MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4231 Mensagem por Sterrius » Dom Jan 26, 2014 4:16 pm

As Dilmas

Ir à Suíça para dizer como está o Brasil de hoje, isso não faz sentido. Dilma Rousseff choveu, não no molhado, mas em uma inundação digna de São Paulo. Os endinheirados a quem a presidente pediu investimentos ocupam-se de ganhar dinheiro pelo mundo afora, o que lhes exige, e aos seus assessores, estar bem informados para detectar oportunidades. No convescote dos cifrões, mal denominado Fórum Econômico Mundial, por certo muitos sabiam sobre o Brasil o que nem no Brasil se sabe.

A Dilma Rousseff que foi a Davos não é a Dilma Rousseff que chegou à Presidência. Não é o oposto, mas é bastante diferente. Se nos princípios ou nos fins, eis a questão. Fernando Henrique e Lula, mal ouviram falar em Davos e seu pessoal, começaram a preparar as malas. A ida de Dilma, só agora no ano final do mandato, reflete dupla concessão. Uma, na concepção de políticas governamentais que a levavam a desconsiderar Davos, convicta de um Brasil capaz de cuidar de si mesmo. Outra, no seu diagnóstico do momento vivido pelo país e, em particular, pelo governo.

O capital estrangeiro -os cifrões de Davos- não precisa ser buscado. Grandes indústrias automobilísticas não param de vir para cá, e as já instaladas não cessam novos investimentos para crescer. Indústria e comércio de alimentos, agronegócio, aquisições fundiárias, exploração e indústria petrolíferas, as concessões/privatizações, são muitos os setores que têm merecido a procura espontânea do capital estrangeiro. O problema é que grande parte desse investimento não se destina à criação de novas atividades econômicas, ou seja, ao crescimento econômico, mas a assumir o controle acionário ou a propriedade de empreendimentos já ativos. É a chamada desnacionalização.

O capital graúdo não é considerado, em geral, o grande disseminador do crescimento econômico. Este vem pela multiplicação dos empreendimentos, mesmo os pequenos, e pelo reinvestimento do lucro, para ampliação do negócio. O dinheiro para empreender, porém, é muito caro no Brasil, com a tradição crescentemente escorchante praticada pelo sistema bancário. Além das exigências de garantias, dos prazos insuficientes e outras dificuldades.

E o reinvestimento na indústria nacional já consolidada, ah, esse tem um adversário terrível: o próprio empresário. Como regra natural, lerdo, retardatário, incapaz de inovação, pedinte permanente de benesses do governo, esse empresário trata de investir o lucro é em si mesmo: moradia nova, carro de luxo, e todo o necessário ao exibicionismo de mais um novo rico. O empresário brasileiro é, em geral, um atrasado -como pessoa e como dirigente de empresa.

Mudar essa realidade interna era um objetivo implícito nas palavras e na ação da Dilma Rousseff que assumiu a Presidência. Bem, quanto à atual, ceder aos interesses de aumento dos juros já era estar no caminho para Davos.
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha,
Achei interessante o comentario devido a sua posição dentro do conselho editorial da folha de S. Paulo, logo é um dos pensadores do jornal e de suas politicas.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4232 Mensagem por Wingate » Dom Jan 26, 2014 7:50 pm

O empresário brasileiro é, em geral, um atrasado -como pessoa e como dirigente de empresa.
Tive a oportunidade e infelicidade de presenciar, por mais de uma vez, desastres monumentais causados pelo que foi descrito acima... :cry:

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4233 Mensagem por Bourne » Dom Jan 26, 2014 8:23 pm

É uma generalização que pode ser válida para os velhos coronéis da industria que ainda dominam boa parte das entidades de classe e possuem lobies fortes no governo. Entretanto, definitivamente não é os jovens estrepitosos que surgiram nos últimos 20 anos. Eles tem uma cabeça bem diferente.

Interessante que as empresas que mais fazem sucesso na Bovespa são as novas (ou gestões novos) com estruturas corporativas e visão de negócios modernas. Enquanto as antigas estão mais para especular do que investir. A resistência das mudanças regulatórias no setor vieram dessas antigas.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4234 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jan 26, 2014 10:10 pm

Wingate escreveu:
O empresário brasileiro é, em geral, um atrasado -como pessoa e como dirigente de empresa.
Tive a oportunidade e infelicidade de presenciar, por mais de uma vez, desastres monumentais causados pelo que foi descrito acima... :cry:

Wingate
Idem, e acompanho alguns que estão acontecendo agora mesmo.

Bourne escreveu:É uma generalização que pode ser válida para os velhos coronéis da industria que ainda dominam boa parte das entidades de classe e possuem lobies fortes no governo. Entretanto, definitivamente não é os jovens estrepitosos que surgiram nos últimos 20 anos. Eles tem uma cabeça bem diferente.
É, os novos e brilhantes e exemplos do dinâmico capitalismo brasileiro, como Eike Batista... :twisted: .
Interessante que as empresas que mais fazem sucesso na Bovespa são as novas (ou gestões novos) com estruturas corporativas e visão de negócios modernas. Enquanto as antigas estão mais para especular do que investir. A resistência das mudanças regulatórias no setor vieram dessas antigas.
É claro que existem exceções como a própria Embraer, o Boticário e o pessoal da Ambev (que de tão bom vendeu a empresa com enormes ganhos para os belgas). Mas geralmente os empresários brasileiros tem realmente uma visão extremamente tacanha, e já vi muitos fecharem as empresas por decisões altamente estúpidas, principalmente nos setores industrial mais sofisticados como algumas autopeças.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4235 Mensagem por Bourne » Dom Jan 26, 2014 10:18 pm

Não é o Eike Batista. Sempre foi picareta.

Sobre o resto terei dados a respeito das empresas que abriram ações na bovespa. Pode ser bem surpreendente. especialmente se comparadas com as antigas que tem capital aberto desde os anos 1970s. [049]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4236 Mensagem por prp » Seg Jan 27, 2014 12:31 am

LeandroGCard escreveu: Mas geralmente os empresários brasileiros tem realmente uma visão extremamente tacanha, e já vi muitos fecharem as empresas por decisões altamente estúpidas, principalmente nos setores industrial mais sofisticados como algumas autopeças.


Leandro G. Card
Leandro, vc poderia falar mais sobre isso. Eu sempre quis entender a cabeça dos industriais brasileiros. Eram muitos, hoje são tão poucos.

Aqui na minha cidade havia muitas indústrias, na era FHC elas desapareceram, foram vendidas às multinacionais (todas).




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4237 Mensagem por Sterrius » Seg Jan 27, 2014 4:38 am

Brasil prepara retaliação inédita de US$ 829 milhões aos EUA
Contra subsídios ao algodão, país pode agir em propriedade intelectual

BRASÍLIA— Irritado com a pouca disposição dos Estados Unidos para chegar a um acordo que compense os subsídios ilegais concedidos aos exportadores americanos de algodão, o Brasil já se prepara para retaliar comercialmente os EUA em US$ 829 milhões. O primeiro passo será dado em meados do próximo mês. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevará, em até 100%, o Imposto de Importação de uma lista de pouco mais de cem itens oriundos daquele país. Entre esses artigos, destacam-se paracetamol — utilizado na indústria farmacêutica —, produtos de beleza, leitores de código de barras, fones de ouvido, óculos de sol, automóveis, cerejas e até batatas.

O segundo passo, que ainda se encontra em análise na área do governo, será em relação à propriedade intelectual. Está prevista a quebra de patentes de uma série de medicamentos, sementes, defensivos agrícolas e até mesmo obras literárias, musicais e audiovisuais, como os filmes produzidos em Hollywood. Nesse caso, o governo deverá optar pela simples taxação ou o bloqueio temporário de remessas de dividendos e royalties.

Pagamento suspenso

Na próxima sexta-feira, termina o prazo de consultas dado pelo governo ao setor produtivo brasileiro sobre que medidas poderão ser adotadas pelo Brasil, que poderá se tornar o primeiro país a impor uma retaliação comercial aos EUA. O valor da compensação foi autorizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2010, após a entidade condenar os subsídios ao algodão dados pelo Tesouro americano.

— Os EUA não parecem preocupados em chegar a um entendimento — disse uma fonte.
O motivo da retaliação é que os EUA não cumpriram um acordo, firmado assim que saiu a autorização da OMC, que prevê, entre outras coisas, repasses mensais de US$ 147,3 milhões aos produtores de algodão do Brasil. O pagamento não é feito desde o fim do ano passado.

Está praticamente certa a retaliação comercial, a não ser que surja, como fato novo, uma contraproposta americana. Porém, na área de direitos autorais, o governo ainda está dividido. Há uma corrente, que inclui o Ministério da Agricultura, que defende uma posição dura e taxativa com os EUA. O órgão conta com o apoio dos produtores de algodão e da bancada ruralista no Congresso Nacional.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/brasil ... z2rZutsY4B
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4238 Mensagem por LeandroGCard » Seg Jan 27, 2014 9:39 pm

prp escreveu:Leandro, vc poderia falar mais sobre isso. Eu sempre quis entender a cabeça dos industriais brasileiros. Eram muitos, hoje são tão poucos.

Aqui na minha cidade havia muitas indústrias, na era FHC elas desapareceram, foram vendidas às multinacionais (todas).
Qualquer dia vou fazer uma pesquisa sistemática e escrever um livro sobre o desenvolvimento da indústria no país, e com certeza vai haver pelo menos um capítulo dedicado à cabeça do industrial brasileiro. Eu posso citar alguns dos casos que presenciei pessoalmente para dar uma ideia de como é a coisa, mas existem muitos outros que observei pessoalmente ou que tive conhecimento nos meus anos de trabalho introduzindo novas tecnologias na indústria:

- Maxion (trabalhei lá, vivenciei o problema pessoalmente): Após perder alguns dos principais clientes por produzir um motor diesel defasado percebeu que precisava colocar um novo modelo em produção. Após algumas avaliações concluiu que desenvolver um novo de desenho próprio seria muito caro e arriscado, e decidiu procurar um "parceiro" internacional que fornecesse um projeto pronto ao invés disso. Fechou acordo com a Land Rover para produzir um motor dela aqui. Acabou gastando muito mais dinheiro para praticamente montar uma fábrica nova (é o que acontece quando ao invés de desenvolver um motor adaptado aos recursos já disponíveis se trás um novo que não se encaixa), e a maior parte do lucro era enviado para fora a título de royalties. E para completar, pouco tempo depois a própria Land Rover lançou um motor novo bem mais moderno (com over head cam e direct injection, entre outras novidades) que fechou o mercado de exportação para o antigo que havia entregado para a Maxion fabricar. A fábrica se tornou inviável pouco tempo depois e foi vendida à Navstar International.

- Karmann Ghia do Brasil: A empresa enfrentava dificuldades de caixa depois da matriz alemã ter sido vendida sem que a filial brasileira fosse incluída no negócio. Em um período de baixa no mercado nacional, os alemães decidiram vender a fábrica para o Grupo Brasil, uma holding brasileira. Ao invés de investir em equipamentos mais recentes e tecnologia os novos donos brasileiros gastaram todo o dinheiro que tinham para investir comprando máquinas velhas e linhas inteiras de estampagem defasadas que estavam à venda por preços baixos lá fora, com a ideia de aumentar a produção mas sem se preocupar com produtividade ou qualidade. A rentabilidade caiu, e a solução encontrada foi demitir a mão de obra mais cara e experiente (inclusive meu chefe atual) e endurecer as negociações com os clientes. O resultado foi perder um relacionamento de muitos anos com clientes como Scania e Volvo, em troca de pegar a produção do chassi da Kombi (que todo mundo sabia que sairia de produção dois anos depois). A linha da Kombi fechou (não sem antes os diretores do grupo terem uma "conversinha" com o Mantega tentando manter a produção aberta, coisa que nem a VW queria mais mas que eles quase conseguiram :roll: ), e hoje a empresa está quase fechando, esperando receber uma ferramenta de lateral da FIAT para tentar ganhar um ano de sobrevida.

- Após adquirir o sistema de CAD/CAE/CAM/PDM I-deas por impulso de um diretor (que pouco depois foi demitido), a Brinquedos Estrela descobriu que seus fornecedores tradicionais de moldes plásticos não tinham máquinas CNC nem Sistemas CAM para poder produzir os moldes à partir dos dados 3D gerados no sistema. Ao invés de ajudá-los (ou pressioná-los) a adquirir estes sistemas, ou trocar de fornecedores, a direção da empresa decidiu evitar o trabalho (na verdade ela precisaria de gente especializada para isso e não queria contratar, por questões de política interna) e usar o módulo 2D do sistema para continuar produzindo desenhos em papel a serem enviados para a construção de ferramentas, como fazia há décadas. Além de acrescentar mais uma etapa complicada e trabalhosa a um processo que deveria ser mais rápido e eficiente, isso fez com que toda a construção das ferramentas continuasse enfrentando os mesmos problemas de sempre, com erros, atrasos e retrabalhos demorados e custosos. O resultado foram os preços totalmente sem competitividade dos componentes plásticos dos brinquedos da empresa e a dificuldade de criar inovações, o que levou a Brinquedos Estrela a ficar vulnerável aos produtos importados e acabar perdendo o mercado antes mesmo da invasão dos brinquedos chineses.

Conheço muitos outros casos assim, mas nem todas as empresas que desapareceram ou foram compradas sofreram apenas com erros de administração. As mudanças nas condições econômicas, a burocracia, os custos internos do país e outros fatores que vivo apontando aqui no fórum também cobraram a sua cota, como foi o caso da COFAP e da Metal-Leve, empresas bem administradas e competitivas internacionalmente vitimadas pela abertura comercial tresloucada do Collor e depois pelos delírios econômicos do FHC com o real sobrevalorizado e os juros estratosféricos para garantir a inflação baixa e evitar a ascensão do Lula ao governo. Elas acabaram compradas pelos seus principais concorrentes internacionais.

São histórias tristes, e que infelizmente continuam se repetindo até hoje.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4239 Mensagem por Bourne » Seg Jan 27, 2014 9:52 pm

Alguma coisa em contemporânea e que tem a ver com país em desenvolvimento presente no modelo rosenstein-rodan de 1943 [049]




Fonte http://www.fipe.org.br/publicacoes/down ... 0-fern.pdf




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4240 Mensagem por Bourne » Ter Jan 28, 2014 4:52 pm

Voltemos a temas estruturais.

A explicação do Bresser-Pereira de capitalismo é apresentada na primeira parte. Não vou postar por não ser relevante para o post. O ponto central é que está abaixo com a delimitação sobre o Novo-desenvolvimentismo do Bresser-Pereira e Oreiro. Aquele que considero uma picaretagem. E algoz que estão no governo denominado de social-desenvolvimentismo.
Social-Desenvolvimentismo e Novo-Desenvolvimentismo: Convergências e Divergências

Fonte: http://fernandonogueiracosta.wordpress. ... ergencias/

Posted on 01/07/2013 by Fernando Nogueira da Costa

(...)

Em princípio, há grande identificação dos social-desenvolvimentistas com a abordagem histórica e estratégica de Bresser-Pereira, pioneiro da corrente auto denominada Novo-Desenvolvimentismo. Eles enxergam o nacionalismo também com uma ótica territorial de integração regional socioeconômica. Atualizam o intervencionismo de outrora com a concepção de coordenação reguladora. Apoiam a volta da política industrial à agenda nacional, distinguindo prioridades entre a Indústria de Transformação, dada sua necessidade de incentivos para superar o obsoletismo tecnológico e concorrer com a China, e a Indústria Extrativa, elevando sua capacidade de atender ao mercado chinês. Concordam a respeito da importância estratégica de observar a ecologia, por exemplo, a preservação da biodiversidade da Amazônia como um potencial de desenvolvimento da indústria brasileira de fármacos.

Quanto à estratégia internacional, os social-desenvolvimentistas entendem que a política de internacionalização de empresas brasileiras não merece a crítica neoliberal de “política de seleção dos campeões nacionais”. Enxergam a formação do bloco regional, seja pelo Mercosul, seja pela Unasul, como fundamental tanto para a ampliação do “mercado interno”, quanto para a extensão das cadeias produtivas e de infraestrutura logística pela América do Sul. Os acordos comerciais bilaterais se impõem, agora, como uma alternativa capaz de abrir alguns mercados face ao protecionismo vigente mundialmente.

No entanto, os social-desenvolvimentistas e os novos-desenvolvimentistas não convergem em tudo. Antes, dizia-se da esquerda brasileira que ela se aliava na tática conjuntural (luta armada) e se dividia na estratégia futura (modelo de socialismo). Hoje, talvez se possa dizer que os economistas de esquerda divergem no curto prazo (política econômica) e convergem no longo prazo (estruturalismo).

Por exemplo, eu não concordo nem com o diagnóstico e nem com a terapia do Dr. José Luis Oreiro, professor do Departamento de Economia da UnB e vice-presidente da Associação Keynesiana Brasileira, identificado como membro do Novo-Desenvolvimentismo. Em artigo intitulado “Desenvolvimentismo Sem Consistência” (Valor, 18/06/13), ele critica “a inconsistência do modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil no final do governo Lula e aprofundado nos dois primeiros anos da presidente Dilma. Esse modelo de desenvolvimento baseia-se na ideia do desarollo hacia dentro [sic]. Trata-se de um modelo no qual as políticas de redistribuição de renda e de aumento real do salário mínimo, em conjunto com uma forte expansão do crédito bancário, deveriam estimular um vigoroso crescimento dos gastos de consumo, o que levaria os empresários a aumentar os gastos de investimento, permitindo assim um aumento simultâneo da capacidade produtiva e da produtividade do trabalho. Nesse caso, seria possível obter um elevado crescimento do PIB e dos salários reais, ao mesmo tempo em que a inflação seria mantida sob controle. Esse modelo de desenvolvimento, no entanto, se mostrou inconsistente no caso brasileiro. O forte crescimento da demanda doméstica no período (2007-2012) levou o desemprego a níveis historicamente baixos, fazendo com que os salários reais crescessem acima da produtividade do trabalho, exacerbando a perda de competitividade decorrente da apreciação cambial acumulada desde 2005. Para reverter a perda de competitividade seria necessário uma forte desvalorização cambial, o que causaria uma forte elevação da taxa de inflação, a não ser que seu efeito fosse contrabalançado por uma política fiscal mais apertada. O problema é que, desde 2008, a política fiscal brasileira tem sido expansionista – além de ter um viés em consumo e custeio, em vez de investimento – tornando impossível um ajuste não inflacionário da taxa real de câmbio. Em suma, o modelo de desenvolvimento brasileiro não pode alcançar simultaneamente dois objetivos, a saber: inflação baixa e estável e câmbio competitivo. Faz-se necessário sacrificar um objetivo para (tentar) alcançar o outro.”

O novo-desenvolvimentismo propõe sacrificar os salários reais dos trabalhadores, base de apoio político do atual governo, em nome de beneficiar os preços em dólares dos produtos dos industriais, base de apoio político do neoliberalismo. O social-desenvolvimentismo prioriza o controle da inflação e o desenvolvimento sustentado pela ampliação do mercado interno, isto é, crescimento da renda real e do emprego com política social ativa. Isto quanto à prioridade em curto prazo: o combate à retomada da inflação.

Quanto ao modelo de desenvolvimento em longo prazo, na verdade, os social-desenvolvimentistas acham ultrapassada a dicotomia desarollo hacia adentro versus desarollo hacia afuera. A participação percentual das exportações no PIB do Brasil gira em torno de 10% e do fluxo corrente de comércio (exportação + importação) em torno de 20% do PIB, ou seja, o saldo líquido desse comércio exterior está muito distante de dar dinamismo e sustentar o crescimento da economia brasileira a la modelo exportador asiático.

Por todas essas razões econômicas, sociais e políticas, os social-desenvolvimentistas colocam a inclusão social no mercado interno como a prioridade estratégica brasileira. Soma-se aos investimentos em infraestrutura, logística e extração de petróleo em águas profundas, para o País se tornar superavitário no balanço de transações correntes e o Fundo Social de Riqueza Soberana transferir seus rendimentos para Educação, Ciência e Tecnologia.

Em suma, os desenvolvimentistas de todas as matizes concordam quanto à estratégia de desenvolvimento em longo prazo, mas discordam quanto à política econômica em curto prazo. Como o longo prazo é construído com uma sucessão de curtos prazos…




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4241 Mensagem por GustavoB » Qui Jan 30, 2014 11:32 am

Desemprego fica em 5,4% em 2013, o menor da história

Imagem
Índice é a média dos 12 meses. Em dezembro, desocupação recuou a 4,3%.


http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... -ibge.html




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4242 Mensagem por joao fernando » Qui Jan 30, 2014 1:40 pm

Gostei mais da manchete que fala que tínhamos 60.000.000 que nem trabalham, nem procuram emprego

Lá no meio da matéria, se via que grande parte era de donas de casa, e uma parte boa, dos jovens que hj estudam e antigamente precisavam de bicos :mrgreen:




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4243 Mensagem por irlan » Qui Jan 30, 2014 5:15 pm

Estou desempregado... :roll:




Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4244 Mensagem por Túlio » Qui Jan 30, 2014 5:53 pm

Já pediste tua BOLSA? :lol: :lol: :lol: :lol:




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#4245 Mensagem por irlan » Sex Jan 31, 2014 6:55 pm

Vivo com a mãe Túlio, estou achando que a causa do meu desemprego seja o sobrepeso, estou fazendo uma dieta para remediar isso, até o final do ano acho que estou melhor.. :cry:




Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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