motumbo escreveu:Não precisamos de um PA, pq não influenciamos nem precisamos influenciar (projetar poder) em outros continentes, me parece que isso de ter um PA é mais uma megalomania recalcada; ter um monstro daqueles que não pode ser utilizado por falta de capacidade ou de recursos, é justo o contrário de demonstração que se tem por meta, ou seja, mostrar poder, estamos mostrando apenas que não conseguimos.
Na verdade a projeção de poder é apenas uma das possíveis aplicações dos navios aeródromos. Eles também são o meio mais efetivo para o controle de área marítima e para um país que depende do mar para a maioria esmagadora do seu comércio internacional e em breve para sua principal fonte de combustíveis, esta aplicação é extremamente importante.
Sugiro que dê uma lida cuidadosa no tópico sobre estratégia naval, e se você investigar também um pouco a história do uso dos NAe's desde sua aparição perceberá que inclusive as características de tamanho e número de aeronaves definida pela MB para os futuros substitutos do A-12 mostram claramente que é esta segunda aplicação que ela visualiza como principal para este tipo de navio. Portanto sua afirmação de que simplesmente não precisamos de um NAe não é cabível. Pode-se até argumentar que somos um país pobre e não podemos pagar por ele (e aí imagino que esta seja também sua opinião sobre Copas do Mundo, Olimpíadas, trens-bala, museus, monumentos e etc...), mas se a necessidade um dia aparecer um NAe efetivo fará sim falta, e bastante.
Por fim, se foi tomada essa opção, então, dever-se-ia ter optado por um outro PA, pq este ai não da, já deu, é um fundo do poço de dinheiro público, dinheiro esse que eu contribuo e é exatamente por isso que eu me sinto muito interessado em dar minha opinião sobre o assunto, faz 13 anos que este bicho não opera direito e ainda matou um marinheiro e deixou outros feridos; faz 13 anos, dava pra ter construído outro, ou simplesmente comprado um outro.
Meu dinheiro não é capim, e as FA´s precisam parar com essa bobagem de não é quem quer, é quem a força quer; as FA´s devem sim muitas satisfações ao seu contribuinte, elas tem a obrigação de se manifestar e dizer o que esta de errado, onde estão os problemas e pq o dinheiro dos contribuintes em mais de 8 anos não foi capaz de fazer aquela boia gigante fazer o serviço que deveria fazer; os senhores especialistas podem escrever o que quiser para tentar se iludir, mas não esperem iludir todas as pessoas e muito menos que algumas pessoas se calem dizendo: -Mas quem vc pensa que é para reclamar de um navio que não navega ou de uma corveta que demorou 20 anos para ficar pronta?
Procure se informar do custo de aquisição e das reformas por que passou o A-12, compare-os com os custos dos demais NAe's (novos ou usados) adquiridos por outros países, e veja se tem cabimento sua afirmação de que a MB deveria simplesmente comprar outro qualquer.
É claro que o A-12 não é o NAe mais efetivo que existe no mundo, mas pelo preço que custou até agora não se pode dizer que tenha sido uma má aquisição. E ele permite à MB manter (e em breve permitirá ampliar) sua capacidade de operar aeronaves de asa fixa embarcadas, algo que custaria muito mais se perdêssemos e tentássemos re-obter. Se sua preocupação é a minimização dos custos, então deveria ser um grande fã do São Paulo.
Sim esse navio foi um erro, se querem realmente operar um (nem acho que precise), então arrumem um que presta, ao olhar o mapa da America Latina, fico me perguntando pra que um PA quando qualquer avião nosso decolando de nosso pais pode atingir nossos vizinhos facilmente, sem contar que nenhum desses países apresenta qualquer capacidade de entrar em conflito nem entre eles e muito menos conosco.
No dia em que a América Latina se tornar o único continente restante no planeta Terra, ou que pelo menos passe a ser nossa principal parceira comercial, aí este seu último argumento pode começar a fazer algum sentido. Até lá a MB, como qualquer marinha responsável do mundo civilizado, tem que manter pelo menos uma mínima capacidade de atuação global, muito além do litoral sul-americano. E para isso a posse de um PA faz sim enorme diferença.
É claro que em tempos de paz, sem uma ameaça clara que possa ser apontada, a prioridade em colocar o A-12 plenamente operacional ou de obter seus substitutos é bastante baixa, dadas as enormes carências que a MB e o próprio país temem muitas outras áreas. Daí a lentidão nos trabalhos no navio, coma dificuldade em se fazerem os investimentos necessários nele, já que sua utilidade por hora será mesmo basicamente para adestramento e manutenç1ao de doutrina. Mas em caso de crise real ele já está aí e pode ser colocado em operação muito rápido, até mesmo em poucas semanas, e sua presença pode fazer uma enorme diferença em diversos cenários que podem vir a se apresentar. E enquanto tal crise não aparece a MB faz o que pode, procurando mantê-lo com o mínimo de dispêndio exatamente para não atrapalhar outros programas já em andamento ou que devem se iniciar brevemente, os quais no momento tem maior prioridade. Se há alguma coisa que podemos criticar na MB com relação ao A-12 é justamente a timidez em equipá-lo com meios aéreos mais capazes. Mas aí entra novamente a preocupação com despesas, que lhe parece tão importante. Neste ponto a MB está apenas tentando chegar ao equilíbrio que o governo lhe impõem entre investimentos e efetividade.
Leandro G. Card