Suíços aprovam referendo limites aos salários dos executivos

Área para discussão de Assuntos Gerais e off-topics.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 54819
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceram: 2317 vezes

Suíços aprovam referendo limites aos salários dos executivos

#1 Mensagem por P44 » Seg Mar 04, 2013 11:38 am


Suíços aprovam em referendo limites aos salários dos executivos

Publicado ontem
, actualizado ontem

Os suíços aprovaram, este domingo, uma das leis mais restritivas em termos mundiais no que toca ao pagamento dos executivos, de acordo com as projeções dos resultados do referendo deste domingo avançadas pela estação televisiva SF1.

A iniciativa contra os 'fat cats' (gatos gordos, numa tradução livre), proposta por Thomas Minder, presidente de uma companhia suíça que produz pasta de dentes, foi apoiada por 68% dos votantes,
segundo as projeções da SF1, citadas pela agência de informação financeira Bloomberg.

De resto, outras sondagens realizadas antes da votação, como a da consultora GFS já apontavam para este desfecho.

A proposta dá aos acionistas das empresas do país helvético o direito de votarem anualmente a remuneração que deve ser paga à gestão, eliminando os bónus de assinatura, bem como pacotes de indemnização e incentivos extra em operações de fusão.

Em resumo, o texto reforça os direitos dos acionistas para impedir o pagamento de salários e bónus muito altos, como os 15 milhões de francos suíços (12 milhões de euros) pagos em 2011 ao diretor da farmacêutica Novartis, os 10 milhões para o chefe da Lindt & Sprüngli, Ernst Tanner; os 12,5 milhões para o chefe da Roche, Severin Schwan; ou os 11,2 milhões para o patrão da Nestlé, Paul Bulcke.

Pelo menos cinco dos 20 presidentes executivos de empresas europeias mais bem pagos trabalham para companhias suíças, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.

Entre eles, encontram-se o presidente do Credit Suiss, Brady Dougan, da Nestlé, Paul Bulcke, ou das farmacêuticas Novartis e Roche, Joe Jimenez e Severin Schwan, respetivamente.

Segundo Thomas Minder, os excessos salariais dos grandes executivos explicam-se pela falta de ação dos conselhos de administração, que são "incapazes de controlar os salários da direção", como declarou em entrevista ao jornal "Le Temps".

Esta ação ganhou um impulso importante quando, no mês passado, foi noticiado que a Novartis planeia pagar ao seu 'chairman' (presidente do Conselho de Administração) demissionário, Daniel Vasella, até 60 milhões de euros para prevenir a possibilidade de o gestor ir trabalhar para uma farmacêutica rival.

Face à ira que a notícia causou junto da opinião pública suíça, a maior farmacêutica europeia decidiu anular o acordo.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/In ... 69&page=-1




Triste sina ter nascido português 👎
Marechal-do-ar
Sênior
Sênior
Mensagens: 8789
Registrado em: Qua Set 10, 2003 8:28 pm
Agradeceram: 419 vezes

Re: Suíços aprovam referendo limites aos salários dos execut

#2 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Mar 04, 2013 12:01 pm

Eu queria que no Brasil o salário e bonus de deutados só pudessem ser pagos/aumentados mediante um referendo...




"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21087
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceram: 21 vezes

Re: Suíços aprovam referendo limites aos salários dos execut

#3 Mensagem por Bourne » Seg Mar 04, 2013 12:11 pm

Existe um país comuna que sofreu uma grande crise em 2007/2008 que aprovou uma medida muito parecida. Prevista através da Lei Dodd-Frank que foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo Presidente em 2010. Não só tem que devolver a remuneração por resultados previstos não realizados como podem levar a ações criminais se os resultados forem maquiados. Como também, exige a transparência na administração e metodologia para estabelecimento dos riscos apontados pelas agências de rating.

A medida é para evitar que os responsável sejam incentivados a medidas de curto prazo para valorizar a empresa no mercado financeiro e satisfazer os acionistas. Sem se preocupar com a estratégia de longo prazo. É claro que o ponto central é evitar a especulação. O que não é monopólio dos países desenvolvidos. No Brasil ocorreu o mesmo durante a crise quando as empresas tiveram reveladas as operações de alto risco no mercado cambial. Inclusive levou ao colapso de uma gigante chamada Sadia. Por acaso comandada por um cara chamado Ricardo Amorim que voltou ao Brasil por ser a terra da oportunidade. Só a família que era dona da Sdia não gostou dos resultados.




Avatar do usuário
LeandroGCard
Sênior
Sênior
Mensagens: 8754
Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
Localização: S.B. do Campo
Agradeceram: 812 vezes

Re: Suíços aprovam referendo limites aos salários dos execut

#4 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mar 04, 2013 12:28 pm

Este tipo de medida pode levar a uma verdadeira fuga em massa dos executivos locais mais estelares e bem remunerados de um determinado país para outros que não tenham restrições do mesmo tipo, em busca da manutenção dos seus salários e benefícos extravagantes.

Acho que este seria um efeito colateral inesperado e muito benéfico da implantação destas medidas restritivas :twisted: :twisted: :twisted: !


Leandro G. Card




Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21087
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceram: 21 vezes

Re: Suíços aprovam referendo limites aos salários dos execut

#5 Mensagem por Bourne » Seg Mar 04, 2013 12:34 pm

A Lei foi aprovada apesar de vozes discordantes como do "lobby de Wall Street" como diria Obama. Entre eles o ex-presidente do FED que permitiu e incentivou a criação da bolha financeira nas décadas de 1990 e 2000.

Os elementos que o Greenspan aponta como negativo são o objetivo da Lei.Isto é, deixar o mercado financeiro e operações mais onerosas e restringir operações especulativas. E existe toda uma literatura econômica sobre o tema que justifica e incetiva como forma de regulação prudencial. Coisas ue para Wall Street e Financial Times não interessam. :roll:
By Alan Greenspan
System more complex than regulators think, writes Alan Greenspan

The US regulatory agencies will in the coming months be bedevilled by unanticipated adverse outcomes as they translate the Dodd-Frank Act’s broad set of principles into a couple of hundred detailed regulations. The act’s underlying premise is that much of what occurred in the market place leading up to the Lehman Brothers bankruptcy was excess (hardly controversial) and that its causes would be readily addressed by this wide-ranging statute (questionable).

The financial system on which Dodd-Frank is being imposed is far more complex than the lawmakers, and even most regulators, apparently contemplate. We will almost certainly end up with a number of regulatory inconsistencies whose consequences cannot be readily anticipated. Early returns on the restructuring do not bode well.

? Shortly after the act’s passage in July 2010, Ford Motor Credit pulled its plans to issue a reported billion-dollar asset-backed security. It required a credit rating, which Ford could not obtain. One of the law’s provisions had made credit-rating organisations legally liable for their opinions about risks. To ensure the issuance of the ABS, the Securities and Exchange Commission in effect suspended the need for a credit rating.

? In December, the Federal Reserve, as required by the act, in a preliminary finding, proposed to reduce banks’ share of debit card fees associated with retail transactions, leading many lenders to contend they would no longer be able to afford to issue debit cards.

? More recently, concerns are growing that without immediate exemption from Dodd-Frank, a significant proportion of the foreign exchange derivatives market would leave the US. (The US Treasury is pondering an exemption but some bank regulators insist the statute be implemented as it is.)

? Many of the act’s rules on proprietary trading, for example, apply to US banks globally. But competing US offices of foreign institutions can readily switch proprietary transactions to European and Asian banks, and if time zones are relevant, to Canadian banks.

? The act’s most surprising failure to rein in supposed market-determined excess may be its stance towards the outsized (to some, egregious) bankers’ pay packages. Small differences in the skill level of senior bankers tend to translate into large differences in the bank’s bottom line. Competition for even the slightly more skilled is accordingly fierce. Senior bankers operate as largely independent entities whose “clients” are more theirs than the banks’; they leave with the “star” when he or she changes organisation. It is doubtful that legislation can work in such an arena.

These “tips of the iceberg” suggest a broader concern about the act: that it fails to capture the degree of global interconnectedness of recent decades which has not been substantially altered by the crisis of 2008. The act may create the largest regulatory-induced market distortion since America’s ill-fated imposition of wage and price controls in 1971.

In pressing forward, the regulators are being entrusted with forecasting, and presumably preventing, all undesirable repercussions that might happen to a market when its regulatory conditions are importantly altered. No one has such skills. Regulators were caught “flat-footed” by a breakdown we had erroneously thought was more than adequately reserved against. The Federal Deposit Insurance Corporation, for example, had noted as recently as the summer of 2006 that “more than 99 per cent of all insured institutions met or exceeded the requirements of the highest regulatory capital standards”. Even the International Monetary Fund, in April 2007, had determined that global economic risks had declined in the previous six months.

The problem is that regulators, and for that matter everyone else, can never get more than a glimpse at the internal workings of the simplest of modern financial systems. Today’s competitive markets, whether we seek to recognise it or not, are driven by an international version of Adam Smith’s “invisible hand” that is unredeemably opaque. With notably rare exceptions (2008, for example), the global “invisible hand” has created relatively stable exchange rates, interest rates, prices, and wage rates.

In the most regulated financial markets, the overwhelming set of interactions is never visible. This is the reason that interpretation of contemporaneous financial market behaviour is subject to so wide a variety of “explanations”, especially in contrast to the physical sciences where cause and effect is much more soundly grounded.

Is the answer to complex modern-day finance that we return to the simpler banking practices of a half century ago? That may not be possible if we wish to maintain today’s levels of productivity and standards of living. During the postwar years, the degree of financial complexity has appeared to grow with the rising division of labour, globalisation, and the level of technology. One measure of that complexity, the share of gross domestic product devoted to finance and insurance, has increased dramatically. In America for example, it rose from 2.4 per cent in 1947 to 7.4 per cent in 2008, and to a still larger 7.9 per cent during the severe contraction of 2009.

Increased financial shares are evident in the UK, the Netherlands, Japan, Korea, and Australia, among others. Even China has joined, its share rising from 1.6 per cent in 1981 to 5.2 per cent in 2009. Deregulation, especially in America during the 1980s, clearly accounts for part, but certainly not all, of the share rise.
The vexing question confronting regulators is whether this rising share of finance has been a necessary condition of growth in the past half century, or coincidence. In moving forward with regulatory repair, we may have to address the as yet unproved tie between the degree of financial complexity and higher standards of living.

Fonte: http://www.ft.com/cms/s/0/14662fd8-5a28 ... z2MaL2rQcB

The writer is former chairman of the Federal Reserve




Avatar do usuário
rodrigo
Sênior
Sênior
Mensagens: 12891
Registrado em: Dom Ago 22, 2004 8:16 pm
Agradeceram: 424 vezes

Re: Suíços aprovam referendo limites aos salários dos execut

#6 Mensagem por rodrigo » Seg Mar 04, 2013 1:43 pm

O 1º ministro francês aumentou o imposto de renda dos milionários de seu país. Os mais humildes estabeleceram domicílio fiscal na Bélgica, alguns mais radicais, como o ator Gerard Departieu, pediram cidadania russa. Resultado, a arrecadação sobre a fortuna dos milionários agora é ZERO. Nos EUA tem acontecido de muitos altos executivos conseguirem cidadania panamenha, e recebem seus gordos benefícios naquele país, onde o imposto é 7%.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21087
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceram: 21 vezes

Re: Suíços aprovam referendo limites aos salários dos execut

#7 Mensagem por Bourne » Seg Mar 04, 2013 2:36 pm

Não importa o imposto sobre executivo ser ou não arrecadado. A empresa continua no país e usa os serviços financeiros nacionais. Não se pode deixá-los agir de forma irresponsável e comprometer o sistema e o bem comum. Mais interessante do que pagar o custo das crises para evitar a implosão da estrutura financeira e produtiva.

Logo vem a ascensão das estruturas regulatórias internacionais. A prévia veio no acordo da Basiléia III. gora com apoio norte-americano e europeu a coisa vai.




Responder