Alternativas para fim do FX2

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Petry
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3616 Mensagem por Petry » Seg Nov 25, 2013 11:43 pm

FIGHTERCOM escreveu:
Petry escreveu: Mas é obrigatório fazer a especialização da Embraer?

EU acredito que dá para delegar determinados campos a centros de pesquisas de universidades brasileiras.

Um exemplo é a Digicon (empresa gaúcha), que participou do AMX e hoje produz peças para todos os Airbus, inclusive A-380. Sua base de engenheiros são todos da UFRGS e PUCRS.

A AEL tem crescido muito garimpando engenheiros na UFRGS e PUCRS, mandando parte para Israel e outros não.

Ainda tem a Aeromot e uma que esqueci o nome que faz retrofit para conversão de aeronaves em UTI.

Com certeza dá para decentralizar determinados tópicos e fazer uma parceria entre as empresas e as universidades para desenvolver algo e depois juntar num projeto. Existem diversas outras universidades de excelência.
Petry,

Depende. Se você está acabando de concluir o curso de graduação e deseja entrar na Embraer, a resposta é sim! Hoje o PEE é a porta de entrada para a Embraer. Caso contrário, você precisa ser um profissional altamente qualificado e ex-empregado da Airbus/ Boeing.

Quando citei o caso da Embraer, não foi para propor que a mesma centralize todo o desenvolvimento de um caça. O intuito era demonstrar como este processo é demorado e caro. Se a Embraer, com toda a sua capacidade, está formando uma média de 100 profissionais por ano, como a Digicon e a AEL poderiam fazer melhor? Simplesmente não dá.

O ideal seria descentralizar as atividades, como você bem colocou, tendo várias empresas e centros de pesquisa envolvidos. Desta forma, os riscos seriam mínimos para cada parte. Além disso, na falta de um membro, as atividades poderiam ser facilmente absorvidas pelos demais. Porém, quem irá pagar esta conta? Não dá para ficar esperando somente pelo Governo Federal. Já para as empresas precisa ser atrativo, caso contrário elas não investem um centavo sequer. O problema é que nesse setor, o nosso histórico é de mais baixos do que altos, fazendo com que os empresários fiquem receosos.


Att.,

Wesley

Eu fiz o processo do PEE e fui eliminado na última fase, escolhi como primeira opção Manufatura e eles não escolheram nenhum desta área por aqui. Me fizeram optar por 6 linhas profissionais sendo que só escolheriam de acordo com a demanda da Embraer. Essas 6 linhas não suportam o desenvolvimento de um caça, necessitando de outras fontes geradoras de conhecimento.

Citem a Digicon por eu ter conhecido a empresa e visitei todas as máquinas de produzem peças aeronáuticas. Essa produção é o lado positivo que já pagou todo o investimento feito no AMX.

Citei a AEL porque é um exemplo de área que a Embraer não precisaria desenvolver no seu interior. O conhecimento da AEL não é só para aeronaves, existe diversos frutos que geraram produtos para o mercado civil, como até rastreamento de veículo. Se não me engano, o satélite nacional recem desenvolvido foi uma parceria da AEL com universitarios locais.

Eu acredito que, principalmente as universidades públicas, tem o dever de desenvolver conhecimentos científicos para o desenvolvimento nacional. O Governo deveria atribuir às universidades metas de desenvolvimento, que nem na China. Um colega engenheiro chinês que tive o prazer de conhecer pessoalmente, teve o tema de seu mestrada "escolhido" pelo "governo local". No brasil vemos algo bem tímido, como bolsas para o desenvolvimento de determinados assuntos. O GF deve criar um ambiente propício para a união dos centros universitários com as empresas locais e em troca, estes centros gerarem conhecimentos em determinadas áreas estipuladas pelo governo.

Fico imaginando se cada região pudesse focar em determiada área, não só na aviação, mas que atendesse todas as lacunas do parque industrial brasileiro, seria um baita passo.

Concordo contigo que isso não deve partir somente das empresas, pois para isso, deve haver um ambiente onde haja retorno financeiro para essas empresas. O GF vai ter que bancar, e se isso tivesse acontecido em 1994, poderíamos estar colhendo belos frutos. Cada ano que passa, mais tempo de pesquisas foram deixado de lado.
kirk
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3617 Mensagem por kirk » Seg Nov 25, 2013 11:48 pm

Túlio escreveu:De preferência Gripen, né? :lol: :lol: :lol: :lol:
8-] 8-]
[] kirk

Os Estados não se defendem exigindo explicações, pedidos de desculpas ou com discursos na ONU.

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3618 Mensagem por kirk » Seg Nov 25, 2013 11:49 pm

FIGHTERCOM escreveu:
Carlos Lima escreveu:Será que realmente não temos infraestrutura ou capacidade intelectual de nos associar a um projeto de 5 geração??

Será realmente impossível construir esse tipo de infraestrutura no Brasil e teríamos que passar por um avião de 4 geração (sob o ponto de vista de construção, não de aquisição, para podermos nos qualificar para construir uma aeronave de 5 geração).

O que será que existe de tão importante em termos de 4 geração que nos barra o acesso industrial e intelectual para nos associarmos hoje a um projeto de 5 geração??

Em termos de aquisição... é claro... temos necessidade de comprar uma aeronave de 4 geração agora e termos algumas tecnologias disponíveis para que possamos habilitar a aeronave a operar no dia-a-dia sem problemas.

Isso eu entendo, mas sob o ponto de vista 'industrial' realmente fica díficil entender essa 'necessidade'. :shock:

[]s
CB_Lima
CB Lima,

Respondendo à sua pergunta inicial: não, não temos capacidade para nos associarmos a um projeto de quinta geração. Qualquer tentativa nessa direção, nos dias atuais, teria o mesmo "sucesso" que a participação do Brasil na ISS.


Abraços,

Wesley
Há !!! 8-] :mrgreen:
[] kirk

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3619 Mensagem por kirk » Seg Nov 25, 2013 11:52 pm

Penguin escreveu:
Carlos Lima escreveu:Será que realmente não temos infraestrutura ou capacidade intelectual de nos associar a um projeto de 5 geração??

Será realmente impossível construir esse tipo de infraestrutura no Brasil e teríamos que passar por um avião de 4 geração (sob o ponto de vista de construção, não de aquisição, para podermos nos qualificar para construir uma aeronave de 5 geração).

O que será que existe de tão importante em termos de 4 geração que nos barra o acesso industrial e intelectual para nos associarmos hoje a um projeto de 5 geração??

Em termos de aquisição... é claro... temos necessidade de comprar uma aeronave de 4 geração agora e termos algumas tecnologias disponíveis para que possamos habilitar a aeronave a operar no dia-a-dia sem problemas.

Isso eu entendo, mas sob o ponto de vista 'industrial' realmente fica díficil entender essa 'necessidade'. :shock:

[]s
CB_Lima
Caças de 4a geração utilizam uma tecnologia madura, com riscos relativamente mais baixos. Madura, mas dominada por poucos.

Hoje, o único caça de 5a geração operacional ainda é o F-22. Os mais de 100 F-35 já produzidos seguem uma via crúcis interminável para entrar em operação. Sabemos porque é divulgado. E o T-50? Quais as dificuldades que o projeto enfrenta? Nehuma?! O certo é que se divulga muito, muito pouco sobre os problemas e dificuldades. Na verdade apenas o lado positivo.

Projetos supostamente de 5a geração há alguns em desenvolvimento: China, Coréia do Sul, Japão, Turquia, Rússia e EUA.

Vamos apostar todas as fichas, agora, em algum desses projetos?! É o melhor caminho?

Acho que devemos finalizar o projeto de 4a G, dar inicio ao de 5a G e investir muito em UAV/UCAV.

[]
Brilhante Penguin, infelizmente alguns de nossos amigos tem uma dificuldade enorme de entender isso.
[] kirk

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3620 Mensagem por FIGHTERCOM » Seg Nov 25, 2013 11:57 pm

Carlos Lima escreveu:
FIGHTERCOM escreveu: Só para acrescentar. No FX-1, Maurício Botelho, então presidente da Embraer, chegou a afirmar que seriam necessários 2000 engenheiros, caso a proposta do Mirage 2000BR fosse a selecionada pela FAB. Vamos supor que ele tenha exagerado nesse número e que na verdade seriam necessários 1000 engenheiros. Isto para um projeto praticamente consolidado e com margem para poucos desenvolvimentos. Ainda assim é um número elevado de profissionais para tal empreitada e a situação fica ainda mais complicada quando consideramos que o Programa de Especialização em Engenharia da Embraer formou 1200 engenheiros em 12 anos.

Programa de Especialização em Engenharia
http://www.embraer.com/pt-br/trabalhe-e ... s/pee.aspx

Abraços,

Wesley
Então por essa lógica, o que nos leva a crer que poderíamos fazer algo de 4 geração?

[]s
CB_Lima
CB Lima,

No estágio em que nos encontramos hoje, tenho serias dúvidas sobre a nossa efetiva participação no desenvolvimento de uma caça. Não estou com isso desmerecendo a capacidade do profissional brasileiro, longe disso. Mas nossas deficiências são tantas que fica difícil apontar uma solução.

O que vou escrever agora é puro achismo, baseado apenas no que já li no último anos. Acredito eu que, a FAB ciente das dificuldades de se consolidar uma indústria bélica no Brasil, optou por um desenvolvimento gradual e em etapas. No programa FX-2, ao solicitar apenas os códigos fontes, visando integrações futuras, ela pretendia privilegiar as empresas nacionais que poderiam contribuir de alguma forma com o desenvolvimento de mísseis e bombas inteligentes. Se formos olhar para o nosso passado recente, os mísseis também foram uma grande deficiência, assim como a quantidade e qualidade dos caças.

Caso o governo, de uma hora para outra, resolvesse diminuir os investimentos, a FAB poderia continuar com alguns programas, assim como a MB fez com o programa nuclear. Além do mais, um programa bem elaborado de mísseis pode contemplar as outras duas forças, dando algum fôlego para que a(s) empresa(s) mantenha(m) suas linhas de produção ativas.

Superando esta etapa, bem possivelmente teríamos o surgimento de uma empresa que fornecesse para as FAs e exportasse um produto de qualidade, ou seja, com pouca dependência dos investimentos do Governo Federal. Depois poderíamos pensar, quem sabe, no desenvolvimento de um motor.

Talvez este fosse o melhor caminho a ser trilhado...


Abraços,

Wesley
"A medida que a complexidade aumenta, as declarações precisas perdem relevância e as declarações relevantes perdem precisão." Lofti Zadeh
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3621 Mensagem por Carlos Lima » Ter Nov 26, 2013 12:09 am

FIGHTERCOM escreveu:CB Lima,

No estágio em que nos encontramos hoje, tenho serias dúvidas sobre a nossa efetiva participação no desenvolvimento de uma caça. Não estou com isso desmerecendo a capacidade do profissional brasileiro, longe disso. Mas nossas deficiências são tantas que fica difícil apontar uma solução.

O que vou escrever agora é puro achismo, baseado apenas no que já li no último anos. Acredito eu que, a FAB ciente das dificuldades de se consolidar uma indústria bélica no Brasil, optou por um desenvolvimento gradual e em etapas. No programa FX-2, ao solicitar apenas os códigos fontes, visando integrações futuras, ela pretendia privilegiar as empresas nacionais que poderiam contribuir de alguma forma com o desenvolvimento de mísseis e bombas inteligentes. Se formos olhar para o nosso passado recente, os mísseis também foram uma grande deficiência, assim como a quantidade e qualidade dos caças.

Caso o governo, de uma hora para outra, resolvesse diminuir os investimentos, a FAB poderia continuar com alguns programas, assim como a MB fez com o programa nuclear. Além do mais, um programa bem elaborado de mísseis pode contemplar as outras duas forças, dando algum fôlego para que a(s) empresa(s) mantenha(m) suas linhas de produção ativas.

Superando esta etapa, bem possivelmente teríamos o surgimento de uma empresa que fornecesse para as FAs e exportasse um produto de qualidade, ou seja, com pouca dependência dos investimentos do Governo Federal. Depois poderíamos pensar, quem sabe, no desenvolvimento de um motor.

Talvez este fosse o melhor caminho a ser trilhado...

Abraços,

Wesley
Eu sei lá amigo,

Eu acho que temos mais condições do que isso, mas esse sou eu.

[]s
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3622 Mensagem por FIGHTERCOM » Ter Nov 26, 2013 12:09 am

Petry escreveu:
FIGHTERCOM escreveu: Petry,

Depende. Se você está acabando de concluir o curso de graduação e deseja entrar na Embraer, a resposta é sim! Hoje o PEE é a porta de entrada para a Embraer. Caso contrário, você precisa ser um profissional altamente qualificado e ex-empregado da Airbus/ Boeing.

Quando citei o caso da Embraer, não foi para propor que a mesma centralize todo o desenvolvimento de um caça. O intuito era demonstrar como este processo é demorado e caro. Se a Embraer, com toda a sua capacidade, está formando uma média de 100 profissionais por ano, como a Digicon e a AEL poderiam fazer melhor? Simplesmente não dá.

O ideal seria descentralizar as atividades, como você bem colocou, tendo várias empresas e centros de pesquisa envolvidos. Desta forma, os riscos seriam mínimos para cada parte. Além disso, na falta de um membro, as atividades poderiam ser facilmente absorvidas pelos demais. Porém, quem irá pagar esta conta? Não dá para ficar esperando somente pelo Governo Federal. Já para as empresas precisa ser atrativo, caso contrário elas não investem um centavo sequer. O problema é que nesse setor, o nosso histórico é de mais baixos do que altos, fazendo com que os empresários fiquem receosos.


Att.,

Wesley

Eu fiz o processo do PEE e fui eliminado na última fase, escolhi como primeira opção Manufatura e eles não escolheram nenhum desta área por aqui. Me fizeram optar por 6 linhas profissionais sendo que só escolheriam de acordo com a demanda da Embraer. Essas 6 linhas não suportam o desenvolvimento de um caça, necessitando de outras fontes geradoras de conhecimento.

Citem a Digicon por eu ter conhecido a empresa e visitei todas as máquinas de produzem peças aeronáuticas. Essa produção é o lado positivo que já pagou todo o investimento feito no AMX.

Citei a AEL porque é um exemplo de área que a Embraer não precisaria desenvolver no seu interior. O conhecimento da AEL não é só para aeronaves, existe diversos frutos que geraram produtos para o mercado civil, como até rastreamento de veículo. Se não me engano, o satélite nacional recem desenvolvido foi uma parceria da AEL com universitarios locais.

Eu acredito que, principalmente as universidades públicas, tem o dever de desenvolver conhecimentos científicos para o desenvolvimento nacional. O Governo deveria atribuir às universidades metas de desenvolvimento, que nem na China. Um colega engenheiro chinês que tive o prazer de conhecer pessoalmente, teve o tema de seu mestrada "escolhido" pelo "governo local". No brasil vemos algo bem tímido, como bolsas para o desenvolvimento de determinados assuntos. O GF deve criar um ambiente propício para a união dos centros universitários com as empresas locais e em troca, estes centros gerarem conhecimentos em determinadas áreas estipuladas pelo governo.

Fico imaginando se cada região pudesse focar em determiada área, não só na aviação, mas que atendesse todas as lacunas do parque industrial brasileiro, seria um baita passo.

Concordo contigo que isso não deve partir somente das empresas, pois para isso, deve haver um ambiente onde haja retorno financeiro para essas empresas. O GF vai ter que bancar, e se isso tivesse acontecido em 1994, poderíamos estar colhendo belos frutos. Cada ano que passa, mais tempo de pesquisas foram deixado de lado.
Petry,

Tudo isso dá uma dimensão de como esse processo é complicado. Se pelo menos houvesse mais seriedade por parte do governo na hora de investir em P&D, estaríamos em outro nível de desenvolvimento. Além disso, caso o FX tivesse sido finalizado lá pelos idos de 2000, hoje estaríamos discutindo, bem possivelmente, novos desenvolvimentos para esta plataforma. Estamos no mínimo 13 anos atrasados...


Abraços,

Wesley
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3623 Mensagem por J.Ricardo » Ter Nov 26, 2013 8:50 am

Faz tempo que este tópico não fica tão interessante quanto esta nesta duas últimas páginas, parabéns a todos! 8-]
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3624 Mensagem por Bolovo » Ter Nov 26, 2013 10:24 am

Legal, mas tá tudo até agora na base da evidência anedótica. "Eu vi, eu acho, eu aquilo...", mas na real a gente faz a menor idéia. Continuo acreditando que o Brasil tem total capacidade de entrar num projeto de caça de 5ª geração, que é pra mim o que faz mais sentido, afinal não entendo o porque de desenvolver algo que já está desenvolvido, como mesmo já falaram aqui. Temos sim é que pular esse gap tecnológico que nos afasta das outras nações. Defendo a idéia que temos que adquirir logo caças de 4ª geração, monta-los aqui se possível, termos alguma liberdade de manipulação e entrar num projeto de caça de 5ª geração, nesse sim desenvolver, torrar a cabeça e tudo mais. Acabar o FX2 e ir atrás de um caça de 5ª geração não acho que seja algo muito inteligente de se fazer, pois precisamos desses caças e uma força completamente stealth é algo que nem os EUA irão fazer, quanto mais nós.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3625 Mensagem por faterra » Ter Nov 26, 2013 12:49 pm

O que eu penso é que a capacitação tecnológica se dá muito mais pela prática.
Vou falar pelo que observo no Brasil, mas, acredito que isto deva acontecer no mundo todo. A universidade forma o profissional e o coloca no mercado com uma capacitação teórica. Quando o mesmo arranja um emprego é que vai aprender de fato o que deverá fazer. É quando as indústrias o capacitará, através de cursos internos ou externos. O País tem profissional gabaritado para encarar este desafio. Temos escolas de 1ª linha que forma excelentes profissionais. Não precisamos esperar 20, 30, 40 anos para iniciarmos o projeto e o desenvolvimento tecnológico. Pode ser iniciado agora. E quanto mais cedo, mais rápido alcançaremos os objetivos. Isto não é uma utopia! É só colocar a mão na massa!
Quando a MB fechou a parceria com a França para o desenvolvimento do casco do SNB e dos SKK's não existia mão-de-obra especializada no país. E hoje? Quantos anos foram necessários para formar esta base? Em minha opinião, o País não tinha esta mão-de-obra porque nunca necessitou dela, pois, sua prioridade sempre foi comprar de prateleira, ou, simplesmente, executar montagens de produtos estrangeiros e, mesmo assim, foi criada uma base. Hoje, existe a necessidade, e, à medida em que ela está sendo solicitada os especialistas estão sendo preparados através da teoria e da prática principalmente.
Por que isto não pode acontecer com os caças da FAB?
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3626 Mensagem por FIGHTERCOM » Ter Nov 26, 2013 12:51 pm

Bolovo escreveu:Legal, mas tá tudo até agora na base da evidência anedótica. "Eu vi, eu acho, eu aquilo...", mas na real a gente faz a menor idéia. Continuo acreditando que o Brasil tem total capacidade de entrar num projeto de caça de 5ª geração, que é pra mim o que faz mais sentido, afinal não entendo o porque de desenvolver algo que já está desenvolvido, como mesmo já falaram aqui. Temos sim é que pular esse gap tecnológico que nos afasta das outras nações. Defendo a idéia que temos que adquirir logo caças de 4ª geração, monta-los aqui se possível, termos alguma liberdade de manipulação e entrar num projeto de caça de 5ª geração, nesse sim desenvolver, torrar a cabeça e tudo mais. Acabar o FX2 e ir atrás de um caça de 5ª geração não acho que seja algo muito inteligente de se fazer, pois precisamos desses caças e uma força completamente stealth é algo que nem os EUA irão fazer, quanto mais nós.
Bolovo,

No desenvolvimento de um projeto o ideal é que se tenha uma base, um mínimo de conhecimento possível para se poder arriscar. Claro que todo projeto tem um risco associado. Porém, quanto menos você sabe, maiores são os riscos. O que é proposto por você eu já vi acontecer várias vezes e tem até nome, se chama aventura. Na maiorias dos casos, o projeto fica inacabado e o pessoal envolvido é dispensado.

Como eu coloquei no comentário acima, procure traçar um paralelo com outros países (não precisa ser necessariamente a China) e veja aonde nós estamos. Se mesmo assim, você ainda quiser acreditar que é possível, paciência. Afinal, fé não se discute.

Existem outras etapas a serem superadas antes mesmo de se pensar no desenvolvimento de um caça. Querer dar um passo maior do que as pernas é pedir para cair e ficar pelo caminho...


Abraços,

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3627 Mensagem por Olinda » Ter Nov 26, 2013 2:02 pm

FIGHTERCOM escreveu:
FIGHTERCOM escreveu: Então vamos lá...

1) Não formamos Engenheiros (nas mais diversas áreas) em bom número, menos ainda profissionais aptos a trabalharem com pesquisa e desenvolvimento. Afinal, por que você acha que a Embraer possui um programa de especialização? Isso é só um exemplo. Problema 1: falta de profissionais.

2) Tente fazer uma lista das instituições de ensino superior que possuem alguma linha de pesquisa nas áreas de aeronáutica, tecnologia de materiais e eletrônica embarcada. A grande maioria das instituições passam longe dessas áreas, pois além de um elevado custo o retorno é incerto. Problema 2: falta de instituições de ensino associadas.

3) Trace um paralelo entre Brasil e a China. Veja o número de instituições de pesquisa que eles possuem e quantas nós possuímos. Se eles ainda estão caminhando para chegar lá, imagina até onde nós iremos (isto se sairmos dessa inércia). Problema 3: falta de um número significativo de instituições de pesquisa.

4) Some-se a isto o fato do Brasil investir pouco em pesquisa. Levando isto em consideração, é preferível investir em áreas mais atrativas, como geração e distribuição de energia. Só para você ter uma ideia do que falo, a Cemig (companhia energética de MG) faz anualmente chamadas para projetos de pesquisa com valor mínimo de 1 milhão de Reais (por projeto). Não existe nada parecido no setor aeronáutico. Problema 4: falta de interesse.

5) O reduzido número de empresas capacitadas para tal empreitada. Faz pouco mais de dois anos que o INPE abriu chamada para que empresas brasileiras desenvolvessem soluções tecnológicas utilizando FPGA + VHDL (sistemas embarcados) e nenhuma empresa apareceu. O que se comentou na época que não existiam empresas capacitadas. Problema 5: poucos parceiros.

6) Quando se trabalha em parceria, é esperado que cada parte possa fazer uma contribuição naquela área que se destaca. Tendo isso mente, com o que poderíamos contribuir? No setor aeronáutico, qual o nosso destaque? Na verdade, estaríamos a reboque dos outros. Você pode até tentar citar o caso do KC390 e o sucesso da Embraer. Mas KC390 é só um exemplo claro do que coloquei acima, pois com o delinear do projeto o que menos se viu foram empresas brasileiras aptas a fornecerem os sistemas necessários. Problema 6: Qual a nossa contribuição?


Dá até tristeza escrever isso, mas fazer o quê?!


Abraços,

Wesley
Só para acrescentar. No FX-1, Maurício Botelho, então presidente da Embraer, chegou a afirmar que seriam necessários 2000 engenheiros, caso a proposta do Mirage 2000BR fosse a selecionada pela FAB. Vamos supor que ele tenha exagerado nesse número e que na verdade seriam necessários 1000 engenheiros. Isto para um projeto praticamente consolidado e com margem para poucos desenvolvimentos. Ainda assim é um número elevado de profissionais para tal empreitada e a situação fica ainda mais complicada quando consideramos que o Programa de Especialização em Engenharia da Embraer formou 1200 engenheiros em 12 anos.

Programa de Especialização em Engenharia
http://www.embraer.com/pt-br/trabalhe-e ... s/pee.aspx


Abraços,

Wesley

Mas não foi o presidente da EMBRAER quem disse que a mesma tem condições de desenvolver um caça nacional?

http://www.aereo.jor.br/2009/11/17/embr ... res-silva/

“Assim como fez com o KC-390, a FAB deveria discutir o projeto do novo caça com a Embraer e comprar dela o novo avião. O que a empresa não souber fazer, ela pode desenvolver em parceria, garantindo o domínio do projeto em suas mãos.”
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3628 Mensagem por faterra » Ter Nov 26, 2013 2:38 pm

Também acho que deveria ser por aí.
E, por que não contratar alguma mão-de-obra especializada no exterior? É o que fazem as grandes empresas estrangeiras muitas vezes! Inclusive os EUA, que é o maior utilizador desta mão-de-obra!
Imagem

Um abraço!
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3629 Mensagem por Penguin » Ter Nov 26, 2013 2:49 pm

Carlos Lima escreveu:
Penguin escreveu: Caças de 4a geração utilizam uma tecnologia madura, com riscos relativamente mais baixos. Madura, mas dominada por poucos.

Hoje, o único caça de 5a geração operacional ainda é o F-22. Os mais de 100 F-35 já produzidos seguem uma via crúcis interminável para entrar em operação. Sabemos porque é divulgado. E o T-50? Quais as dificuldades que o projeto enfrenta? Nehuma?! O certo é que se divulga muito, muito pouco sobre os problemas e dificuldades. Na verdade apenas o lado positivo.

Projetos supostamente de 5a geração há alguns em desenvolvimento: China, Coréia do Sul, Japão, Turquia, Rússia e EUA.

Vamos apostar todas as fichas, agora, em algum desses projetos?! É o melhor caminho?

Acho que devemos finalizar o projeto de 4a G, dar inicio ao de 5a G e investir muito em UAV/UCAV.

[]
Só para deixar claro mais uma vez.

Estou separando comprar de prateleira agora com os direitos e o aprendizado para podermos futucar no avião de acordo com as nossas necessidades e um projeto de 5 geração aonde correríamos riscos sim, mas nos associando com outros países com o objetivo de comprarmos um future vetor.

Ou seja, não estou "apostando as minhas fichas" em uma coisa só.

Só não consigo acreditar que somos incapazes intelectualmente e industrialmente de nos associar a um projeto de 5 geração.

[]s
CB_Lima
Lima,

No FX-2, boa parte das tecnologias almejadas não estão relacionadas ao caça em si, mas de acordo com declarações públicas de altos executivos da Embraer (ver ALIDE principalmente), são tecnologias relacionadas com aerodinâmica supersônica, tudo relacionado com integração de sistemas avançados, integração de turbinas, matérias avançados etc. São conhecimentos que podem ser aplicados a futuros projetos que o Brasil desenvolva.

Se essas tecnologias já estão negociadas no FX-2 com os 3 proponentes, negociações essas que levaram anos e anos, envolvendo muita charla de alto nível, consultas a empresas, respostas a questionamentos, elaboração de propostas, seminários pelo Brasil, assinaturas de MoUs etc. Por que jogar todo esse enorme esforço fora e começar tudo do zero com apenas uma única empresa (Sukhoi por exemplo). Quem garante que sem concorrência, o resultado será satisfatório para a Brasil? Acho muito arriscado esse caminho. Mas esse sou eu.

Acho sim, que devemos finalizar rápido esse FX-2 e extrair o máximo possível dele. E dar início aos estudos para a entrada do Brasil em um programa de 5a Geração em paralelo à implementação do FX-2. Como a MB faz com os submarinos convencionais. Em paralelo ao desenvolvimento do submarino nuclear. Se acontecer qualquer atraso ou problema com o submarino nuclear, a vida segue com os convencionais.

No Livro Branco de Defesa, o FX-2 parece que está agora limitado a substituir apenas os Mirage 2000. Mas deverão ser caças multifuncionais:
FX-2 — aquisição de 36 caças multimissão para substituir os Mirage 2000. O projeto teve sua fase de avaliações para o processo de seleção concluída, aguardando a decisão governamental para prosseguir;
[]s
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3630 Mensagem por Boss » Ter Nov 26, 2013 2:51 pm

Nunca teremos uma indústria de caças nacional se um dia não nos "aventurarmos" tentando produzir um.
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