixo”. Sem dúvida que a classe média não tem um retorno direto e imediato pelos impostos que paga, pois tem que pagar plano de saúde privado e colocar os filhos em escola privada. Contudo, esse retorno existe e é indireto na forma de aposentadorias e seguro-desemprego. As transferências de renda na forma de bolsa família não afetam diretamente o bem-estar da classe média, mas são um pequeno custo a ser pago para se ter um país menos desigual e com menos gente vivendo na pobreza.
A carga tributária no Brasil não é alta, pois boa parte dela se deve a transferência de renda para os cidadãos (não apenas para os mais pobres). Se considerarmos que pelo menos parte dessas transferências tem como finalidade reduzir as desigualdades sociais, segue-se que só alguém profundamente egoísta ou extremamente míope pode defender a redução da carga tributária no Brasil.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
OGX: Eike ainda no comando
Quem acreditava que Eike Batista havia perdido força no comando da OGX PETRÓLEO (OGXP3) pode estar enganado: em proposta da administração para a assembleia geral ordinária e extraordinária que será realizada no começo de maio, a administração da OGX propõe que sejam reeleitos, com mandato de um ano, Eike Batista para a presidência do conselho e Eliezer Batista da Silva, seu pai, para o cargo de vice-presidente. A companhia quer destinar aproximadamente R$ 8 milhões para remuneração dos membros do conselho de administração e dos eventuais comitês vinculados, sendo que R$ 6 milhões estão atrelados à aprovação do plano de recuperação judicial da companhia. Para os acionistas que desejem participar e decidir as propostas da assembleia é preciso que compareçam, pessoalmente ou representados por procurador, no local e horário com documento de identidade e comprovante atualizado do agente custodiaste das ações datado de até dois dias úteis antes da reali zação da assembleia.
Quem acreditava que Eike Batista havia perdido força no comando da OGX PETRÓLEO (OGXP3) pode estar enganado: em proposta da administração para a assembleia geral ordinária e extraordinária que será realizada no começo de maio, a administração da OGX propõe que sejam reeleitos, com mandato de um ano, Eike Batista para a presidência do conselho e Eliezer Batista da Silva, seu pai, para o cargo de vice-presidente. A companhia quer destinar aproximadamente R$ 8 milhões para remuneração dos membros do conselho de administração e dos eventuais comitês vinculados, sendo que R$ 6 milhões estão atrelados à aprovação do plano de recuperação judicial da companhia. Para os acionistas que desejem participar e decidir as propostas da assembleia é preciso que compareçam, pessoalmente ou representados por procurador, no local e horário com documento de identidade e comprovante atualizado do agente custodiaste das ações datado de até dois dias úteis antes da reali zação da assembleia.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
07/04/2014 às 22h59
No Rio Grande do Sul, Aécio Neves propõe o fim do Mercosul
Por Sérgio Ruck Bueno | Valor
PORTO ALEGRE - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, encerrou a agenda desta segunda-feira em Porto Alegre propondo o fim do Mercosul. Em palestra durante o Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), ele classificou o bloco econômico como “coisa anacrônica” que “não está servindo a nenhum interesse dos brasileiros”.
Para o tucano, o Brasil deveria substituir a união aduaneira por uma área de livre comércio que “permita pelo menos fazer parcerias com países com os quais tenhamos complementariedade”.
Aécio também classificou o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) como “paquidérmico” e disse que o número de ministérios seria reduzido à metade em um eventual governo do PSDB. Ao mesmo tempo, prometeu criar uma secretaria especial com a missão de simplificar o sistema tributário, com existência limitada a seis meses.
Ele criticou ainda o “intervencionismo” do governo federal na economia e defendeu as privatizações realizadas no governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
(Sérgio Ruck Bueno | Valor)
http://www.valor.com.br/politica/350909 ... z2yHMQR1RN
No Rio Grande do Sul, Aécio Neves propõe o fim do Mercosul
Por Sérgio Ruck Bueno | Valor
PORTO ALEGRE - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, encerrou a agenda desta segunda-feira em Porto Alegre propondo o fim do Mercosul. Em palestra durante o Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), ele classificou o bloco econômico como “coisa anacrônica” que “não está servindo a nenhum interesse dos brasileiros”.
Para o tucano, o Brasil deveria substituir a união aduaneira por uma área de livre comércio que “permita pelo menos fazer parcerias com países com os quais tenhamos complementariedade”.
Aécio também classificou o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) como “paquidérmico” e disse que o número de ministérios seria reduzido à metade em um eventual governo do PSDB. Ao mesmo tempo, prometeu criar uma secretaria especial com a missão de simplificar o sistema tributário, com existência limitada a seis meses.
Ele criticou ainda o “intervencionismo” do governo federal na economia e defendeu as privatizações realizadas no governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
(Sérgio Ruck Bueno | Valor)
http://www.valor.com.br/politica/350909 ... z2yHMQR1RN
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
- Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O querido Aécio repete uma constatação sobre a situação do mercosul atual.
O Mercosul como mercado comum no estilo da UE morreu no ventre da mãe nos anos 1990s. O bloco nunca chegou nem perto de completar a ideia extremamente otimista de fazer em menos de uma década o que os europeu não fizeram em meio século. Na prática, na década de 2000s se tornou esquizofrênico
A ideia em oficializar o Mercosul como área de livre comércio não é nova e é seriamente considerada dentro do governo atual e pode ganhar mais força em um segundo mandato da Dona Dilma. A união aduaneira não funciona e entrava as negociações brasileiras com o exterior, devido a diversidade de interesses entre Brasil e o resto do bloco. Sem representar ganhos políticos em grandes questões mundiais ou dar coerência a um grupo liderado pelo brasil, mas sim favorece o confronto interno com quem deveria ser um grande aliado.
Então, por que não sai? Oras pois, os maluquinhos do Itamaraty não querem e o Lula tem apreço pelo mercosul ao considerar importante um mercado comum dentro de um projeto de integração mais amplo, não apenas comercial. Porém não duvidem que seja repensado ou esteja em fase de transformação.
O resto do discurso é meramente eleitoral e mostra como o PSDB do Aécio quer se colar com a ala conservadora e tentar defende uma estrutura de economia ortodoxa. O que não quer dizer que sejam sinônimos e, na real, possuem gravitam em planos bem diferente.
O Mercosul como mercado comum no estilo da UE morreu no ventre da mãe nos anos 1990s. O bloco nunca chegou nem perto de completar a ideia extremamente otimista de fazer em menos de uma década o que os europeu não fizeram em meio século. Na prática, na década de 2000s se tornou esquizofrênico
A ideia em oficializar o Mercosul como área de livre comércio não é nova e é seriamente considerada dentro do governo atual e pode ganhar mais força em um segundo mandato da Dona Dilma. A união aduaneira não funciona e entrava as negociações brasileiras com o exterior, devido a diversidade de interesses entre Brasil e o resto do bloco. Sem representar ganhos políticos em grandes questões mundiais ou dar coerência a um grupo liderado pelo brasil, mas sim favorece o confronto interno com quem deveria ser um grande aliado.
Então, por que não sai? Oras pois, os maluquinhos do Itamaraty não querem e o Lula tem apreço pelo mercosul ao considerar importante um mercado comum dentro de um projeto de integração mais amplo, não apenas comercial. Porém não duvidem que seja repensado ou esteja em fase de transformação.
O resto do discurso é meramente eleitoral e mostra como o PSDB do Aécio quer se colar com a ala conservadora e tentar defende uma estrutura de economia ortodoxa. O que não quer dizer que sejam sinônimos e, na real, possuem gravitam em planos bem diferente.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Atenção na parte em vermelho, logo após o apocalipse pintado pelos demais
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Fonte: http://jlcoreiro.wordpress.com/2014/04/ ... -07042014/
Os desequilíbrios da economia estão solapando a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Por isso, cresce entre os analistas a discussão sobre os ajustes que precisarão ser feitos no início do próximo governo, seja quem for o vencedor das eleições de outubro próximo, para que a situação não continue a se agravar. O principal questionamento é se quem assumir o poder em 2015 tentará fazer tudo de uma vez ou optará por medidas graduais.
A quantidade de entulho econômico a ser removido é grande: preços reprimidos de combustíveis e de energia, baixo superavit primário (poupança para o pagamento dos juros da dívida pública) comprometendo a confiança na política fiscal, e até juros altos, mas insuficientes para debelar a disparada dos preços. É certo que, se o choque vier de uma vez só, o país entrará em recessão. No entanto, a credibilidade do governo poderia ser recuperada mais rapidamente e o país não correria o risco de ser rebaixado novamente pelas agências de classificação de risco. Se a opção for pelo gradualismo, o novo governante pode manter a popularidade por mais algum tempo, mas a fatura das correções necessárias será cada vez maior no futuro.
Caso Dilma ganhe, como apontam as atuais pesquisas, a maioria das apostas é de que ela continuará com medidas homeopáticas, a exemplo do que vem fazendo o Banco Central (BC) desde abril do ano passado, com a elevação paulatina da taxa Selic. O quadro previsto para 2015, no entanto, não é nada animador. Os analistas acham que o legado de Dilma será um país com baixo crescimento, inflação crescente e contas públicas em tamanho descompasso que contabilidade criativa alguma dará jeito. Em matéria de expansão econômica, ela conseguirá deixar uma média pífia de avanço do Produto Interno Bruto (PIB): abaixo de 2% pelas projeções mais pessimistas, um dos piores desempenhos desde o governo Collor, há mais de 20 anos.
Em relação aos juros, a presidente tem menos ainda a comemorar. A Selic acaba de voltar a 11% ao ano, patamar acima dos 10,75% de quando ela assumiu o poder. O pior é que nem esse nível tem sido suficiente para conter a inflação, que não dá trégua e, segundo projeções das consultorias econômicas, pode estourar o teto da meta, de 6,5%, durante a Copa do Mundo, entre junho e julho, e ficar nesse nível até setembro. Nas contas externas, o país terá neste ano um rombo sem precedentes, de US$ 80 bilhões, segundo projeção do BC, e um superavit de apenas US$ 8 bilhões na balança comercial.
Tais resultados jogaram por terra a imagem da boa gerente com que Dilma foi eleita. “Falta qualidade e competência. Na área fiscal, não foi feito o necessário corte de despesas, e o que resta é o aumento atabalhoado de impostos. A conta da cerveja, por exemplo, ficou mais salgada para pagar a elevação do custo da energia”, critica o professor do Insper Ricardo Rocha.
Convicções
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, não acredita que Dilma optará por um tratamento de choque. “Para isso, ela precisaria mudar a equipe econômica e todas as suas convicções”, pondera. Segundo Vale, a situação tende a piorar nos próximos quatro anos, se a presidente for reeleita. “Ela vai deixar o estrago para quem entrar em 2019. É uma pena porque serão oito anos perdidos e uma herança maldita gigantesca.” Nem mesmo a taxa de desemprego, que permanece em níveis historicamente baixos — 5,1% em fevereiro passado — deve se sustentar, devido aos problemas do setor industrial, que está com a produção em queda e não terá como manter o nível dos salários. Além disso, afirma, um racionamento de energia pode botar abaixo qualquer avaliação positiva do mandato.
Para o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, o ajuste precisa ser feito logo e tem de ser forte. “As maldades são feitas em uma só tacada. Já as bondades, aos pouquinhos”, diz ele, citando as ideias do pensador italiano Nicolau Maquiavel. “O ideal seria um tratamento de choque. Do ponto de vista monetário, a gente já experimentou o gradualismo, que não está funcionando”, afirma. “Se o governo quiser uma taxa de inflação de 5%, os juros precisam estar acima de 12% ao ano”, sentencia.
No entender de Schwartsman, a vantagem do governo é que a maioria do eleitorado não entende a discussão complexa envolvendo ajuste fiscal e política monetária. “Resta para a oposição criticar a inflação, que está voltando com força. Isso as pessoas compreendem. Basta uma dona de casa ir à feira para ver quanto o alimento está mais caro.”
O coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar, destaca que a discussão sobre o choque está em alta entre os especialistas porque “o governo criou uma quantidade enorme de problemas que atrapalham qualquer medida de política econômica”. Na área da energia, o Tesouro Nacional vai ter que bancar os prejuízos bilionários do setor, que pioraram com a mudança arbitrária das regras para reduzir a conta de luz. “Isso só será resolvido no próximo ano e terá um impacto de 20% no custo para o consumidor”, afirma.
Na avaliação do economista José Luis Oreiro, professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma política de choque seria temerária. “O gradualismo não só é possível como necessário para manter as conquistas sociais dos últimos anos”, afirma. Para ele, a taxa de câmbio não vai mudar com Dilma ou Aécio Neves. “Isso significa que deveremos continuar com deficit em conta-corrente num patamar desconfortável e com a indústria crescendo pouco”, avalia.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Camaradas, lembram da conversa exposta aqui com o vice-presidente do Bando Mundial, Otaviano canuto, a respeito do que ele pensa da economia brasileira e o que fala para Dona Dilma?
Pois bem, abaixo posto a entrevista de um dos ex-colegas da unicamp, Wilson Cano, responsável por ter expulsado o canuto da unicamp. Além disso, as posições de política industrial e desenvolvimento do Brasil representam o passado e irrealista no cenário da economia brasileira e mundial atual, tanto que perde força dentro do governo Dilma e em discussões acadêmicas mais sérias.
O irrealismo é seguir a receita protecionismo, criação de cadeias internas de valor e mais intervenção do estado. Desconsiderando a integração econômica mundial e competitividade, construção de mecanismos de atuação conjunta entre setor público e privado para infraestrutura e projetos diversos, impulsionar empréstimos do BNDES sem exigir retorno e eficiência.
Pode não aparecer na superfície, mas as implicações de construção da política industrial e construção de país são totalmente diferentes. Apesar de ambos atacarem o mesmo problema.
Pois bem, abaixo posto a entrevista de um dos ex-colegas da unicamp, Wilson Cano, responsável por ter expulsado o canuto da unicamp. Além disso, as posições de política industrial e desenvolvimento do Brasil representam o passado e irrealista no cenário da economia brasileira e mundial atual, tanto que perde força dentro do governo Dilma e em discussões acadêmicas mais sérias.
O irrealismo é seguir a receita protecionismo, criação de cadeias internas de valor e mais intervenção do estado. Desconsiderando a integração econômica mundial e competitividade, construção de mecanismos de atuação conjunta entre setor público e privado para infraestrutura e projetos diversos, impulsionar empréstimos do BNDES sem exigir retorno e eficiência.
Pode não aparecer na superfície, mas as implicações de construção da política industrial e construção de país são totalmente diferentes. Apesar de ambos atacarem o mesmo problema.
Para economista, país está sem rumo e falta um projeto nacional
Fonte: http://www.udop.com.br/index.php?item=n ... 1112465#nc
09/04/14 - Estudioso das questões do desenvolvimento econômico há décadas, Wilson Cano, professor do Instituto de Economia da Unicamp, diz que o Brasil está sem rumo e falta um projeto nacional de desenvolvimento.
Para o economista, um dos grandes problemas é a perda do controle sobre os instrumentos de política macroeconômica depois das reformas neoliberais dos anos 1980-1990 e as "amarras" com a Organização Mundial do Comércio (OMC). Diz que sem o controle desses instrumentos, cedendo às pressões do organismo internacional e do capital financeiro, é impossível fazer uma política industrial efetiva, reanimar a indústria e o próprio crescimento do país. A seguir, trechos da entrevista:
Valor: Como o sr. analisa o baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos?
Wilson Cano: Nós tivemos um curso da nossa história que foi truncado em 1970 com a crise da dívida. De lá para cá, as diferenças são que, nos anos 80, o PIB cresceu a 1% ou menos, nos 90 cresceu a 2%, depois a 2,5%, depois, entre 2003 e 2009, graças ao boom de commodities da China, crescemos a 4,5%, 5%. Agora, se você tirar a média histórica de 80 para cá, é simplesmente deprimente. E parte da crise social não está pior porque a taxa de crescimento demográfico baixou muito. A demografia nos livrou de problemas bastante sérios que teríamos que enfrentar agora. Então, nossa crise é estrutural e de 30 anos, vem dos anos 80, trazendo efeitos cumulativos.
Valor: Quais efeitos cumulativos?
Cano: Os erros da ditadura militar, que geraram a crise do endividamento, e depois os erros crassos da adoção de uma política neoliberal, que foram e são calamitosos.
Valor: A quais erros da política neoliberal o sr. se refere?
Cano: Os erros advindos do neoliberalismo são as reformas do Consenso de Washington - desregulamentação financeira, abertura comercial, s reformas da relação capital-trabalho, reforma da previdência social, privatização e encolhimento do aparelho do Estado. Essas coisas, que motivaram palmas e elogios na mídia durante muito tempo a muitos empresários, cobram um preço muito pesado para o futuro. Nos livramos das estatais e nos livramos também da possibilidade de atuar diretamente no comando da política econômica de vários setores-chave. Se hoje estamos com problemas de logística, de comunicações, de energia, em parte se deve a isso. Simplesmente se entregou a coisa ao setor privado, achando que ele iria resolver os problemas. O setor privado se move com uma perspectiva de uma taxa de lucro. Quando essa taxa estremece, ele recua. Além disso, infraestrutura exige pesado financiamento de longo prazo, portanto, imobilização de recursos por muito tempo. É muito complexo deixar exclusivamente na mão do setor privado. E foi muito pior, porque foi uma privatização de fato e de direito. Aquilo que estava afeto a ministérios, controlar telecomunicações, eletricidade, navios, virou todo um arremedo de controle público que são as agências, como Anatel e Aneel. Aquilo é um conjunto de pessoas que vieram do setor privado e que não são o Estado. É um ente híbrido e que, portanto, não pode fazer uma administração pública desses setores. Então, o Estado foi desmantelado.
Valor: E isso gerou impacto nas políticas de desenvolvimento?
Cano: O Ministério do Planejamento hoje se converte em um ministério de contabilidade pública. Não é um ministério que usa orçamento público como instrumento de política de desenvolvimento. Você não tem uma estratégia de planejamento. Então, crescemos pouco, porque nos amarramos não só a essas reformas [neoliberais], mas também nos amarramos com a OMC.
Valor: Em que sentido "nos amarramos" com a OMC?
Cano: A abertura comercial, além de reduzir as tarifas violentamente e eliminar um monte de entraves às importações, escancarou o parque produtivo nacional à competição internacional. Essas falas - ´vamos elevar a produtividade´, ´vamos introjetar ciência e tecnologia´ -, eu ouço desde pequenininho, como se tecnologia fosse uma maria-mole que você compra na venda da esquina e dá para criança. Isso passa por decisões de empresários e por questões que não são fáceis de ser administradas.
Valor: Alguns economistas defendem que é preciso melhorar a produtividade do capital e do trabalho para o país avançar mais...
Cano: O empresário introjeta tecnologia e ciência quando tem expectativa de retorno. Se você está destruindo a sua indústria, encolhendo cadeias produtivas, importando as coisas mais complexas e mais caras e deixando a coisa mais fácil e simples para se fazer aqui, que ciência e tecnologia vai embutir aqui? O pior é que, como você não tem rumo, não há um projeto nacional, não sabe o que fazer também com o sistema educacional. Aí inventa educação sem fronteiras e está uma festa. Estão mandando aluno para tudo que é lado no mundo, como se o cara fosse aprender algo muito inteligente no interior de Portugal, que é um submisso na União Europeia. Estamos fazendo essas barbaridades.
Valor: Há economistas e empresários que dizem que houve nos últimos anos aumento do Estado na economia e isso seria um dos principais problemas...
Cano: É o contrário. O Estado se retirou da economia. Era responsável por cerca de 50% da Formação Bruta de Capital Fixo do país. Hoje, não responde nem por 20%. O investimento público federal foi ao chão, e o dos Estados e municípios está rastejando. A presidente Dilma Rousseff ainda elevou o investimento público federal, mas muito pouco. E ela não consegue mudar isso. Antes você tinha um orçamento público federal e havia uma fatia que você podia dedicar ao investimento público, ao financiamento público das estatais, ou o que quer que fosse. Agora entraram aí juros, que consomem 40% da receita federal líquida, consomem cerca de 5% do PIB. Isso era a participação do Estado na taxa de inversão. Então, a nossa taxa de investimento não pode subir. E não há economia que cresça de forma sustentada e elevada, se a sua taxa de investimento não sobe.
Valor: Qual a profundidade do problema da competitividade da indústria brasileira?
Cano: O que fizeram Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul? Eles transferiram à China boa parte da sua capacidade de produção industrial pelos salários mais baixos e condições da economia muito melhores. Lá eles poderiam realmente ter uma competitividade avaliada em moeda e inundaram o mundo com manufaturas da China, desde as simples até as de maior complexidade. É um mito pensar que poderíamos enfrentar China, Japão, Coreia. Simplesmente porque, ao escancarar essas condições externas [abertura, entrada na OMC], você acabou com um instrumento poderoso que o Estado tinha, que era o de fazer controle do comércio exterior, de tentar proteger determinados segmentos da produção nacional. Você não pode mais fazer isso.
Valor: Por causa da OMC?
Cano: A OMC não deixa. Ela só te permite fazer alguma restrição diante de uma crise grave de balanço de pagamentos e durante certo tempo. Já estão exigindo do Brasil que acabe com a tarifa de 30% dos automóveis. E tem um outro lado ainda mais cruel, que é a exacerbação do sistema financeiro internacional. Com a longa crise que vem dos anos 70, arrefeceram-se os níveis de produção, o crescimento desacelerou no mundo, e o capital, que antes tinha ovos produtivos e os colocava num ninho para gerar mais produção, diminuiu esses ovos na produção e passou a colocá-los no ninho financeiro. O capital foi deixando de ser basicamente produtivo para se converter cada vez mais em capital financeiro. E o que sucedeu com os empresários que receberam uma cacetada diante da abertura? Reduziram níveis de produção e colocaram mais ovos na cesta financeira. De lá para cá, uma fatia crescente da massa de lucro das empresas não é fruto de produção, mas de aplicações no sistema financeiro. Hoje, há empresários ganhando mais dinheiro no sistema financeiro do que produzindo sapatos, salsichas ou lingotes de ferro. Quando se eleva a Selic, chiam porque pagarão financiamento mais caro, mas riem de felicidade, porque a aplicação financeira dará lucro maior do que se fizessem sapatos.
Valor: É uma contradição?
Cano: É uma contradição que se refletirá no sistema de tomada de decisões nacional. O poder não vai ter mais uma frente empresarial, como nos anos 1970, que dava sustentação ao avanço da industrialização.
Valor: Outros países, como Estados Unidos, parecem mais preocupados com uma reindustrialização, após perder indústrias para Ásia....
Cano: Eles perderam em termos. A desindustrialização no Hemisfério Norte tem caráter distinto da desindustrialização aqui. As duas diminuíram a proporção da indústria de transformação no PIB, só que a do Brasil diminuiu de maneira precoce, porque não fez crescer o que deveria crescer. Aquela diminuiu porque os serviços cresceram muito, talvez tenham perdido um pouco de indústria. Mas as empresas americanas estão na China e mandando lucro aos EUA. Essa perda é bem relativa, diferente da nossa. Nós perdemos mesmo, porque não temos estratégia nenhuma. E isso não é uma debilidade do governo Dilma, Lula ou FHC. Mas é que, com adoção dessas políticas macro, você não tem direito de formular nenhum programa nacional de desenvolvimento.
Valor: Quais as principais consequências em não se ter um projeto nacional de desenvolvimento?
Cano: Sem isso, não há rumo, porque as decisões passam a ser tomadas porque o mercado financeiro gritou, porque a bolsa caiu, o dólar subiu, enfim, você volta a viver as pressões diárias do tal do mercado financeiro, que é quem no fundo faz as pressões na política econômica que nos restou, que é elevar os juros e aumentar o superávit primário para poder pagar juros a ele.
Valor: Alguns economistas dizem que há recuperação da indústria brasileira nos dados do início deste ano. Como o sr. analisa isso?
Cano: A indústria não se recuperou coisa nenhuma. Isso é produto de determinadas flutuações estatísticas. Houve erro de política industrial, mas o crucial é o modelo de crescimento e de política econômica que encarnamos em 1990 e não mudamos. E é por isso que a oposição é fajuta. Para ser oposição, teria que poder criticar. Mas não pode, porque foi ela que inaugurou esse modelo de política de juros altos, câmbio valorizado e superávit primário.
Valor: O sr. acredita que o modelo macro vai seguir sendo o atual?
Cano: Acho que sim, só que certas coisas têm limites. Em economia, nada é eterno, nada é contínuo. Por exemplo, cuidado com as contas do setor externo, porque [alguns dizem que] a vulnerabilidade do país baixou consideravelmente, porque exportamos commodities e acumulamos US$ 370 bilhões de reservas. Mas eu digo: alto lá, cavalheiro. Essas reservas são fruto de quê? Um país acumula reservas por três razões: porque tem superávits comerciais, por receber notáveis fluxos de investimentos externos produtivos e por ter recebido capitais de empréstimo, ou mesmo especulativos, em quantidade apreciável, que o ajudaram a fazer caixa. E esse [último] é o nosso caso. Nosso saldo comercial já foi para o brejo. Estamos com déficit. E o déficit da conta de serviços e de rendas supera nos últimos 15 anos largamente os superávits comerciais. O país vem tapando buraco à custa de investimentos diretos, que não cresceram como eram no passado, mas principalmente com investimentos financeiros, como derivativos, dívida pública. Nossas reservas não têm um lado real da economia. Estão calçadas em capital temporário, de alto risco. Se vier realmente uma ventania forte, que é algo que está na agenda de vários autores, essas reservas não sustentarão o equilíbrio do país, corremos o risco de enfrentar crise severa.
Valor: Qual deveria ser o modelo para reanimar a indústria?
Cano: Aí é que está o problema. O governo vestiu uma camisa de força. Você tem seus músculos, seu cérebro, mas numa camisa de força você não consegue se mover. Se você não pode mover os instrumentos do juro, do câmbio, do crédito e das contas públicas, está amarrado. Esses instrumentos são fortemente interdependentes nesse jogo político internacional que entramos. Você está com um avião e não consegue fazer voo alto. Não adianta, como fazem alguns economistas, dizer que precisamos de política industrial mais inteligente. É impossível. Você pode desenhar a política industrial que quiser, mas política industrial precisa de juros, de câmbio, de financiamento, de um grau de protecionismo à indústria nascente para introjeção de alta tecnologia. E você cedeu todos esses instrumentos ao admitir seu ingresso na OMC e fazer as reformas neoliberais. A possibilidade de mudança é mínima. Pode fazer política de desenvolvimento agrícola com recursos do Banco do Brasil. Faz uma estradinha, dá uma ´garibada´ no porto, mas fazer uma fábrica de chip, avançar na petroquímica, na química fina, aí você não vai.
Valor: Por que esses setores especificamente seriam importantes?
Cano: Fábrica de chip foi uma coisa estratégica para quem quisesse enveredar no ramo da microeletrônica. Você não tem o comando, o nervo da criação tecnológica na microeletrônica, se não fabrica chip. Aí tem que comprá-lo da Coreia, da China... Mas posso dar outros exemplos. O déficit de exportações na indústria química é severo, complexo. Ficaram fazendo bobagens com a Petrobras, de comprar refinaria em vários países, fazendo coisas do arco da velha, e não cuidaram como deveriam da petroquímica e da Petrobras aqui dentro. Agora, ela paga caro, toma grandes empréstimos lá fora e estamos com problema no abastecimento de derivados de petróleo, uma política em parte equivocada. E vamos afundar o setor de etanol, com essa política de preços de combustíveis.
Valor: O governo tentou enfrentar a pouca competitividade industrial com subsídios, por exemplo.
Cano: São paliativos usados muito mais na hora que a onça vai beber água. Na crise do ´subprime´, que ia bater aqui, eles correram e deram estímulos, mas que têm limites estreitos. A OMC não aceita isso em caráter permanente.
Valor: O resultado do PIB de 2013 mostrou avanço da taxa de investimento. Há uma mudança?
Cano: Mesmo nos anos melhores, o investimento não atingiu nem 20% do PIB. Tivemos 25% nos anos 70. E há também uma diferença qualitativa. Economistas pecam porque olham a taxa de investimento e não a sua estrutura. Nos anos 70, a parte alocada na indústria de transformação era substancial. Hoje, não. E isso se reflete também na estrutura do investimento direto externo, que vem muito mais para serviços, agrobusiness, mineração e pouco à indústria.
Valor: Há economistas que defendem criação de grandes grupos nacionais como forma de melhorar a competitividade. O que o sr. acha?
Cano: Essa ideia foi fruto de um fato que ocorreu no capitalismo. Quem mostrou realmente capacidade de engendrar gigantes foram os americanos. Os alemães já tinham noção disso com as políticas de cartelização no século XIX, tinham corporações fortes; aí os japoneses copiaram isso, os coreanos também; e a China, que tinha as suas estatais. Mas eles possuem muito mais do que apenas grandes empresas. Têm moeda conversível internacionalmente, reservas, controle sobre o câmbio, sobre os juros. Nós não temos. Que grande empresa internacional você vai fornecer, se não tem moeda, se não há controle sobre a política macroeconômica? É até apostar demais que aquele grupo privado beneficiado por financiamento público é tão schumpeteriano que vai ter sucesso internacional descomunal para virar grande grupo. Não creio nisso. Várias apostas já foram feitas de maneira errada. Esse Eike [Batista]...Há anos que chamo a atenção de meus alunos de que ele é o "Farquhar" brasileiro.
Valor: Farquhar?
Cano: Teve um financista americano hábil no início do século XX, chamado Percival Farquhar, que montava castelos de cartas. Um dia alguém puxou uma cartinha...É evidente que isso é um fenômeno especulativo. Nós embarcamos nessa canoa. E o BNDES não tem que ficar nisso.
Valor: Qual seria a saída?
Cano: Pode ser que se consiga diante de certas circunstâncias internacionais montar uma saída de médio a longo prazo, cuidadosa, gradual, para que se possa administrar os inevitáveis confrontos externos e internos. Se vou mexer nos juros, desvalorizar o câmbio e até subir um pouco a inflação, posso ter chiadeira nacional e o sistema financeiro sairá de armas na rua. Tenho que administrar isso, a indústria, o agronegócio. Qualquer peça que se mexa neste tabuleiro afeta interesses cristalizados. Se quiser aumentar proteção à indústria nacional, vai vir a OMC e dizer não. Então, chegará um momento em que você vai ter que dizer não à OMC. É uma briga feia e complicada. Quem sabe haveria com isso possibilidade de realmente se montar uma integração latino-americana. Não que isso resolva a magnitude dos problemas que temos. Mas seria um contraponto interessante.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
A magnitude dos problemas da economia brasileira é tão grande que para tentar resolvê-los não se pode abrir mão a priori de nenhuma ferramenta, inclusive de um certo nível de protecionismo e incentivos localizados. O autor não está errado nisso.Bourne escreveu:Camaradas, lembram da conversa exposta aqui com o vice-presidente do Bando Mundial, Otaviano canuto, a respeito do que ele pensa da economia brasileira e o que fala para Dona Dilma?
Pois bem, abaixo posto a entrevista de um dos ex-colegas da unicamp, Wilson Cano, responsável por ter expulsado o canuto da unicamp. Além disso, as posições de política industrial e desenvolvimento do Brasil representam o passado e irrealista no cenário da economia brasileira e mundial atual, tanto que perde força dentro do governo Dilma e em discussões acadêmicas mais sérias.
O irrealismo é seguir a receita protecionismo, criação de cadeias internas de valor e mais intervenção do estado. Desconsiderando a integração econômica mundial e competitividade, construção de mecanismos de atuação conjunta entre setor público e privado para infraestrutura e projetos diversos, impulsionar empréstimos do BNDES sem exigir retorno e eficiência.
Pode não aparecer na superfície, mas as implicações de construção da política industrial e construção de país são totalmente diferentes. Apesar de ambos atacarem o mesmo problema.
O problema é achar que só isso seria suficiente, o que não é verdade. As questões estruturais (custo Brasil, ineficiência administrativa, flutuação da moeda, falta de pessoal preparado a nível técnico e gerencial, perfil da dívida interna, custos da máquina pública, falta de investimentos, etc...) precisariam ser atacadas também, bem como implementada uma estratégia de integração à economia mundial de médio/longo prazos.
Mas nada disso será feito, então nossa sina é continuar na marcha lenta amargando a mesma situação de muitas dificuldades que temos agora (e com tendência de piora lenta e constante). Ficaremos é marcando passo enquanto o resto do mundo vai para onde for e nos arrasta junto, para o bem ou para o mal. Só no resta mesmo rezar para que o restante da humanidade encontre o seu caminho, e que ele seja bom para nós

Leandro G. Card
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O problema não é propor protecionismo, mas sim colocar a proteção a industria como tábua de salvação e jogar fora o mercado externo e integração das cadeias produtivas. O resultado final é maior isolamento em relação ao exterior, preservando elevadas taxas de lucros, ineficiência e não necessidade em inovar. Exatamente retornando a prática de industrialização e política industrial dos anos 1970s. Não cabe mais no mundo atual.
Por esse irrealismo e falta de resultado é que provavelmente boa parte da equipe não vai estar em um eventual segundo mandato da Dona Dilma. Como também, a opção a esquerda do Campos é mais amigável a visão do Oreiro e Canuto, especialmente por não terem os cargos mais tradicionais ocupados.
O Aécio e equipe dos "novos" tucanos é populista. Para eles, essas questões são irrelevantes. Simplesmente não tem propostas e se limitam a repetir chavões que foram derrubados no âmbito de políticas públicas e debates teóricos nos anos 1990s.
Por esse irrealismo e falta de resultado é que provavelmente boa parte da equipe não vai estar em um eventual segundo mandato da Dona Dilma. Como também, a opção a esquerda do Campos é mais amigável a visão do Oreiro e Canuto, especialmente por não terem os cargos mais tradicionais ocupados.
O Aécio e equipe dos "novos" tucanos é populista. Para eles, essas questões são irrelevantes. Simplesmente não tem propostas e se limitam a repetir chavões que foram derrubados no âmbito de políticas públicas e debates teóricos nos anos 1990s.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E dar graças a Deus que os argentinos tem governos piores.LeandroGCard escreveu:A magnitude dos problemas da economia brasileira é tão grande que para tentar resolvê-los não se pode abrir mão a priori de nenhuma ferramenta, inclusive de um certo nível de protecionismo e incentivos localizados. O autor não está errado nisso.Bourne escreveu:Camaradas, lembram da conversa exposta aqui com o vice-presidente do Bando Mundial, Otaviano canuto, a respeito do que ele pensa da economia brasileira e o que fala para Dona Dilma?
Pois bem, abaixo posto a entrevista de um dos ex-colegas da unicamp, Wilson Cano, responsável por ter expulsado o canuto da unicamp. Além disso, as posições de política industrial e desenvolvimento do Brasil representam o passado e irrealista no cenário da economia brasileira e mundial atual, tanto que perde força dentro do governo Dilma e em discussões acadêmicas mais sérias.
O irrealismo é seguir a receita protecionismo, criação de cadeias internas de valor e mais intervenção do estado. Desconsiderando a integração econômica mundial e competitividade, construção de mecanismos de atuação conjunta entre setor público e privado para infraestrutura e projetos diversos, impulsionar empréstimos do BNDES sem exigir retorno e eficiência.
Pode não aparecer na superfície, mas as implicações de construção da política industrial e construção de país são totalmente diferentes. Apesar de ambos atacarem o mesmo problema.
O problema é achar que só isso seria suficiente, o que não é verdade. As questões estruturais (custo Brasil, ineficiência administrativa, flutuação da moeda, falta de pessoal preparado a nível técnico e gerencial, perfil da dívida interna, custos da máquina pública, falta de investimentos, etc...) precisariam ser atacadas também, bem como implementada uma estratégia de integração à economia mundial de médio/longo prazos.
Mas nada disso será feito, então nossa sina é continuar na marcha lenta amargando a mesma situação de muitas dificuldades que temos agora (e com tendência de piora lenta e constante). Ficaremos é marcando passo enquanto o resto do mundo vai para onde for e nos arrasta junto, para o bem ou para o mal. Só no resta mesmo rezar para que o restante da humanidade encontre o seu caminho, e que ele seja bom para nós.
Leandro G. Card

Não é nada meu. Não é nada meu. Excelência eu não tenho nada, isso é tudo de amigos meus.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Fracasso anunciado.
Merval Pereira, O Globo - 10.04.14.
Em ano eleitoral, em que a diferença entre a percepção e a realidade se amplia muito devido à disputa política, há pouco espaço para uma análise mais profunda acerca das limitações do modelo econômico vigente, embora elas possam estar apontando para épocas futuras mais sombrias. É por essa razão, e com visão crítica, que os economistas Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman escreveram o livro “Complacência — Entenda por que o Brasil cresce menos do que pode”, publicado pela editora Campus, lançado esta semana.
Um exemplo para ser pessimista: na última década, a taxa anual média de crescimento da economia brasileira foi de 3,5%. Nesse mesmo período, as taxas médias de Chile, Colômbia e Peru foram de 4,6 %, 4,7 % e 6,4%, respectivamente, enquanto o vizinho Uruguai cresceu 5,1 % ao ano. É bem possível que, ao fim do mandato da presidente Dilma, a taxa média dos quatro anos mal chegue a 2%.
Os economistas mostram que um conjunto de fatores contribuiu para o êxito das políticas oficiais após 2003, sobretudo a relação entre preços das exportações e das importações, baixas taxas de juros internacionais, taxa de câmbio e os excepcionais dados do emprego, fatores que os economistas denominam de “quadrado mágico”.
“Até o começo da atual década, vivemos a ‘fase fácil’ e, para crescer, bastava injetar demanda na economia. Mas era algo que cedo ou tarde iria acabar. O fracasso do modelo adotado, após a fase da bonança mundial, estava anunciado”, diz Giambiagi.
Com o início da “etapa difícil”, quando foi necessário expandir a capacidade de oferta, o governo falhou, na visão dos autores. Dessa forma, a poupança doméstica se manteve baixa, incapaz de financiar o investimento requerido, e tivemos o que chamam de “risível crescimento da produtividade”: apenas 1% ao ano entre 2001 e 2011. Na China, no mesmo período o crescimento da produtividade foi de 9,9% e na Índia, 6,4%.
“O fato é que a maior parte dos países está se preparando com afinco para um mundo de muita competitividade, mas o Brasil está deixando a desejar”, alertam os economistas, para quem as contas da política econômica da última década estão chegando. Para eles, um dos mais urgentes problemas a ser solucionado é a escassez de mão de obra qualificada, através do esforço educacional.
O grupo de pessoas que está no mercado de trabalho, a chamada população economicamente ativa, cresce a taxas cada vez menores. “A pirâmide etária brasileira sofrerá uma alteração dramática nas próximas três décadas e meia”, relata Giambiagi. “Em razão do peso da questão demográfica e dos resultados do país no campo da Educação, a tendência à baixa produtividade se manterá, representando um constrangimento sério para o crescimento econômico futuro do país”.
A Índia e a China massificaram o envio de alunos a universidades internacionais. Na Coreia do Sul, 64 % da geração entre 25 a 34 anos se formou em universidade (dados de 2011), representando um ganho de 51 pontos percentuais em relação à geração mais velha com idade entre 55 a 64 anos — que contabiliza 13% de pessoas com curso superior.
No caso do Brasil, onde apenas 9% da geração com idade entre 55 a 64 anos tem curso superior, a atual proporção de 13 % de pessoas com formação superior na geração de 25 a 34 anos revela um incremento de modestos quatro pontos percentuais, e representa três vezes menos que a taxa do Chile (41%) e quase quatro vezes menos que a taxa da Rússia (56%).
Os autores destacam que a proporção de alunos que conclui o ensino médio é muito baixa em termos comparativos, não só em relação aos países mais avançados, como em relação a outras economias emergentes. Enquanto no Brasil apenas seis de cada dez pessoas na faixa de 25 a 34 anos concluíram o ensino médio, no Chile essa proporção é de nove de cada dez pessoas.
Para retomar o crescimento sustentado com vistas a ganhos de competitividade, eficiência e produtividade, para substituir o “quadrado mágico”, que já não existe, Giambiagi e Schwartsman sugerem o “pentágono virtuoso”, representado pela ênfase em i) competição; ii) poupança; iii) infraestrutura; iv) gasto público eficiente; e v) investimento em Educação. E ressaltam que o roteiro de reformas precisa ser complementado.
Merval Pereira, O Globo - 10.04.14.
Em ano eleitoral, em que a diferença entre a percepção e a realidade se amplia muito devido à disputa política, há pouco espaço para uma análise mais profunda acerca das limitações do modelo econômico vigente, embora elas possam estar apontando para épocas futuras mais sombrias. É por essa razão, e com visão crítica, que os economistas Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman escreveram o livro “Complacência — Entenda por que o Brasil cresce menos do que pode”, publicado pela editora Campus, lançado esta semana.
Um exemplo para ser pessimista: na última década, a taxa anual média de crescimento da economia brasileira foi de 3,5%. Nesse mesmo período, as taxas médias de Chile, Colômbia e Peru foram de 4,6 %, 4,7 % e 6,4%, respectivamente, enquanto o vizinho Uruguai cresceu 5,1 % ao ano. É bem possível que, ao fim do mandato da presidente Dilma, a taxa média dos quatro anos mal chegue a 2%.
Os economistas mostram que um conjunto de fatores contribuiu para o êxito das políticas oficiais após 2003, sobretudo a relação entre preços das exportações e das importações, baixas taxas de juros internacionais, taxa de câmbio e os excepcionais dados do emprego, fatores que os economistas denominam de “quadrado mágico”.
“Até o começo da atual década, vivemos a ‘fase fácil’ e, para crescer, bastava injetar demanda na economia. Mas era algo que cedo ou tarde iria acabar. O fracasso do modelo adotado, após a fase da bonança mundial, estava anunciado”, diz Giambiagi.
Com o início da “etapa difícil”, quando foi necessário expandir a capacidade de oferta, o governo falhou, na visão dos autores. Dessa forma, a poupança doméstica se manteve baixa, incapaz de financiar o investimento requerido, e tivemos o que chamam de “risível crescimento da produtividade”: apenas 1% ao ano entre 2001 e 2011. Na China, no mesmo período o crescimento da produtividade foi de 9,9% e na Índia, 6,4%.
“O fato é que a maior parte dos países está se preparando com afinco para um mundo de muita competitividade, mas o Brasil está deixando a desejar”, alertam os economistas, para quem as contas da política econômica da última década estão chegando. Para eles, um dos mais urgentes problemas a ser solucionado é a escassez de mão de obra qualificada, através do esforço educacional.
O grupo de pessoas que está no mercado de trabalho, a chamada população economicamente ativa, cresce a taxas cada vez menores. “A pirâmide etária brasileira sofrerá uma alteração dramática nas próximas três décadas e meia”, relata Giambiagi. “Em razão do peso da questão demográfica e dos resultados do país no campo da Educação, a tendência à baixa produtividade se manterá, representando um constrangimento sério para o crescimento econômico futuro do país”.
A Índia e a China massificaram o envio de alunos a universidades internacionais. Na Coreia do Sul, 64 % da geração entre 25 a 34 anos se formou em universidade (dados de 2011), representando um ganho de 51 pontos percentuais em relação à geração mais velha com idade entre 55 a 64 anos — que contabiliza 13% de pessoas com curso superior.
No caso do Brasil, onde apenas 9% da geração com idade entre 55 a 64 anos tem curso superior, a atual proporção de 13 % de pessoas com formação superior na geração de 25 a 34 anos revela um incremento de modestos quatro pontos percentuais, e representa três vezes menos que a taxa do Chile (41%) e quase quatro vezes menos que a taxa da Rússia (56%).
Os autores destacam que a proporção de alunos que conclui o ensino médio é muito baixa em termos comparativos, não só em relação aos países mais avançados, como em relação a outras economias emergentes. Enquanto no Brasil apenas seis de cada dez pessoas na faixa de 25 a 34 anos concluíram o ensino médio, no Chile essa proporção é de nove de cada dez pessoas.
Para retomar o crescimento sustentado com vistas a ganhos de competitividade, eficiência e produtividade, para substituir o “quadrado mágico”, que já não existe, Giambiagi e Schwartsman sugerem o “pentágono virtuoso”, representado pela ênfase em i) competição; ii) poupança; iii) infraestrutura; iv) gasto público eficiente; e v) investimento em Educação. E ressaltam que o roteiro de reformas precisa ser complementado.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Interessante como a dupla, Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, joga tudo na conta da formação de capital humano como se dependesse de uma vontade política e tivesse efeito mágico. Isto é, elevar a carga de anos de estudo e experiencia como forma de alavancar a produtividade. É um interpretação bem particular do efeito do capital humano sobre crescimento. Nenhum dos dois é especialista nisso, talvez provenha daí as distorções.
O problema é ser um processo lento e precisa ser direcionado para as áreas realmente importantes. Mais do que o governo federal já faz fica difícil fazer. A elevação do ensino brasileiro para o padrão alemão não vai ocorrer por decreto, nem em décadas. Não quer dizer que mais gente com curso superior em direito tenha maior impacto do que mais gente com formação de técnico ou tecnólogo. Pegar a taxa de gente com curso superior e comparar com diferentes países possui uma interpretação potencialmente distorcida.
A estrutura industrial precisa demandar esses profissionais que advém pela elevação do investimento e busca de competitividade. Não se pode considerar o modelo básico de lucas (1988) que considera o capital humano e simplifica a preposição como o capital estando no equilíbrio estacionário, sem poder se expandir. Não seria válido nem para um país desenvolvidos como EUA ou Alemanha, ainda menos para o Brasil que está aquém das necessidades de investimento em infraestrutura velha e atual, burocracia, gestão corporativa e investimento e capacidade produtiva das firmas. Aliás, não chegou nem perto do estoque de capital necessário para manter um padrão de vida razoável de país desenvolvido para a maioria da população.
Outro fator a ser considerado é o tamanho da população brasileira em relação aos demais países emergentes, sendo uma particularidade vivida também por Índia e China. O Brasil também começa a mandar em massa estudantes de graduação e pós-graduação ao exterior. Isso não tem nada demais e nem coisa do outro mundo.
O paragrafo final sobre as reformas não tem novidade nenhuma. Talvez, a novidade esteja em como implementá-las e tendo a conhecer o roteiro pelo passado dos autores: i) abertura comercial; ii) arrojo fiscal; e iii) aperto monetário. É a solução mágica dos autores.
O problema é ser um processo lento e precisa ser direcionado para as áreas realmente importantes. Mais do que o governo federal já faz fica difícil fazer. A elevação do ensino brasileiro para o padrão alemão não vai ocorrer por decreto, nem em décadas. Não quer dizer que mais gente com curso superior em direito tenha maior impacto do que mais gente com formação de técnico ou tecnólogo. Pegar a taxa de gente com curso superior e comparar com diferentes países possui uma interpretação potencialmente distorcida.
A estrutura industrial precisa demandar esses profissionais que advém pela elevação do investimento e busca de competitividade. Não se pode considerar o modelo básico de lucas (1988) que considera o capital humano e simplifica a preposição como o capital estando no equilíbrio estacionário, sem poder se expandir. Não seria válido nem para um país desenvolvidos como EUA ou Alemanha, ainda menos para o Brasil que está aquém das necessidades de investimento em infraestrutura velha e atual, burocracia, gestão corporativa e investimento e capacidade produtiva das firmas. Aliás, não chegou nem perto do estoque de capital necessário para manter um padrão de vida razoável de país desenvolvido para a maioria da população.
Outro fator a ser considerado é o tamanho da população brasileira em relação aos demais países emergentes, sendo uma particularidade vivida também por Índia e China. O Brasil também começa a mandar em massa estudantes de graduação e pós-graduação ao exterior. Isso não tem nada demais e nem coisa do outro mundo.
O paragrafo final sobre as reformas não tem novidade nenhuma. Talvez, a novidade esteja em como implementá-las e tendo a conhecer o roteiro pelo passado dos autores: i) abertura comercial; ii) arrojo fiscal; e iii) aperto monetário. É a solução mágica dos autores.

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Além do ponto grifado em vermelho existe um outro que este pessoal que insiste apenas na formação escolar se esquece (ou mais provavelmente simplesmente não conhece): Em praticamente todos os setores que de fato afetam a economia a educação básica e a formação profissional são apenas os pré-requisitos para a atuação do profissional, mas passam muito longe de serem o suficiente para que ele seja realmente um trabalhador produtivo. Os conhecimentos específicos de cada setor e a importantíssima experiência só vem através do trabalho prático e da convivência com outros profissionais já experientes do setor. E isso jamais acontece na escola, mas apenas dentro das empresas.Bourne escreveu:Interessante como a dupla, Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, joga tudo na conta da formação de capital humano como se dependesse de uma vontade política e tivesse efeito mágico. Isto é, elevar a carga de anos de estudo e experiencia como forma de alavancar a produtividade. É um interpretação bem particular do efeito do capital humano sobre crescimento. Nenhum dos dois é especialista nisso, talvez provenha daí as distorções.
O problema é ser um processo lento e precisa ser direcionado para as áreas realmente importantes. Mais do que o governo federal já faz fica difícil fazer. A elevação do ensino brasileiro para o padrão alemão não vai ocorrer por decreto, nem em décadas. Não quer dizer que mais gente com curso superior em direito tenha maior impacto do que mais gente com formação de técnico ou tecnólogo. Pegar a taxa de gente com curso superior e comparar com diferentes países possui uma interpretação potencialmente distorcida.
A estrutura industrial precisa demandar esses profissionais que advém pela elevação do investimento e busca de competitividade. Não se pode considerar o modelo básico de lucas (1988) que considera o capital humano e simplifica a preposição como o capital estando no equilíbrio estacionário, sem poder se expandir. Não seria válido nem para um país desenvolvidos como EUA ou Alemanha, ainda menos para o Brasil que está aquém das necessidades de investimento em infraestrutura velha e atual, burocracia, gestão corporativa e investimento e capacidade produtiva das firmas. Aliás, não chegou nem perto do estoque de capital necessário para manter um padrão de vida razoável de país desenvolvido para a maioria da população.
Outro fator a ser considerado é o tamanho da população brasileira em relação aos demais países emergentes, sendo uma particularidade vivida também por Índia e China. O Brasil também começa a mandar em massa estudantes de graduação e pós-graduação ao exterior. Isso não tem nada demais e nem coisa do outro mundo.
Por isso a perda da base industrial que está ocorrendo já há algum tempo é gravíssima, pois compromete a capacitação dos profissionais que são e serão cada vez mais necessários para o país. E apenas formar um monte de mestres e doutores com base puramente acadêmica não vai resolver este problema. É claro que o Brasil pode sim fazer bom uso de alguns doutores formados em Harvard, mas o que fará a economia realmente deslanchar serão engenheiros e técnicos com anos de experiência profissional dentro de empresas, e estes não tem programa nenhum de bolsas de estudo que possa formar. Se estes estiverem disponíveis os doutores bem formados podem até ser contratados fora depois (como os americanos são mestres em fazer).
Em outras palavras, suicídio econômicoO paragrafo final sobre as reformas não tem novidade nenhuma. Talvez, a novidade esteja em como implementá-las e tendo a conhecer o roteiro pelo passado dos autores: i) abertura comercial; ii) arrojo fiscal; e iii) aperto monetário. É a solução mágica dos autores.

Leandro G Card