Geopolítica Brasileira
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Re: Geopolítica Brasileira
Autor(es): Por John Lyons | The Wall Street Journal, de Tabatinga, Amazonas
Valor Econômico - 04/12/2012
Dois policiais brasileiros saltaram de um helicóptero na Amazônia peruana recentemente com um pelotão de agentes peruanos. Tiros ecoaram na floresta antes que o grupo capturasse e destruísse um laboratório secreto de cocaína.
Os brasileiros tinham a posição oficial de observadores desarmados na blitz conduzida em 19 de agosto pela polícia de elite antidrogas do Peru.
Mas ambos os brasileiros carregavam rifles de assalto e tiros foram disparados contra eles. O laboratório ficava no Peru, mas os policiais decolaram de um aeroporto no Brasil, num helicóptero abastecido com combustível brasileiro, para atingir um alvo identificado por um informante pago por brasileiros.
Seja na sua fronteira amazônica ou nas suas cidades, o Brasil está mergulhando mais fundo numa guerra contra as drogas, à medida que o uso crescente da cocaína faz do país o maior mercado consumidor depois dos Estados Unidos. O fato é surpreendente, considerando-se que os políticos brasileiros antes criticavam as estratégias antidrogas patrocinadas pelos EUA, dizendo que elas faziam mais mal do que bem.
Agora, o Brasil está adotando uma polêmica tática americana: atravessar fronteiras para combater a cocaína na fonte.
"O Brasil está ultrapassando um limite do qual ele nem chegava perto no passado", disse Douglas Farah, um consultor de segurança nacional que orienta o Departamento de Defesa dos EUA sobre América Latina e assuntos ligados a drogas.
A presidente Dilma Rousseff está enviando até 10.000 soldados de cada vez para os pontos mais notórios de contrabando de drogas. Ela decidiu há pouco tempo comprar 14 aeronaves não tripuladas israelenses para procurar por traficantes do céu. A Polícia Federal está aumentando em 30% seu número de agentes e equipando-os com 1.000 novos rifles de assalto, mais lanchas e aviões. Uma consequência parcial disso é que o número de pessoas presas no Brasil por crimes ligados a drogas dobrou desde 2006.
Os problemas do Brasil refletem a globalização do negócio da cocaína, já que o uso da droga nos EUA caiu 40% nos últimos dez anos. Os traficantes responderam explorando novos mercados na Europa e em países em desenvolvimento como Brasil, Argentina e África do Sul.
Em São Paulo, a violência ligada às drogas e a proliferação de mercados ao ar livre de crack, um derivado barato da cocaína, levaram os políticos a exigir medidas. Pelo menos 90 policiais militares no Estado já morreram este ano nas mãos dos traficantes de cocaína locais.
A propagação do uso da cocaína está atraindo mais países para o combate aos narcóticos, dizem autoridades americanas.
"Todos esses males vêm para o bem no aspecto da cooperação", disse William Brownfield, que, no seu papel de chefe do Escritório de Assuntos Internacionais de Narcóticos e Aplicação da Lei do Departamento de Estado dos EUA, é o embaixador americano na guerra às drogas. "Estou mais otimista sobre a iniciativa internacional agora do que em qualquer momento do passado, porque o tráfico de narcóticos se tornou tão globalizado que a maioria dos países vê a necessidade de cooperação."
O Brasil assinou acordos de cooperação policial com seus vizinhos para compartilhar informações, conduzir investigações conjuntas e financiar operações nos estrangeiro. Autoridades de alto escalão do Brasil enfatizaram que a polícia do país está proibida de cruzar a fronteira portando armas.
Fazer isso viola os acordos com os países vizinhos e poderia causar incidentes diplomáticos caso um brasileiro seja ferido fora do país, ou se envolva num tiroteio com mortes.
"A gente nao quer entrar em outros paises. Não pode entrar armado. Se aconteceu ali foi errado", disse Oslain Santana, diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal, acrescentando que a polícia peruana poderia prender os brasileiros nesse caso.
Mas alguns agentes dizem privadamente que policiais brasileiros armados às vezes de fato atravessam a fronteira, refletindo o espírito de "toda ajuda é pouca" do combate às drogas em regiões perigosas, onde os reforços estão distantes e as divisas entre países geralmente não são demarcadas.
Tal prática ficou visível em agosto, quando o Brasil se uniu ao Peru numa operação conjunta de três semanas para reprimir a crescente produção de cocaína no lado peruano do Rio Javari, que separa o país andino do Estado do Amazonas.
A polícia do Peru comandou as operações do lado peruano da fronteira. Mas havia pelo menos um policial federal brasileiro armado em cada uma das duas missões para destruir laboratórios de cocaína no Peru em agosto acompanhadas por um repóter do The Wall Street Journal.
Era fácil ver por quê. Os policiais brasileiros eram os que tinham grande conhecimento da floresta e que haviam culti-vado informantes que sabiam onde os laboratórios estavam. Os agentes peruanos tinham vindo de Lima.
O engajamento do Brasil além de suas fronteiras está longe de se comparar ao praticado pelos EUA, que durante anos gastou bilhões de dólares para operar bases antidrogas no Equador, Bolívia e Colômbia e empregou táticas polêmicas como ajudar os países a abater aviões suspeitos de transportar drogas.
Mesmo assim, críticos no Brasil temem que a guerra contra as drogas do país esteja entrando num terreno perigoso. A ideia de ter brasileiros armados em outros países poderia custar vidas e problemas diplomáticos numa região já apreensiva com o crescimento do Brasil, dizem esses críticos. Eles também receiam que a estratégia simplesmente não funcione.
"Isso não vai ter muito efeito, porque eles sempre podem fazer mais laboratórios", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem defendido a descriminalização das drogas.
O Peru também está mudando para um combate mais ativo contra drogas ilegais. Na sua campanha eleitoral, o presidente Ollanta Humala se distanciou da proibição apoiada pelos EUA e até mesmo sugeriu que iria interromper a erradicação de coca financiada pelos EUA.
Mas, uma vez na presidência, ele tem agido de forma diferente. Ele passou a recear que o aumento na produção da cocaína - em parte para atender a demanda no Brasil - poderia ameaçar a estabilidade ao financiar o terrorismo. Hoje os EUA veem em Humala um melhor aliado contra as drogas que seus predecessores, dizem analistas políticos americanos.
Durante a operação conjunta de agosto entre Brasil e Peru, os dois lados estabeleceram a sua base no aeroporto policial da vizinha Tabatinga, AM. Um helicóptero militar peruano pousou lá com um grupo de policiais.
"Precisamos impedir que a Amazônia vire outra grande zona de cocaína", disse o Coronel Cesar Arévalo, comandante da força peruana na operação.
Dois observadores da DEA, a agência americana de combate às drogas, chegaram para os últimos dias da operação. Eles passaram a maior parte do seu primeiro dia lá checando seus BlackBerries num centro de comando da polícia brasileira, enquanto brasileiros e peruanos saíam para as batidas antidroga. Praticamente nada da cocaína produzida aqui vai para os EUA, mas sim para o Brasil, e então isso vira um problema do país, diz a polícia brasileira.
Um voo de reconhecimento com a PF mostrou o tamanho do problema. Plantações de coca, a matéria-prima da cocaína, do tamanho de campos de futebol, surgem ao longo do Javari. Dados da ONU indicam que a Amazônia peruana é a região produtora de cocaína que mais cresce no mundo.
O Brasil e o Peru estão lidando com o problema com um orçamento limitado. Ao contrário da Colômbia, que tem frotas de helicópteros Blackhawk fornecidos pelos EUA, a polícia aqui viaja para as missões em helicópteros de transporte russos de 20 anos, grandes demais para aterrissagens precisas na floresta.
O trabalho pode ser fatal. Em 2010, dois agentes da PF brasileira foram mortos por homens com armas automáticas enquanto revistavam uma canoa em busca de cocaína, no lado brasileiro da fronteira. As fotos deles estão penduradas na porta da sede da polícia na região. Na foto de um dos policiais assassinados, Mauro Lobo, alguém escreveu: "Vá em frente. Eu estou com você".
As mortes dos policiais fortaleceu a determinação da PF. Os brasileiros trabalharam com a polícia peruana para capturar a maioria dos membros da quadrilha de traficantes supostamente por trás dos assassinatos. Os laços criados durante essas prisões ajudaram a tornar possíveis operações maiores de combate às drogas.
Antes de uma busca, Mauro Spósito emprestou a Arévalo, o coronel peruano, sua arma pessoal, um rifle semiautomático, mais adequado do que os automáticos porque ajuda a economizar munição "quando a adrenalina sobe", explicou Spósito.
A polícia peruana comandou todas as missões do seu lado da fronteira. Os brasileiros entraram com a maior parte da logística, inclusive o combustível.
Num complexo de cocaína capturado em 17 de agosto, um cientista da polícia brasileira ouviu seu colega peruano descrever os processos químicos que estavam ocorrendo num tanque do tamanho de uma jacuzzi cheio de folhas de coca picadas mergulhadas em gasolina. Um suco de gasolina e coca fluía por tubos de PVC e enchia latões de 200 litros, um passo crítico no preparo da cocaína.
Os investigadores acharam pistas sobre a indústria local da cocaína. Os operários usaram fita adesiva para prender lanternas ao redor de uma estrutura de madeira, indicando que eles trabalhavam em turnos noturnos para dar conta da demanda. Longas varas de madeira com pontas afiadas para pegar peixes nos riachos mostravam que os operários eram de famílias indígenas locais. Eles moravam numa cabana de palha sobre estacas. Dentro dela havia alguns brinquedos de criança.
A polícia suspeita que o laboratório pertencia a um brasileiro que agia com um químico colombiano.
"Esta é a nova realidade: os brasileiros têm o dinheiro, os colombianos têm o know-how, e os peruanos são os pobres coitados que fazem o trabalho", disse um agente do serviço de informação do Peru que participou da ação.
Pouco depois, um especialista em demolição peruano, baleado três vezes nos seus 12 anos de serviço, enrolou tambores de gasolina num cordão detonante cor-de-rosa e prometeu mandar o laboratório pelos ares "que nem Hiroshima".
Ambas as equipes estavam em ação de novo na manhã de 19 de agosto, quando um informante disse que um laboratório ligado à quadrilha responsável pelos assassinatos de 2010 estava funcionando no lado peruano do Javari.
Spósito, um comandante da PF brasileira, entrou com as coordenadas do GPS no Google Earth do seu laptop e começou a discutir a logística com Arévalo. Um esquadrão da polícia peruana em camuflagem encheu duas picapes que saíram em disparada na direção do helicóptero.
Nos veículos também estavam dois observadores da polícia brasileira, que carregavam armas automáticas. Desde que seus colegas foram mortos, a polícia federal brasileira jurou nunca ser surpreendida desarmada de novo. Todo mundo esperava um tiroteio, e os homens a bordo pareciam imersos em seus pensamentos.
O volumoso helicóptero ganhou altura e dali a pouco já havia cruzado o rio Javari e entrado no Peru. O informante, um morador da área com o rosto oculto por um capuz, ajudou a guiar os pilotos. Não acostumado a andar de heli-cóptero, ele ficou desorientado com a vista do alto.
De repente, eles avistaram o alvo, e em segundos um oficial peruano estava gritando para que seus homens pulassem do helicóptero e procurassem proteção na plantação de coca que os rotores da aeronave fustigavam.
A polícia informou que eles foram recebidos com uma saraivada de tiros. Um agente brasileiro presumiu que os traficantes, em número inferior, abriram fogo antes de escapar porque matar um policial fortaleceria a reputação da quadrilha.
No fim do dia, os traficantes haviam fugido e o laboratório, sido destruído.
Valor Econômico - 04/12/2012
Dois policiais brasileiros saltaram de um helicóptero na Amazônia peruana recentemente com um pelotão de agentes peruanos. Tiros ecoaram na floresta antes que o grupo capturasse e destruísse um laboratório secreto de cocaína.
Os brasileiros tinham a posição oficial de observadores desarmados na blitz conduzida em 19 de agosto pela polícia de elite antidrogas do Peru.
Mas ambos os brasileiros carregavam rifles de assalto e tiros foram disparados contra eles. O laboratório ficava no Peru, mas os policiais decolaram de um aeroporto no Brasil, num helicóptero abastecido com combustível brasileiro, para atingir um alvo identificado por um informante pago por brasileiros.
Seja na sua fronteira amazônica ou nas suas cidades, o Brasil está mergulhando mais fundo numa guerra contra as drogas, à medida que o uso crescente da cocaína faz do país o maior mercado consumidor depois dos Estados Unidos. O fato é surpreendente, considerando-se que os políticos brasileiros antes criticavam as estratégias antidrogas patrocinadas pelos EUA, dizendo que elas faziam mais mal do que bem.
Agora, o Brasil está adotando uma polêmica tática americana: atravessar fronteiras para combater a cocaína na fonte.
"O Brasil está ultrapassando um limite do qual ele nem chegava perto no passado", disse Douglas Farah, um consultor de segurança nacional que orienta o Departamento de Defesa dos EUA sobre América Latina e assuntos ligados a drogas.
A presidente Dilma Rousseff está enviando até 10.000 soldados de cada vez para os pontos mais notórios de contrabando de drogas. Ela decidiu há pouco tempo comprar 14 aeronaves não tripuladas israelenses para procurar por traficantes do céu. A Polícia Federal está aumentando em 30% seu número de agentes e equipando-os com 1.000 novos rifles de assalto, mais lanchas e aviões. Uma consequência parcial disso é que o número de pessoas presas no Brasil por crimes ligados a drogas dobrou desde 2006.
Os problemas do Brasil refletem a globalização do negócio da cocaína, já que o uso da droga nos EUA caiu 40% nos últimos dez anos. Os traficantes responderam explorando novos mercados na Europa e em países em desenvolvimento como Brasil, Argentina e África do Sul.
Em São Paulo, a violência ligada às drogas e a proliferação de mercados ao ar livre de crack, um derivado barato da cocaína, levaram os políticos a exigir medidas. Pelo menos 90 policiais militares no Estado já morreram este ano nas mãos dos traficantes de cocaína locais.
A propagação do uso da cocaína está atraindo mais países para o combate aos narcóticos, dizem autoridades americanas.
"Todos esses males vêm para o bem no aspecto da cooperação", disse William Brownfield, que, no seu papel de chefe do Escritório de Assuntos Internacionais de Narcóticos e Aplicação da Lei do Departamento de Estado dos EUA, é o embaixador americano na guerra às drogas. "Estou mais otimista sobre a iniciativa internacional agora do que em qualquer momento do passado, porque o tráfico de narcóticos se tornou tão globalizado que a maioria dos países vê a necessidade de cooperação."
O Brasil assinou acordos de cooperação policial com seus vizinhos para compartilhar informações, conduzir investigações conjuntas e financiar operações nos estrangeiro. Autoridades de alto escalão do Brasil enfatizaram que a polícia do país está proibida de cruzar a fronteira portando armas.
Fazer isso viola os acordos com os países vizinhos e poderia causar incidentes diplomáticos caso um brasileiro seja ferido fora do país, ou se envolva num tiroteio com mortes.
"A gente nao quer entrar em outros paises. Não pode entrar armado. Se aconteceu ali foi errado", disse Oslain Santana, diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal, acrescentando que a polícia peruana poderia prender os brasileiros nesse caso.
Mas alguns agentes dizem privadamente que policiais brasileiros armados às vezes de fato atravessam a fronteira, refletindo o espírito de "toda ajuda é pouca" do combate às drogas em regiões perigosas, onde os reforços estão distantes e as divisas entre países geralmente não são demarcadas.
Tal prática ficou visível em agosto, quando o Brasil se uniu ao Peru numa operação conjunta de três semanas para reprimir a crescente produção de cocaína no lado peruano do Rio Javari, que separa o país andino do Estado do Amazonas.
A polícia do Peru comandou as operações do lado peruano da fronteira. Mas havia pelo menos um policial federal brasileiro armado em cada uma das duas missões para destruir laboratórios de cocaína no Peru em agosto acompanhadas por um repóter do The Wall Street Journal.
Era fácil ver por quê. Os policiais brasileiros eram os que tinham grande conhecimento da floresta e que haviam culti-vado informantes que sabiam onde os laboratórios estavam. Os agentes peruanos tinham vindo de Lima.
O engajamento do Brasil além de suas fronteiras está longe de se comparar ao praticado pelos EUA, que durante anos gastou bilhões de dólares para operar bases antidrogas no Equador, Bolívia e Colômbia e empregou táticas polêmicas como ajudar os países a abater aviões suspeitos de transportar drogas.
Mesmo assim, críticos no Brasil temem que a guerra contra as drogas do país esteja entrando num terreno perigoso. A ideia de ter brasileiros armados em outros países poderia custar vidas e problemas diplomáticos numa região já apreensiva com o crescimento do Brasil, dizem esses críticos. Eles também receiam que a estratégia simplesmente não funcione.
"Isso não vai ter muito efeito, porque eles sempre podem fazer mais laboratórios", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem defendido a descriminalização das drogas.
O Peru também está mudando para um combate mais ativo contra drogas ilegais. Na sua campanha eleitoral, o presidente Ollanta Humala se distanciou da proibição apoiada pelos EUA e até mesmo sugeriu que iria interromper a erradicação de coca financiada pelos EUA.
Mas, uma vez na presidência, ele tem agido de forma diferente. Ele passou a recear que o aumento na produção da cocaína - em parte para atender a demanda no Brasil - poderia ameaçar a estabilidade ao financiar o terrorismo. Hoje os EUA veem em Humala um melhor aliado contra as drogas que seus predecessores, dizem analistas políticos americanos.
Durante a operação conjunta de agosto entre Brasil e Peru, os dois lados estabeleceram a sua base no aeroporto policial da vizinha Tabatinga, AM. Um helicóptero militar peruano pousou lá com um grupo de policiais.
"Precisamos impedir que a Amazônia vire outra grande zona de cocaína", disse o Coronel Cesar Arévalo, comandante da força peruana na operação.
Dois observadores da DEA, a agência americana de combate às drogas, chegaram para os últimos dias da operação. Eles passaram a maior parte do seu primeiro dia lá checando seus BlackBerries num centro de comando da polícia brasileira, enquanto brasileiros e peruanos saíam para as batidas antidroga. Praticamente nada da cocaína produzida aqui vai para os EUA, mas sim para o Brasil, e então isso vira um problema do país, diz a polícia brasileira.
Um voo de reconhecimento com a PF mostrou o tamanho do problema. Plantações de coca, a matéria-prima da cocaína, do tamanho de campos de futebol, surgem ao longo do Javari. Dados da ONU indicam que a Amazônia peruana é a região produtora de cocaína que mais cresce no mundo.
O Brasil e o Peru estão lidando com o problema com um orçamento limitado. Ao contrário da Colômbia, que tem frotas de helicópteros Blackhawk fornecidos pelos EUA, a polícia aqui viaja para as missões em helicópteros de transporte russos de 20 anos, grandes demais para aterrissagens precisas na floresta.
O trabalho pode ser fatal. Em 2010, dois agentes da PF brasileira foram mortos por homens com armas automáticas enquanto revistavam uma canoa em busca de cocaína, no lado brasileiro da fronteira. As fotos deles estão penduradas na porta da sede da polícia na região. Na foto de um dos policiais assassinados, Mauro Lobo, alguém escreveu: "Vá em frente. Eu estou com você".
As mortes dos policiais fortaleceu a determinação da PF. Os brasileiros trabalharam com a polícia peruana para capturar a maioria dos membros da quadrilha de traficantes supostamente por trás dos assassinatos. Os laços criados durante essas prisões ajudaram a tornar possíveis operações maiores de combate às drogas.
Antes de uma busca, Mauro Spósito emprestou a Arévalo, o coronel peruano, sua arma pessoal, um rifle semiautomático, mais adequado do que os automáticos porque ajuda a economizar munição "quando a adrenalina sobe", explicou Spósito.
A polícia peruana comandou todas as missões do seu lado da fronteira. Os brasileiros entraram com a maior parte da logística, inclusive o combustível.
Num complexo de cocaína capturado em 17 de agosto, um cientista da polícia brasileira ouviu seu colega peruano descrever os processos químicos que estavam ocorrendo num tanque do tamanho de uma jacuzzi cheio de folhas de coca picadas mergulhadas em gasolina. Um suco de gasolina e coca fluía por tubos de PVC e enchia latões de 200 litros, um passo crítico no preparo da cocaína.
Os investigadores acharam pistas sobre a indústria local da cocaína. Os operários usaram fita adesiva para prender lanternas ao redor de uma estrutura de madeira, indicando que eles trabalhavam em turnos noturnos para dar conta da demanda. Longas varas de madeira com pontas afiadas para pegar peixes nos riachos mostravam que os operários eram de famílias indígenas locais. Eles moravam numa cabana de palha sobre estacas. Dentro dela havia alguns brinquedos de criança.
A polícia suspeita que o laboratório pertencia a um brasileiro que agia com um químico colombiano.
"Esta é a nova realidade: os brasileiros têm o dinheiro, os colombianos têm o know-how, e os peruanos são os pobres coitados que fazem o trabalho", disse um agente do serviço de informação do Peru que participou da ação.
Pouco depois, um especialista em demolição peruano, baleado três vezes nos seus 12 anos de serviço, enrolou tambores de gasolina num cordão detonante cor-de-rosa e prometeu mandar o laboratório pelos ares "que nem Hiroshima".
Ambas as equipes estavam em ação de novo na manhã de 19 de agosto, quando um informante disse que um laboratório ligado à quadrilha responsável pelos assassinatos de 2010 estava funcionando no lado peruano do Javari.
Spósito, um comandante da PF brasileira, entrou com as coordenadas do GPS no Google Earth do seu laptop e começou a discutir a logística com Arévalo. Um esquadrão da polícia peruana em camuflagem encheu duas picapes que saíram em disparada na direção do helicóptero.
Nos veículos também estavam dois observadores da polícia brasileira, que carregavam armas automáticas. Desde que seus colegas foram mortos, a polícia federal brasileira jurou nunca ser surpreendida desarmada de novo. Todo mundo esperava um tiroteio, e os homens a bordo pareciam imersos em seus pensamentos.
O volumoso helicóptero ganhou altura e dali a pouco já havia cruzado o rio Javari e entrado no Peru. O informante, um morador da área com o rosto oculto por um capuz, ajudou a guiar os pilotos. Não acostumado a andar de heli-cóptero, ele ficou desorientado com a vista do alto.
De repente, eles avistaram o alvo, e em segundos um oficial peruano estava gritando para que seus homens pulassem do helicóptero e procurassem proteção na plantação de coca que os rotores da aeronave fustigavam.
A polícia informou que eles foram recebidos com uma saraivada de tiros. Um agente brasileiro presumiu que os traficantes, em número inferior, abriram fogo antes de escapar porque matar um policial fortaleceria a reputação da quadrilha.
No fim do dia, os traficantes haviam fugido e o laboratório, sido destruído.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Geopolítica Brasileira
Bom saber que o combate a droga está sendo levado onde realmente importa!
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Re: Geopolítica Brasileira
Agora ele é a favor da cocaína também?"Isso não vai ter muito efeito, porque eles sempre podem fazer mais laboratórios", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem defendido a descriminalização das drogas.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Geopolítica Brasileira
As "chances" da Europa e Mercosul
Sergio Leo
Valor Econômico - 10/12/2012
Realizada quase que somente para ganhar tempo, por sugestão dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, pouco entusiasmados com a ideia de aprofundar as negociações de livre comércio entre Mercosul e Venezuela, a consulta pública oficial feita a empresários brasileiros sobre o interesse em buscar o acordo com os europeus surpreendeu autoridades, com muito mais apoios à negociação do que imaginava o governo. No entanto, o acordo Mercosul-União Europeia foi um dos temas desdenhados na cúpula do bloco sul-americano, realizada na semana passada.
O assunto pairou, apenas, pela cúpula. O presidente uruguaio, Pepe Mujica, que presidirá o Mercosul nos próximos seis meses, declarou, após encontro com a presidente Dilma Rousseff, ver a crise europeia como uma chance para obter o acordo. O aperto fiscal na Europa facilita a remoção de um obstáculo, os escandalosos subsídios agrícolas europeus, disse Mujica, ao prever que o acordo com a UE seria um dos principais temas em Brasília. Não foi. Na extensa declaração dos presidentes do bloco, após três parágrafos sobre China, o item 50, de 61, fala de "apoio" à negociação com os europeus, por um acordo "abrangente e equilibrado".
Continua valendo, porém, a advertência levada ao Congresso _ e ao próprio governo _ pelo ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota: para o Brasil, nessa discussão de comércio com a União Europeia, ficar parado não é manter o status quo; é retroceder. Em 2013, o Brasil, por já ter deixado de ser uma economia pobre há tempos, perderá o direito a tarifas mais baixas de importação na Europa, pelo Sistema Geral de Preferências (SGP) _ que hoje facilita a entrada de 12% das vendas do país ao continente.
Com novos sócios do bloco, acordos ficam mais distantes
Com o fim do SGP, exportações brasileiras de produtos tão distintos quanto químicos, autopeças e calçados ficarão mais caras para o consumidor europeu e correm o risco de perder sua já combalida competitividade. Os europeus minimizam o impacto do corte do SGP e falam em queda de apenas 1% nas vendas do Brasil, o que, além de ser muito abaixo do que acredita o governo brasileiro, subestima o impacto sobre alguns dos principais produtos manufaturados vendidos à Europa.
Além disso, os europeus vêm consolidando seu espaço na América do Sul, nos países mais ativos em matéria de acordos comerciais; hoje, o Parlamento Europeu discute a ratificação do acordo de livre comércio com Colômbia e Peru, que deve ser confirmada amanhã e facilitar a venda de produtos químicos e automotivos europeus - entre outros - nesses dois países, abrindo espaço para produtos alimentícios colombianos e peruanos na União Europeia.
A União Europeia reduziu o status do Mercosul em seus planos estratégicos de ampliação de comércio, parte pelas dificuldades em superar seu próprio protecionismo agrícola, parte pelo cenário desalentador exibido pelo crescente protecionismo dentro do Mercosul. Mas, em 24 de janeiro, estarão no Brasil, para um encontro de cúpula do país com a União Europeia, o presidente do bloco europeu, José Manuel Barroso, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e o comissário de Comércio, Karel De Gucht. Em seguida, irão reunir-se com o Mercosul, para falar do acordo comercial, durante o encontro de cúpula dos países latino-americanos, no Chile.
Dilma Rousseff emite sinais ambíguos sobre o que pensa da oportunidade com os europeus. Declara apoio às negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia, mas demonstra, para pessoas próximas, pouca expectativa de êxito. A verdade é que o próprio Mercosul se afasta das já difíceis perspectivas de um acordo abrangente com a Europa.
Na noite de sexta-feira, após a cúpula em Brasília, Dilma conversou por três horas com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sobre travas comerciais entre os dois maiores sócios do Mercosul. À saída, autoridades exibiram sorrisos e declarações otimistas, mas a conversa foi dura.
Dilma cobrou de Cristina o fim da discriminação contra Brasil, que elevou importações argentinas de bens europeus e americanos enquanto reduziu compras dos mesmos produtos originadas do Brasil, sob o controle discricionário do ministro de Comércio Interno argentino, Guillermo Moreno. Os brasileiros ouviram também queixas de barreiras brasileiras e concordaram em coordenar melhor o acompanhamento do comércio bilateral e avaliar a situação em encontro de técnicos, em janeiro.
As pouco transparentes barreiras argentinas começam, porém, a tornar-se obstáculo menor aos futuros acordos comerciais do Mercosul, frente à maneira atabalhoada como o bloco busca sua expansão. Semana passada, seis meses após a oficialização da entrada da Venezuela no Mercosul, diplomatas brasileiros comemoravam, durante a cúpula, o tímido avanço das conversas com os venezuelanos para incorporar as normas do bloco e abrir portas ao livre comércio com os sócios.
Foi apresentada como sinal de êxito a decisão venezuelana de adotar, já no ano que vem, o mesmo sistema de classificação de produtos do comércio exterior vigente no Mercosul - passo mínimo a se esperar em um acordo de integração.
Ninguém na região sabe dizer o como serão compatibilizados o status de sócio da Venezuela no Mercosul com a volta do Paraguai, em abril, após as eleições que marcarão a normalização democrática no país. Suspenso do bloco após o precipitado impeachment do presidente Fernando Lugo, o Paraguai rejeitou no Senado a sociedade com a Venezuela. É assim, sem saber como abrigar venezuelanos e paraguaios no mesmo salão, que o Mercosul agasalhou às pressas um protocolo de adesão da Bolívia.
Negociações comerciais do bloco já teriam de prever dois trilhos de discussão; um deles, à parte, só para os venezuelanos. Com os bolivianos em processo de entrada, o Mercosul pode ter assentado uma pedra tumular sobre as perspectivas de participar do processo mundial de formação de acordos de liberalização comercial.
Na próxima coluna, volto a falar da Bolívia, novo sócio.
Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras
Sergio Leo
Valor Econômico - 10/12/2012
Realizada quase que somente para ganhar tempo, por sugestão dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, pouco entusiasmados com a ideia de aprofundar as negociações de livre comércio entre Mercosul e Venezuela, a consulta pública oficial feita a empresários brasileiros sobre o interesse em buscar o acordo com os europeus surpreendeu autoridades, com muito mais apoios à negociação do que imaginava o governo. No entanto, o acordo Mercosul-União Europeia foi um dos temas desdenhados na cúpula do bloco sul-americano, realizada na semana passada.
O assunto pairou, apenas, pela cúpula. O presidente uruguaio, Pepe Mujica, que presidirá o Mercosul nos próximos seis meses, declarou, após encontro com a presidente Dilma Rousseff, ver a crise europeia como uma chance para obter o acordo. O aperto fiscal na Europa facilita a remoção de um obstáculo, os escandalosos subsídios agrícolas europeus, disse Mujica, ao prever que o acordo com a UE seria um dos principais temas em Brasília. Não foi. Na extensa declaração dos presidentes do bloco, após três parágrafos sobre China, o item 50, de 61, fala de "apoio" à negociação com os europeus, por um acordo "abrangente e equilibrado".
Continua valendo, porém, a advertência levada ao Congresso _ e ao próprio governo _ pelo ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota: para o Brasil, nessa discussão de comércio com a União Europeia, ficar parado não é manter o status quo; é retroceder. Em 2013, o Brasil, por já ter deixado de ser uma economia pobre há tempos, perderá o direito a tarifas mais baixas de importação na Europa, pelo Sistema Geral de Preferências (SGP) _ que hoje facilita a entrada de 12% das vendas do país ao continente.
Com novos sócios do bloco, acordos ficam mais distantes
Com o fim do SGP, exportações brasileiras de produtos tão distintos quanto químicos, autopeças e calçados ficarão mais caras para o consumidor europeu e correm o risco de perder sua já combalida competitividade. Os europeus minimizam o impacto do corte do SGP e falam em queda de apenas 1% nas vendas do Brasil, o que, além de ser muito abaixo do que acredita o governo brasileiro, subestima o impacto sobre alguns dos principais produtos manufaturados vendidos à Europa.
Além disso, os europeus vêm consolidando seu espaço na América do Sul, nos países mais ativos em matéria de acordos comerciais; hoje, o Parlamento Europeu discute a ratificação do acordo de livre comércio com Colômbia e Peru, que deve ser confirmada amanhã e facilitar a venda de produtos químicos e automotivos europeus - entre outros - nesses dois países, abrindo espaço para produtos alimentícios colombianos e peruanos na União Europeia.
A União Europeia reduziu o status do Mercosul em seus planos estratégicos de ampliação de comércio, parte pelas dificuldades em superar seu próprio protecionismo agrícola, parte pelo cenário desalentador exibido pelo crescente protecionismo dentro do Mercosul. Mas, em 24 de janeiro, estarão no Brasil, para um encontro de cúpula do país com a União Europeia, o presidente do bloco europeu, José Manuel Barroso, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e o comissário de Comércio, Karel De Gucht. Em seguida, irão reunir-se com o Mercosul, para falar do acordo comercial, durante o encontro de cúpula dos países latino-americanos, no Chile.
Dilma Rousseff emite sinais ambíguos sobre o que pensa da oportunidade com os europeus. Declara apoio às negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia, mas demonstra, para pessoas próximas, pouca expectativa de êxito. A verdade é que o próprio Mercosul se afasta das já difíceis perspectivas de um acordo abrangente com a Europa.
Na noite de sexta-feira, após a cúpula em Brasília, Dilma conversou por três horas com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sobre travas comerciais entre os dois maiores sócios do Mercosul. À saída, autoridades exibiram sorrisos e declarações otimistas, mas a conversa foi dura.
Dilma cobrou de Cristina o fim da discriminação contra Brasil, que elevou importações argentinas de bens europeus e americanos enquanto reduziu compras dos mesmos produtos originadas do Brasil, sob o controle discricionário do ministro de Comércio Interno argentino, Guillermo Moreno. Os brasileiros ouviram também queixas de barreiras brasileiras e concordaram em coordenar melhor o acompanhamento do comércio bilateral e avaliar a situação em encontro de técnicos, em janeiro.
As pouco transparentes barreiras argentinas começam, porém, a tornar-se obstáculo menor aos futuros acordos comerciais do Mercosul, frente à maneira atabalhoada como o bloco busca sua expansão. Semana passada, seis meses após a oficialização da entrada da Venezuela no Mercosul, diplomatas brasileiros comemoravam, durante a cúpula, o tímido avanço das conversas com os venezuelanos para incorporar as normas do bloco e abrir portas ao livre comércio com os sócios.
Foi apresentada como sinal de êxito a decisão venezuelana de adotar, já no ano que vem, o mesmo sistema de classificação de produtos do comércio exterior vigente no Mercosul - passo mínimo a se esperar em um acordo de integração.
Ninguém na região sabe dizer o como serão compatibilizados o status de sócio da Venezuela no Mercosul com a volta do Paraguai, em abril, após as eleições que marcarão a normalização democrática no país. Suspenso do bloco após o precipitado impeachment do presidente Fernando Lugo, o Paraguai rejeitou no Senado a sociedade com a Venezuela. É assim, sem saber como abrigar venezuelanos e paraguaios no mesmo salão, que o Mercosul agasalhou às pressas um protocolo de adesão da Bolívia.
Negociações comerciais do bloco já teriam de prever dois trilhos de discussão; um deles, à parte, só para os venezuelanos. Com os bolivianos em processo de entrada, o Mercosul pode ter assentado uma pedra tumular sobre as perspectivas de participar do processo mundial de formação de acordos de liberalização comercial.
Na próxima coluna, volto a falar da Bolívia, novo sócio.
Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
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- Boss
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Re: Geopolítica Brasileira
O Mercosul deveria ir ou rachar. Ou aprofunda a integração, ou se rompe de vez.
Ficar nesse lenga-lenga não dá. O Brasil deveria forçar mudanças na Bolívia, Venezuela e Argentina, para atender nossos interesses, ou quebrar o Mercosul de vez e seguir a vida (dado nosso tamanho, não sei se precisamos viver capados por nanicos) e costurar acordos por aí, com gente mais séria.
Mas já perdi a fé na política externa. Qualquer criança de 5 anos faria melhor que o governo atual.
Ficar nesse lenga-lenga não dá. O Brasil deveria forçar mudanças na Bolívia, Venezuela e Argentina, para atender nossos interesses, ou quebrar o Mercosul de vez e seguir a vida (dado nosso tamanho, não sei se precisamos viver capados por nanicos) e costurar acordos por aí, com gente mais séria.
Mas já perdi a fé na política externa. Qualquer criança de 5 anos faria melhor que o governo atual.
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Re: Geopolítica Brasileira
O problema seria a falta de credibilidade que esta queba geraria, mas o mercosul realmente esta desfigurado principalmente por causa da Argentina, ela é muito mais perigosa que os bolivarianos do continente...
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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- Makenshi
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Re: Geopolítica Brasileira
A verdade foi dita aqui.J.Ricardo escreveu:O problema seria a falta de credibilidade que esta queba geraria, mas o mercosul realmente esta desfigurado principalmente por causa da Argentina, ela é muito mais perigosa que os bolivarianos do continente...

- marcelo l.
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Re: Geopolítica Brasileira
Bolívia, das drogas a chances de negócio
Sergio Leo
Valor Econômico - 17/12/2012
A visita discreta de um ministro boliviano a Brasília, nesta semana, reflete uma ação de pouca visibilidade e grande potencial realizada pelo Brasil no continente, a partir dos relacionamentos firmados no Mercosul e na União das Nações da América do Sul (Unasul). Longe dos discursos de palanque e da atenção pública, o governo brasileiro e seus vizinhos têm cooperado com sucesso para combater a criminalidade transnacional. Os reflexos dessas iniciativas abrem caminho para uma melhor institucionalidade nos países da região, beneficiando outro movimento, também discreto, de investimentos brasileiros.
O (mau) exemplo dos Estados Unidos e sua sangrenta fronteira com o México mostra a importância de apoiar os vizinhos em alternativas políticas e econômicas contra o lucrativo comércio das drogas e o contrabando. A Polícia Federal brasileira tem participado de operações com policiais de Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai contra traficantes e outros criminosos, em ações que envolvem também apoio institucional e logístico aos países vizinhos.
É um trabalho ainda muito recente. Mais incipiente ainda é a atuação brasileira em apoio à modernização das economias dos vizinhos pobres.
Cooperação contra o crime favorece mais investimentos
O Brasil, no terreno da cooperação contra criminosos, tem de traçar seu próprio mapa, já que não tem modelos bem sucedidos nos quais se basear. A vinda, nesta semana, do ministro de Governo boliviano, Carlos Romero, encarregado da luta antidrogas no país, para encontro com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, é vista pela diplomacia brasileira como uma oportunidade de explorar ideias originais de ação conjunta contra a criminalidade transnacional.
A entrada da Bolívia no Mercosul, decidida um tanto atropeladamente na última reunião do bloco, pode ser o cimento político para fortalecer a aliança com Romero, um ministro de Evo Morales que tem mostrado pragmatismo e empenho em atuar sem preconceitos com o Brasil. Na semana passada, em visita ao Peru, Romero anunciou o projeto de usar dinheiro da venda de bens apreendidos de traficantes para pagar a informantes por dados contra o narcotráfico. A Bolívia abriu novos centros de combate ao tráfico e sonha com radares de vigilância na fronteira.
Na experiência com a Bolívia e outros países vizinhos, o Brasil poderá construir um paradigma novo no combate a grupos criminosos na região. Não será com a legalização das drogas em países como o Brasil, como defendem algumas propostas românticas, que esses grupos deixarão de existir.
A necessidade de uma estratégia nova para a região não começa nem se esgota na cooperação de políticas públicas, porém. Já existe um movimento tímido de expansão de interesses econômicos de empresas brasileiras em mercados vizinhos, e o Brasil, na ausência de um planejamento capaz de se antecipar aos problemas, poderá ser obrigado a cuidar, às pressas, de crises nascidas da falta de prevenção. É um desafio a ser tratado pelo Mercosul, que, infelizmente, hoje, tem seu potencial para a derrubada de barreiras comerciais travado pela conjuntura protecionista em seus dois maiores sócios, Brasil e Argentina.
Atribulado com um escândalo de tráfico de poder e intimidação de juízes e promotores na Bolívia, Morales apressou-se a entrar no Mercosul por razões políticas e nem sequer consultou os empresários locais. Estes temem aumentos de custo, com a aplicação da Tarifa Externa Comum do Mercosul, receiam ver afetado o relacionamento com Colômbia e Peru, hoje seus maiores mercados, e falam em possíveis prejuízos com a maior abertura aos produtos brasileiros e argentinos, mais competitivos. Esses temores podem se tornar um novo ponto de sério conflito entre as regiões mais ricas do país, inclinadas à oposição, e a região do Altiplano, que dá maior sustentação a Morales.
Do ponto de vista econômico, são poucas as vantagens imediatas para a Bolívia no Mercosul: a possibilidade de acionar os mecanismos de solução de controvérsias do bloco, contra barreiras injustificadas a seus produtos entre os sócios; e o acesso aos recursos do Focem, o "fundo de convergência" sustentado principalmente por Brasil e Argentina (e, futuramente, a Venezuela), com recursos superiores a US$ 1,3 bilhão, destinados a projetos estruturais, especialmente, nos sócios mais pobres.
No Paraguai, que mais se beneficia do Focem, hoje tem se tornado mais visível uma consequência da ligação ao Mercosul: a expansão de negócios brasileiros, até em busca de alternativa - no caso das indústrias de carne - a dificuldades de operação na Argentina. Estudo do pesquisador Gustavo Rojas de Cerqueira César mostra que os investimentos de empresas brasileiras no Paraguai cresceram entre 50% (dados do BC paraguaio) e 200% (dados do BC brasileiro) entre 2007 e 2011 - a diferença é explicada por dificuldades em computar os investimentos que transitam por paraísos fiscais.
Há 19 maquiladoras, empresas com vantagens tributárias no Paraguai, associadas a empresários do Brasil; estimuladas por Brasília, outras 24 empresas brasileiras, em grande parte pequenas e médias em processo de internacionalização, operam em território paraguaio, com vantagens tributárias e de custo de mão de obra. O fim das tarifas reduzidas do Sistema Geral de Preferências (SGP) europeu para países de renda média e alta, como o Brasil, a partir de janeiro de 2014, não se aplica a mercadorias vendidas pelo Paraguai, onde brasileiros já fabricam produtos químicos, plásticos e calçados, que estão entre os mais afetados pela perda dos benefícios do SGP.
Na Ásia, a migração progressiva de firmas de Japão e China, com maior uso de mão de obra à vizinhança regional foi um dos fatores de êxito do Sudeste Asiático. Há diferenças sensíveis entre as duas regiões, mas, à medida que se consiga melhorar o ambiente institucional nos países vizinhos, convém reforçar a experiência incipiente do governo brasileiro de promoção de investimentos no mercado regional do Sul.
Sergio Leo
Valor Econômico - 17/12/2012
A visita discreta de um ministro boliviano a Brasília, nesta semana, reflete uma ação de pouca visibilidade e grande potencial realizada pelo Brasil no continente, a partir dos relacionamentos firmados no Mercosul e na União das Nações da América do Sul (Unasul). Longe dos discursos de palanque e da atenção pública, o governo brasileiro e seus vizinhos têm cooperado com sucesso para combater a criminalidade transnacional. Os reflexos dessas iniciativas abrem caminho para uma melhor institucionalidade nos países da região, beneficiando outro movimento, também discreto, de investimentos brasileiros.
O (mau) exemplo dos Estados Unidos e sua sangrenta fronteira com o México mostra a importância de apoiar os vizinhos em alternativas políticas e econômicas contra o lucrativo comércio das drogas e o contrabando. A Polícia Federal brasileira tem participado de operações com policiais de Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai contra traficantes e outros criminosos, em ações que envolvem também apoio institucional e logístico aos países vizinhos.
É um trabalho ainda muito recente. Mais incipiente ainda é a atuação brasileira em apoio à modernização das economias dos vizinhos pobres.
Cooperação contra o crime favorece mais investimentos
O Brasil, no terreno da cooperação contra criminosos, tem de traçar seu próprio mapa, já que não tem modelos bem sucedidos nos quais se basear. A vinda, nesta semana, do ministro de Governo boliviano, Carlos Romero, encarregado da luta antidrogas no país, para encontro com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, é vista pela diplomacia brasileira como uma oportunidade de explorar ideias originais de ação conjunta contra a criminalidade transnacional.
A entrada da Bolívia no Mercosul, decidida um tanto atropeladamente na última reunião do bloco, pode ser o cimento político para fortalecer a aliança com Romero, um ministro de Evo Morales que tem mostrado pragmatismo e empenho em atuar sem preconceitos com o Brasil. Na semana passada, em visita ao Peru, Romero anunciou o projeto de usar dinheiro da venda de bens apreendidos de traficantes para pagar a informantes por dados contra o narcotráfico. A Bolívia abriu novos centros de combate ao tráfico e sonha com radares de vigilância na fronteira.
Na experiência com a Bolívia e outros países vizinhos, o Brasil poderá construir um paradigma novo no combate a grupos criminosos na região. Não será com a legalização das drogas em países como o Brasil, como defendem algumas propostas românticas, que esses grupos deixarão de existir.
A necessidade de uma estratégia nova para a região não começa nem se esgota na cooperação de políticas públicas, porém. Já existe um movimento tímido de expansão de interesses econômicos de empresas brasileiras em mercados vizinhos, e o Brasil, na ausência de um planejamento capaz de se antecipar aos problemas, poderá ser obrigado a cuidar, às pressas, de crises nascidas da falta de prevenção. É um desafio a ser tratado pelo Mercosul, que, infelizmente, hoje, tem seu potencial para a derrubada de barreiras comerciais travado pela conjuntura protecionista em seus dois maiores sócios, Brasil e Argentina.
Atribulado com um escândalo de tráfico de poder e intimidação de juízes e promotores na Bolívia, Morales apressou-se a entrar no Mercosul por razões políticas e nem sequer consultou os empresários locais. Estes temem aumentos de custo, com a aplicação da Tarifa Externa Comum do Mercosul, receiam ver afetado o relacionamento com Colômbia e Peru, hoje seus maiores mercados, e falam em possíveis prejuízos com a maior abertura aos produtos brasileiros e argentinos, mais competitivos. Esses temores podem se tornar um novo ponto de sério conflito entre as regiões mais ricas do país, inclinadas à oposição, e a região do Altiplano, que dá maior sustentação a Morales.
Do ponto de vista econômico, são poucas as vantagens imediatas para a Bolívia no Mercosul: a possibilidade de acionar os mecanismos de solução de controvérsias do bloco, contra barreiras injustificadas a seus produtos entre os sócios; e o acesso aos recursos do Focem, o "fundo de convergência" sustentado principalmente por Brasil e Argentina (e, futuramente, a Venezuela), com recursos superiores a US$ 1,3 bilhão, destinados a projetos estruturais, especialmente, nos sócios mais pobres.
No Paraguai, que mais se beneficia do Focem, hoje tem se tornado mais visível uma consequência da ligação ao Mercosul: a expansão de negócios brasileiros, até em busca de alternativa - no caso das indústrias de carne - a dificuldades de operação na Argentina. Estudo do pesquisador Gustavo Rojas de Cerqueira César mostra que os investimentos de empresas brasileiras no Paraguai cresceram entre 50% (dados do BC paraguaio) e 200% (dados do BC brasileiro) entre 2007 e 2011 - a diferença é explicada por dificuldades em computar os investimentos que transitam por paraísos fiscais.
Há 19 maquiladoras, empresas com vantagens tributárias no Paraguai, associadas a empresários do Brasil; estimuladas por Brasília, outras 24 empresas brasileiras, em grande parte pequenas e médias em processo de internacionalização, operam em território paraguaio, com vantagens tributárias e de custo de mão de obra. O fim das tarifas reduzidas do Sistema Geral de Preferências (SGP) europeu para países de renda média e alta, como o Brasil, a partir de janeiro de 2014, não se aplica a mercadorias vendidas pelo Paraguai, onde brasileiros já fabricam produtos químicos, plásticos e calçados, que estão entre os mais afetados pela perda dos benefícios do SGP.
Na Ásia, a migração progressiva de firmas de Japão e China, com maior uso de mão de obra à vizinhança regional foi um dos fatores de êxito do Sudeste Asiático. Há diferenças sensíveis entre as duas regiões, mas, à medida que se consiga melhorar o ambiente institucional nos países vizinhos, convém reforçar a experiência incipiente do governo brasileiro de promoção de investimentos no mercado regional do Sul.
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Re: Geopolítica Brasileira
Sobre medidas importantes para o combate mundial ao crime organizado, esta aberto para assinatura o Tratado da ONU para combater o comércio ilegal de tabaco...o Brasil não assinou, a China sim. É interessante que segue uma tradição nacional todo tratado que versa combate ao crime organizado ou não fazemos partes ou se sim não é implementado por diversas razões entre elas ser considerado inconstitucional.
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Re: Geopolítica Brasileira
Somos o segundo maior produtor de tabaco, o combate ao comércio ilegal deveria ser uma exigência brasileira. Bom, teríamos que ver as razões do Itamaraty para entender essa negativa.marcelo l. escreveu:Sobre medidas importantes para o combate mundial ao crime organizado, esta aberto para assinatura o Tratado da ONU para combater o comércio ilegal de tabaco...o Brasil não assinou, a China sim. É interessante que segue uma tradição nacional todo tratado que versa combate ao crime organizado ou não fazemos partes ou se sim não é implementado por diversas razões entre elas ser considerado inconstitucional.
Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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Re: Geopolítica Brasileira
Declaração de Dilma sobre ação militar no Mali irrita governo francês
Fontes do governo francês informaram ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a observação de Dilma foi muito mal recebida em Paris. “Um comentário como esse revela, acima de tudo, desconhecimento”, disse uma pessoa com trânsito na diplomacia francesa.
De acordo com a fonte, a operação militar está amparada nos requisitos necessários, como pedido oficial de ajuda pelo governo do Mali e aval da Organização das Nações Unidas (ONU). “A intervenção também conta com apoio dos países vizinhos ao Mali, que temem a proliferação do terrorismo na região”, reforça a mesma fonte.
Colônia da França até 1960, o Mali passa por uma onda de violência após o envolvimento de grupos terroristas de origem muçulmana e ocidental em disputas políticas locais. As forças francesas entraram em ação no dia 11 de janeiro, no momento em que rebeldes ameaçavam derrubar o governo local.
No último dia 24, Dilma se reuniu em Brasília com os presidentes da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. Na ocasião, a presidente cobrou solução para os conflitos no Mali, na Síria, em Israel e na Guiné-Bissau.
Dilma defendeu a submissão das ações militares às decisões do Conselho de Segurança da ONU e mencionou eventuais tentações coloniais. “O combate ao terrorismo também não pode ele mesmo violar os direitos humanos nem reavivar nenhuma das tentações, inclusive as antigas tentações coloniais", disse a presidente.
Na avaliação dos franceses, a declaração revela também o “desinteresse” do governo Dilma pela política externa. Os europeus reclamam de dificuldades em conseguir agendar reuniões e coletar informações junto aos ministérios e demais órgãos do governo. Os empecilhos, segundo os franceses, teriam aumentado após Dilma assumir a Presidência da República.
Em um primeiro momento, os diplomatas franceses avaliaram a declaração como um arroubo presidencial e esperaram, em vão, por um esclarecimento do Ministério das Relações Exteriores. “Um país que tem a sexta economia do mundo e quer um assento no Conselho de Segurança da ONU não pode falar em colonialismo em pleno século 21”, arrematou a fonte no governo francês.
http://www.valor.com.br/brasil/3004464/ ... z2KptLBI9L
Fontes do governo francês informaram ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a observação de Dilma foi muito mal recebida em Paris. “Um comentário como esse revela, acima de tudo, desconhecimento”, disse uma pessoa com trânsito na diplomacia francesa.
De acordo com a fonte, a operação militar está amparada nos requisitos necessários, como pedido oficial de ajuda pelo governo do Mali e aval da Organização das Nações Unidas (ONU). “A intervenção também conta com apoio dos países vizinhos ao Mali, que temem a proliferação do terrorismo na região”, reforça a mesma fonte.
Colônia da França até 1960, o Mali passa por uma onda de violência após o envolvimento de grupos terroristas de origem muçulmana e ocidental em disputas políticas locais. As forças francesas entraram em ação no dia 11 de janeiro, no momento em que rebeldes ameaçavam derrubar o governo local.
No último dia 24, Dilma se reuniu em Brasília com os presidentes da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. Na ocasião, a presidente cobrou solução para os conflitos no Mali, na Síria, em Israel e na Guiné-Bissau.
Dilma defendeu a submissão das ações militares às decisões do Conselho de Segurança da ONU e mencionou eventuais tentações coloniais. “O combate ao terrorismo também não pode ele mesmo violar os direitos humanos nem reavivar nenhuma das tentações, inclusive as antigas tentações coloniais", disse a presidente.
Na avaliação dos franceses, a declaração revela também o “desinteresse” do governo Dilma pela política externa. Os europeus reclamam de dificuldades em conseguir agendar reuniões e coletar informações junto aos ministérios e demais órgãos do governo. Os empecilhos, segundo os franceses, teriam aumentado após Dilma assumir a Presidência da República.
Em um primeiro momento, os diplomatas franceses avaliaram a declaração como um arroubo presidencial e esperaram, em vão, por um esclarecimento do Ministério das Relações Exteriores. “Um país que tem a sexta economia do mundo e quer um assento no Conselho de Segurança da ONU não pode falar em colonialismo em pleno século 21”, arrematou a fonte no governo francês.
http://www.valor.com.br/brasil/3004464/ ... z2KptLBI9L
Brava Gente, Brasileira!!!
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Re: Geopolítica Brasileira
É a habilidade de lidar com as relações externas adquirida pelo país nas últimas décadas se sobressaindo.
No governo Dilma parece ter esquecido até que o Brasil possui vizinhos que podem ser mais do que simpáticos e viabilizar assinaturas de termos que permitem viajar. Apesar das canelas, Lula se preocupava e trabalhava a cooperação regional. E que cada frase dita sobre qualquer coisa tem efeitos. Tudo precisa ser planejado estudado em relação as reações e se é benéficos para os interesses nacionais. Coisa básicas que todo mundo faz.
E pensar que até na Segunda Guerra Mundial o Brasil sabia jogar muito bem com a instabilidade e conflitos mundiais. Mesmo com o país sendo apenas uma grande fazenda de café.

No governo Dilma parece ter esquecido até que o Brasil possui vizinhos que podem ser mais do que simpáticos e viabilizar assinaturas de termos que permitem viajar. Apesar das canelas, Lula se preocupava e trabalhava a cooperação regional. E que cada frase dita sobre qualquer coisa tem efeitos. Tudo precisa ser planejado estudado em relação as reações e se é benéficos para os interesses nacionais. Coisa básicas que todo mundo faz.
E pensar que até na Segunda Guerra Mundial o Brasil sabia jogar muito bem com a instabilidade e conflitos mundiais. Mesmo com o país sendo apenas uma grande fazenda de café.
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Re: Geopolítica Brasileira
Y poner fin a las actividades comerciales de nuestros hermanos vecinos? Ni pensar...lelobh escreveu:Somos o segundo maior produtor de tabaco, o combate ao comércio ilegal deveria ser uma exigência brasileira. Bom, teríamos que ver as razões do Itamaraty para entender essa negativa.marcelo l. escreveu:Sobre medidas importantes para o combate mundial ao crime organizado, esta aberto para assinatura o Tratado da ONU para combater o comércio ilegal de tabaco...o Brasil não assinou, a China sim. É interessante que segue uma tradição nacional todo tratado que versa combate ao crime organizado ou não fazemos partes ou se sim não é implementado por diversas razões entre elas ser considerado inconstitucional.

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Re: Geopolítica Brasileira
É aquela coisa. Vez em quando, a turma se esquece dos salamaleques diplomáticos e da posição de governo em que está, e...
Volta e meia vemos esse tipo de discurso que aqui no Brasil, que até pega bem para a mídia vender jornal e produzir os seus editoriais, bem como para as massas acéfalas dependentes da esmola governamental, para se sentirem importantes e amparadas, mas principalmente para o ego de uma auto-intitulada intelectualidade de esquerda brasileira, que até hoje vive a base de saudade dos discursos conflitivos leste x oeste, agora trocado pragmaticamente pelo norte x sul.
Enfim, esse povo não sabe viver sem um conflito para amalgamar as suas razões e destemperamentos com a vida e o mundo. Sem conseguir culpar alguém pelas suas mazelas do mundo, seja a burguesia, os novos ricos ou os banqueiros sanguinolentos, ou quem melhor vestir a carapuça na hora, fica difícil arrumar motivos defender os pobres, e fazê-los crer que eles são a última e indispensável bolacha do pacote.
abs.
Volta e meia vemos esse tipo de discurso que aqui no Brasil, que até pega bem para a mídia vender jornal e produzir os seus editoriais, bem como para as massas acéfalas dependentes da esmola governamental, para se sentirem importantes e amparadas, mas principalmente para o ego de uma auto-intitulada intelectualidade de esquerda brasileira, que até hoje vive a base de saudade dos discursos conflitivos leste x oeste, agora trocado pragmaticamente pelo norte x sul.
Enfim, esse povo não sabe viver sem um conflito para amalgamar as suas razões e destemperamentos com a vida e o mundo. Sem conseguir culpar alguém pelas suas mazelas do mundo, seja a burguesia, os novos ricos ou os banqueiros sanguinolentos, ou quem melhor vestir a carapuça na hora, fica difícil arrumar motivos defender os pobres, e fazê-los crer que eles são a última e indispensável bolacha do pacote.
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Re: Geopolítica Brasileira
Blogs e Colunistas
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Reinaldo Azevedo
Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil
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19/02/2013 às 6:33
As omissões da imprensa nos atos fascistoides contra Yoani, cujo planejamento contou com a presença de um assessor de Carvalho. Ou: Honre a faixa do peito, presidente, e chame a Polícia Federal! Ou ainda: Uma obrigação moral de deputados e senadores de oposição
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... ral-ou-ai/
ps: vale a pena ler mesmo. e ainda há quem acredite nas "boas intenções" deste grupelho que está no poder.
abs
Blog
Reinaldo Azevedo
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19/02/2013 às 6:33
As omissões da imprensa nos atos fascistoides contra Yoani, cujo planejamento contou com a presença de um assessor de Carvalho. Ou: Honre a faixa do peito, presidente, e chame a Polícia Federal! Ou ainda: Uma obrigação moral de deputados e senadores de oposição
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... ral-ou-ai/
ps: vale a pena ler mesmo. e ainda há quem acredite nas "boas intenções" deste grupelho que está no poder.
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