Na minha opinião isso mostra a viabilidade do Gripen NG, e que, ao contrário do que muitos tentam negar, pode sim absolver uma boa fatia no mercado de caças nos próximos anos. O que estava faltando era justamente uma parceria como esta com o Brasil, para aumentar a credibilidade do caça. Não é a toa que os suecos ofereceram até as cuecas para vencer o FX. Bom para o Brasil, que além de todas as vantagens táticas que o caça pode oferecer, pode ser o que faltava para a industria aeroespacial brasileira completar seu portifólio de produtos, agora podendo oferecer um caça de ultima geração que se encaixa como uma luva para a grande maioria das forças aéreas do mundo!kirk escreveu:Brasil incrementou a busca de clientes em busca de informações sobre o Gripen
POSTADO POR VINNA TERÇA-FEIRA, FEVEREIRO 18, 2014
Segundo declarações veiculadas no "Wall Street Journal", Depois da escolha do Brasil pelo Gripen, a SAAB tem recebido sondagens de clientes asiáticos, alguns países europeus e pelo menos um outro país sul-americano e outro Africano acerca de especificações e aspectos do seu caça.
O Brasil optou pelo Gripen em dezembro em uma intenção de contrato cuja a cifra gira em cerca de US $ 4,5 bilhões para 36 jatos. 80% do Gripen será produzido no país.
A montagem e a integração das peças e sistemas dos aviões será feita pela Embraer. Ainda não está definido quais serão as peças que serão produzidas no Brasil. O investimento inicial de US$ 150 milhões será para as instalações físicas da fábrica e a transferência de equipamentos e máquinas.
Segundo o vice-presidente mundial, Embraer, Mectron, Atech, AEL Sistemas, Akaer e a subsidiária da GE no pais vão participar do fornecimento das partes mais complexas do caça, envolvendo integração de sistemas e armamentos, montagem final, data-link, componentes e manutenção de motores, sistemas aviônicos e desenvolvimento de aeroestrutura.
Países como a Suécia, Tailândia, África do Sul e República Checa operam a aeronave.A Suíça deverá contratar 22 aeronaves se a escolha da força aérea for aprovada no referendo.
By Vinna com informações do Wall Street Journal
http://moraisvinna.blogspot.com.br/2014 ... es-em.html
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
O Brasil só ganhará lucro com as vendas aqui na América Latina, o resto do mundo é da SAAB...
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Quem disse isso? Pelo que sei existirá uma reserva de mercado que será suprido pelo Brasil, e não especifica que é apenas na AS. Creio que entra também a África e alguns países asiáticos. Alem disso, o Brasil ganhara com qualquer venda do Gripen, aja visto que uma parte dos componentes será produzida aqui! Lembre-se que não seremos apenas licenciado para montagem do caça (que foi o oferecido pelos concorrentes), mas sim parceiro no DESENVOLVIMENTO, ou seja, seremos DONOS de uma parte do programa, como ocorre no caso do desenvolvimento do Míssil A-Darter.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Primeiro, essas gerações são gerações de caças americanos, então nada mais natural do que os americanos serem os primeiros a pensar na 6ªG, segundo, são os único que operam caças de 5ªG hoje e únicos capazes de fazer o 6ªG proposto, alias, estão a muitos anos pesquisando a tecnologia necessária.irlan escreveu:Já tem gente pensando em 6ª geração quando os caças da quinta ainda nem sairam do forno direito,
Pro resto do mundo é 4ªG 4,5G, 4,75G, 4++G, etc
Sim, por exemplo, a iluminação dos alvos ser feita por um avião mais distante transmitindo informações para outro avião na linha de frente que vai disparar as armas e entrar em combate se necessário.irlan escreveu:tem alguma diferença nas táticas empregas por esses caças Stealth que os difere dos atuais?
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
irlan escreveu:O Brasil só ganhará lucro com as vendas aqui na América Latina, o resto do mundo é da SAAB...
O Brasil fabricará componentes para todos os NG exportados (inclusive suecos e suiços). A diferença é quem será a contratada principal.
[]'s
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Editorial
A continuidade do Programa de Recuperação Operacional da FAB, em particular o oportuno encaminhamento do Projeto F-X2, é um requisito fundamental para que esta Força esteja à altura dos anseios do país. Sob tal ótica, a modernização organizacional; o esforço aéreo anual compatível com as realidades operacionais plenamente conhecidas; o incremento da disponibilidade dos meios aéreos; agregando-se, finalmente, o vital papel desempenhado pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, este conjunto de aspectos configura-se como de definitiva importância para o cumprimento da destinação do Comando da Aeronáutica."
Era 28 de fevereiro de 2007. Com estas palavras, o então novo Comandante da Aeronáutica Tenente-Brigadeirodo-Ar Juniti Saito deixava clara, em seu discurso de posse, a importância que o programa que visava dar à FAB um novo vetor de combate teria ao longo do seu comando. Piloto de caça experiente, conhecedor da guerra aérea e das possibilidades e limitações da Força que passava a comandar não tinha dúvidas de que os homens que analisavam as possíveis opções oferecidas pelo mercado sabiam exatamente o que estavam fazendo. Afinal, o Programa F-X a que ele se referia já vinha se arrastando há bastante tempo. Foi na verdade no início de 1996 que os primeiros lances do que acabou sendo uma das mais longas partidas de xadrez que se disputou no ambiente militar brasileiro ocorreram. Eram movimentos que visavam garantir o apoio político da indústria nacional por meio de participação acionária. E foram muito bem jogados. Travou-se então um violento embate político-industrial que acabou não se definindo por absoluta falta de tempo e pela análise dos riscos políticos que uma decisão às vésperas do fim do governo Fernando Henrique Cardoso poderiam trazer. Foi um adiamento bom para a Força Aérea e para o país porque as aeronaves concorrentes haviam ficado tempo demais no páreo. Estavam cansadas. Envelheceram. Então, em 2008, lançou-se o F-X2 com máquinas mais modernas e tecnologias novas em fase de aprimoramento. Momento ideal para a entrada da indústria brasileira em programas nos quais abundava a oportunidade de receber tecnologia. Pouco depois emitiu-se um shortlist constando o Boeing F/A-18 Super Hornet, o Dassault Rafale e o Saab Gripen NG. Mas de novo, o governo titubeou. E a concorrência se estendeu outra vez. O governo Lula ocupava o Planalto e na esteira de um acordo estratégico escolheu a aeronave Rafale, da francesa Dassault. Ocorre que a escolha não levava em conta o exaustivo trabalho de avaliação realizado pelos oficiais da Força Aérea que há anos vinham se debruçando sobre seus relatórios montados com o uso dos mais avançados meios de análise operacional e minuciosas avaliações em voo de cada concorrente. Os resultados apontavam para uma enorme disparidade comercial que impossibilitaria a escolha de um vetor com preços tão elevados. Some-se a isso o fato de que o país já escolhera a França para capitanear um programa da Marinha para a fabricação de novos submarinos convencionais e nucleares, bem como para fornecer uma frota de 50 helicópteros de médio porte para as três Forças Armadas. As Forças Armadas não gostaram da ideia de depender de uma única nação para tantos desenvolvimentos estratégicos. Dita a regra, que é boa prática possuir diversos fornecedores antevendo futuros atritos não imaginados. Naquele momento a FAB já completara o seu estudo. Sabia exatamente o que queria e porquê. O fait accompli político não interessava ao país. Cabe ressaltar que para os vendedores, aquela estratégia fazia parte de profunda análise de suas possibilidades, estavam no seu papel. Interessante foi a veemência com a qual o governo da época abraçou programa tão dispendioso que não cabia na arquitetura orçamentária da Força Aérea, e consequentemente do Estado que governava. Mudou o governo e Juniti Saito foi mantido como Comandante de sua Força a pedido da nova administração. Na luta para conseguir o novo caça, a posição da Força em nada mudara. Sua comissão de avaliação, a COPAC havia emitido um relatório definitivo. Não havia porque mudá-lo. O Comandante já havia deixado claro que apoiaria incondicionalmente a sua tropa.
Após anos de estudo, a FAB não mudara sua proa. Seu relatório ficaria à disposição da História. O Comandante da Aeronáutica, sempre norteado pela responsabilidade de fazer o que era melhor para a sua Força e para a indústria aeroespacial e de defesa do país, seguia aconselhando a Presidência da República tendo como referência máxima os minuciosos estudos que haviam sido conduzidos por seu pessoal técnico. A decisão do governo seria aceita com uma respeitosa continência. Afinal, a decisão, ditava a regra, era política, cabendo à Força Aérea somente o aconselhamento do mandatário no poder. Na reta final explodiu o caso Snowden, causando um escândalo de espionagem que provavelmente inviabilizou qualquer chance da proposta norte-americana. Assim, como um pequeno sabonete que se esgueira, escorrega e escapa quando apertado por duas mãos poderosas, a proposta do Gripen NG, a mais barata e a mais interessante tecnologicamente acabou vencendo o certame para a alegria da Força Aérea Brasileira que nunca desviou de seu caminho sabendo o que melhor se adequava à sua realidade e à do seu país. A FAB tinha o seu caça! E, após um longo e árduo certame, Juniti Saito pôde finalmente sorrir. Havia conduzido seus homens na busca do que precisavam, recebendo exatamente o que haviam escolhido. Cumpria sua promessa daquele longínquo 28 de fevereiro.
http://www.forcaaerea.com.br/atual.asp
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Essa tática de iluminar o alvo antes de jogarem as bombas eu já tinha ouvido falar, acho que ela não é tão nova assim não...
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Me expressei mal, não quis dizer iluminar o alvo com lasers ou outra forma de apontamento de alvos no solo, e sim iluminar os alvos com ondas de radar, se o caça da frente ligasse seu radar seria detectado pelo inimigo, então o caça mais atrás liga o radar além do alcance das armas inimigas e o da frente recebe as informações sobre a posição do inimigo e pode disparar sem ser detectado.
Teoricamente essas informações que chegam ao caça da frente podem ser as reflexões de radar do inimigo mas não sei se os radares do F-35 e F-22 conseguem trabalhar nesse modo passivo, via datalink eu sei que eles possuem essa comunicação.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Essa é também uma capacidade do Gripen muito apreciada pela FAB ... NCW!Marechal-do-ar escreveu: Sim, por exemplo, a iluminação dos alvos ser feita por um avião mais distante transmitindo informações para outro avião na linha de frente que vai disparar as armas e entrar em combate se necessário.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
No site oficial do F-35 declara que essa é uma capacidade a ser agregada ao caça ... interessante que os suécos já fazem isso ... essa é a principal doutrina deles ... priorizam muito o uso do D-linkMarechal-do-ar escreveu:Me expressei mal, não quis dizer iluminar o alvo com lasers ou outra forma de apontamento de alvos no solo, e sim iluminar os alvos com ondas de radar, se o caça da frente ligasse seu radar seria detectado pelo inimigo, então o caça mais atrás liga o radar além do alcance das armas inimigas e o da frente recebe as informações sobre a posição do inimigo e pode disparar sem ser detectado.
Teoricamente essas informações que chegam ao caça da frente podem ser as reflexões de radar do inimigo mas não sei se os radares do F-35 e F-22 conseguem trabalhar nesse modo passivo, via datalink eu sei que eles possuem essa comunicação.
AbsAdvanced avionics give the pilot real-time access to battle space information with spherical coverage and an unparalleled ability to dominate the tactical environment. Data collected by F-35 sensors can be immediately shared with commanders at sea, in the air or on the ground, providing an instantaneous, high-fidelity view of ongoing operations – making the Lightning II a formidable force multiplier.
http://www.lockheedmartin.com/us/products/f35.html
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Em termos de NCW, a Suécia é um dos países que tem maior conhecimento nesta área. Possui um Data-link plenamente operacional, e integrado a todo seu sistema de defesa, desde a década de 70, com os Saab Draken.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
São os idealizadores do sistema, considerado atualmente o mais avançado do mundo.henriquejr escreveu:Em termos de NCW, a Suécia é um dos países que tem maior conhecimento nesta área. Possui um Data-link plenamente operacional, e integrado a todo seu sistema de defesa, desde a década de 70, com os Saab Draken.
""O primeiro "link de caça" (fighter link), incluindo aeronave a aeronave de duas vias, foi desenvolvido secretamente, a bordo do JA-37 Viggen no inicio da década de 80. Em 1982 ligava dois caças e a partir de 1984 o Viggen já estava ligando quatro caças entre si. ""
http://sistemasdearmas.com.br/ge/dtl7suecia.html
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
FCarvalho escreveu:Knigh7, hipoteticamente falando, se houver mesmo uma redução de custos nesse meio tempo, entre negociação e assinatura de contrato, isto poderia ser refletido em uma versão naval do Gripen, caso a MB o selecione, em uma segunda etapa do projeto FX, mesmo que as alterações propostas para esta versão encareçam de certa forma o avião, o que deve acontecer, invariavelmente?
Já que em tese iremos comprar lotes subsequentes deste caça para substituir os F-5M que restaram, pode ser que um segundo lote de Gripen E/F combinado com os custos de desenvolvimento do Sea Gripen possam ser amortizados, também, em função dos quantitativos envolvidos, pois haverá certamente a aquisição de 24 caças navais numa primeira etapa conforme o PAEMB, e presumo, ao menos outros 36 caças para formar os dois esquadrões do 1o GAvCa, como se espera que aconteça, caso os comentários sobre a manutenção desse padrão de 18 caças/esquadrão da FAB seja mesmo mantido.
Aí eu fico pensando: se tudo isso for possível, qual seria o limite para o preço de um Sea Gripen, tendo em vista que a versão terrestre não deve estar saindo, avalio, por menos de uns US 80 milhões?
abs.
Olá, Carvalho.
É bastante difícil dar alguma resposta com uma probabilidade de erra baixa.
A versão M(F3) do Rafale é atualmente 14% mais cara que a versão C (tambémF3). Mas vale ressaltar que desde a raiz do projeto desse caça francês estava prevista a modalidade embarcada, o que não ocorreu com o Gripen, tendo uma comunalidade (do caça francês)maior entre a versão operada em terra com naval do que com a versão naval de um caça que de raiz, não foi projetado para também operar embarcado. Quanto maior a comunalidade, tende a ser menor a diferença de preço.
Somando o que eu disse acima, e, pelo número menor de unidades aventadas (24, pelo menos inicialmente, especulando que a MB irá decidir por ele) para a versão naval do GripenNG para a MB iria custar mais frente a E do que os 14% do que custa o Rafale M em comparação com a C.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
O editorial da Revista Força Aérea segue em linha com o que foi escrito em matérias da revista Aeromagazine lançada há algumas semanas atrás sobre a vitória do Gripen.
kirk escreveu:
Editorial
A continuidade do Programa de Recuperação Operacional da FAB, em particular o oportuno encaminhamento do Projeto F-X2, é um requisito fundamental para que esta Força esteja à altura dos anseios do país. Sob tal ótica, a modernização organizacional; o esforço aéreo anual compatível com as realidades operacionais plenamente conhecidas; o incremento da disponibilidade dos meios aéreos; agregando-se, finalmente, o vital papel desempenhado pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, este conjunto de aspectos configura-se como de definitiva importância para o cumprimento da destinação do Comando da Aeronáutica."
Era 28 de fevereiro de 2007. Com estas palavras, o então novo Comandante da Aeronáutica Tenente-Brigadeirodo-Ar Juniti Saito deixava clara, em seu discurso de posse, a importância que o programa que visava dar à FAB um novo vetor de combate teria ao longo do seu comando. Piloto de caça experiente, conhecedor da guerra aérea e das possibilidades e limitações da Força que passava a comandar não tinha dúvidas de que os homens que analisavam as possíveis opções oferecidas pelo mercado sabiam exatamente o que estavam fazendo. Afinal, o Programa F-X a que ele se referia já vinha se arrastando há bastante tempo. Foi na verdade no início de 1996 que os primeiros lances do que acabou sendo uma das mais longas partidas de xadrez que se disputou no ambiente militar brasileiro ocorreram. Eram movimentos que visavam garantir o apoio político da indústria nacional por meio de participação acionária. E foram muito bem jogados. Travou-se então um violento embate político-industrial que acabou não se definindo por absoluta falta de tempo e pela análise dos riscos políticos que uma decisão às vésperas do fim do governo Fernando Henrique Cardoso poderiam trazer. Foi um adiamento bom para a Força Aérea e para o país porque as aeronaves concorrentes haviam ficado tempo demais no páreo. Estavam cansadas. Envelheceram. Então, em 2008, lançou-se o F-X2 com máquinas mais modernas e tecnologias novas em fase de aprimoramento. Momento ideal para a entrada da indústria brasileira em programas nos quais abundava a oportunidade de receber tecnologia. Pouco depois emitiu-se um shortlist constando o Boeing F/A-18 Super Hornet, o Dassault Rafale e o Saab Gripen NG. Mas de novo, o governo titubeou. E a concorrência se estendeu outra vez. O governo Lula ocupava o Planalto e na esteira de um acordo estratégico escolheu a aeronave Rafale, da francesa Dassault. Ocorre que a escolha não levava em conta o exaustivo trabalho de avaliação realizado pelos oficiais da Força Aérea que há anos vinham se debruçando sobre seus relatórios montados com o uso dos mais avançados meios de análise operacional e minuciosas avaliações em voo de cada concorrente. Os resultados apontavam para uma enorme disparidade comercial que impossibilitaria a escolha de um vetor com preços tão elevados. Some-se a isso o fato de que o país já escolhera a França para capitanear um programa da Marinha para a fabricação de novos submarinos convencionais e nucleares, bem como para fornecer uma frota de 50 helicópteros de médio porte para as três Forças Armadas. As Forças Armadas não gostaram da ideia de depender de uma única nação para tantos desenvolvimentos estratégicos. Dita a regra, que é boa prática possuir diversos fornecedores antevendo futuros atritos não imaginados. Naquele momento a FAB já completara o seu estudo. Sabia exatamente o que queria e porquê. O fait accompli político não interessava ao país. Cabe ressaltar que para os vendedores, aquela estratégia fazia parte de profunda análise de suas possibilidades, estavam no seu papel. Interessante foi a veemência com a qual o governo da época abraçou programa tão dispendioso que não cabia na arquitetura orçamentária da Força Aérea, e consequentemente do Estado que governava. Mudou o governo e Juniti Saito foi mantido como Comandante de sua Força a pedido da nova administração. Na luta para conseguir o novo caça, a posição da Força em nada mudara. Sua comissão de avaliação, a COPAC havia emitido um relatório definitivo.Não havia porque mudá-lo. O Comandante já havia deixado claro que apoiaria incondicionalmente a sua tropa.
Após anos de estudo, a FAB não mudara sua proa. Seu relatório ficaria à disposição da História. O Comandante da Aeronáutica, sempre norteado pela responsabilidade de fazer o que era melhor para a sua Força e para a indústria aeroespacial e de defesa do país, seguia aconselhando a Presidência da República tendo como referência máxima os minuciosos estudos que haviam sido conduzidos por seu pessoal técnico. A decisão do governo seria aceita com uma respeitosa continência. Afinal, a decisão, ditava a regra, era política, cabendo à Força Aérea somente o aconselhamento do mandatário no poder. Na reta final explodiu o caso Snowden, causando um escândalo de espionagem que provavelmente inviabilizou qualquer chance da proposta norte-americana. Assim, como um pequeno sabonete que se esgueira, escorrega e escapa quando apertado por duas mãos poderosas, a proposta do Gripen NG, a mais barata e a mais interessante tecnologicamente acabou vencendo o certame para a alegria da Força Aérea Brasileira que nunca desviou de seu caminho sabendo o que melhor se adequava à sua realidade e à do seu país. A FAB tinha o seu caça! E, após um longo e árduo certame, Juniti Saito pôde finalmente sorrir. Havia conduzido seus homens na busca do que precisavam, recebendo exatamente o que haviam escolhido. Cumpria sua promessa daquele longínquo 28 de fevereiro.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
Veja, http://www.fab.mil.br/notimp#n71161
A Suécia é modelo
O CEO da Saab, que vendeu os Gripen ao Brasil, diz como a educação e a necessidade de fazer mais com menos são a chave do sucesso da sua empresa e do seu país. Entrevista Hâkan Buskhe
Quem entra no escritório da Saab (pronuncia-se “zób”) em Estocolmo, instalado num andar de um predinho sem porteiros, espanta-se com a frugalidade do ambiente de uma das empresas de ponta no setor bélico, com quase 15 000 funcionários e que venceu americanos e franceses na concorrência para fornecer ao Brasil 36 caças — os Gripen NG, de “Next Generation” —, por 4,5 bilhões de dólares. Mas é a filosofia da simplicidade que está na base do êxito sueco, segundo o seu CEO, Hâkan Buskhe (“Rôkan Busquê”), de 50 anos. Antes de mais uma ida ao Brasil na semana passada, para encontrar-se com o comandante da Aeronáutica e o ministro da Ciência, Tecnologia e Informação, ele concedeu a seguinte entrevista a VEJA.
Quando o ex-presidente Lula anunciou, em 2009, que o governo havia escolhido os caças franceses para recompor a Força Aérea Brasileira, qual foi a reação dentro da Saab?
Eu ainda não estava na empresa, comecei em 2010, mas soube que, entre os executivos e funcionários da Saab, o anúncio do ex-presidente brasileiro foi como um raio que cai, de repente, num dia de céu azul, sem nuvens. Ou seja, totalmente inesperado, dado o grau de relação com os militares brasileiros encarregados da escolha (entre o sueco Gripen NG, o francês Rafale e o americano F-18). Feito o anúncio, achou-se durante certo tempo que a mensagem havia sido suficientemente clara, que a fatura estava liquidada e, portanto, o negócio seguiria nessa direção. Mas, por alguma razão, ele não se materializou — e, então, voltamos ao jogo.
O senhor tem ideia do que possa ter ocorrido?
Bem, em qualquer lugar do mundo, nesse tipo de grande concorrência, muito sensível também do ponto de vista estratégico, há diversos fatores que podem influenciar o resultado. Não raro, as opiniões dos consultores envolvidos no processo não coincidem com a visão da cúpula do governo. Enfim, não sei dizer o que aconteceu para o Brasil rever a decisão. O que posso afirmar é que a compra de caças é sempre uma decisão altamente política.
Em que momento as conversações com o governo recomeçaram?
Mesmo após o anúncio de 2009, nós nunca deixamos de conversar , e sempre de modo bastante amigável, ressaltando exclusivamente as qualidades do nosso avião. Creio que posso resumir a nossa atitude da seguinte maneira: nós, suecos, que vivemos perto do Polo Norte, onde as condições são árduas - e eu nasci bem próximo de lá - , aprendemos rapidamente que há vezes em que você vence e outras vezes em que você perde. Por isso, nunca falamos mal dos nossos concorrentes. Como dizia o meu pai, não se deve matar o vizinho, porque você pode acabar sozinho, e isso não é bom para a sobrevivência em um ambiente hostil repleto de ursos e alces... O fato é que o Gripen NG é um tremendo de um caça, o mais moderno do mundo e a um preço acessível. Além disso, nós nos comprometemos a transferir integralmente a nossa tecnologia, um ponto vital para o Brasil.
O senhor diria que o governo da presidente Dilma Rousseff adotou outra abordagem no que diz respeito à compra de caças?
Só posso afirmar que a Força Aérea Brasileira sempre se comportou como uma organização extremamente profissional. Jamais deixou de mostrar transparência e isenção nas nossas trocas de informações, ainda que o processo de escolha tenha sido longo. Em nenhum momento, por exemplo, nós percebemos que éramos o número 1 ou o número 3 na preferência dos oficiais, e eles fizeram um belo trabalho em não deixarem vazar informações como essas. Notamos, é claro, que tínhamos uma boa avaliação, mas a condição de favoritos não veio à tona até a escolha final ser feita. A Força Aérea do seu país foi muito habilidosa.
O escândalo da espionagem americana pode ter influenciado na decisão do governo brasileiro de comprar os caças suecos?
Bem, há diversas variáveis em transações como essa, mas não tenho nenhuma pista a respeito de eventuais motivos externos à exigências técnicas que conduziram à nossa vitória na concorrência. Desde que assumi o cargo de CEO da Saab, viajei muito ao Brasil, conheci inúmeras pessoas, estabelecemos um centro de pesquisa e inovação tecnológica em São Paulo, e jamais me disseram nada sobre isso, apesar dos rumores. Acho melhor você fazer essa pergunta a políticos brasileiros.
Muitos brasileiros se perguntam por que um país tão carente em educação, saúde, habitação, infraestrutura, e sem inimigos, gastará 4,5 bilhões de dólares na compra de 36 caças. O senhor teria uma boa resposta?
Acho importante que um país seja capaz de se defender de agressões externas, mesmo que elas habitem o campo do improvável. Pegue-se o exemplo da Suécia. Nós estamos em paz, sem conflitos externos, há exatos 200 anos, desde 1814, quando um dos melhores marechais de Napoleão Bonaparte, Jean-Baptiste Bernadotte, que havia se tornado rei da Suécia sob o nome de Carlos XIV, convenceu os suecos a adotar uma posição de neutralidade. Ele estava cansado de presenciar tantas batalhas devastadoras e constatar quão improdutivas para a sociedade eram as guerras que assolavam a Europa. Porém, se um país não tiver capacidade de responder a ataques ou evitá-los, a sua soberania corre o risco de não ser respeitada. Por esse motivo, a Suécia, que é neutra, mantém Forças Armadas bem equipadas. É também um equívoco imaginar que exércitos só sirvam para entrar em ação em caso de guerra. Eles servem para garantir a segurança dos recursos de uma nação, da sua rede de logística e, dependendo da situação, repelir ataques terroristas. O que o Brasil fará com os aviões está, evidentemente, fora do meu âmbito. O que asseguro é a entrega do melhor caça ao preço mais baixo. É um legado da Suécia: somos um país pequeno, com menos de 10 milhões de habitantes, e por isso nos obrigamos a fazer o máximo com o mínimo possível. Por meio dessa mentalidade, conseguimos que os nossos custos com defesa não comprometam o nosso sistema educacional, de saúde e de reformas sociais. O modelo sueco, se quiser chamar dessa forma, mostra que as coisas podem avançar lado a lado.
Boa parte dos negócios da Saab é feita com países emergentes. A empresa enfrenta problemas de corrupção com essa clientela?
No ramo em que atuamos, é inegável que aparecem questões éticas. Seria tolo afirmar que não há esse problema. Mas o nosso grau de tolerância com corrupção é zero, somos de uma rigidez absoluta. Acho ótimo, aliás, que sejam feitas avaliações internacionais de honestidade empresarial, porque se trata de uma ação educativa, e nós sempre nos saímos muito bem. É importante deixar claro, ainda, que, se nós fizéssemos algo de errado, o governo sueco simplesmente nos mataria, porque precisamos do seu aval para exportar equipamentos militares, e a Suécia tem uma imagem imaculada de honestidade, não importa o tipo de negócio. Para que o rei sueco empreste o seu selo de qualidade e prestígio a uma mercadoria, é necessário que haja total transparência por parte de quem a produz, que se sigam estritamente as regras. Para mim, como CEO, é perfeito. Nós também somos signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, que congrega firmas empenhadas em trabalhar dentro dos princípios dos direitos humanos e sem nenhum esquema de corrupção. Ah, sim, se a sua próxima questão for se houve pedido de propina no Brasil, adianto que não.
O Gripen NG existe só em protótipo, nunca foi testado em combates ou cenários de crise. Como assegurar que foi mesmo uma boa escolha?
O caça tem mais de 120.000 horas de voo absolutamente seguras, em testes realizados na Suécia, Inglaterra, África do Sul e Hungria. É uma versão aperfeiçoada do Gripen C/D, que faz parte da Força Aérea sueca, entre outras. Basicamente, carrega mais armamentos, mais combustível e é dotado de novas turbinas. O risco tecnológico é baixíssimo. Sei que os nossos concorrentes andaram espalhando uma papelada falando mal do nosso caça, que ele é inferior aos outros da sua faixa, mas é tudo bobagem. Voei num Gripen NG, e funciona. Se quiser fazer um voo, está convidado.
Boa parte dos caças Mirage que o Brasil comprou da França, na década de 70, acabou acidentada, ora por panes, ora por imperícia dos pilotos. Qual é o risco de os Gripen terem o mesmo destino?
Eu não falo sobre os concorrentes, mas é fato que, hoje, os caças como os nossos são bem mais fáceis de pilotar. Qualquer pessoa, se passar algumas horas num simulador, poderá decolar ou aterrissar um avião desses, desde que com a supervisão de um copiloto. Por terem uma eletrônica mais sofisticada, dependem menos de instrumentos mecânicos, em geral mais falíveis. É praticamente impossível o piloto de um Gripen derrubar o próprio avião. Ele pode colocar o bico do caça para baixo e, apesar disso, falhará.
Quando se fala em transferência de tecnologia, o que isso quer dizer, exatamente?
Significa que nós transferiremos tudo aquilo que permita ao Brasil desenvolver a sua próxima geração de jatos militares. Trabalharemos com uma imensa gama de empresas brasileiras, entre as quais a Embraer e a Akaer, e acredito que 80% da encomenda dos 36 caças poderá ser totalmente fabricada em solo brasileiro. Nosso plano é que o seu país seja uma base exportadora de Gripens — estamos construindo uma fábrica em São Bernardo do Campo que faz parte desse projeto, e haverá outras, decerto. Dependendo do êxito da empreitada, criaremos milhares de empregos.
O Brasil tem graves problemas de educação e, consequentemente, de formação profissional. Essa é uma dificuldade para a transferência de tecnologia, não?
Vocês contam com profissionais altamente qualificados na área de aviação. Veja o caso da Embraer: na aviação civil, ela nos derrotou nos anos 80 e 90, quando a Saab ainda competia nesse mercado. Mas, se tivermos de educar pessoas, nós o faremos, não há dúvida.
É possível dizer que o sucesso das empresas suecas deve muito a um dos sistemas educacionais mais eficientes do planeta?
Sim, é a chave de tudo. Nós não somos nem mais inteligentes nem mais burros do que outros povos, mas gostamos de trabalhar em grupo, o que acelera o aparecimento de resultados. Essa cultura do consenso é inculcada desde a escola básica. O outro aspecto a destacar é que nós aprendemos a gostar de aprender. Isso se deve ao fato de que, desde o ensino básico, respeitamos as tentativas de cada aluno, mesmo quando antecipamos que estão no caminho errado, porque isso é fundamental para o desenvolvimento do raciocínio. Não menos importante, a Suécia gasta 10% do seu PIB em educação, o índice mais alto entre todos os países do mundo. E, por último, as empresas suecas estimulam continuamente a inovação. Na Saab, gastamos 28% do nosso dinheiro em pesquisa.
O senhor comanda uma empresa que fabrica armas. Dorme bem à noite?
Quando aceitei ser CEO da Saab, eu tive de convencer a mim mesmo de que se tratava de uma forma justa de ganhar a vida, assim como persuadir a minha mulher e as minhas três filhas — o que foi a coisa mais difícil, confesso. Mas concluí que os países têm o direito e a obrigação de defender os seus territórios. Além disso, quando você compra armas de uma superpotência, é obrigado a comprar também as suas doutrinas. Ora, a Suécia não é uma superpotência e, assim, não tem doutrinas a exportar. Do ponto de vista moral, isso é mais tranquilizador. E não se deve esquecer que a indústria militar deu origem a diversos avanços na vida civil, em especial no campo das comunicações. Sim, eu durmo bem.
A Suécia é modelo
O CEO da Saab, que vendeu os Gripen ao Brasil, diz como a educação e a necessidade de fazer mais com menos são a chave do sucesso da sua empresa e do seu país. Entrevista Hâkan Buskhe
Quem entra no escritório da Saab (pronuncia-se “zób”) em Estocolmo, instalado num andar de um predinho sem porteiros, espanta-se com a frugalidade do ambiente de uma das empresas de ponta no setor bélico, com quase 15 000 funcionários e que venceu americanos e franceses na concorrência para fornecer ao Brasil 36 caças — os Gripen NG, de “Next Generation” —, por 4,5 bilhões de dólares. Mas é a filosofia da simplicidade que está na base do êxito sueco, segundo o seu CEO, Hâkan Buskhe (“Rôkan Busquê”), de 50 anos. Antes de mais uma ida ao Brasil na semana passada, para encontrar-se com o comandante da Aeronáutica e o ministro da Ciência, Tecnologia e Informação, ele concedeu a seguinte entrevista a VEJA.
Quando o ex-presidente Lula anunciou, em 2009, que o governo havia escolhido os caças franceses para recompor a Força Aérea Brasileira, qual foi a reação dentro da Saab?
Eu ainda não estava na empresa, comecei em 2010, mas soube que, entre os executivos e funcionários da Saab, o anúncio do ex-presidente brasileiro foi como um raio que cai, de repente, num dia de céu azul, sem nuvens. Ou seja, totalmente inesperado, dado o grau de relação com os militares brasileiros encarregados da escolha (entre o sueco Gripen NG, o francês Rafale e o americano F-18). Feito o anúncio, achou-se durante certo tempo que a mensagem havia sido suficientemente clara, que a fatura estava liquidada e, portanto, o negócio seguiria nessa direção. Mas, por alguma razão, ele não se materializou — e, então, voltamos ao jogo.
O senhor tem ideia do que possa ter ocorrido?
Bem, em qualquer lugar do mundo, nesse tipo de grande concorrência, muito sensível também do ponto de vista estratégico, há diversos fatores que podem influenciar o resultado. Não raro, as opiniões dos consultores envolvidos no processo não coincidem com a visão da cúpula do governo. Enfim, não sei dizer o que aconteceu para o Brasil rever a decisão. O que posso afirmar é que a compra de caças é sempre uma decisão altamente política.
Em que momento as conversações com o governo recomeçaram?
Mesmo após o anúncio de 2009, nós nunca deixamos de conversar , e sempre de modo bastante amigável, ressaltando exclusivamente as qualidades do nosso avião. Creio que posso resumir a nossa atitude da seguinte maneira: nós, suecos, que vivemos perto do Polo Norte, onde as condições são árduas - e eu nasci bem próximo de lá - , aprendemos rapidamente que há vezes em que você vence e outras vezes em que você perde. Por isso, nunca falamos mal dos nossos concorrentes. Como dizia o meu pai, não se deve matar o vizinho, porque você pode acabar sozinho, e isso não é bom para a sobrevivência em um ambiente hostil repleto de ursos e alces... O fato é que o Gripen NG é um tremendo de um caça, o mais moderno do mundo e a um preço acessível. Além disso, nós nos comprometemos a transferir integralmente a nossa tecnologia, um ponto vital para o Brasil.
O senhor diria que o governo da presidente Dilma Rousseff adotou outra abordagem no que diz respeito à compra de caças?
Só posso afirmar que a Força Aérea Brasileira sempre se comportou como uma organização extremamente profissional. Jamais deixou de mostrar transparência e isenção nas nossas trocas de informações, ainda que o processo de escolha tenha sido longo. Em nenhum momento, por exemplo, nós percebemos que éramos o número 1 ou o número 3 na preferência dos oficiais, e eles fizeram um belo trabalho em não deixarem vazar informações como essas. Notamos, é claro, que tínhamos uma boa avaliação, mas a condição de favoritos não veio à tona até a escolha final ser feita. A Força Aérea do seu país foi muito habilidosa.
O escândalo da espionagem americana pode ter influenciado na decisão do governo brasileiro de comprar os caças suecos?
Bem, há diversas variáveis em transações como essa, mas não tenho nenhuma pista a respeito de eventuais motivos externos à exigências técnicas que conduziram à nossa vitória na concorrência. Desde que assumi o cargo de CEO da Saab, viajei muito ao Brasil, conheci inúmeras pessoas, estabelecemos um centro de pesquisa e inovação tecnológica em São Paulo, e jamais me disseram nada sobre isso, apesar dos rumores. Acho melhor você fazer essa pergunta a políticos brasileiros.
Muitos brasileiros se perguntam por que um país tão carente em educação, saúde, habitação, infraestrutura, e sem inimigos, gastará 4,5 bilhões de dólares na compra de 36 caças. O senhor teria uma boa resposta?
Acho importante que um país seja capaz de se defender de agressões externas, mesmo que elas habitem o campo do improvável. Pegue-se o exemplo da Suécia. Nós estamos em paz, sem conflitos externos, há exatos 200 anos, desde 1814, quando um dos melhores marechais de Napoleão Bonaparte, Jean-Baptiste Bernadotte, que havia se tornado rei da Suécia sob o nome de Carlos XIV, convenceu os suecos a adotar uma posição de neutralidade. Ele estava cansado de presenciar tantas batalhas devastadoras e constatar quão improdutivas para a sociedade eram as guerras que assolavam a Europa. Porém, se um país não tiver capacidade de responder a ataques ou evitá-los, a sua soberania corre o risco de não ser respeitada. Por esse motivo, a Suécia, que é neutra, mantém Forças Armadas bem equipadas. É também um equívoco imaginar que exércitos só sirvam para entrar em ação em caso de guerra. Eles servem para garantir a segurança dos recursos de uma nação, da sua rede de logística e, dependendo da situação, repelir ataques terroristas. O que o Brasil fará com os aviões está, evidentemente, fora do meu âmbito. O que asseguro é a entrega do melhor caça ao preço mais baixo. É um legado da Suécia: somos um país pequeno, com menos de 10 milhões de habitantes, e por isso nos obrigamos a fazer o máximo com o mínimo possível. Por meio dessa mentalidade, conseguimos que os nossos custos com defesa não comprometam o nosso sistema educacional, de saúde e de reformas sociais. O modelo sueco, se quiser chamar dessa forma, mostra que as coisas podem avançar lado a lado.
Boa parte dos negócios da Saab é feita com países emergentes. A empresa enfrenta problemas de corrupção com essa clientela?
No ramo em que atuamos, é inegável que aparecem questões éticas. Seria tolo afirmar que não há esse problema. Mas o nosso grau de tolerância com corrupção é zero, somos de uma rigidez absoluta. Acho ótimo, aliás, que sejam feitas avaliações internacionais de honestidade empresarial, porque se trata de uma ação educativa, e nós sempre nos saímos muito bem. É importante deixar claro, ainda, que, se nós fizéssemos algo de errado, o governo sueco simplesmente nos mataria, porque precisamos do seu aval para exportar equipamentos militares, e a Suécia tem uma imagem imaculada de honestidade, não importa o tipo de negócio. Para que o rei sueco empreste o seu selo de qualidade e prestígio a uma mercadoria, é necessário que haja total transparência por parte de quem a produz, que se sigam estritamente as regras. Para mim, como CEO, é perfeito. Nós também somos signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, que congrega firmas empenhadas em trabalhar dentro dos princípios dos direitos humanos e sem nenhum esquema de corrupção. Ah, sim, se a sua próxima questão for se houve pedido de propina no Brasil, adianto que não.
O Gripen NG existe só em protótipo, nunca foi testado em combates ou cenários de crise. Como assegurar que foi mesmo uma boa escolha?
O caça tem mais de 120.000 horas de voo absolutamente seguras, em testes realizados na Suécia, Inglaterra, África do Sul e Hungria. É uma versão aperfeiçoada do Gripen C/D, que faz parte da Força Aérea sueca, entre outras. Basicamente, carrega mais armamentos, mais combustível e é dotado de novas turbinas. O risco tecnológico é baixíssimo. Sei que os nossos concorrentes andaram espalhando uma papelada falando mal do nosso caça, que ele é inferior aos outros da sua faixa, mas é tudo bobagem. Voei num Gripen NG, e funciona. Se quiser fazer um voo, está convidado.
Boa parte dos caças Mirage que o Brasil comprou da França, na década de 70, acabou acidentada, ora por panes, ora por imperícia dos pilotos. Qual é o risco de os Gripen terem o mesmo destino?
Eu não falo sobre os concorrentes, mas é fato que, hoje, os caças como os nossos são bem mais fáceis de pilotar. Qualquer pessoa, se passar algumas horas num simulador, poderá decolar ou aterrissar um avião desses, desde que com a supervisão de um copiloto. Por terem uma eletrônica mais sofisticada, dependem menos de instrumentos mecânicos, em geral mais falíveis. É praticamente impossível o piloto de um Gripen derrubar o próprio avião. Ele pode colocar o bico do caça para baixo e, apesar disso, falhará.
Quando se fala em transferência de tecnologia, o que isso quer dizer, exatamente?
Significa que nós transferiremos tudo aquilo que permita ao Brasil desenvolver a sua próxima geração de jatos militares. Trabalharemos com uma imensa gama de empresas brasileiras, entre as quais a Embraer e a Akaer, e acredito que 80% da encomenda dos 36 caças poderá ser totalmente fabricada em solo brasileiro. Nosso plano é que o seu país seja uma base exportadora de Gripens — estamos construindo uma fábrica em São Bernardo do Campo que faz parte desse projeto, e haverá outras, decerto. Dependendo do êxito da empreitada, criaremos milhares de empregos.
O Brasil tem graves problemas de educação e, consequentemente, de formação profissional. Essa é uma dificuldade para a transferência de tecnologia, não?
Vocês contam com profissionais altamente qualificados na área de aviação. Veja o caso da Embraer: na aviação civil, ela nos derrotou nos anos 80 e 90, quando a Saab ainda competia nesse mercado. Mas, se tivermos de educar pessoas, nós o faremos, não há dúvida.
É possível dizer que o sucesso das empresas suecas deve muito a um dos sistemas educacionais mais eficientes do planeta?
Sim, é a chave de tudo. Nós não somos nem mais inteligentes nem mais burros do que outros povos, mas gostamos de trabalhar em grupo, o que acelera o aparecimento de resultados. Essa cultura do consenso é inculcada desde a escola básica. O outro aspecto a destacar é que nós aprendemos a gostar de aprender. Isso se deve ao fato de que, desde o ensino básico, respeitamos as tentativas de cada aluno, mesmo quando antecipamos que estão no caminho errado, porque isso é fundamental para o desenvolvimento do raciocínio. Não menos importante, a Suécia gasta 10% do seu PIB em educação, o índice mais alto entre todos os países do mundo. E, por último, as empresas suecas estimulam continuamente a inovação. Na Saab, gastamos 28% do nosso dinheiro em pesquisa.
O senhor comanda uma empresa que fabrica armas. Dorme bem à noite?
Quando aceitei ser CEO da Saab, eu tive de convencer a mim mesmo de que se tratava de uma forma justa de ganhar a vida, assim como persuadir a minha mulher e as minhas três filhas — o que foi a coisa mais difícil, confesso. Mas concluí que os países têm o direito e a obrigação de defender os seus territórios. Além disso, quando você compra armas de uma superpotência, é obrigado a comprar também as suas doutrinas. Ora, a Suécia não é uma superpotência e, assim, não tem doutrinas a exportar. Do ponto de vista moral, isso é mais tranquilizador. E não se deve esquecer que a indústria militar deu origem a diversos avanços na vida civil, em especial no campo das comunicações. Sim, eu durmo bem.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla