Alternativas para fim do FX2

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3421 Mensagem por Penguin » Qui Nov 14, 2013 2:24 pm

Carlos Lima escreveu:Considerando que estamos em 2013.

Vale a Pena manter o NG? Por que?

[]s
CB
Porque, se, milagrosamente, a decisão ocorresse no mês que vem, em dezembro de 2013 e o contrato fosse firmado um ano depois (o que é bem razoável), o Gripen poderia ser entregue em 2018. Praticamente no mesmo tempo em que seria entregue o Rafale F-3 ou o SH.

Agora se a proposta sueca é a melhor é outra história. Acho que ela deve ter seus méritos, assim como as outras duas. Na minha opinião é tão válida (ou inválida) quanto a da Dassault e a da Boeing.

[]s
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3422 Mensagem por Penguin » Qui Nov 14, 2013 3:01 pm

Finalmente algum movimento na Europa...


14 de novembro de 2013
Dassault e BAE propõem UCAV para substituir Rafale e Typhoon por volta de 2030

PROPOSTA PARA DESENVOLVER DEMONSTRADOR CONJUNTO, SUBMETIDA À FRANÇA E À GRÃ-BRETANHA, LEVA EM CONTA SAÍDA DE SERVIÇO DE RAFALE E TYPHOON NA DÉCADA DE 2030 – EMPRESAS JÁ DESENVOLVEM DEMONSTRADORES DE TECNOLOGIAS DE DRONES DE COMBATE NEURON E TARANIS, E NOVA PROPOSTA PREVÊ AVALIAR QUESTÕES OPERACIONAIS

Segundo reportagem publicada pelo site Defense News na quarta-feira, 14 de novembro, a britânica BAE Systems e a francesa Dassault Aviation submeteram aos governos da Grã-Bretanha e França propostas para desenvolvimento conjunto de um demonstrador de veículo aéreo não tripulado de combate (unmanned combat aerial vehicle – UCAV). A informação foi dada pelo Ministério da Defesa do Reino Unido.

As empresas completaram, recentemente, um contrato de fase de preparação de 15 meses concedido pelos ministérios da Defesa das duas nações, e agora submeteram detalhes de um plano para amadurecer e demonstrar tecnologias críticas e aspectos operacionais para um futuro sistema de combate. As propostas serão analisadas em reunião marcada para o meio de dezembro, e espera-se um contrato para a próxima fase dos trabalhos em 2014.

Os dois países assinaram um acordo de defesa em 2010, que inclui planos para colaboração em diversos programas de equipamentos, como mísseis, veículos aéreos não tripulados, e outros setores, como o marítimo. Por hora, os planos para desenvolver um UAV de média altitude e longo alcance para missões de vigilância foram postos de lado, e em seu lugar passou-se a focar no desenvolvimento de conhecimento e capacidades para UCAV, em outras palavras, drones armados.

Os documentos trazem a informação de que tanto a Grã-Bretanha quanto a França estão examinando suas opções para sistemas aéreos de combate de nova geração, de olho na década de 2030, época de saída de serviço de seus atuais caças Typhoon e Rafale*. Porém, fonte do Ministério da Defesa Britânico afirmou que ainda é cedo para dar cronogramas específicos para o futuro sistema aéreo de combate.

França e Grã-Bretanha já vêm testando em voo demonstradores de tecnologia de veículos aéreos não tripulados. A diferença é que a nova proposta prevê a construção de uma aeronave conjunta para avaliar questões operacionais. Enquanto os britânicos desenvolvem sozinhos o demonstrador Taranis, o programa francês do Neuron é um esforço de colaboração internacional, que inclui a Grécia, Itália, Espanha, Suíça e Suécia.

Segundo a reportagem do Defense News, informações dadas pelo Ministério da Defesa do Reino Unido ao Comitê de Defesa do Parlamento Britânico dão conta de que o Taranis, recentemente, voou pela primeira vez e que o programa de testes está em andamento. Porém, um porta-voz do ministério não quis dar mais detalhes sobre o assunto. Neste ano, fontes da indústria disseram que os testes de voo do Taranis, que pesa 8 toneladas, seriam realizados no remoto campo de testes de Woomera, na Austrália.

Já o Neuron, cujo primeiro voo foi amplamente divulgado e reiniciou seus testes de voo após aparecer no Paris Air Show, em junho, deverá cumprir cerca de 85 voos no centro de testes de Istres, no Sul da França, até o terceiro trimestre de 2014. As informações são da Dassault. Em seguida, o demonstrador deverá passar por testes pré-operacionais na área de testes de Vidsel, na Suécia, antes de ser mandado para o campo de testes de Perdadesfogu, na Itália, para avaliações de disparo de armas e de furtividade.

FONTE: Defense News (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
http://www.aereo.jor.br/2013/11/14/dass ... no-futuro/
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3423 Mensagem por gabriel219 » Qui Nov 14, 2013 11:16 pm

Substituir todos os caças ou só em missões de ataque?
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3424 Mensagem por knigh7 » Sex Nov 15, 2013 1:17 am

Penguin escreveu:



--------------------------------------------------------------------------------


Sim, foi isso que aconteceu.
Haveriam muitas dificuldades para compartilhar as tecnologias do F-35. Assim a LM respondeu ao RFI com o F-16BR.
Jobim em visista aos EUA em 2009 havia também afirmado coisa semelhante, descartando o F-35:
“Não estou interessado (no F-35), com esse preço, sem transferência de tecnologia e com alto grau de sofisticação, muito acima das nossas necessidades”, disse o ministro, que passou toda a quarta-feira na base aeronaval de Norfolk, onde assistiu a filmes sobre os caças e visitou um submarino nuclear de ataque USS Scranton.
Lockheed não oferece o F-35 ao Brasil para não compartilhar tecnologia

VALOR ONLINE
Publicado: 26/08/08 - 0h00

SÃO PAULO - A gigante da norte-americana de defesa Lockheed Martin confirmou que decidiu não apresentar seu avião caça modelo F-35 Joint Strike Fighter à licitação do governo brasileiro para a modernização de sua frota militar. Segundo a empresa, o motivo para não incluir o jato em sua proposta foi o alto grau de transferência de tecnologia, imposto pelas regras da concorrência.

Pelo estipulado pelo governo para o projeto F-X2, o fabricante vencedor terá que repassar toda a tecnologia necessária para manter o avião em operação.

Por isso, a Lockheed decidiu apresentar à licitação o modelo F-16BR, uma versão do F-16, um dos aviões de caça mais utilizados em todo o mundo, adaptada às necessidades da Força Aérea Brasileira. Embora seja um sucesso de vendas, o F-16 é um caça mais antigo, tendo sido desenvolvido nos anos 1970. Sua vantagem é ser relativamente barato e ter um baixo custo operacional. Já o F-35 foi criado no final da década de 1990, começo dos anos 2000 e tem capacidade furtiva (stealth) e de pouso e decolagem na vertical (VTOL), como o britânico Harrier.

Uma das preocupações da Lockheed Martin ao apresentar a proposta com base no F-16 e não no F-35 - uma aeronave muito mais moderna - tem a ver com o tipo de tecnologia que o governo dos EUA autorizaria repassar ao Brasil. Sem esse compromisso, o negócio poderia ser desfeito.

A Boeing, que concorre com seu F/A-18 Super Hornet, porém, acredita que isso não será problema. A proposta da fabricante inclui um sistema de radar de varredura eletrônica ativa de última geração, fabricado pela também norte-americana Raytheon. Tecnologias como essa normalmente são protegidas pelos governos dos países para os quais foram desenvolvidas, uma vez que o acesso a ela facilita a criação de contramedidas eficientes.

Além do F-16BR e do F/A-18 E Super Hornet, modelos de quatro outras fabricantes também estão concorrendo. Eles são o Rafale, da Dassault; o Typhoon, da Eurofighter; o Gripen BG, da Saab; e o Su-30, da Sukhoi.

A intenção do governo brasileiro é adquirir uma primeira leva de até 36 aeronaves, para entrega a partir de 2010. As compras, porém, podem ser elevadas para um total de 120 aparelhos.
(José Sergio Osse | Valor Online)


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/lockhe ... z2kcjImYB2

Se o Brasil aceitasse adquirir o F-35 sem o nível de ToT exigido no FX2, ele estava disponível. Mas segundo Jobim...
Jobim reconheceu que o F-35 “é impressionante”, um jato de quinta geração mais arrojado que os concorrentes: “Não tem comparação com os Sukhoi e os Rafale”. Mas, segundo ele, o F-35, de ataque, é bom demais para a expectativa brasileira: “Um dos problemas é a incompatibilidade dos aviões com as nossas necessidades”. Dirigindo-se ao comandante da aeronáutica, Juniti Saito, que o acompanhava, Jobim perguntou: “Não é, Saito?” Desconfortável, o brigadeiro foi reticente e pareceu discordar: “Bem… O Brasil teria uma capacidade dissuasória maravilhosa…”
Será que o MD e o MRE já mudaram de concepção?
Penguin,

Essa declaração do Jobim, foi reproduzida na edição da Folha de S. Paulo em 21 de março de 2008. A FAB solicitou o RFI em abril.O processo nem sequer existia. Mas o Jobim, em fevereiro, já externava o apoio ao Rafale. Decisão de Estado em ter um relacionamento estratégico com a França, que estava sendo delineado com o PROSUB. Não que eu ache que isso tenha sido correto.

Olha, pode até ser que o grau de ToT da LM na proposta não satisfizese a FAB. Não sei. Mas a LM nunca declararia isso. Estaria dando um enorme tiro no pé..
O que o Mark de Mattos declarou foi o prazo, que não poderia cumprir. Que aliás, não foi nenhuma surpresa. Os prazos para quem não participava do consórcio naquela época era bem estendidos.
Editado pela última vez por knigh7 em Sex Nov 15, 2013 1:25 am, em um total de 1 vez.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3425 Mensagem por knigh7 » Sex Nov 15, 2013 1:20 am

Carlos Lima escreveu:
knigh7 escreveu: Eu estava me referindo ao ano de 2008, quando o NG passou para a short-list.
Agora eu não sei dizer.
Pois é 5 anos se passaram, estamos entrando no sexto não veremos um NG operacional até mais ou menos 2020.

Vale a pena manter ele na lista?

A minha opinião é não. Qual é a de vocês?

[]s
CB_Lima
Vale a pena mantê-lo na lista atualmente, pq o Rafale hoje não teria concorrência.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3426 Mensagem por knigh7 » Sex Nov 15, 2013 1:31 am

Artigo de hoje.

SOBRE OS CORTES DE VERBA PARA A DEFESA
A situação da área de Defesa e das Forças Armadas é extremamente preocupante.

LAURO NEY BATISTA
Empresário do setor aeroespacial, especialista no setor e
ex- coordenador da Comissão Empresarial para o Desenvolvimento Aeroespacial (CEDAER)

As notícias na mídia não mencionam, mas na verdade a defasagem orçamentária da Defesa é de cerca de 16 bilhões. E isso apenas para garantir a operacionalidade e manutenção dos programas básicos das Forças Armadas. O adicional de 7,5 bilhões, solicitados pela Defesa esta semana na audiência do Congresso, foi uma "medida de desespero", pois sem isso as Forças Armadas entrariam em colapso.
A situação é ainda mais grave, se considerarmos que o próprio titular da pasta da Defesa, ministro Celso Amorim, não participou da audiência, deixando os comandantes das três Forças numa situação de quase "órfãos" do governo.

O governo federal não pode alegar falta de recursos, pois todos os dias vemos exemplos de dinheiro público sendo gasto ao bel prazer, desde as conhecidas mordomias dos políti cos, até as "benevolências" do governo petista com vários países "camaradas". Isso, obviamente, sem mencionar as obras da Copa.

Também não podemos considerar que esse absurdo esteja ocorrendo por mera burrice ou incompetência do Palácio do Planalto, pois trata-se de um problema extremamente grave, que inclusive pode abalar a solidez das Forças Armadas e, em consequência, a própria estrutura constitucional do país (qualquer pessoa que não tenha faltado às aulas de História do Brasil deve saber disso).

Por esse motivo, a única explicação possível é que existe um plano deliberado, por parte do governo do PT, para destruir as Forças Armadas Brasileiras. Longe de ser mais uma "teoria da conspiração", os fatos falam por si.

Começou no governo Lula, com exemplos grotescos, como o caso F-X2, entre outros, e piorou ainda mais no governo Dilma, cuja principal medida, imediatamente após tomar posse, foi reduzir drasticamente as verbas para o Ministério da Defesa, com a "justificativa" de "dar prioridade para o combate da pobreza". Isso até poderia ser verdade, não fosse pelo fato de que as despesas com gastos supérfluos, corrupção e outras mazelas governamentais terem aumentado à enésima potência durante a estadia de Dona Dilma no Planalto, sem que a chamada "mãe dos pobres" tenha o mínimo de pudor em torrar levianamente o dinheiro do contribuinte, como na visita à Roma, entre muitos outros (maus)exemplos.

É importante lembrar que os cortes de verba para a Defesa não afetam somente o combustível para as viaturas e aeronaves, mas até mesmo o "rancho" (alimentação) do pessoal (em várias ocasiões, em anos passados, as Forças Armadas tiveram que reduzir o número de recrutas, simplesmente por falta de comida - e aqui em São José, o próprio DCTA já teve que trabalhar meio expediente simplesmente porque não tinha verba para servir o almoço).

Além disso , sem verbas para os projetos em desenvolvimento (armas, equipamentos e veículos nacionais), perde-se a sempre tão comentada "soberania" e aprofunda-se a dependência de tecnologia estrangeira (veja-se desde o recente exemplo dos casos de espionagem, até a redução dos dados de satélites meteorológicos).

Da mesma forma, as empresas brasileiras deixam de participar do processo e muitas delas acabam até indo à falência - como já houve dezenas, senão centenas de casos na última década.

Dois excelentes exemplos são os programas F-X2 e KC-390 (e isso apenas na FAB, sem mencionar as outras forças).

O F-X2 tornou-se uma piada de repercussão mundial, causou um imenso prejuízo aos concorrentes estrangeiros (Boeing, Dassault e Saab) e à imagem do nosso país, e deixou a ver navios dezenas de empresas brasileiras que participariam do programa
(inclusive a minha, que acabou falindo no ano passado, devido principalmente à dívidas contraídas para atender às exigências do Programa).


O KC-390 foi provavelmente o ápice da falácia governamental, com o Ministério da Defesa (ainda na época do Jobim) e Comando da Aeronáutica fazendo eventos pomposos, aqui no Parque Tecnológico de São José dos Campos e até na Fiesp, em SP, prometendo que a meta era ter o máximo possível de empresas nacionais no programa, que o projeto era parte de um tal "Plano Nacional de Defesa", para recuperar a indústria nacional de defesa, etc., etc., etc.

Mas, com os cortes de verba feitos por dona Dilma desde o seu primeiro dia de governo, o F-X2 foi para a gaveta (senão para o lixo) e a Embraer, sem verbas para o KC, para conseguir tocar o projeto precisou "passar o chapéu" mundo afora, em busca de "parceiros de risco" (leia-se: empresas para entrar com dinheiro no projeto). Como resultado, hoje não existe uma única empresa brasileira no programa KC e o "cluster" das empresas do segmento aeronáut ico (também chamado de "APL Aeroespacial") da região de São José dos Campos foi reduzido a quase zero.

É ESSE o trabalho que o governo do PT está fazendo em prol da segurança e do desenvolvimento social, econômico e tecnológico do nosso país.
http://www.defesanet.com.br/bid/noticia ... -A-DEFESA/
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3427 Mensagem por Boss » Sex Nov 15, 2013 3:57 am

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3428 Mensagem por Petry » Sex Nov 15, 2013 10:46 am

Quais são as diferenças do Rafale F-3 para o F-4? Sempre pensei que o F-3 era a versão mais atual e final do Rafale, agora vi umas notícias que a França está recebendo a versão F-4 e se não me falha a memória, o FX-2 não trabalhava com o F-3?
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3429 Mensagem por bcorreia » Sex Nov 15, 2013 11:27 am

Petry escreveu:Quais são as diferenças do Rafale F-3 para o F-4? Sempre pensei que o F-3 era a versão mais atual e final do Rafale, agora vi umas notícias que a França está recebendo a versão F-4 e se não me falha a memória, o FX-2 não trabalhava com o F-3?
Acho que o que foi oferecido para o FX2 era o F3+, os que a França está recebendo mais atualmente já possuem o RBE2 versão AESA, no F3 era PESA
O KC-390 foi provavelmente o ápice da falácia governamental, com o Ministério da Defesa (ainda na época do Jobim) e Comando da Aeronáutica fazendo eventos pomposos, aqui no Parque Tecnológico de São José dos Campos e até na Fiesp, em SP, prometendo que a meta era ter o máximo possível de empresas nacionais no programa, que o projeto era parte de um tal "Plano Nacional de Defesa", para recuperar a indústria nacional de defesa, etc., etc., etc.

Mas, com os cortes de verba feitos por dona Dilma desde o seu primeiro dia de governo, o F-X2 foi para a gaveta (senão para o lixo) e a Embraer, sem verbas para o KC, para conseguir tocar o projeto precisou "passar o chapéu" mundo afora, em busca de "parceiros de risco" (leia-se: empresas para entrar com dinheiro no projeto). Como resultado, hoje não existe uma única empresa brasileira no programa KC e o "cluster" das empresas do segmento aeronáut ico (também chamado de "APL Aeroespacial") da região de São José dos Campos foi reduzido a quase zero.
Cadê aqueles 1,2Bi que seriam liberados para a Avibras e para a Embraer para os projetos Astros 2020 e KC390?
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3430 Mensagem por Penguin » Sex Nov 15, 2013 12:09 pm

Petry escreveu:Quais são as diferenças do Rafale F-3 para o F-4? Sempre pensei que o F-3 era a versão mais atual e final do Rafale, agora vi umas notícias que a França está recebendo a versão F-4 e se não me falha a memória, o FX-2 não trabalhava com o F-3?
F4 non ecxiste. Faz parte do mundo hipotético.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3431 Mensagem por Viktor Reznov » Sáb Nov 16, 2013 10:28 pm

Penguin escreveu:Finalmente algum movimento na Europa...


14 de novembro de 2013
Dassault e BAE propõem UCAV para substituir Rafale e Typhoon por volta de 2030

PROPOSTA PARA DESENVOLVER DEMONSTRADOR CONJUNTO, SUBMETIDA À FRANÇA E À GRÃ-BRETANHA, LEVA EM CONTA SAÍDA DE SERVIÇO DE RAFALE E TYPHOON NA DÉCADA DE 2030 – EMPRESAS JÁ DESENVOLVEM DEMONSTRADORES DE TECNOLOGIAS DE DRONES DE COMBATE NEURON E TARANIS, E NOVA PROPOSTA PREVÊ AVALIAR QUESTÕES OPERACIONAIS

Segundo reportagem publicada pelo site Defense News na quarta-feira, 14 de novembro, a britânica BAE Systems e a francesa Dassault Aviation submeteram aos governos da Grã-Bretanha e França propostas para desenvolvimento conjunto de um demonstrador de veículo aéreo não tripulado de combate (unmanned combat aerial vehicle – UCAV). A informação foi dada pelo Ministério da Defesa do Reino Unido.

As empresas completaram, recentemente, um contrato de fase de preparação de 15 meses concedido pelos ministérios da Defesa das duas nações, e agora submeteram detalhes de um plano para amadurecer e demonstrar tecnologias críticas e aspectos operacionais para um futuro sistema de combate. As propostas serão analisadas em reunião marcada para o meio de dezembro, e espera-se um contrato para a próxima fase dos trabalhos em 2014.

Os dois países assinaram um acordo de defesa em 2010, que inclui planos para colaboração em diversos programas de equipamentos, como mísseis, veículos aéreos não tripulados, e outros setores, como o marítimo. Por hora, os planos para desenvolver um UAV de média altitude e longo alcance para missões de vigilância foram postos de lado, e em seu lugar passou-se a focar no desenvolvimento de conhecimento e capacidades para UCAV, em outras palavras, drones armados.

Os documentos trazem a informação de que tanto a Grã-Bretanha quanto a França estão examinando suas opções para sistemas aéreos de combate de nova geração, de olho na década de 2030, época de saída de serviço de seus atuais caças Typhoon e Rafale*. Porém, fonte do Ministério da Defesa Britânico afirmou que ainda é cedo para dar cronogramas específicos para o futuro sistema aéreo de combate.

França e Grã-Bretanha já vêm testando em voo demonstradores de tecnologia de veículos aéreos não tripulados. A diferença é que a nova proposta prevê a construção de uma aeronave conjunta para avaliar questões operacionais. Enquanto os britânicos desenvolvem sozinhos o demonstrador Taranis, o programa francês do Neuron é um esforço de colaboração internacional, que inclui a Grécia, Itália, Espanha, Suíça e Suécia.

Segundo a reportagem do Defense News, informações dadas pelo Ministério da Defesa do Reino Unido ao Comitê de Defesa do Parlamento Britânico dão conta de que o Taranis, recentemente, voou pela primeira vez e que o programa de testes está em andamento. Porém, um porta-voz do ministério não quis dar mais detalhes sobre o assunto. Neste ano, fontes da indústria disseram que os testes de voo do Taranis, que pesa 8 toneladas, seriam realizados no remoto campo de testes de Woomera, na Austrália.

Já o Neuron, cujo primeiro voo foi amplamente divulgado e reiniciou seus testes de voo após aparecer no Paris Air Show, em junho, deverá cumprir cerca de 85 voos no centro de testes de Istres, no Sul da França, até o terceiro trimestre de 2014. As informações são da Dassault. Em seguida, o demonstrador deverá passar por testes pré-operacionais na área de testes de Vidsel, na Suécia, antes de ser mandado para o campo de testes de Perdadesfogu, na Itália, para avaliações de disparo de armas e de furtividade.

FONTE: Defense News (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
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A Dassault e BAE estão viajando demais na maionese se eles acham que vão conseguir, até 2030, conseguir projetar e programar uma Inteligência Artificial que consiga rivalizar as funções cognitivas de um piloto humano.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3432 Mensagem por Viktor Reznov » Sáb Nov 16, 2013 10:29 pm

Boss escreveu:O Defesanet se supera. [003] [003] [003]

Site de humor.
Foi escrita alguma mentira nesse artigo?
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3433 Mensagem por knigh7 » Dom Nov 17, 2013 2:27 am

E ele era coordenador da Comissão Empresarial para o Desenvolvimento Aeroespacial (CEDAER). Parte dos exemplos que ele estava dando é de assuntos que ele vivenciou em São José dos Campos. E outros assuntos são bastante públicos.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#3434 Mensagem por knigh7 » Dom Nov 17, 2013 3:15 am

Aliás, uma excelente entrevista com ele.

Lauro Ney Batista: o último de uma geração de otimistas


Júlio Ottoboni
Especial para DefesaNet



Um dos mais profundos conhecedores de aeronáutica do país, criador do primeiro núcleo de desenvolvimento de empresas aeroespaciais, Lauro Ney Batista, é empresário de São José dos Campos, foi projetista aeronáutico e possui 30 anos de experiência na indústria aeroespacial e de defesa. Desiludido com o meio, acabou por encerrar sua vida profissional dentro do setor aeroespacial. Seu currículo comporta empresas como AVIBRAS, ENGESA e EMBRAER. Em 1991 criou sua companhia para fornecer serviços de design para a indústria aeroespacial e de defesa e descobriu um universo totalmente estagnado, repleto de dificuldades para o pequeno e médio empresário. Desde 2004 foi coordenador da CEDAER - uma comissão de empresas aeronáuticas da região do Vale do Paraíba, que tentavam buscar soluções para o setor e conseguir suporte para estimular investimentos que revertam o quadro de dificuldades enfrentadas até agora.

1) Nos últimos anos tem havido grandes disputas entre cidades e estados na reativação do setor da indústria de defesa, que é englobada pelo segmento aeroespacial. Qual sua análise para esse fenômeno, considerando as instabilidades desse mercado e até as incongruências governamentais, como por exemplo, a presidente Dilma lançar uma Lei de Incentivos Fiscais à indústria de defesa em março de 2012 e logo depois ter feito significativos cortes nas verbas desse Ministério?

A competitividade na busca por empresas sempre existiu na maioria dos municípios e estados com administração mais atuante, mas isso também depende diretamente do desempenho do próprio mercado. Os setores aeronáuticos e de defesa têm se destacado nos últimos anos devido principalmente aos programas governamentais de reaparelhamento das Forças Armadas, com destaque para o programa dos submarinos da Marinha, e dos caças F-X2 e do cargueiro KC-390, da FAB, entre outros. Infelizmente, como sabemos, o Programa F-X2 tornou-se um fiasco e o programa do KC quase seguiu o mesmo caminho, devido aos cortes no orçamento. Isso só não ocorreu porque a EMBRAER "passou o chapéu" mundo afora, em busca de parceiros de risco e conseguiu manter o programa. Infelizmente, porém, devido a esse fato, exceto pela própria Embraer hoje não existem empresas brasileiras no projeto - o que representa uma imensa perda para a indústria nacional. Com relação à lei de incentivos fiscais de 2012, a medida acabou sendo inócua, pois beneficiava somente a segunda parte do processo, com isenções de impostos sobre o faturamento, mas não garantia o principal e mais importante elemento, que é o próprio faturamento. E, além de não garantir contratos às empresas nacionais, devido aos cortes orçamentários, o governo federal voltou a comprar equipamentos de defesa no exterior - como fez recentemente nos acordos com a Rússia.

2) Como cidades com polos consolidados neste segmento podem se beneficiar?

Pela atração de novas empresas e pelo crescimento das já existentes. É importante lembrar que empresas de alto conteúdo tecnológico e com produtos de alto valor agregado geralmente possuem uma ampla rede de fornecedores especializados, a chamada "cadeia produtiva". Essa também se beneficia do crescimento das grandes companhias, gerando um efeito "bola de neve" positivo. Infelizmente, esse processo está sendo tolhido devido à diminuição da participação das empresas brasileiras no mercado aeroespacial, como no caso do KC-390, à indefinição de programas como o F-X2 e à total falta de incentivo governamental para o desenvolvimento das pequenas empresas do setor. Um excelente exemplo disso é o que acontece em São José dos Campos, onde, apesar do espaço disponível e da ociosidade da pista, não é mais permitida a instalação de empresas aeronáuticas no aeroporto da cidade. Como resultado, a imensa maioria das pequenas empresas de aviação e defesa que foram criadas na cidade na última década acabaram fechando, mudando de foco ou tiveram que se mudar para outras regiões. Até a própria EMBRAER está se vendo forçada a construir novas instalações em outras regiões (como Sorocaba), para poder expandir suas atividades. Com isso, perde o município e perde o país.

3) São Bernardo, Sorocaba e São Carlos, além do polo mineiro, são candidatas a terem o status de grandes centros produtores aeroespaciais. Qual o motivo desta descentralização das indústrias que se concentravam no eixo Rio-São Paulo?

Como mencionei na resposta anterior, os dois principais motivos são a proibição da instalação de novas empresas no aeroporto e o desinteresse das autoridades em fornecer soluções. Por quase dez anos, a CEDAER tentou, em vão, convencer os governos municipal e federal da importância de se criar uma área empresarial no aeroporto de São José dos Campos, de maneira a possibilitar a expansão da Embraer e também a instalação de outras empresas aeronáuticas no município. Como não houve interesse político em resolver o problema, as empresas acabaram se mudando para outras regiões, incluindo a própria Embraer, que já tem unidades em Botucatu, Gavião Peixoto e em Sorocaba.

A EMBRAER, inclusive, tem até aumentado a fabricação de componentes no exterior (como Portugal), devido, entre outras coisas, à dificuldade de encontrar fornecedores no Brasil. Esse cenário só deve melhorar após a inauguração do centro empresarial Aerovale, que está sendo construído no município de Caçapava, vizinho a São José. Este aeroporto empresarial, único na América Latina, só foi possível porque um empresário da construção civil soube da demanda das empresas aqui da região e se propôs a construir ele mesmo o aeroporto. Se não fosse por isso, o futuro da indústria aeroespacial no Vale do Paraíba continuaria incerto.

4) O criador da EMBRAER, Ozires Silva, disse que São José dos Campos – o maior centro aeroespacial do Brasil - não estava se preparando para as novas exigências do mercado aeronáutico e que sofreria com as consequências disto. O senhor concorda com essa afirmação e qual seria o motivo deste processo?

Concordo integralmente. Na verdade, o município de São José nunca se preparou para nada neste sentido. Tanto a criação do CTA, como posteriormente da Embraer, foram obra do governo federal, ainda na época do regime militar - o qual podia ter os seus defeitos, mas pelo menos sempre incentivou a indústria nacional. Tanto é, que nos anos 80 tivemos a maior expansão já vivenciada pelo setor de defesa, com a consolidação da Embraer, e empresas como AVIBRÁS e ENGESA se posicionando como os maiores exportadores do Brasil - inclusive, desenvolvendo tecnologia nacional, em vez de depender unicamente de compras externas. Ultimamente, porém, não apenas o DCTA parece ter perdido totalmente a sua função primária de incentivar a indústria aeronáutica nacional, quanto a prefeitura de São José parou completamente no tempo, dormindo sobre os louros da arrecadação das empresas que se instalaram aqui meio século atrás, mas sem nada fazer para se adaptar aos novos tempos e às novas necessidades do setor aeroespacial.

O resultado é a fuga de empresas e de investimentos que estamos vivenciando. Melhor exemplo disso, é que a solução para o problema de instalação de novas empresas aeronáuticas está sendo criada no município vizinho, apesar de todo trabalho de convencimento que tentamos fazer aqui em São José durante quase dez anos. Com isso, exceto pela Embraer, as poucas empresas do segmento aeroespacial que ainda restam em São José deverão se mudar para Caçapava.

5) O senhor criou e coordenou a CEDAER (Comissão Empresarial para o Desenvolvimento Aeroespacial) que atuou fortemente na década passada para restituir a indústria de defesa e aeronáutica na região do Vale do Paraíba. Como está a entidade hoje?

Encerramos as atividades, pois fizemos tudo que esteve ao nosso alcance aqui em São José e como o nosso principal foco era conseguir um aeroporto para instalar nossas empresas, a construção do AEROVALE, em Caçapava, resolve a necessidade da maioria das empresas do grupo. Sinto apenas pelas pequenas empresas que não conseguiram sobreviver e pelas que se viram forçadas a se mudar para longe de suas raízes. A minha própria empresa acabou falindo, pois dependia de fornecer serviços para essas empresas como forma de se capitalizar. Também dei duro para conseguir me capacitar como fornecedor para os programas KC-390 e F-X2, consegui assinar acordos de cooperação com a Boeing e com a Dassault, mas foi tudo em vão. No final do ano passado abri uma pequena relojoaria e hoje fabrico relógios artesanais para não morrer de fome (risos).

6) Houve o sucateamento do setor aeroespacial e quem foram os principais responsáveis por isso?

Houve e continua havendo. Somente grandes empresas como a EMBRAER, que já estão consolidadas, possuem poder econômico e dependem bem menos do poder público, conseguem progredir com seus próprios esforços. As demais estão quase que em completo abandono pelo governo. Até empresas pioneiras, como a AVIBRÁS, quase fecharam as portas nos últimos anos e esta só foi salva pelo contrato assinado recentemente com a Indonésia, para fornecimento de lançadores ASTROS 2. Se dependesse do governo federal, já teria ido à falência faz tempo. Os principais responsáveis por isso são a falta de interesse do governo em desenvolver a indústria nacional e a total ausência de continuidade nas poucas ações ensaiadas pelo governo. Vejam o ridículo exemplo do F-X2.

O governo federal fez de palhaços não apenas os concorrentes internacionais (e seus respectivos países e governos), como também todas as empresas brasileiras que iriam participar do programa. Tudo bem que, para uma empresa do porte da BOEING o dinheiro que eles gastaram aqui durante todos esses anos de enrolação do governo pese pouco no orçamento. Mas muitas empresas brasileiras gastaram o que não tinham e o que não podiam, para tentar participar do programa - incentivadas pelo próprio governo. Depois de tudo, o governo simplesmente deixou todos a ver navios.


7) Qual sua analise para o atual momento do segmento aeroespacial no país, estamos realmente criando outro período para a história industrial deste setor ou as ações são inócuas?

Enquanto não houver uma verdadeira política de estado - e não apenas de governo - para o desenvolvimento da indústria aeroespacial nacional, todas as ações, por mais bem intencionadas que pareçam ser, terão pouca eficácia. O governo brasileiro deveria se espelhar nas grandes potências mundiais, que possuem reais políticas de incentivo para o setor aeroespacial e de defesa e sustentam financeiramente essas empresas com programas governamentais, para que elas não dependam exclusivamente do mercado para sobreviver. É o preço que deve ser pago pela tão falada "soberania". Mas, o que estamos vendo ultimamente no Brasil é exatamente o contrário:

As empresas nacionais sendo sucatadas e empresas como a EMBRAER, que já foi um "orgulho nacional", hoje é uma empresa exclusivamente comercial, com participação cada vez maior de capital estrangeiro, nível de nacionalização de componentes cada vez menor e cada vez menos fornecedores nacionais. Até a Índia já está lançando seus próprios satélites de GPS, enquanto o Programa Espacial Brasileiro jaz em berço esplêndido há décadas. Enquanto países bem menores que o Brasil em quase todos os aspectos, como a Suécia, têm condições de vir nos oferecer jatos supersônicos, não conseguimos sequer comprar o que já existe pronto no mercado. É uma vergonha.

8) O senhor mencionou que as recentes políticas de incentivo tem sido inócuas. O senhor acredita que o governo conseguirá editar novas medidas para estimular a indústria de defesa sem a criação de linhas de crédito especiais para essas empresas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)? O senhor é a favor da constituição de fundos emergenciais de suporte para esse setor para manutenção de sua capacidade produtiva em períodos de baixa demanda?

Como mencionei na resposta anterior, sem uma política consolidada e abrangente, qualquer programa ou incentivo isolado não passará propaganda. O maior problema do Brasil é que gasta-se bilhões com despesas supérfluas, corrupção e projetos mal elaborados, enquanto que a P&D e outras atividades importantes ficam relegadas a um quinto plano. Vejam os tristes exemplos do acidente do VLS, ocorrido há mais de dez anos. Esse foguete lançador de satélites já deveria estar em operação há pelo menos duas décadas, não fosse a total falta de prioridade e a verba "conta gotas" liberada pelo governo. Se já estivesse operacional, estaria poupando divisas para lançarmos nossos satélites e até gerando lucro, lançando cargas para outros clientes. Enquanto isso, até países como a Índia já passaram à nossa frente.

O desenvolvimento de novas tecnologias e principalmente tecnologias que garantam a nossa soberania e a segurança nacional não podem ser encaradas como um produto comercial qualquer. Da mesma forma, as empresas que trabalham em setores estratégicos necessitam ter segurança institucional e financeira para poder atuar satisfatoriamente. Vemos isso em praticamente todos os países desenvolvidos, a começar pelos EUA. No Brasil ocorre exatamente o contrário: São as empresas que precisam utilizar seus recursos ou recorrer a empréstimos e até parcerias no exterior para bancar os programas do governo - tal como está acontecendo com o KC-390. Assim, o Brasil nunca terá soberania em nada e sempre será um país de Terceiro Mundo.

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Re: Alternativas para fim do FX2

#3435 Mensagem por Penguin » Dom Nov 17, 2013 8:26 am

knigh7 escreveu:Aliás, uma excelente entrevista com ele.

Lauro Ney Batista: o último de uma geração de otimistas


Júlio Ottoboni
Especial para DefesaNet



Um dos mais profundos conhecedores de aeronáutica do país, criador do primeiro núcleo de desenvolvimento de empresas aeroespaciais, Lauro Ney Batista, é empresário de São José dos Campos, foi projetista aeronáutico e possui 30 anos de experiência na indústria aeroespacial e de defesa. Desiludido com o meio, acabou por encerrar sua vida profissional dentro do setor aeroespacial. Seu currículo comporta empresas como AVIBRAS, ENGESA e EMBRAER. Em 1991 criou sua companhia para fornecer serviços de design para a indústria aeroespacial e de defesa e descobriu um universo totalmente estagnado, repleto de dificuldades para o pequeno e médio empresário. Desde 2004 foi coordenador da CEDAER - uma comissão de empresas aeronáuticas da região do Vale do Paraíba, que tentavam buscar soluções para o setor e conseguir suporte para estimular investimentos que revertam o quadro de dificuldades enfrentadas até agora.

1) Nos últimos anos tem havido grandes disputas entre cidades e estados na reativação do setor da indústria de defesa, que é englobada pelo segmento aeroespacial. Qual sua análise para esse fenômeno, considerando as instabilidades desse mercado e até as incongruências governamentais, como por exemplo, a presidente Dilma lançar uma Lei de Incentivos Fiscais à indústria de defesa em março de 2012 e logo depois ter feito significativos cortes nas verbas desse Ministério?

A competitividade na busca por empresas sempre existiu na maioria dos municípios e estados com administração mais atuante, mas isso também depende diretamente do desempenho do próprio mercado. Os setores aeronáuticos e de defesa têm se destacado nos últimos anos devido principalmente aos programas governamentais de reaparelhamento das Forças Armadas, com destaque para o programa dos submarinos da Marinha, e dos caças F-X2 e do cargueiro KC-390, da FAB, entre outros. Infelizmente, como sabemos, o Programa F-X2 tornou-se um fiasco e o programa do KC quase seguiu o mesmo caminho, devido aos cortes no orçamento. Isso só não ocorreu porque a EMBRAER "passou o chapéu" mundo afora, em busca de parceiros de risco e conseguiu manter o programa. Infelizmente, porém, devido a esse fato, exceto pela própria Embraer hoje não existem empresas brasileiras no projeto - o que representa uma imensa perda para a indústria nacional. Com relação à lei de incentivos fiscais de 2012, a medida acabou sendo inócua, pois beneficiava somente a segunda parte do processo, com isenções de impostos sobre o faturamento, mas não garantia o principal e mais importante elemento, que é o próprio faturamento. E, além de não garantir contratos às empresas nacionais, devido aos cortes orçamentários, o governo federal voltou a comprar equipamentos de defesa no exterior - como fez recentemente nos acordos com a Rússia.

2) Como cidades com polos consolidados neste segmento podem se beneficiar?

Pela atração de novas empresas e pelo crescimento das já existentes. É importante lembrar que empresas de alto conteúdo tecnológico e com produtos de alto valor agregado geralmente possuem uma ampla rede de fornecedores especializados, a chamada "cadeia produtiva". Essa também se beneficia do crescimento das grandes companhias, gerando um efeito "bola de neve" positivo. Infelizmente, esse processo está sendo tolhido devido à diminuição da participação das empresas brasileiras no mercado aeroespacial, como no caso do KC-390, à indefinição de programas como o F-X2 e à total falta de incentivo governamental para o desenvolvimento das pequenas empresas do setor. Um excelente exemplo disso é o que acontece em São José dos Campos, onde, apesar do espaço disponível e da ociosidade da pista, não é mais permitida a instalação de empresas aeronáuticas no aeroporto da cidade. Como resultado, a imensa maioria das pequenas empresas de aviação e defesa que foram criadas na cidade na última década acabaram fechando, mudando de foco ou tiveram que se mudar para outras regiões. Até a própria EMBRAER está se vendo forçada a construir novas instalações em outras regiões (como Sorocaba), para poder expandir suas atividades. Com isso, perde o município e perde o país.

3) São Bernardo, Sorocaba e São Carlos, além do polo mineiro, são candidatas a terem o status de grandes centros produtores aeroespaciais. Qual o motivo desta descentralização das indústrias que se concentravam no eixo Rio-São Paulo?

Como mencionei na resposta anterior, os dois principais motivos são a proibição da instalação de novas empresas no aeroporto e o desinteresse das autoridades em fornecer soluções. Por quase dez anos, a CEDAER tentou, em vão, convencer os governos municipal e federal da importância de se criar uma área empresarial no aeroporto de São José dos Campos, de maneira a possibilitar a expansão da Embraer e também a instalação de outras empresas aeronáuticas no município. Como não houve interesse político em resolver o problema, as empresas acabaram se mudando para outras regiões, incluindo a própria Embraer, que já tem unidades em Botucatu, Gavião Peixoto e em Sorocaba.

A EMBRAER, inclusive, tem até aumentado a fabricação de componentes no exterior (como Portugal), devido, entre outras coisas, à dificuldade de encontrar fornecedores no Brasil. Esse cenário só deve melhorar após a inauguração do centro empresarial Aerovale, que está sendo construído no município de Caçapava, vizinho a São José. Este aeroporto empresarial, único na América Latina, só foi possível porque um empresário da construção civil soube da demanda das empresas aqui da região e se propôs a construir ele mesmo o aeroporto. Se não fosse por isso, o futuro da indústria aeroespacial no Vale do Paraíba continuaria incerto.

4) O criador da EMBRAER, Ozires Silva, disse que São José dos Campos – o maior centro aeroespacial do Brasil - não estava se preparando para as novas exigências do mercado aeronáutico e que sofreria com as consequências disto. O senhor concorda com essa afirmação e qual seria o motivo deste processo?

Concordo integralmente. Na verdade, o município de São José nunca se preparou para nada neste sentido. Tanto a criação do CTA, como posteriormente da Embraer, foram obra do governo federal, ainda na época do regime militar - o qual podia ter os seus defeitos, mas pelo menos sempre incentivou a indústria nacional. Tanto é, que nos anos 80 tivemos a maior expansão já vivenciada pelo setor de defesa, com a consolidação da Embraer, e empresas como AVIBRÁS e ENGESA se posicionando como os maiores exportadores do Brasil - inclusive, desenvolvendo tecnologia nacional, em vez de depender unicamente de compras externas. Ultimamente, porém, não apenas o DCTA parece ter perdido totalmente a sua função primária de incentivar a indústria aeronáutica nacional, quanto a prefeitura de São José parou completamente no tempo, dormindo sobre os louros da arrecadação das empresas que se instalaram aqui meio século atrás, mas sem nada fazer para se adaptar aos novos tempos e às novas necessidades do setor aeroespacial.

O resultado é a fuga de empresas e de investimentos que estamos vivenciando. Melhor exemplo disso, é que a solução para o problema de instalação de novas empresas aeronáuticas está sendo criada no município vizinho, apesar de todo trabalho de convencimento que tentamos fazer aqui em São José durante quase dez anos. Com isso, exceto pela Embraer, as poucas empresas do segmento aeroespacial que ainda restam em São José deverão se mudar para Caçapava.

5) O senhor criou e coordenou a CEDAER (Comissão Empresarial para o Desenvolvimento Aeroespacial) que atuou fortemente na década passada para restituir a indústria de defesa e aeronáutica na região do Vale do Paraíba. Como está a entidade hoje?

Encerramos as atividades, pois fizemos tudo que esteve ao nosso alcance aqui em São José e como o nosso principal foco era conseguir um aeroporto para instalar nossas empresas, a construção do AEROVALE, em Caçapava, resolve a necessidade da maioria das empresas do grupo. Sinto apenas pelas pequenas empresas que não conseguiram sobreviver e pelas que se viram forçadas a se mudar para longe de suas raízes. A minha própria empresa acabou falindo, pois dependia de fornecer serviços para essas empresas como forma de se capitalizar. Também dei duro para conseguir me capacitar como fornecedor para os programas KC-390 e F-X2, consegui assinar acordos de cooperação com a Boeing e com a Dassault, mas foi tudo em vão. No final do ano passado abri uma pequena relojoaria e hoje fabrico relógios artesanais para não morrer de fome (risos).

6) Houve o sucateamento do setor aeroespacial e quem foram os principais responsáveis por isso?

Houve e continua havendo. Somente grandes empresas como a EMBRAER, que já estão consolidadas, possuem poder econômico e dependem bem menos do poder público, conseguem progredir com seus próprios esforços. As demais estão quase que em completo abandono pelo governo. Até empresas pioneiras, como a AVIBRÁS, quase fecharam as portas nos últimos anos e esta só foi salva pelo contrato assinado recentemente com a Indonésia, para fornecimento de lançadores ASTROS 2. Se dependesse do governo federal, já teria ido à falência faz tempo. Os principais responsáveis por isso são a falta de interesse do governo em desenvolver a indústria nacional e a total ausência de continuidade nas poucas ações ensaiadas pelo governo. Vejam o ridículo exemplo do F-X2.

O governo federal fez de palhaços não apenas os concorrentes internacionais (e seus respectivos países e governos), como também todas as empresas brasileiras que iriam participar do programa. Tudo bem que, para uma empresa do porte da BOEING o dinheiro que eles gastaram aqui durante todos esses anos de enrolação do governo pese pouco no orçamento. Mas muitas empresas brasileiras gastaram o que não tinham e o que não podiam, para tentar participar do programa - incentivadas pelo próprio governo. Depois de tudo, o governo simplesmente deixou todos a ver navios.


7) Qual sua analise para o atual momento do segmento aeroespacial no país, estamos realmente criando outro período para a história industrial deste setor ou as ações são inócuas?

Enquanto não houver uma verdadeira política de estado - e não apenas de governo - para o desenvolvimento da indústria aeroespacial nacional, todas as ações, por mais bem intencionadas que pareçam ser, terão pouca eficácia. O governo brasileiro deveria se espelhar nas grandes potências mundiais, que possuem reais políticas de incentivo para o setor aeroespacial e de defesa e sustentam financeiramente essas empresas com programas governamentais, para que elas não dependam exclusivamente do mercado para sobreviver. É o preço que deve ser pago pela tão falada "soberania". Mas, o que estamos vendo ultimamente no Brasil é exatamente o contrário:

As empresas nacionais sendo sucatadas e empresas como a EMBRAER, que já foi um "orgulho nacional", hoje é uma empresa exclusivamente comercial, com participação cada vez maior de capital estrangeiro, nível de nacionalização de componentes cada vez menor e cada vez menos fornecedores nacionais. Até a Índia já está lançando seus próprios satélites de GPS, enquanto o Programa Espacial Brasileiro jaz em berço esplêndido há décadas. Enquanto países bem menores que o Brasil em quase todos os aspectos, como a Suécia, têm condições de vir nos oferecer jatos supersônicos, não conseguimos sequer comprar o que já existe pronto no mercado. É uma vergonha.

8) O senhor mencionou que as recentes políticas de incentivo tem sido inócuas. O senhor acredita que o governo conseguirá editar novas medidas para estimular a indústria de defesa sem a criação de linhas de crédito especiais para essas empresas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)? O senhor é a favor da constituição de fundos emergenciais de suporte para esse setor para manutenção de sua capacidade produtiva em períodos de baixa demanda?

Como mencionei na resposta anterior, sem uma política consolidada e abrangente, qualquer programa ou incentivo isolado não passará propaganda. O maior problema do Brasil é que gasta-se bilhões com despesas supérfluas, corrupção e projetos mal elaborados, enquanto que a P&D e outras atividades importantes ficam relegadas a um quinto plano. Vejam os tristes exemplos do acidente do VLS, ocorrido há mais de dez anos. Esse foguete lançador de satélites já deveria estar em operação há pelo menos duas décadas, não fosse a total falta de prioridade e a verba "conta gotas" liberada pelo governo. Se já estivesse operacional, estaria poupando divisas para lançarmos nossos satélites e até gerando lucro, lançando cargas para outros clientes. Enquanto isso, até países como a Índia já passaram à nossa frente.

O desenvolvimento de novas tecnologias e principalmente tecnologias que garantam a nossa soberania e a segurança nacional não podem ser encaradas como um produto comercial qualquer. Da mesma forma, as empresas que trabalham em setores estratégicos necessitam ter segurança institucional e financeira para poder atuar satisfatoriamente. Vemos isso em praticamente todos os países desenvolvidos, a começar pelos EUA. No Brasil ocorre exatamente o contrário: São as empresas que precisam utilizar seus recursos ou recorrer a empréstimos e até parcerias no exterior para bancar os programas do governo - tal como está acontecendo com o KC-390. Assim, o Brasil nunca terá soberania em nada e sempre será um país de Terceiro Mundo.

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A realidade é revoltante :evil:
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Trancado