Segundo o Chefe do Escritório de Teste do Pentágono: “O P-8 não é eficaz”
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Guilherme Wiltgen
24/01/2014
A nova aeronave de vigilância da Boeing, que foi enviada para o Japão no mês passado, ainda não é eficaz na caça de submarinos ou realizando reconhecimento em grandes áreas, duas das suas principais missões, diz o testador de armas do Pentágono.
Falhas no programa de US$ 35 milhões, inclui o desempenho do radar do avião, integração de sensores e de transferência de dados, escreveu Michael Gilmore, chefe do escritório de testes do Pentágono, em seu relatório anual sobre as principais armas, e que ainda está para ser lançado. Ele disse que o novo P-8A Poseidon exibiu “todas as grandes deficiências” identificadas em exercícios anteriores, quando submetidos ao stress de testes de combates realísticos, entre Setembro de 2012 a Março de 2013.
“Muitas dessas deficiências” levou Gilmore a determinar que o P-8A “não é eficaz para a missão de inteligência, vigilância e reconhecimento, e não é eficaz para busca antissubmarino em grandes áreas”, disse ele em uma seção do relatório obtido pela Bloomberg. A US Navy planeja conduzir testes adicionais para “verificar a correção de algumas deficiências”, escreveu ele.
As conclusões de Gilmore sugerem que a aeronave do programa, que é baseada em um Boeing 737-800 modificado com radar e sensores, não está pronta para implantação. Entre as suas principais missões, está o acompanhamento de submarinos chineses. Seis P-8 foram enviados ao Japão para apoiar as operações de patrulha marítima da 7ª Frota, a partir da Naval Air Facility Atsugi, como parte da estratégia dos EUA para a região da Ásia-Pacífico.
O Vice-Almirante Robert Thomas, comandante da 7 ª Frota, disse em um comunicado à imprensa em 10 de janeiro, que a aeronave “representa uma melhoria significativa”, em relação ao velho P-3 Orion, da Lockheed Martin, e completou: “proporcionando a possibilidade de detectar, rastrear e reportar mais alvos do que antes”.
A Boeing, sediada em Chicago, entregou no mês passado a 13ª aeronave, de um total de de 113. A US Navy declarou em novembro que a aeronave estava pronta para a implantação de combate, depois de determinar que os critérios para a realização de patrulhas eficazes “foram totalmente atendidas”, disse por telefone a Tenente Caroline Hutcheson, porta-voz da USN. “O P-8A está pronto e nós precisamos dele no teatro de operações e continua a atender às expectativas dos comandantes da frota”, disse ela. Hutcheson disse que o gabinete de Gilmore tem “consistentemente dado destaque, tanto em áreas de guerra eficaz, bem como em recomendações para as áreas para re-visitar”. informando ainda que “A maioria dos problemas citados foram coletivamente identificados”, e a Marinha tem desenvolvido “atualizações de software para corrigir as deficiências”.
A Boeing comenta
O porta-voz da Boeing, Charles Ramey, disse em um comunicado enviado por email que ele não tinha visto o relatório de Gilmore e portanto, estaria impossibilitado de comentar. “O Feedback que recebemos até o momento é que a USN está muito contente com o desempenho do P-8A”, disse Ramey, completando: “Como sempre, a Boeing irá trabalhar lado a lado com a Marinha para apoiar todas as questões que surgirem”.
A porta-voz de Gilmore, Jennifer Elzea, disse que o escritório de teste concluiu que a aeronave foi eficaz em buscas em pequenas áreas, similar ao P-3C Orion que ele está substituindo. A aeronave também é eficaz na realização de “missões desarmadas de guerra antissuperfície”, e que o seu radar, e sensores de apoio, “fornecem uma busca eficaz do alvo na superfície, em qualquer tempo”, disse ela em um comunicado enviado por email.
O escritório de Gilmore também concluiu que a fuselagem é de confiança, oferecendo “melhorias significativas em termos de confiabilidade, manutenção e disponibilidade” em comparação ao P-3C, e que no geral, o sistema da Boeing “proporciona maior alcance, capacidade de carga e de velocidade”, disse ela.
O relatório de Gilmore disse que testes recentes de combate realísticos, confirmaram os resultados anteriores sobre falhas no radar do P-8 e “revelou as implicações operacionais das limitações do radar para alguns alvos”. Ele disse ainda que os detalhes são classificados. A Raytheon fornece o radar de vigilância terrestre e marítima.
Deficiências com a eletrônica embarcada, para detectar o radar inimigo anti-aeronave, são “detecções de ameaças limitadas”, enquanto “degradam seriamente a capacidade de sobrevivência da aeronave em todas as principais missões”, disse o relatório. A Northrop Grumman fornece os equipamentos de “medidas de apoio eletrônicos”.
Elzea disse que a USN está realizando testes adicionais “para avaliar vários sistemas de melhorias técnicas” que serão avaliadas pelo escritório de Gilmore, assim que eles forem entregues. A Marinha tem planos para dois conjuntos de atualizações da aeronave para “melhorar a capacidade de guerra antissubmarino ao longo de vários anos” e tem desenvolvido um “plano de testes e avaliações adequados” para avaliar as melhorias, informou ela.
FONTE: Bloomberg
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval