MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4261 Mensagem por akivrx78 » Ter Fev 04, 2014 8:50 pm

ter, 04/02/2014 - 18:18 - Atualizado em 04/02/2014 - 18:52
Do Brasil Econômico
Política de Dilma é criticada até por keynesianos

Fernanda Nunes
Modelo econômico comemorado em 2010 já não é consenso. Economistas querem investimento, mas não sabem de onde virá

Rio - Inflação próxima do teto da meta, balança comercial deficitária, desvalorização cambial crescente e cenário externo preocupante. Um ambiente de instabilidade está dando margem a críticos do governo da presidenta Dilma Rousseff, em ano de eleição, para questionar a política econômica que, em artigo publicado em 2010, o então secretário do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa (atual pesquisador da Fundação Getúlio Vargas), classificou como caso de sucesso. "Durante o governo Lula, o Brasil iniciou uma nova fase de desenvolvimento econômico e social, em que se combinam crescimento econômico com redução das desigualdades sociais", comemorou, então, Barbosa.

Com um Produto Interno Bruto (PIB) negativo em 0,5% no terceiro trimestre de 2013, comparado a igual período anterior, e o processo de retração da desigualdade estagnado, como demonstra a Pesquisa por Amostras de Domicílio (Pnad) de 2012, academia e mercado questionam: a fórmula desandou?

Em seu artigo, na época em que o Brasil avançava a ritmo chinês, Barbosa atribuiu o crescimento à mão do "Estado no estímulo ao desenvolvimento e no planejamento de longo prazo", uma clara alusão à teoria de John Maynard Keynes, teórico do século XX, defensor da tese de que o ciclo econômico não é auto-regulado. A própria presidenta Dilma Rousseff tem a sua imagem, frequentemente, atrelada à escola keynesiana, pela defesa à intervenção estatal na economia - como a decisão de segurar os preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras e também da energia elétrica, contrariando os interesses empresariais. Seu orientador de mestrado na Unicamp foi o professor keynesiano Manoel Cardoso de Melo.

A esse grupo se contrapõem os neoliberais, credores no poder dos fundamentos financeiros para equilibrar a economia. No entanto, atualmente, diante de perspectivas não tão otimistas quanto as de três anos atrás, a presidenta enfrenta crítica de ambos os lados e não chega a ser reconhecida como uma fiel representante por nenhum deles. Presidente da Associação Keynesiana Brasileira (AKB), o professor da Universidade de Brasília (UNB) José Luis da Costa Oreiro enxerga na atual política econômica uma flexibilização do modelo econômico do "tripé" - câmbio flutuante, metade inflação e superávit primário - inaugurado pela equipe de Fernando Henrique Cardoso.

"Não houve mudança na matriz macroeconômica. O que foi feito foi alongar a convergência do centro da meta da inflação, reduzir a meta de superávit primário e manter o regime de flutuação cambial, mas com indução de valorização por meio de mais controle da entrada de capitais. Foi mantida a lógica do modelo anterior, só que o governo passou a testar os seus limites", diz Oreiro.

Em sua opinião, não é suficiente flexibilizar o tripé, criado para conter a inflação, para garantir crescimento econômico. Em vez disso, sua principal proposta é que o governo adote um sistema de meta de poupança pública, com foco no investimento. "Essa é a regra de ouro da política fiscal de Keynes, na qual o endividamento público só pode ocorrer para financiar investimento e não o consumo. É claro que é uma mudança que não pode ser feita do dia para a noite", ressalta o professor da UnB, salientando, em seguida, que a taxa de poupança pública hoje é negativa em 1% do PIB e que o ideal seria estar em 5%. "Não é uma política de austeridade, mas de mudança do perfil do déficit. É uma mudança da composição da poupança. O ideal é financiar todo o investimento com poupança interna e zerar a externa".

O que está em questão no debate sobre a política econômica atual, a mesma comemorada no artigo de Barbosa de 2010, é o gasto do governo e a sua capacidade de investimento em um ambiente externo mais hostil, diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. "A única coisa a ser feita é mostrar sinais fiscais menos expansionistas, evitar custeio. Exatamente o que ninguém sabe, porque o grau de mau humor chegou a um grau muito elevado", opina. Ele reclama de uma má vontade dos economistas. "Chegamos num ponto em que o mercado exige que o governo jogue o país para a recessão".

Solução à crise é tema de dossiê de Associação


A crise econômica internacional e o sentimento de falência do modelo neoliberal que predominou no cenário externo a partir de 2008 fortaleceu no Brasil um grupo de economistas que veem na mão do Estado a solução. Em meio à turbulência, foi criada a Associação Keynesiana Brasileira (AKB), em 2008. Sua função, desde então, é desenvolver o conhecimento da teoria do britânico John Maynard Keynes, para quem a "mão invisível" do mercado não funciona por si só contra situações de concentração de renda e desemprego. Em vez disso, a saída para os keynesianos está na intervenção do governo na economia.

Hoje, após seis anos de criação da entidade, cerca de 150 economistas brasileiros aderiram à AKB. São professores universitários, analistas de mercados, entes do governo e profissionais da iniciativa privada que apostam na intervenção do Estado como complementação aos mercados privados. Economistas formados, sobretudo, nas universidades federais - como Unicamp, UFRJ, UFMG e Universidade Federal de Uberlândia -, de diferentes orientações partidárias.

Anualmente, a AKB organiza um encontro internacional. Neste, acontecerá em agosto, na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, com homenagem ao economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, e minicurso de Nelson Barbosa, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

Além do fórum, os keynesianos brasileiros também produzem dossiês da crise. O terceiro e último, publicado em 2013, teve o sugestivo título "A economia brasileira na encruzilhada".

http://jornalggn.com.br/noticia/keynesi ... a-de-dilma




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4262 Mensagem por Bourne » Ter Fev 04, 2014 10:21 pm

Está tudo errado. Um monte de conceitos recortados e colados sem sentido algum.

O grande erro é não saber o que são keynesianos, neoliberais (seriam o mainstream :?: ) e influencia no desenho das políticas. Por exemplo, mercado perfeito é uma concepção teórica estilizada, não existe e todo mundo sabe que não existe. Por isso que existe estado, intervenção com regulação e importância dos fatores não-mercado.

A AKB não é dona de keynes. É uma associação nascida de uma linha de pensamento econômico autodenominada "novo desenvolvimentismo" com posições que podem se dizer "ortodoxas" com arrojo fiscal e colocar tudo na conta do câmbio. Existem novos e pós-keynesianos que pouco se importam com a associação e tem uma linha de construção teórica totalmente diferentes. Entre eles Unicamp, USP e UnB. Além dos desgarrados que estão espalhados por aí.

Estar associado não quer dizer nada. Também vou nessa porra e não quer dizer que concorde com eles.




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Boss
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4263 Mensagem por Boss » Qua Fev 05, 2014 11:07 am

Um artigo interessante, que não lembro se postei aqui.
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Agronegócio inova e puxa crescimento
Enquanto o setor agrícola investe cada vez mais em tecnologia e expande a produção, a indústria recorre ao Estado para resolver seus problemas
05 de outubro de 2013 | 18h 17

Lourival Sant’Anna - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Quando se olha para o desempenho da agricultura, a sensação é a de que existem dois Brasis: um que anda para a frente e outro que patina. A agricultura e a pecuária aumentam sua produção ano a ano, sem ocupar novas áreas, e suas exportações crescem no mesmo ritmo. Se o resto do País - em especial a indústria - andasse no mesmo ritmo, o Brasil estaria noutro patamar. Mas os números mostram que a agricultura está rebocando o restante da economia - que se arrasta como um carro com o freio de mão puxado.

Como dois setores de um mesmo País podem se comportar de maneira tão distinta? Especialistas ouvidos pelo Estado apontam um motivo de ordem histórica e outro geográfico. O histórico é a relação entre esses dois setores e o Estado.

Os fabricantes de máquinas e insumos agrícolas e os produtores se servem do setor público na forma de institutos de pesquisa e órgãos de assistência técnica que apresentam soluções que impulsionam sua produtividade e competitividade, observa o economista José Roberto Mendonça de Barros. Já a indústria, "quando tem um problema, pede ajuda ao governo, na forma de redução de seus impostos e de aumento das tarifas de importação". O governo invariavelmente atende, e a indústria não tem incentivo para investir em inovação.

Na agricultura, "a inovação foi facilitada pelas especificidades geográficas", analisa Mendonça de Barros. "Não dá para importar tecnologia para a agricultura brasileira, que é tropical", concorda o empresário Pedro de Camargo Neto. "É a mesma situação do petróleo", compara Mendonça de Barros. "O Brasil desenvolveu a tecnologia do pré-sal porque ninguém viria aqui fazer isso por ele."

Para o economista, "a inovação tecnológica faz parte do dia a dia dos fabricantes de insumos e máquinas e dos produtores grandes, médios e pequenos". Em contraste, no setor industrial, multinacionais se instalam no País para se beneficiar do protecionismo tarifário oferecido ao parque nacional, e adaptam-se ao ambiente de preços altos, margens de lucro grandes e quase nenhum investimento em pesquisa e desenvolvimento.

O resultado mais visível dessas dinâmicas opostas - ou "interfaces díspares", como as chama Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas - está na balança comercial. No ano passado, o saldo comercial da agropecuária foi de US$ 79,4 bilhões e o da economia brasileira como um todo, de US$ 19,4 bilhões. "Se não fosse o agronegócio, o saldo teria acabado há muitos anos", estima Rodrigues, ministro da Agricultura entre 2003 e 2006.

O abismo se aprofunda mês a mês. O saldo do agronegócio continua crescendo, mas em ritmo mais lento do que a queda no setor industrial, do qual se originam as outras exportações. Tanto assim que, de agosto de 2012 a julho de 2013, o saldo comercial do agronegócio foi de US$ 83,9 bilhões e o do Brasil como um todo, de US$ 4,5 bilhões. Significa dizer que, sem o agronegócio, haveria um déficit de US$ 79,4 bilhões.

Produtividade. Internamente, a eficiência da agropecuária se mede pela relação entre produção e área ocupada. De 1990 a 2011, a área plantada de grãos expandiu 40%, enquanto a produção cresceu 220%. Hoje a área plantada de grãos é de 53 milhões de hectares. Se a produtividade não tivesse aumentado, seriam necessários mais 66 milhões de hectares para produzir a atual quantidade de grãos. "Houve um espetacular aumento da produção sem necessidade de desmatar", ressalta Roberto Rodrigues, que também é produtor. "Isso mostra a sustentabilidade da nossa agricultura."

Eliseu Alves, o segundo presidente da Embrapa, autor de um estudo sobre produtividade, destaca que ela tem crescido de 3% a 4% ao ano. Se, de 1970 para cá, a produtividade tivesse continuado a mesma, teria sido necessário desmatar 150 milhões de hectares para alcançar a produção atual.

O consultor Marcos Jank apresenta outro indicador: com a introdução da segunda safra - algo que só acontece no Brasil, graças a uma combinação de condições climáticas e tecnologia -, a área plantada do milho caiu de 12 milhões de hectares para 7 milhões, porque boa parte do milho hoje é cultivada na mesma área que a soja.

Na pecuária, o número de cabeças por hectare saltou de pouco mais de 0,8 para quase 1,2 entre 1990 e 2011 - um aumento de 50% na eficiência. A área ocupada pelo gado diminuiu de cerca de 178 milhões de hectares para 172 milhões. Parte desse resultado se deve aos avanços da zootecnia, que permitiram diminuir o ciclo de vida dos bois, dos frangos e dos porcos. Antes se matava o boi com quatro anos e o frango, com 90 dias; agora, são dois anos e 60 dias, respectivamente.

Aqui, há uma dinâmica virtuosa: o crescimento da produtividade da pecuária decorre da pressão da agricultura, diz Marcos Jank. O aumento dos preços globais da soja e do milho tem elevado o valor da terra, que obriga a pecuária a obter ganhos de eficiência para sobreviver.

Segundo pesquisa da consultoria Informa Economics/FNP, entre o primeiro bimestre de 2003 e o último de 2012, o preço médio da terra no Brasil aumentou 227%. A cotação média do hectare saltou de R$ 2.280 para R$ 7.470. O preço da terra subiu 12,6% ao ano, enquanto a inflação média anual, conforme o IGP-DI, foi de 6,4%.

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4264 Mensagem por akivrx78 » Qua Fev 05, 2014 1:06 pm

Indústria no governo Dilma tem pior desempenho desde Collor

Sílvio Guedes Crespo
04/02/2014 10:59
A indústria brasileira encolheu em média 0,3% ao ano desde 2011, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O setor cresceu 0,4% em 2011, recuou 2,5% em 2012 e recuperou parte das perdas no ano passado, ao avançar 1,2%.

Comparando a evolução da indústria dentro do período de cada um dos recentes presidentes da República, a média anual do governo Dilma Rousseff é a pior desde Fernando Collor de Mello.

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producao industrial por presidente

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producao industrial anual 1

O número referente ao período Collor inclui apenas o ano de 1992, quando se iniciou a medição da produção industrial pela atual metodologia.

De toda a série histórica da pesquisa, o ano de maior queda da indústria foi 2009, quando a produção encolheu 7,4%. Na época, o mundo sofria as consequências da crise bancária dos Estados Unidos.

Em 2010, no entanto, a indústria brasileira teve uma forte recuperação, crescendo 10,5% – melhor desempenho desde o início da coleta de dados, em 1992.

Com isso, o crescimento médio do setor ao longo dos oito anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi de 3,2% ao ano. Nos dois mandatos do período Fernando Henrique Cardoso, a alta anual foi de 1,9%. Nos dois anos de Itamar Franco, a indústria cresceu 7,5% ao ano.

Análise

A produção industrial é mais um indicador que confirma o fim do ciclo de crescimento que o Brasil conheceu na década de 2000.

Com exceção do mercado de trabalho, que continua aquecido, a maior parte dos indicadores econômicos apresentou piora nos últimos anos.

A indústria brasileira, especificamente, vem perdendo espaço para outros setores há décadas. O crescimento registrado nas décadas de 1990 e 2000 foi muito inferior ao restante da economia. A decadência se acentuou nos últimos anos.

Em meados da década de 1980, a indústria era responsável por 27% do PIB (produto interno bruto) do país. Desde então, a proporção está praticamente em queda livre, como indica o gráfico abaixo, extraído de um estudo recente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

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Houve um voo de galinha no início da década de 2000, mas em seguida o setor voltou a perder importância em comparação com a economia geral, de modo que hoje a indústria equivale a cerca de 13% do PIB – mesmo patamar de 1955, quando o então presidente Juscelino Kubitschek lançou um plano de industrialização do país.

Aqui, vale uma explicação: a indústria brasileira não é, hoje, menor do que em 1960, 1980 e nem do que em 2009. É maior, mas tem crescido menos que os demais setores, de modo a perder participação no PIB.

Tem avançado menos, também, em comparação com a indústria de outros países emergentes. Em 1980, as exportações de produtos brasileiros correspondiam a 0,9% de todos os produtos comercializados mundialmente, proporção superior à de mercadorias chinesas (0,7%), mexicanas (0,4%) e coreanas (0,3%).

Hoje, as exportações brasileiras equivalem a 1,3% do comércio mundial, número inferior ao dos produtos chineses (11%), coreanos (3%) e mexicanos (2%).

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“Isso mostra que os ministros da Fazenda não resistem à tentação de controlar a inflação por meio do câmbio”, disse recentemente o economista Antônio Delfim Netto, ele próprio um ex-ministro da Fazenda, de 1967 a 1974.

De fato, quando a hiperinflação foi eliminada, em 1994, o governo manteve o real forte enquanto pôde, para deixar os produtos importados mais baratos. O problema é que, consequentemente, os produtos nacionais ficam mais caros, em comparação com os estrangeiros. Os consumidores, nesses casos, acabam optando pelo que vem de fora, minando a indústria nacional.

O governo só conseguiu segurar o câmbio por quatro anos. Nossa indústria não conseguia exportar no mesmo ritmo em que as importações aumentavam. Resultado: saíam mais dólares do que entravam no país. Investidores perceberam que, cedo ou tarde, faltaria moeda americana no Brasil e resolveram especular contra o real. Em 1999, o mercado venceu, e o real foi desvalorizado.

No início da década de 2000, no entanto, a China acelerava seu crescimento e importava cada vez mais matérias-primas brasileiras. Nossas exportações dispararam. Avançaram bem mais do que as importações, de modo que os dólares voltaram a chegar. Consequentemente, o real se fortaleceu, e os produtos importados ficaram mais baratos. Assim, o câmbio ajudou a controlar a inflação durante o governo Lula. A situação estava tão boa, com expansão do crédito, que a indústria cresceu um pouco mesmo assim – mas menos do que a economia do país como um todo.

Hoje, como a China já não cresce mais tanto, e a Europa está em crise, ficou mais difícil exportar produtos brasileiros. Os dólares, em vez de entrarem, têm saído do país, aos poucos. Para piorar, os EUA estão emitindo cada vez menos moeda no mercado, pois acreditam que estão se recuperando da crise.

A consequência é que o dólar está subindo, o que tem seu lado positivo. Se por um lado o governo não consegue mais usar o câmbio para segurar a inflação, por outro os produtos nacionais ficam mais baratos, no comércio internacional. Isso pode significar uma ajuda para a indústria.

Há quem reclame que os salários dos operários estejam altos demais no Brasil. Outros põem a culpa na carga tributária. Mas a indústria alemã, por exemplo, paga salários mais altos, tem a mesma carga tributária que a nossa e convive com uma moeda forte – e a Alemanha é um dos maiores exportadores do mundo.

O que nos falta, provavelmente, é eficiência – dentro e fora da fábrica. Fora, devemos melhorar a infraestrutura do país, a burocracia e a qualificação profissional. Para aumentar a produtividade dentro da fábrica, no entanto, é preciso que o país se abra para a concorrência externa. Quem vive protegido pelo Estado tem menos estímulos para trabalhar melhor.

* Acrescentado o item 'Análise' às 14h15

http://achadoseconomicos.blogosfera.uol ... #fotoNav=2




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4265 Mensagem por GustavoB » Qua Fev 05, 2014 3:43 pm

Muitos dizem que o agronegócio brasileiro é competitivo, que equilibra a balança comercial e puxa a economia.

Gostaria de ver se é tão competitivo assim sem os subsídios do governo.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4266 Mensagem por GustavoB » Qua Fev 05, 2014 3:45 pm

A chantagem e o medo das agências de risco no caminho da redução da dívida dos estados

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Esses estabelecimentos mantêm vários países e governos sob permanente ameaça e chantagem, mesmo depois da mais do que comprovada responsabilidade dos mercados financeiros internacionais pela crise de 2007-2008, cujos efeitos são sentidos até hoje.

O problema não é novo. Os obstáculos que o cercam, tampouco. Um dos principais pontos da conjuntura político-econômica do país hoje é o temor do governo federal de um possível rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco. Esse é o principal entrave para a aprovação do projeto no Senado que muda o indexador das dívidas dos Estados e dos municípios. O governo do Estado e a bancada gaúcha no Senado cerraram fileiras pela aprovação do projeto, mas enfrentam grandes obstáculos.

O temor não é explicitado, mas sobrevoa os corredores e gabinetes do Planalto, do Congresso e do Ministério da Fazenda. Uma mudança do indexador acarretaria perda de arrecadação para a União, o que seria visto por essa entidade mítica chamada mercado financeiro internacional como um sinal de “gastança” e de “falta de austeridade”. Num ano eleitoral, o rebaixamento da nota da dívida do Brasil seria um prato cheio para a oposição.

A ausência de uma solução para a dívida dos Estados e dos municípios, por sua vez, é um prato cheio também para o agravamento de problemas enfrentados em vários Estados e cidades do país. Como enfrentar, por exemplo, o problema da greve do transporte público de Porto Alegre, equacionando as justas demandas dos trabalhadores, o debate sobre o preço da tarifa e a qualidade do serviço sem investimentos públicos? Não parece ser possível. A esperança de aprovação do projeto de mudança do indexador da dívida depende, em boa parte, de incluir esses fatores regionais de instabilidade urbana e social como um elemento da conjuntura capaz de causar danos até mais graves do que um eventualmente rebaixamento de nota por uma agência de risco.

Esses estabelecimentos mantêm vários países e governos sob permanente ameaça e chantagem, mesmo depois da mais do que comprovada responsabilidade dos mercados financeiros internacionais pela crise de 2007-2008, cujos efeitos são sentidos até hoje. A solução é, obviamente, política e não técnica. Mesmo do ponto de vista da lógica eleitoral, aprovar a proposta de mudança do índice da dívida pode trazer um dano menor para o governo federal e representar um pouco de oxigênio para que estados e cidades como Porto Alegre e São Paulo, entre tantas outras, tenham alguma capacidade de investimento para fazer frente às crescentes demandas sociais.

O governador Tarso Genro está desde terça-feira em Brasília coordenando uma série de conversas e articulações em defesa da votação do projeto no Senado. Apoiado pelos governadores, o projeto está pronto para ser votado desde o final de 2013. Em dezembro, o governo federal pediu um adiamento até fevereiro para avaliar os impactos do mesmo junto às contas públicas. De lá para cá, o cenário econômico internacional piorou, crescendo o fantasma da fuga de capitais que assombra principalmente os chamados países em desenvolvimento. Após uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros, Tarso Genro resumiu o estado da questão: “Nós, governadores, estamos unificados. É um projeto do governo, e o Senado Federal tem a autonomia, a responsabilidade e a soberania para votar”.


O impacto do projeto na dívida do Estado

O projeto de lei complementar (PLC 99/2013) altera o fator de correção do IGP-DI mais 6% ao ano para o IPCA mais 4% ou Selic (o que for menor). Para o Rio Grande do Sul, a mudança reduziria para aproximadamente R$ 15 bilhões o estoque devido até 2028 e reabriria um espaço estimado em cerca de R$ 1 bilhão, já no primeiro ano, para a tomada de empréstimos destinados a investimentos. Atualmente, o saldo devedor do Rio Grande do Sul atinge a marca de R$ 42 bilhões, e os repasses elevam a receita corrente líquida gaúcha acima do limite legal.

Se o projeto for aprovado, assinala o secretário estadual da Fazenda, Odir Tonollier, o Estado sairá de uma situação de dívida impagável para uma condição de previsão de quitação. Mais do que isso, ampliará o espaço fiscal para realizar novas operações de crédito, que permitirão novos investimentos.


As mentiras do pensamento econômico dominante

Em um instigante artigo intitulado “Mentiras propagadas pelo pensamento econômico dominante”, Vicenç Navarro, professor de Políticas Públicas da Universidade Pompeu Fabra e na Johns Hopkins University, defende que os argumentos utilizados pelos mercados financeiros e suas instituições para chantagear os governos não passam de pura ideologia. Pior ainda, estariam sustentados em mentiras. Uma das principais, sustenta o professor Navarro, é a que defende a necessidade de cortes de gastos por parte do Estado para evitar que o déficit público aumente. Esse é, fundamentalmente, o argumento que se opõe à proposta de mudança do indexador da dívida nos Estados e municípios, no Brasil. Navarro toma o caso da Espanha para rechaçar essa tese (mentirosa, segundo ele):

“Os dados mostram exatamente o contrário. Os cortes são enormes (nunca foram tão grades durante a época democrática) e, ainda assim, a dívida pública continua crescendo. Veja o que está acontecendo na Espanha, por exemplo, com a saúde pública, um dos serviços públicos mais importantes e mais demandados pela população. O gasto público com saúde enquanto parte do PIB se reduziu em torno de 3,5% no período 2009-2011 (quando deveria ter crescido 7,7% durante esse mesmo período para chegar ao gasto médio dos países de desenvolvimento econômico semelhante ao nosso), e o déficit público diminuiu, passando de 11,1% do PIB em 2009 para 10,6% em 2012. A dívida pública não baixou, mas continuou aumentando, passando de 36% do PIB em 2007 para 86% em 2012. Na verdade, a causa do aumento da dívida pública se deve, em parte, à diminuição do gasto público”.

Como isso pode acontecer? – pergunta Navarro. Segundo ele, a resposta é simples:

“A resposta é fácil de enxergar. A diminuição do gasto público implica a redução da demanda pública e, com isso, a diminuição do crescimento e da atividade econômica, fazendo com o que o Estado receba menos recursos através de impostos e taxas. Ao receber menos impostos, o Estado de se endivida mais, e a dívida pública continua crescendo”.
A Europa está praticamente toda ela submetida a essa lógica hoje, com um custo social extremamente grave em termos de desemprego, aumento da pobreza e da desigualdade. O Brasil e a América Latina como um todo já tem larga experiência também com os resultados da aplicação desse remédio. Os números da Espanha mostrados por Navarro mostram que a solução para os problemas enfrentados pelos Estados hoje não virão de uma receita técnica mágica formulada nos escritórios das agências de classificação de risco e dos organismos financeiros internacionais.

http://www.sul21.com.br/jornal/chantage ... divida-rs/




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4267 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Fev 08, 2014 11:58 am

GustavoB escreveu:Muitos dizem que o agronegócio brasileiro é competitivo, que equilibra a balança comercial e puxa a economia.

Gostaria de ver se é tão competitivo assim sem os subsídios do governo.
Sem subsídios do governo a agricultura do mundo inteiro volta à condição de mera subsistência, o agronegócio simplesmente deixa de existir. E ninguém subsidia mais do que os EUA, com a UE vindo logo atrás em segundo lugar.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4268 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Fev 08, 2014 12:03 pm

Mais uma notícia sobre o setor industrial brasileiro.

Continuando assim não demorará muito para as notícias sobre este setor acabarem, juntamente com o próprio. Meu garoto já trancou o curso na Federal do ABC, simplesmente desistiu de ser engenheiro :? . Não encontrei argumentos para mudar a decisão dele :( .
Desequilíbrios na indústria

José Paulo Kupfer - O Estadão - 5 de fevereiro de 2014

É possível que depois do tombo registrado em dezembro de 2013, a indústria apresente uma recuperação em janeiro de 2014. Projeções realizadas a partir das sondagens industriais da FGV-RJ e da Confederação Nacional de Indústria, combinadas com os indicadores já conhecidos do mês passado, apontam para a uma alta de cerca de 3%, no mês passado. Com isso, a perda de 3,5% em dezembro sobre novembro – o dobro do esperado pelos analistas – seria praticamente neutralizada. De todo modo, a expansão de 1,2% no ano ficou longe de neutralizar as perdas de 2,3% ocorridas em 2012.

O problema é que, com custos elevados e baixa produtividade, a indústria não consegue manter um padrão de crescimento sustentável, ainda que em ritmo moderado, por intervalos mais longos. Alternando períodos curtos de desova de estoques acumulados com ciclos também curtos de aumento na produção, o setor está andando, pouco a pouco, para trás.

Em muitos segmentos — 22 dos 27 pesquisados encolheram em dezembro sobre novembro –, ao fim de 2013, os níveis de produção recuaram para os existentes em 2008 ou 2009, período agudo da crise global, a partir do qual a indústria brasileira começou a derrapar. Os muitos estímulos, de diversas naturezas, oferecidos pelo governo, nos últimos cinco anos, não foram suficientes para tirar a produção da indústria de um permanente sobe e desce.

Além de mostrar um crescimento fraco e sem sustentação, o setor industrial tem se movido numa trajetória desequilibrada. O pequeno crescimento de 2013, por exemplo, se deveu a um avanço maior de dois segmentos – bens de capital e veículos.

A produção de caminhões, praticamente paralisada em 2012, apresentou forte recuperação, no ano passado, o que explica uma parte importante dos melhores momentos da indústria, em 2013. Também há desequilíbrio no ritmo de produção. O começo do ano foi animado, mas ao longo de 2013 o ritmo de produção foi ficando mais lento. A indústria cresceu 2,3%, no primeiro semestre e apenas 0,3%, no segundo.

C0ntinuam fracas as expectativas para 2014, mas o desempenho previsto é um pouco melhor do que o do ano passado. Uma esperada maior desvalorização do real e um igualmente esperado melhor desempenho da economia global sustentam as hipóteses de que serão abertos não só espaços para ampliar exportações de manufaturados, mas também para reocupar mercados tomados, nos últimos anos, por importações.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4269 Mensagem por Túlio » Sáb Fev 08, 2014 3:22 pm

Eu nem vou comentar os textos catastrofistas, tipo "o Brasil está para quebrar", para mim é pura politicagem eleitoreira. Não é o que vejo. Por exemplo, a senhora que faz a limpeza aqui em casa - analfabeta, aliás - saiu com pressa pois vai fazer o rancho da semana só hoje (me disse que teve trabalho todos os dias da semana, tanto que o "meu" é na sexta e só pôde me atender hoje) e depois comprar uma TV de led para a filha (gatíssima, aliás).

Eu sei, isso é economia de bolicho mas é assim que vejo a coisa toda: se o pessoal está contente, se podem adquirir as coisas que querem, se alimentam bem, como diabos o Brasil está à beira do abismo?

De resto, se tanto o Agribusiness quanto a Indústria vivem à base de subsídios e benesses governamentais, por que o primeiro vai de vento em popa e a segunda está em queda livre? Tem tanta gente querendo comprar comida quanto produtos industrializados, algo está errado aí. O que notei dos ótimos textos acima foi que um setor está sempre investindo em P&D, o segundo parece que não...

E vão botar a culpa :shock: NA PRESIDENTE :shock: ? Olhem, todo mundo aí sabe que não sou :twisted: PUTISTA :twisted: mas estou seriamente inclinado a votar neles para mais um mandato, faz anos e anos que me sinto tranquilo em relação à economia do nosso País, com gargalos e tudo. E vejo essa mesma confiança em todo mundo com quem interajo, não vi ninguém com medo de não poder pagar as contas no fim do mês. É a lição que dá a senhora iletrada que citei no início: "se eu quero comprar, é só trabalhar que dá".

E me parece uma boa lição. 8-]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4270 Mensagem por Bourne » Sáb Fev 08, 2014 3:55 pm

Politicagem não é estrangeira. São interesses internos e guerras civis entre keynesianos traidores. [005] :lol:

Segundo nomes como Oreiro e Bresser-Pereira, o Brasil quebra em 2015.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4271 Mensagem por Túlio » Sáb Fev 08, 2014 4:05 pm

PUTZ, adiaram a Grande Queda de novo??? :roll: :roll: :roll: :roll:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4272 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Fev 08, 2014 5:58 pm

Túlio escreveu:Eu nem vou comentar os textos catastrofistas, tipo "o Brasil está para quebrar", para mim é pura politicagem eleitoreira. Não é o que vejo. Por exemplo, a senhora que faz a limpeza aqui em casa - analfabeta, aliás - saiu com pressa pois vai fazer o rancho da semana só hoje (me disse que teve trabalho todos os dias da semana, tanto que o "meu" é na sexta e só pôde me atender hoje) e depois comprar uma TV de led para a filha (gatíssima, aliás).

Eu sei, isso é economia de bolicho mas é assim que vejo a coisa toda: se o pessoal está contente, se podem adquirir as coisas que querem, se alimentam bem, como diabos o Brasil está à beira do abismo?
Não estamos à beira do abismo, estamos nos nivelando por baixo.

Não vamos falir amanhã nem entrar em alguma crise aguda, mas estamos marcando passo e deixando de atingir nossos potenciais enquanto outros países bem menores e com menos recursos avançam mais rápido do que nós. E com isso perdemos importância a nível mundial (o que atrapalha ainda mais nosso crescimento via perda de investimentos e de acesso a mercados) e limitamos cada vez mais nossas possibilidades de levar nossa população ao nível de bem estar que são considerados mínimos em países avançados. Ficamos muito felizes quando vemos nossos trabalhadores após ralar no batente por anos à fio finalmente conseguem comprar um carrinho novo, pelado, inseguro e com desempenho pífio, ao passo que em países que realmente avançam um recém empregado pode comprar um Civic ou um Corolla, aqui carros de luxo. Ou quando uma família de 5 pessoas consegue adquirir um apartamento de 50m2 no minha casa - minha vida, e em países de economia mais avançada casas com 100m2 são consideradas pequenas, adequadas apenas para casais novinhos e sem filhos.

É este nosso problema, estamos desistindo de enfrentar nossos problemas e abraçando alegremente a mediocridade. Confesso que pessoalmente não fico nem um pouco feliz com isso, quando era mais novo esperava que meu país um dia fosse muito além disso :( .

De resto, se tanto o Agribusiness quanto a Indústria vivem à base de subsídios e benesses governamentais, por que o primeiro vai de vento em popa e a segunda está em queda livre? Tem tanta gente querendo comprar comida quanto produtos industrializados, algo está errado aí. O que notei dos ótimos textos acima foi que um setor está sempre investindo em P&D, o segundo parece que não...
O agrobusiness tem uma série de mecanismos de financiamento barato e rápido, com o crédito rural e outros sistemas de financiamento dos bancos locais. A indústria não tem nenhum programa específico fora o BNDES (ao qual aliás o agrobusiness também tem direito), que depende de "contatos de alto-nível" para receber aprovação, ou nada feito.

Além disso o post do Boss deixa claro, no setor agropecuário a concorrência estrangeira não tem como ser tão puxada, pois poucos países lá fora tem terra, água e sol como nós temos aqui. Desta forma a que nossa produtividade "natural" compensa as dificuldades estruturais do país e nos garante um nível de competitividade que permite a colocação de nossos produtos no mercado mundial em grande escala. E competindo mundialmente a necessidade de P&D vem naturalmente, gerando um círculo virtuoso que se auto alimenta com o tempo.

Já no setor industrial isso não é possível, uma fábrica equipada adequadamente vai produzir o mesmo se instalada no cerrado brasileiro, nos pampas, no Saara ou no círculo polar ártico, as vantagens geográficas são basicamente irrelevantes ao contrário do que ocorre com plantações de cereais ou criações de gado. Assim, ou as autoridades locais garantem um ambiente econômico e institucional com um mínimo de competitividade com o que existe em outros países ou a produção local fica fora do mercado mundial, e aí das duas uma: Ou desaparece completamente ou passa a depender de um mercado fechado e protegido artificialmente, o que além de prejudicar os consumidores locais não incentiva nenhum esforço em P&D, levando a um círculo vicioso que é exatamente o que estamos vivendo agora.

E como no setor industrial o potencial de inovação e a infra-estrutura inovadora são muito maiores e alavancam muito mais o crescimento da renda geral da população (inovação no agronegócio significa meia dúzia de cientistas em umas poucas instituição de pesquisa gerando uma novidade por ano, ao passo que na indústria significa milhares de engenheiros e técnicos trabalhando em centenas de empresas ligadas em cadeia gerando milhares de novidades por ano) isso é motivo de se lamentar sim, e muito.

E vão botar a culpa :shock: NA PRESIDENTE :shock: ? Olhem, todo mundo aí sabe que não sou :twisted: PUTISTA :twisted: mas estou seriamente inclinado a votar neles para mais um mandato, faz anos e anos que me sinto tranquilo em relação à economia do nosso País, com gargalos e tudo. E vejo essa mesma confiança em todo mundo com quem interajo, não vi ninguém com medo de não poder pagar as contas no fim do mês. É a lição que dá a senhora iletrada que citei no início: "se eu quero comprar, é só trabalhar que dá".

E me parece uma boa lição. 8-]
De fato colocar a culpa no governo de plantão é bobagem, os problemas vem de muito tempo, de antes mesmo do regime militar. O que se pode fazer é cobrar dos sucessivos governos as ações que levem o país no sentido da maior eficiência econômica, e criticar as ações que forem no sentido contrário. E nos últimos governos (PSDB ou PT, tanto faz) temos muito mais a criticar do que a comemorar.

Simplesmente abaixar a cabeça e dizer que só é preciso trabalhar mais pode ser muito bom para quem não procurou qualificação e se contenta em comprar uma TV LCD de 30" para instalar no barraco. Mas para quem se esforçou nos estudos, quer ter uma perspectiva de vida um pouco mais ambiciosa e vê as portas se fechando (e infelizmente eu conheço pessoalmente vários nesta situação) esta lição da senhora sua conhecida simplesmente não basta.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4273 Mensagem por Túlio » Sáb Fev 08, 2014 6:06 pm

Sei lá eu, cupincha véio, meu ponto de vista é o de gente pobre e com pouca cultura, exatamente como eu. Esse pessoal - eu incluído - pensa e vota COM O BOLSO! :wink: 8-]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4274 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Fev 08, 2014 6:47 pm

Túlio escreveu:Sei lá eu, cupincha véio, meu ponto de vista é o de gente pobre e com pouca cultura, exatamente como eu. Esse pessoal - eu incluído - pensa e vota COM O BOLSO! :wink: 8-]
Entendo isso, e isso sempre foi assim. Só que isso se chama alienação, e no médio e longo prazo acaba sendo contra-producente.

Um exemplo: Algumas décadas atrás qualquer um sem nenhuma formação arranjava um emprego de garçom, gari ou pedreiro, conseguia depois de uma vida inteira de sacrifício formar um filho em engenheiro ou técnico de alguma coisa, o qual então arranjava um bom emprego e levava uma vida confortável com sua família. E se não fosse um mal filho levava os pais para morarem com ele em um sobrado de 4 quartos e duas suítes em um bom bairro.

Hoje uma pessoa sem formação nem arranja mais este tipo de emprego, pois se exige no mínimo segundo grau (quem não tem formação vive de "bico", como esta sua conhecida), e após uma vida inteira de esforço consegue formar um filho em engenheiro ou técnico que depois vai ficar desempregado e continuar morando com os país no mesmo barraco (mas vai arranjar um celular e uma TV de tela plana, o restante do planeta continua fazendo a tecnologia avançar e alguma coisa sempre "pinga" para nós). Ou se tiver sorte vai aceitar um emprego com uma remuneração pouca coisa maior que a do seu pai, eventualmente casar com uma moça que também tenha um emprego equivalente e conseguir morar em um apartamento de 45m2. E anos depois comprar um carrinho novo mas bem vagabundinho, que ninguém mais no mundo aceitaria pelo preço cobrado, e ainda vai se achar o máximo e dizer que o país está melhor do que nunca :roll: .

Estou acompanhando este processo e posso te dizer de cadeira: É triste isso viu, em um país que tinha tanto potencial... .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4275 Mensagem por Sterrius » Sáb Fev 08, 2014 7:05 pm

Uma hora destrava leandro, não tem como continuar pra sempre assim. Mas concordo que é desistimulante ver ano após ano as coisas mudarem tão devagar.

Tem epoca que eu até paro de acompanhar news etc pra recuperar o folego.




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