Olinda escreveu:Brasileiro escreveu:Andei pensando se talvez a velocidade não seja um parâmetro mais importante do que o alcance, ou melhor, o raio de ação.
Veja como essa ideia de 'raio de ação' pode ser enganadora:
-Suponhamos que uma aeronave suspeita seja detectada em algum lugar na fronteira com a Bolívia, por exemplo. Uma vez que uma aeronave interceptadora seja deslocada da base aérea de Anápolis até o alvo, ela não necessariamente precisaria voltar até Anápolis ou mesmo forçar que este alvo desça em Anápolis. Cuiabá possui toda a infra-estrutura para receber uma aeronave interceptada, bem com os caças. E isto se repete de certa forma em todo o território.
-Consideremos também, que agora haja uma aeronave invasora próximo ao litoral de Pernambuco, portanto, mais de 1500 km distante da BAAN. Ainda que um caça que tenha este raio de ação, só vai chegar nesta localidade no mínimo 1 h depois da decolagem. E neste tempo, é possível - e altamente provável - que a aeronave invasora já tenha se deslocado para longe a ponto de não mais poder ser alcançada.
Minha tese então é a de que é mais importante termos uma quantidade bem distribuída de esquadrões de caças supersônicos, ao longo do território nacional, do que caças com raios de ação enormes, e que demorem tempo demais até chegarem ao alvo.
Se pensarmos apenas na região Amazônica, qualquer caça com raio de ação de uns 1000 km pode alcançar quase que qualquer localidade em menos de 1 h e voltar a Manaus. A menos, talvez, da região do Acre. E aqui é que se aplica a minha tese: De que adianta um caça que consiga sair de Manaus e chegar à fronteira do Peru, se quando chegar, já terá passado tempo suficiente para que o inimigo tenha atacado e fugido? Não teria sido melhor possuir próximo àquela região um esquadrão de caça (mesmo que deslocado) que chegasse ao alvo em poucos minutos? Aqui, estamos falando em tempo de reação.
A grande vantagem, na minha opinião, de se operar caças pesados, como Su-35, PAK-FA ou F-15, não é pelo fato de terem longo alcance, mas sim por serem pesados mesmo, poderem transportar maior quantidade de carga, armas ar-solo e maiores opções de ataque. Talvez tenha sido este o objetivo de desenvolver estes caças, o ataque, e não a defesa, já que EUA e Rússia tem caças bem distribuídos em suas fronteiras, com curtíssimos tempos de reação e praticamente não precisam que seus caças se desloquem milhares de km para interceptar qualquer invasor.
abraços]
Em minha opinião depende da missão, e uma aeronave com raio de ação maior faz a missão de um caça leve, mas o contrario não é verdade. Concordo que na missão de interceptação a velocidade seja um parâmetro mais importante . Acredito que a estratégia é levar a guerra o mais distante possível do território nacional, e neste ponto um caça com maior raio de ação leva vantagem.
Quem sou em para falar em teoria da defesa aérea, mas...
Dois pontos a analisar, e quase sempre esquecidos nesta discussão toda sobre caças pesados X leves.
Um primeiro ponto a saber é: como e o quê prevê nossa doutrina de defesa aérea sobre a interceptação de vetores identificados como hostis? Sim, porque, pode haver uma diferença considerável sobre os aspectos teóricos daquela missão entre, por exemplo, a FAB, e suas congeneres europeias, americanas, russas ou chinesas e indianas. E isto, com absoluta certeza influenciará a definição de que tipo de caça a FAB entende ser o melhor para cumprir esta missão.
Segundo ponto. Uma vez identificada as questões teóricas sobre como a FAB entende como deve melhor deve exercer o seu ofício da defesa aérea, é perguntar: nossa estrutura histórica e atual foi/é suficiente para o desempenho desta missão de forma integral, pela FAB, como manda a doutrina e a legislação constitucional e a atual END/PND?
Feito isso, e a saber, não tenho sequer gabarito para responder a estas questões, poderemos discutir melhor e com mais embasamento sobre alcance e raio de ação de caças. Pois me parece, que neste entretempo de 17 anos de FX, a presença de um caça monomotor(leve), e dois bimotores("pesados"), realmente dá a entender ao público leigo, a priori, que não há uma coerência na indicação da força quanto aos caças indicados neste programa, em função daquilo que ela entende por sua própria doutrina de defesa aérea. Ou seja, se um caça leve serve, então porque dois pesados, na lista final, ou então, se há dois pesados na lista final, então qual a lógica de haver um leve?
Enfim, na minha humilde e ignorante opinião, a depender do que a FAB entenda como fazer melhor a defesa aérea, podemos dizer se caça A, B ou C é melhor, ou mais ou menos apropriado para a defesa áérea, levando-se em consideração a estrutura de hoje e para amanhã. E lembrar que o FX desde o começo trabalhou com o conceito de caça multi-role, ou seja, a idéia sempre foi comprar um caça, independente de se leve ou pesado, que pudesse fazer o trabalho de todos os anteriores em uma única célula. Qual o melhor para isso, em função da questão da defesa aérea, penso que está cada dia mais difícil de responder, apesar de nas tres oportunidades em que pode explicitar a sua opinião, tecnicamente, o Gripen C/D posteriormente o NG tenham estado em destaque.
Bom, se a FAB que é quem opera a defesa aérea, entendeu que um caça leve e monomotor serve para fazer a defesa aérea dos 13 milhões de kms2 de espaço aéreo que temos, então, quem sou eu para dizer que não...
O problema agora é saber se depois da escolha feita, qualquer que seja ela, vamos continuar a brincar de faz de conta com a defesa aérea do país, ou vamos crescer e jogar no mesmo nível do jogo dos adultos.
A ver.
abs.