Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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jambockrs
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Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#1 Mensagem por jambockrs » Sex Mai 17, 2013 12:03 pm

Meus prezados:
Fuzileiros brasileiros exportam organização e até expertise musical para Namíbia
Após mais de duas décadas de luta, a Namíbia conquistou sua independência da África do Sul em 1990. Com a recém-conquistada autonomia, no entanto, era preciso organizar praticamente do zero suas Forças Armadas, com Exército, Aeronáutica e Marinha. No caso da última arma, o país do sudoeste africano acabou contando com o auxílio de um “vizinho” que fica a mais de 6 mil quilômetros de distância, do outro lado do Oceano Atlântico: o Brasil.

Iniciada em 1994, a cooperação entre as Marinhas brasileira e namibiana é um dos carros-chefes da aproximação militar entre o Brasil e países africanos, que tem como objetivo garantir a segurança no Atlântico sul e enfrentar novas ameaças como a pirataria, o terrorismo e o tráfico de drogas na região.

No caso da Namíbia, o Brasil foi peça fundamental para a implementação do Corpo de Fuzileiros Navais do país africano.

“A Namíbia está partindo do zero. Começou conosco em 2005 e hoje, com cerca de oito anos, já se encontra com um batalhão 60% estruturado”, diz o capitão de fragata fuzileiro naval Stewart da Paixão Gomes, porta-voz do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil.

Formação Desde 2005, mais de 400 fuzileiros navais namibianos foram capacitados no Brasil. Já em 2009, a Marinha brasileira criou o Grupo de Apoio Técnico de Fuzileiros Navais, que tinha como objetivo inicial a criação de um curso de formação de soldados fuzileiros na Namíbia, além de prestar assessoria na organização e estruturação do grupo militar especializado em operações anfíbias namibiano.

Stewart explica que a formação dos fuzileiros namibianos é baseada nos mesmos princípios usados pelos militares brasileiros.

“Os cursos realizados naquele país são bastante similares aos nossos, usando o mesmo currículo, formando o pessoal da mesma forma que aqui”, diz.

De acordo com o porta-voz, atualmente trabalham na Namíbia 30 militares brasileiros. Entre as principais tarefas do grupo hoje estão o acompanhamento do curso de formação de soldados fuzileiros, a implementação de outro curso de especialização de cabos fuzileiros e a assistência na formação de um grupo de operações especiais na Marinha namibiana.

Início A primeira missão brasileira com o objetivo de auxiliar na criação de um Corpo de Fuzileiros Navais namibianos desembarcou no país africano em janeiro de 2009, sob o comando do capitão de mar e guerra fuzileiro naval José Calixto dos Santos Júnior.

“A ideia (era) de criar um batalhão de infantaria e formar os soldados dentro de um contexto similar ao que nós formamos aqui no Brasil”, diz Calixto, que passou dois anos na Namíbia e atualmente está reformado.

De acordo com o comandante, apesar da inspiração no modelo brasileiro, foi necessária uma série de adaptações para adequar o novo Corpo de Fuzileiros às características de terreno, históricas, culturais e sociais da Namíbia.

Após a aprovação da estrutura do novo corpo por parte das autoridades namibianas, foram desenvolvidos manuais, técnicas e atividades de adestramento que acabaram resultando na formação da primeira turma de soldados fuzileiros navais do país africano.

Cultura Alguns dos desafios iniciais na formação dos fuzileiros namibianos passaram pela adaptação de características culturais do país às necessidades do novo corpo.

Calixto conta que muitos namibianos não têm uma ligação forte com o mar e, durante a formação dos membros do novo Corpo de Fuzileiros Navais – uma tropa anfíbia por definição -, foi necessário ensinar alguns dos militares namibianos a nadar.

“Não existe fuzileiro naval que não saiba nadar. E essa foi uma grande dificuldade que nós tivemos, em fazer com que o militar da Namíbia gostasse da água e conseguisse iniciar os primeiros passos para ser um bom nadador”, conta o comandante.

Mas se algumas características dificultaram, outras facilitaram o trabalho dos militares brasileiros no país.

Embora a língua oficial da Namíbia seja o inglês, muitos dos militares que tiveram contato com os brasileiros compreendiam e falavam bem o português.

“Havia uma facilidade grande de comunicação, porque no contexto da guerra (de independência), alguns militares que conosco conviveram ficaram escondidos em Angola durante 10, 11 anos. Esses militares, mais antigos, já falavam um português fluente”, explica o capitão de mar e guerra fuzileiro naval Ivan Rocha Damasceno Filho, que comandou o grupo de apoio brasileiro na Namíbia entre 2010 e 2012.

“Nós falávamos em português, instruíamos em português, eles entendem perfeitamente. Não havia dificuldade nesse aspecto”, diz Damasceno.

Música Mas além de auxiliar na organização e na formação de militares, o grupo de apoio brasileiro na Namíbia também teve uma outra função: a estruturação de uma banda de música para o Corpo de Fuzileiros Navais namibiano, nos moldes da banda marcial brasileira, além do desenvolvimento do cerimonial do grupo.

Tanto a questão do cerimonial para o recebimento de autoridades como a parte musical são consideradas pelos fuzileiros como partes importantes nas tradições do grupo e que, junto com atividades como marchas e paradas, contribuem para o desenvolvimento da marcialidade e disciplina dos militares.

Uma parte deste trabalho é centrada na corneta, que é utilizada para passar ordens e comandos para a tropa, como explica Samuel Alves de Oliveira, 2º sargento fuzileiro naval corneteiro, que passou quase dois anos trabalhando na Namíbia.

“É muito dificultoso dar uma ordem para uma massa de militares. A nossa função ali é justamente facilitar a ordem que é transmitida à tropa, e a gente faz isso por meio de um instrumento chamado corneta”, diz Oliveira, que também atuou na parte de desenvolvimento de voz e da banda do corpo namibiano.

“Eu até pensava no início que seria um pouco mais difícil, mas, quando nós chegamos ali, vimos que o trabalho seria muito fácil, porque o africano, e em especial o namibiano, tem uma percepção musical muito aguçada, cantam já por natureza. Eu aprendi muito trabalhando com eles”, diz.
fonte: Caio Quero Da BBC Brasil no Rio de Janeiro




Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#2 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Mai 18, 2013 6:39 am

Básicamente é o mesmo que nós fizemos nos países dos PALOP.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#3 Mensagem por jumentodonordeste » Sáb Mai 18, 2013 12:20 pm

cabeça de martelo escreveu:Básicamente é o mesmo que nós fizemos nos países dos PALOP.

Foi a primeira coisa que eu pensei quando li a matéria.

Algumas imagens do CFN na namíbia.

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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#4 Mensagem por Marino » Sáb Mai 18, 2013 12:45 pm





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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#5 Mensagem por Túlio » Sáb Mai 18, 2013 7:23 pm

Pois acho que os caras, se seguirem o exemplo do NOSSO CFN, vão ser FERAS! Vai ficar feio de encarar lá na África...




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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#6 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Mai 21, 2013 7:52 am

Esqueces-te que estamos a falar de um país africano. Meio mundo treina os países africanos, mas depois eles têm muita dificuldade em manter a operacionalidade por causa da falta de recursos, corrupção, etc.

Eu conheci um Angolano que fazia "colecção" de Boinas, o tipo tinha-as porque tinha feito os cursos cá em Portugal (a última foi a Boina Verde dos Pára-quedistas). Não é por não terem capacidades, é por não as conseguirem manter.




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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#7 Mensagem por luidpossan » Ter Mai 21, 2013 10:24 am

a diferença cabeça de martelo é q o Brasil não somente esta treinando o pessoal mas estruturando toda a marinha desde formação acadêmica não somente cursos desde as patentes mas altas ate as mas baixas, além do mas a marinha ja doou navios e vendeu alguns navios 200 e 500 ton, o que o brasil quer é uma marinha bem feita para no futuro ela mesma cuida de suas águas territoriais, o problema como vc cito foi dar treinamento mas não estrutura para para o marinheiro ou soldado quando o mesmo volta para seu pais.




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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#8 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Mai 21, 2013 10:44 am

Parabéns, acabaram de fazer algo que as Forças Armadas/Forças de Segurança Portuguesas já fazem à décadas nos PALOP. O problema luidpossan está exactamente nos pontos acima descritos.




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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#9 Mensagem por luidpossan » Ter Mai 21, 2013 3:31 pm

cabeça a diferença é a época que foi feito os portugueses entraram e tentaram fazer algo quando aquilo esta uma zona lembro que o brasil tento fazer o mesmo com angola a anos atraz mas não tinha estrutura politica não da para comparar os paises africanos de agora com os da decada de 90, angola tem um dos maiores pibs da africa esta crescendo e se tormando uma democracia organizada o mesmo da namibia outro pais que somente agora esta se tomando um pais por assim dizer , vc tem razão em falar que portugal ja tento isso a decadas mas na minha opinião ele tento no momento errado, mão adianta dar treinamento em um pais que tem um golpe de estado por mes




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Re: Fuzileiros brasileiros exportam organização para Namíbia

#10 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mai 22, 2013 11:23 am

Luidpossan o que eu escrevo aqui é a minha perspectiva deste assunto. Nunca estive em Angola e a única vez que falei com um militar Angolano foi na minha "casa" quando ele estava a tirar o curso de Pára-quedismo militar.

Quando houve os acordos de paz em Angola eles pediram auxílio às Forças Armadas Portuguesas para ajudar a restruturar as Forças Armadas Angolanas e na selecção e formação dos militares (que incluía quadros dos dois lados). Quando a guerra recomeçou com o ataque da UNITA, o governo foi surpreendido por uma força muito mais forte e robusta até então. E senão fosse o governo ter unidades bem treinadas e ter sido levantado um forte embargue à UNITA se calhar eles teriam perdido a guerra. Uma imagem bem curiosa era ver os Cursos de Comandos em que os instrutores em Portugueses e na última fase do curso antes de receberem a Boina (chamada de Operacional), os instruendos e os poucos instrutores Angolanos iam para zonas controladas pela UNITA, estando proibida a ida dos militares Portugueses.

A guerra foi ganha e Brigada de Forças Especiais continua a sua missão e mantém uma operacionalidade acima da média no que diz respeito aquele canto de África, mas o resto do Exército caiu para níveis bastante baixos, sendo conhecido casos de corrupção ao mais alto nível. Os militares até têm falta de comida nas cantinas, enquanto que os generais fazem investimentos fortíssimos em Portugal (com a conivência do poder Politico Português).

Se estás a dizer-me que no país em questão vai ser diferente... tudo bem, espero que sim, mas vendo o que acontece nos PALOPs...eu digo que provavelmente que não.

A cooperação Técnico-Militar continua activa com todos os PALOP, sendo o "Projecto 12" a última coisa a ser implementada.

Links que podem ou não interessar:



:arrow: http://www.operacional.pt/%e2%80%9cgae% ... angolanos/

:arrow: http://www.emfa.pt/www/po/coopmo/index




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