A verdade que liberta - na visão de Ginger Fish!

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A verdade que liberta - na visão de Ginger Fish!

#1 Mensagem por gingerfish » Seg Nov 26, 2012 10:17 pm

O que é conhecer a verdade, e a verdade libertará?

Outro dia eu conversei uma coisa que eu acho que exemplifica não exatamente isso, mas a forma... Semelhantemente, justifica. Vamos supor que você tenha um opositor... Algumas pessoas muito inteligentes no mundo pensam assim: “Quem é o cara de quem eu sou adversário? Quem é esse cara? Já que eu vou ter um embate com esse cara, quem é ele?” Conhecendo-o, vou conhecer como vou me relacionar com ele; como vou atacar, ou vencer. Alguma coisa nesse sentido.

No time adversário, você vai ao jogo dele, vê o goleiro dele. Há os olheiros nos estádios. Há vídeos de treinos, e essas coisas. Mas você vai ver como o seu adversário se posiciona em campo. Isso é assim na vida, também.

Então, vamos supor que você esteja concorrendo a um emprego, e um outro cara concorre também. Fazem entrevistas com os dois... Você sente que o cara tem cancha. Aí, você pensa: “Quem é esse cara?” “Pô, esse cara é pica grossa... Estou com pouca bala na agulha”. Então, quando você conhece o oponente, ou alguma coisa dele, você está meio liberto de alguma coisa.

Outro dia eu estava conversando sobre o Lula com um cara que, ao que tudo indica, detesta-o. Aí, a gente entrando em assunto de educação... Aí, entramos em assunto de ranking das escolas. Suponhamos o cara que estuda na “Academia de Comércio” e passou em primeiro lugar num concurso tal. O outro fulano, estuda na Academia de Comércio, também, e passou em segundo lugar no concurso tal... E eles ficam fazendo marketings dizendo que os alunos regressos dali são bons e que eles têm fama de serem aprovados aqui e ali. Tudo bem, isso é um marketing. Um marketing no qual as pessoas acreditam.

Mas quem pensa em educação sabe que isso não significa nada.

Uma pessoa sai de uma escola dessas e não tem capacidade de fazer leituras... Ela sabe passar num vestibular, sabe passar num concurso, e os outros falam que ele é pragmático, objetivo. Sim, mas ele é pragmático e objetivo em detrimento de uma coisa que não pertence e que deveria pertencer a ele, e ele não recebeu isso na forma de educação.

Por exemplo: você assiste a uma entrevista no jornal, lê um “O Globo”, uma “Folha de São Paulo” e você é enganado e não tem capacidade de perceber que está sendo enganado, você vê que você não foi educado. No entanto, você é eficiente... Você tem diploma de curso superior, você se acha a cereja do bolo, e, aí, você vira e fala que o Lula é um ignorante...

Cara, discorde do Lula, vá contra as políticas dele, mas não fale que ele é um ignorante, porque isso é ignorância. Leia sobre o cara. Se você quiser fazer um julgamento da coisa, leia. Se você quiser chamá-lo de ignorante, leia.

Cara, aquele cara não é burro... O cara não é ignorante... Aquele cara sabe quantas terras cultiváveis há no Brasil... ele sabe o que é a nossa moeda, bem como quanto ela vale numa bolsa de moedas... ele sabe como fazer para comprar petróleo... ele sabe qual é a situação do Brasil em relação ao mundo... ele sabe onde nós estamos com relação à educação. Ele foi presidente! Ele anda lá fora e conversa com uma porção de políticos. Como um homem desses tem condição de ser ignorante?

Ele abriu mão de um cargo da eleição dele de deputado, em que ele poderia ser o Lula deputado, depois o Lula senador, depois vira presidente... Ele abriu mão disso e ficou andando pelo Brasil. Quem o sustentava eram meia dúzia de empresários e o partido. Eles o bancavam para que ele pudesse fazer esses tipos de corridas. A universidade dele foi a vida. Ele passou 20 anos fazendo isso. Tudo se preparando para ser presidente.
Concorria de quatro em quatro anos, e tomava na bunda de quatro em quatro anos... Mas, quando ele entrou, ele entrou com a pica toda, cara... E visitou o exterior... E os caras dizendo que ‘o Lula só viaja... o Lula é um sem vergonha... o Lula é um vagabundo... o Lula é um fanfarrão... o Lula é um ignorante...’ Hahaha! Você é que é o ignorante...

Então, você quer fazer oposição a esse cara? Você quer mandar esse cara ao esgoto do inferno? Você não suporta ele? Conheça-o, primeiramente... E tome cuidado, porque, ao conhecê-lo, você corre o risco de admirá-lo. É capaz de você odiá-lo admirando-o. E vou te falar mais... muitos adversários já lutaram uns contra os outros se admirando. Um exemplo histórico disso é o Nikita Kruchov...

O Nikita Kruchov veio depois do Stálin. Inclusive, ele era contra o Stálin... Sabia que o Stálin era um grande safado, um opositor ao Estado.

O Nikita Kruchov conhecia o Kennedy... na época daquela briga dos mísseis de Cuba, eles eram contemporâneos, e ninguém sabe dessa história. Todo mundo fala que a União Soviética tinha um satélite em Cuba, e colocou mísseis voltados para Washington, Nova Iorque, e que isso era um absurdo. Isso é o que foi noticiado aqui... Só que há que, na época que colocaram os mísseis, foi uma retaliação à colocação de mísseis por parte da OTAN na Turquia – todos voltados para Leningrado, Moscou, outras cidades importantes e estratégicas.

Aí, o Nikita virou para o amigo, e, é claro que essa decisão não foi tomada pelo nosso amigo Kennedy, porque ali havia e ainda há um substrato que comanda, e o presidente concorda ou discorda, mas ele não tem muito como discordar, porque aquilo ali é uma direita que comanda e diz o que quer em termos de estratégia militar, e o Kennedy teve que calar a boca e aceitar. O Obama faz isso também.

É por aí, cara. Isso aí tem que ser uma política muito bem montada. O povo tem que estar muito preparado para fazer uma oposição, para o Obama falar assim: “Porra, eu tenho que ceder!” Aí, o cara fala: “Está bom... Vamos ceder, também.” Está entendendo? Tem que ser assim. Não pode simplesmente ser assim: “Ah! Eu sou um pacifista, eu sou o cara que tem a cereja do bolo... E eu vou fazer isso!!!” “Ah! Vai?” Aí, cortam a piroca dele, e a enfiam no próprio cu dele. Se o cara se achar mais realista do que o rei, ele cai...

Então, o Nikita começou a avaliar ‘quem era o Kennedy’. Ele sabia que o Kennedy não poderia fazer muita coisa... Então, ele fez um acordo com o Kennedy, na questão dos mísseis de Cuba, tipo assim: “Olha, negócio é o seguinte... eu vou ceder, e você vai ceder. Nós vamos chegar a um acordo, e nós não vamos deflagrar uma guerra nuclear. Certo?” “Ok.” E diz Nikita: “Eu vou livrar sua cara... eu vou ceder, porque você é um cara legal...”

Por que ele fez isso? Porque ele tinha um serviço de inteligência e sabia que o Kennedy estava na berlinda. Nenhum jornal do mundo estava noticiando que aquela era uma retaliação. E aquela retaliação serviu para deixar a direita americana assustada, porque sempre houve um acordo de divisão de poderes entre a União Soviética e os Estados Unidos. Como que de uma hora para outra um camarada vai por mísseis sem do nada eles colocarem mísseis contra as nossas cidades? E os acordos de depois da SGM? Se eles colocassem mísseis em um lugar, os outros poderiam colocar mísseis em outros. Aí, colocaram mísseis lá, e todo mundo tremeu... E o Kennedy não tinha nada com isso. Ele era presidente, mas ele não poderia dizer: “Vamos tirar. Ou vamos por. Ou vamos manter.”

Aí, o Nikita pensou que aquele cara era um cara legal, e ele não endureceu para ele, não. Ele fez um acordo generoso com o Kennedy, dizendo que foi o Kennedy que fez um acordo com ele. E o Kennedy passou a ser o porta-voz de um diálogo com a URSS, mas a direita americana já tinha recebido o recado... tipo assim: “Se vocês forçarem a barra, é guerra total!”

Aí, os mísseis da Turquia ficaram lá. Tornaram-se obsoletos. Caiu a URSS, esqueceu-se disso 20 anos depois, mas naquela época foi crucial. Um movimento errado ali da estratégia, de um lado ou de outro, teria sido deflagrada uma terceira guerra mundial. E todo mundo atribui o sucesso dessa ação à inteligência, à competência, à jovialidade, à tenacidade do Kennedy... e, no entanto, isso foi uma tenacidade do Nikita, porque ele conhecia o Kennedy e sabia do que ele precisava naquele momento. Ao estudá-lo, passou a admirá-lo.

E isso tem a ver com a verdade que liberta que, quando você conhece as coisas, você se liberta para tomar decisões.

Por exemplo: você acredita numa religião qualquer aí. E um chefe desse seguimento religioso vira e diz que você não pode chupar goma de mascar, porque é pecado. Aí, você vai e ‘ousa’ tentar descobrir a verdade. Porque, aquele cara que está falando com você, ali, ele não está falando pela boca de Deus... ele está falando pela boca dele! Essa é uma interpretação dele. Algumas pessoas ouvem uma ‘verdade religiosa’, e dizem, que, por exemplo, é proibido usar calça comprida. “Uai, mas a sua religião proíbe?! Como é isso?!” “É porque a minha religião representa Deus... e, se Deus disse para eu não usar isso, eu não uso, e, se você usa, você vai pagar, porque você é pagão! Você vai para o inferno, e eu não, porque eu estou salvo.”

E ele acredita naquilo... Se você conseguir, sem desfundamentar a fé dele, porque você não pode tirar fundamento da fé dele, mas, se você conseguir mexer naquela verdade sem tirar a fé do cara, você consegue que ele seja racional. Somente a verdade liberta o cara.
Na hora que ele se encontrar convencido de que aquilo ali não foi dito por Deus, e sim pelo pastor imbecil da igreja dele, ele continua acreditando em Deus, e ele foi liberto.

Eles acreditam, por exemplo, que alguns traumas que a gente tem na vida deflagram certos sentimentos em nós que nos impede de fazer uma série de coisas. Então, por exemplo, você viu o seu pai dando um tapa na cara da sua mãe. Aí, você pensa assim: “Poxa, meu pai é um cretino!” Aí, você carrega a vida toda aquele peso de o seu pai ser um cretino, e você gostar dele ao mesmo tempo. Isso é muito conflituoso. Você gostar de uma pessoa que você julga ser cretina é muito complicado. Mas, quando você chega à idade adulta, um dia você está conversando com seu psicólogo, ou um amigo, ou um tio, ou seja quem for, mas esse alguém te diz que, na realidade, o seu pai reagiu diante de uma coisa que a sua mãe fez e que era inominável. Aí, a reação do pai foi dar um tapa na cara dela... Ele poderia ter matado, processado, ter jogado na sarjeta, mas a reação dele foi dar um tapa na cara dela. Você só viu a reação. Você não viu os atenuantes. Esse atenuante mostra que seu pai não é aquela pessoa endiabrada, e que, de repente, a sua mãe é que não era santa. E você fica livre do complexo que você tinha e passa a ser uma pessoa melhor, porque você se livrou disso.

O entendimento de algumas neuroses e da causa de algumas de nossas neuroses nos liberta. Então, o ‘conhecer a verdade nos libertará’ é conhecer qual é a verdadeira mensagem do Cristo.

Há um livro que se chama “Jesus, o último dos Faraós”, e eu gosto um pouco dele, embora nele haja alguns negócios meio forçados, mas ele fez um estudo muito interessante, e ele diz que a Igreja Católica não é cristã... A Igreja Católica é de Paulo de Tarso! Aquele cristianismo ali é o cristianismo de Paulo de Tarso. Então, eles dizem que, hoje em dia, se Cristo existisse, como Jesus, Ele provavelmente não seria cristão. Mas é claro que o camarada escritor do livro confunde a palavra ‘cristão’ com ‘as religiões cristãs’ – católicas, protestantes e de outras denominações. Os próprios muçulmanos não são cristãos, mas acreditam em coisas similares. Aí, sustenta o autor do livro que o Cristo não seria cristão, não seria muçulmano, nem judeu...

Constantino é uma figura que veio depois e se converteu ao cristianismo. A igreja é de Paulo, mas muitos dos preceitos de dentro da igreja católica veio dos preconceitos, porque a sociedade romana havia chegado a um auge em que virou bagunça. Quando Constantino assumiu, a sociedade estava se reprimindo, por causa dos excessos que havia cometido, como a liberdade sexual, as mortes à toa, e as mulheres não tinham valor, e nem os homens. Ninguém dava valor a nada. Aí, veio uma igreja cheia de preconceitos, cheia de temores, de medos, de infernos, e, ao mesmo tempo, ela passou a ser católica, e isso aí de catolicismo significa totalidade, e ela passou a ser católica justamente porque o império queria ser total. Ele se pretendia total... Então, a igreja seria uma coisa de todos e para todos. Mas isso é coisa de Constantino... A igreja de Paulo é só até certo ponto.

Mas eu, por exemplo, que já fui católico, quando eu me defronto com um outro tipo de ideologia que fala de Cristo, mas de uma outra forma, com outra visão, você se sente liberto. Então, aquilo que é traçado como pecado dentro das igrejas, para você, não é mais pecado. Aí, você se libertou. Então, o conhecimento da verdade liberta você.

E por que são tantos os seguimentos religiosos, e um quase declara guerra com o outro, e eles seguem o mesmo livro que é a Bíblia, e a Bíblia diz que é para você conhecer a verdade, porque ela liberta... Mas a verdade de cada um é diferente.

Para o evangélico, o Espiritismo é uma coisa errada. É pecado. É erro, é ignorância, porque você está mexendo com os mortos, e Deus não gosta disso. Aí, isso é coisa do diabo...

Aí, um evangélico vira pra mim e fala: “Ah, você tem que conhecer Jesus!” “Por favor, poupe meu tempo e minha paciência, porque, se você estiver falando de conhecer Jesus, eu O conheço suficientemente para se apresentado a Ele agora, de novo”. “Mas a maneira como você O conhece não é certa...” “Ok. Nós somos amigos históricos, e fica assim. Guarda sua religião para você. Você sabe que eu sou um cara difícil, e não vem com essa.” “É... eu sei que você é um cara difícil... Por isso, eu acho que você precisa conhecer Jesus...” “Não, é o contrário. Você precisa sair de onde você está.” Não adianta dar passo para trás. O que ela acha que adianta, eu acho que atrasa.

Essa moça era espírita, e as verdades dela passaram a ser outras, porque estão sendo lidas em outras interpretações.

Há passagens da Bíblia que dizem que ‘se o homem não nascer de novo, ele não vai pra frente’... Aí, alguns espíritas tomam isso como reencarnação. Mas não é necessariamente reencarnação. Pode até ser, mas não é necessariamente, porque eu posso usar uma metáfora para você e dizer que ‘na hora que eu vi aquilo ali, eu nasci de novo... passei a ver a vida de outra forma’. Isso é metafórico. Você não nasceu de verdade, de novo. Isso é metáfora, e não é prova de reencarnação. Mas existem provas na própria Bíblia, bem como frases nela, que, sim, induzem ao pensamento da reencarnação, como, por exemplo, “Elias já esteve aqui, e vocês não reconheceram”. Era ele um profeta que reencarnou como João Batista, e, um dia, Cristo, falando aos apóstolos sobre a questão do Elias e tudo mais, e Ele disse que Elias já esteve aqui, cumprindo as profecias, mas vocês não o reconheceram. Isso quer dizer que ele nasceu e reencarnou como João Batista. Só que ninguém sacou que ele era um profeta, e ele foi decapitado... É uma prova reencarnacionista, claro.

Mas o camarada da igreja evangélica vai ouvir isso, não vai acreditar em você; vai falar que isso é um mistério qualquer, e que Jesus quis dizer outra coisa... Aí, ele pega e vira pra mim e fala que acontece que existem provas na Bíblia que não provam que existe reencarnação. Aí, falam que não é dado ao homem ir a outros planetas... Mas e se o homem sair daqui e chegar a outro planeta? “Eu rasgo a Bíblia!” “Então, vai preparando, cara, porque você vai ter que rasgar a Bíblia... porque o homem vai chegar a outro planeta.” “Ah! Aí eu não creio em mais nada...” “Bobagem da sua parte... você está crendo de uma maneira errada... você leu uma coisa e interpretou de uma maneira, ou alguém interpretou para você – o que é mais comum -, e você tomou como verdade uma falácia...” Aí, amanhã se alguém disser a ele que o homem chegou a Marte, das duas uma – ou ele vai ter uma crise nervosa, vai morrer e deixar de acreditar em alguma coisa, ou ele vai falar que é mentira, contra todas as evidências. Então, olha como a verdade pode te libertar... É você ler aquele parágrafo que diz que não é dado aos homens ir a outro mundo como sendo uma hipótese de você não ter tecnologia, porque, tendo, você chega.

É como a questão da criação. Você acredita em Deus, e que Deus criou o mundo em sete dias, soprou na cara do Adão, que era um monte de barro, depois tirou uma costela e criou a Eva? “Não...” “Mas isso está escrito na Bíblia...” “Sim, mas é uma alegoria...” Como é que a raça humana poderia ter vindo de um homem e uma mulher que tiveram dois filhos? Aí, um evangélico me diz que os homens se relacionaram com algumas pessoas da comunidade. Mas quais pessoas, se só havia Adão e Eva?! Dá vontade de perguntar ao cara se ele ficou doido... “Logo você, que acredita TANTO na Bíblia...” Cadê a outra comunidade?! “Ah! O pastor falou...” “Não, o pastor transgrediu um conhecimento ‘palavra por palavra da Bíblia’”, e logo o protestante que tanto se apega à letra da Bíblia?

A tradução de o que você lê na Bíblia não pode ser literal, porque existem linguagens figuradas. A linguagem humana é pobre para descrever coisas que o pensamento observa. Então, usa-se linguagens figuradas. Usam-se metáforas, parábolas, simbologias...

Imagine se eu chego na rua, e você é meu amigão, e eu falo: “E aí, viado!!!” Aí, o outro fala assim: “Olha lá, chamou o cara de viado... Ele é gay!” Não. Há até aquela piada do Newton Cardoso, da Lógica, e que o Hélio Garcia era um camarada muito culto, biriteiro, mas muito culto, do PMDB, e ele foi substituído pelo Newton Cardoso, do PMDB, também, e eles eram amigos... um fez campanha para o outro. Aí, quando ele chegou lá, ele viu o Hélio Garcia tirar uma porrada de livros de dentro do gabinete. Aí, o Newton falou: “Que livraiada é essa aí?” “Ah! Eu sou um governador, um engenheiro, um cara culto... e o governador precisa ser um cara lido.” “Tem que ler?” “Aham!” “E que livro é esse aí?” “É Lógica.” “Não sei o que é isso. Eu mal leio jornal...” “Mas você tem que ler, cara... eu vou dar esse livro aqui para você.” “Ok, você pode até me dar, mas o que é Lógica?” “Vou te explicar... você tem aquário em casa?” “Sim...” “No aquário tem água.” “Sim.” “Na água vivem peixes.” “Sim.” “Então, você cria peixes. Entendeu?” “Não...” “Então, vou te dar outro exemplo... você é casado e tem filho?” “Sim.” “Bom, se você é casado e tem filho, é porque você não é viado.” “Ah! Essa aí eu entendi.” “Ok. E o seu filho é casado?” “Tem.” “Então, ele se casou com a esposa. E ele tem filhos?” “Tem.” “Então, significa que ele não é viado.” “Ah! Sim, realmente... A mulher dele deu pra ele, então bicha ele não é.” Aí, voltou com um monte de livros lá para dentro, porque o governador tinha que saber das coisas... E o repórter: “E o que você está lendo?” “Estou lendo Lógica.” “E o que é Lógica?” E o Newton falou: “Você não sabe o que é Lógica? Vou te dar um exemplo... Você tem aquário em casa?” “Não.” “Então, seu filho é viado!”

Todas as religiões têm seus fanáticos, que são aquelas pessoas que respiram aquilo, que dormem com aquilo, só vêem a vida por aquele prisma. Então, eu acho que em tudo na vida você tem que ter um pouco de distanciamento. Se você é advogado que só consegue falar sobre leis, só consegue andar de terno, só consegue pensar no que diz a lei, está tudo bem... você é um cidadão, mas só consegue conversar em termos legais, só conversa sobre isso, só vê programas sobre isso, só casa com uma mulher se ela for advogada ou juíza, poxa, você é um chato, cara. Está entendendo? Você tem que ter algum distanciamento. Você pode até estar advogado, mas, essencialmente, você é um ser humano. Então, você pode gostar de música; você pode gostar de uma conversa que inclua a idéia de uma transgressão, embora você não vai cometê-la. Porque há gente que é tão carola que não se pode nem contar uma piada...

Há um livro de Espiritismo que eu mesmo comprei e me desfiz dele. Comecei a ler e parei, porque ele é o livro de um cara legal, o cara estava falando de fatos que eu até considero razoavelmente verdadeiros, só que ele é um livro que usa um pouco de atemorização a mim. Então, eu pensei que eu não estava gostando do que eu estava lendo... Eu não sou aquele tipo de pessoa. O livro é legal, é correto e tem uma porção de coisas certas, só que para mim ele não fez bem, porque ele começou a falar de certas realidades que, se eu começasse a pensar naquilo, iria me avacalhar. Por exemplo... lá falava algo de sexo, que as pessoas apareciam em orgias no espírito no espaço – orgias espirituais – e as pessoas eram cadavélicas, só que elas não se viam como tal, porque o perispírito delas estava muito carcomido em função de uns vícios que elas tinham na Terra, por fatos passados e por pensamentos presentes. Eram pessoas viciosas, e por aí vai. Ô rapaz, eu sei que isso existe, mas, por exemplo, eu não sou o sujeito que troca uma amizade pelo sexo. Eu não sou capaz de ter relação sexual com uma mulher a toda a prova, sendo que isso seja uma coisa que prejudique a ela. Eu não sou capaz de ter um relacionamento sexual com uma mulher que não me quer, porque eu quero que ela me queira. Eu não faço essas coisas de forma maliciosa. Então, existem atenuantes para a maneira de eu ser... Então, se eu começar a ler aquilo ali, eu vou começar a achar que tudo aquilo é lixo e que aquilo passará a me contaminar, e que eu vou ser uma frutinha podre. Sabe? Então, eu prefiro crescer e verificar as minhas práticas terrenas, como o meu materialismo, a minha sexualidade, a minha sensação, a ficar lendo aquelas coisas que ficam me dando a idéia de céu e inferno... Mas há gente que precisa ler aquilo, porque vai ficar muito atemorizado com aquilo que ele sente. Então, ele se corrige.

As religiões evangélicas, por exemplo, trazem verdades ditas de uma maneira que são verdades, mas não são verdades necessariamente, mas impactam a pessoa. Mas esse impacto é às vezes necessário, porque eles são espíritos muito rudes. Eles têm uma dificuldade muito grande de entender que eles não têm que tomar certas decisões de certa forma, que eles não têm que julgar os outros, que eles não têm que punir os outros, que eles não têm que ter leis estritas e restritas, e, se eles não forem tratados dessa forma, continuam a cometer crimes. Então, eles têm que ser tratados dessa forma. Por isso, eu entendo o papel de certas religiões, mas não entendo outras pessoas, que são pessoas boas, que não são capazes de cometer delitos, mas que ficam achando que tomar um copo de água é pecado.

A gente tem que ter um meio termo. Quem sou eu? Sou um ser que tem algum esclarecimento; sou uma pessoa boa; tento fazer o bem para a maior parte das pessoas; e eu não tenho a maior parte dos vícios dos seres humanos e que podem ser vícios que são considerados ruins. Eu tenho que estar em vigilância para eu não cometer atos desvairados e tolos. Tudo bem... então, eu tenho que rezar, ir à minha religião. Mas eu também não posso ficar me entupindo de coisas que vão ficar me dizendo que ficar com o pinto duro é pecado, que olhar para a gostosa ali é pecado, e que você fica se penalizando por ser um pecador, porque assim você perde a liberdade, e a gente é ser humano. E a gente nasce com uma missão. Se a gente fosse capaz de ver o nosso futuro, talvez a gente nem iria querer continuar vivendo.

Outro dia eu estava falando com um colega... vai que você está esperando todas as glórias... quando a gente é jovem, a gente pensa que a gente vai ser uma estrelinha no céu, que a gente é uma gracinha, que o papai investe na gente, e que a gente é lindo e maravilhoso... Aí, eu sonho que eu vou ter casão, iate, e vou viajar para a Europa, e eu vou ser um expoente no mundo, eu vou ser conhecido mundialmente, uma rua vai ter o meu nome... Aí, vai vivendo a vida. Aí, você vê que você é um merda... e isso pode te levar a dois caminhos: deixar de ser sonhador e botar o pé na Terra e prestar atenção em que você é um ser humano em aprendizado, ou você ficar depressivo e achar que não vale a pena viver a vida e querer morrer, porque a vida não te merece. Aí, já que você não é o lindo do mundo, você quer morrer... não ganhou o concurso de miss gay e quer morrer, é o miss fresco. Mas, se você for um cara equilibrado, você pensa que você não é um super star. Poucos são super stars.

O pessoal fala assim: “Você acredita em alma gêmea?” Não...” “Nããããoooooo???” “Não...” Você não acredita em alma gêmea?!?!?!” “Não, porra!” “Uai, mas você não é romântico!” “Uai, mas eu tenho que ser romântico?” “No que você acredita?” “Não acredito em alma gêmea... acredito em pessoas que vão gostar muito de outras e que de repente se encontram favoravelmente numa encarnação e que conseguem levar uma vida muito bacana.” Depois que elas desencarnarem, elas vão continuar sendo individuais... Provavelmente, elas não se encontrarão necessariamente em outras vidas, porque elas têm missões diferentes.

Outro dia eu estava lendo, que o próprio Chico Xavier estava falando num livro dele, que alguns espíritos noivam no espaço... Optam por ter, naquele tempo do desencarne, a companhia de uma ‘pessoa’ de quem eles gostam muito. E, como ali eles representam gêneros opostos, eles ficam noivos... fazem um noivado de brincadeira, lá. Mas sabem que esse noivado é temporário. Você os vê sempre juntos. Um consola o outro, ajuda o outro nas suas missões e tal, mas, na hora do momento da encarnação, um encarna na Europa, e o outro vai encarnar numa tribo indígena enfiada no maior esconderijo da Amazônia... e, que tristeza, eles não se encontram... É como se um fosse para Marte, e outro fosse para Vênus. Exatamente! Eles não vão se encontrar... mas, como eles são afins, um dia que um se lembrar do outro, eles vão conseguir se encontrar, porque o espaço não existe – existem freqüências. Aí, eles vão conseguir se encontrar, vão matar a saudade, e inclusive um pode falar para o outro: “Pô, você pode me ajudar... Você está desencarnado, e eu estou encarnado...” “Pô, eu estou dormindo aqui, e eu não vou me lembrar dessa nossa conversa, mas você é um espírito, e você vai se lembrar... aí, pô, me dá uma forcinha, lá... to fudido...” Aí, de repente, ele vira uma espécie de anjo da guarda seu, te ajuda, reza por você, te dá umas dicas, procura coisas pra você, é um amigo espiritual que você tinha de muitas encarnações. Depois, ele vai, reencarna, você perde o contato com ele outra vez... Quer dizer: nós não somos importantes. Somos todos importantes ao mesmo tempo que não somos. Tudo que é da Terra é nosso, mas, ao mesmo tempo, não é, porque é de todos.

Tem gente que fica com presepada para dizer que é místico... Então, o cara senta em praça pública, coloca um turbante com uma pedra na testa, e todo mundo fica assim: “Nossa, aquele cara é místico! Ele tem poder!” Não tem nada, cara. Ele está fazendo onda. O verdadeiro místico usa aquilo em particular, num determinado local, porque ele sabe que aquilo é uma forma de ele ter ambiente que influencie a sua psicologia. Aquilo, em si, não é nada.

O pessoal da Rosa Cruz desmistificava essas coisas. E falavam: “Ó, vê se você não fica com essa babaquice de ficar revelando as coisas.” A primeira coisa que o rosa cruz faz é desmistificar essas coisas.

Mesmo que alguns consigam uma profunda concentração naquele momento e faça a oração, a transposição, ou seja o que for, aquilo serve apenas para uma coisa: você se encontra num ambiente que você, pela forma ou pensamento, torna suscetível para que você faça uma determinada tarefa ou uma determinada vontade sua. Por exemplo, se eu quiser me separar do corpo... então, eu preciso de silêncio, de local, de pureza, de firmeza de pensamento, porque você pode ser atacado, agredido, perturbado, porque há muita perturbação, e você tem que sair dessa zona de perturbação. Às vezes, a gente não tem adiantamento moral para conseguir isso aí. Então, tenho que vigiar, que rezar, tenho que saber como eu saio. A preparação que você faz é para você se tornar um pouco menos vulnerável às coisas do meio que possam te atacar, e algumas pessoas tomam a forma como o conteúdo, e isso é uma forma. Você não é o conteúdo... o conteúdo é uma coisa que não está aí para ser revelado. Ainda que seja revelado, não será conhecido, porque as pessoas não vão acreditar que você viu uma determinada coisa.

Se eu fosse místico e falar que eu saí daqui e fui a Marte, você vai falar: “Ah! Foi, gracinha... como que você fez? Foi de patinete?!” Mas foi espiritualmente.
Na Rosa Cruz há uns encontros da egrégora que eles pegam e falam assim: “você, você, você e você, nós vamos nos encontrar na egrégora hoje às 19h.” “Como?” “Eu vou ficar deitado aqui, meu espírito vai sair... o seu vai sair de onde você estiver, na Rússia, na China, e nós vamos conversar...” Depois de ficar batendo papo por uma hora, os espíritos dos caras voltam, mas eles têm que ter segurança suficiente para saber que o corpo na hora não vai sofrer um abalo, porque, senão, os caras morrem no caminho de volta. Então, é preciso muito adianto. Isso é preciso anos e anos de estudo.

Há gente que é médium e consegue fazer isso aí sem treinamento nenhum. Mas, para isso, fazem-se treinamentos. O treinamento em si é que é a coisa. Quando você vê a coisa que você revela, essa coisa deixa de ter significado para os outros, e as pessoas começam a rir de você. Então, você não tem que revelar. Por isso que você, dentro de uma escola mística ou de uma escola esotérica, os conhecimentos lá de dentro não são revelados, porque as pessoas não vão acreditar em você, e vão falar que você é doido.

Existia misticismo na Igreja Católica. Mas você acha que eles iam lá e revelavam isso para o Papa? Ou você acha que eles falavam isso com os grandes cardeais? Eles sabiam que esses caras eram totalmente humanos, completamente adensados na matéria. Então, eles faziam as práticas deles e não revelavam para ninguém. Mas existe misticismo em tudo quanto é religião, menos na protestante, é claro. Os protestantes são os povos mais entupidos do planeta.

O Espiritismo defende que sua fé é raciocinada... Eles defendem, pelo conceito, que a doutrina Espírita não é uma religião. A doutrina Espírita é um conjunto de crenças que faz você antever você como espírito encarnado em uma missão. Ela é a sala anterior do esoterismo. No esoterismo, você aprofunda nisso e vai conhecendo todas as verdades lá de dentro. Mas, para isso, você precisa de muito preparo... Para você poder revelar alguma coisa que é ciência, e que, ao mesmo tempo, pode te conduzir a um pensamento religioso, essa ‘alguma coisa’ tem que ter palavras para o vulgo.

O esoterismo não se é tido como religião. Tem-no como ciência. A ciência não é admitida pelo mundo. Mas o que é a ciência para o mundo? Ciência para o mundo é tudo que pode ser experimentado. Por exemplo: eu uso um teclado de computador e o uso teclando e deletando... Aí, provam que é um teclado. Aí, você resolve acreditar que existem espíritos, que você morreu e que depois você continua sendo vivo. Aí, como é que você pode provar isso? Pois é... Você não pode provar isso. Então, é aí que está o seu problema de dizer que ele está falando que é ciência – fé raciocinada.

A fé raciocinada é mais ou menos assim: eu concluo que aquilo é viável, mas eu não posso provar para você. Por isso não é ciência, mas é ciência de uma outra forma.

Os católicos têm práticas místicas que fazem efeitos similares aos dos indianos. Alguns católicos. Alguns!!! Muito poucos, e inclusive a igreja não gosta deles. Fazem mantras para chegar a um estado de consciência, de onde você conhece a tal verdade que a ciência da Terra não prova. Então, você vai chegar lá e ver pelo espírito, e não pelos olhos da carne. Por isso, não tem como ser ciência. E o preâmbulo disso é o Espiritismo, porque ele diz que existe alguma coisa além disso em que nós tocamos aqui. Não há céu e inferno. Há freqüências. Cristo veio aqui para te libertar – conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará; para você ser libertado e você saber quem você é. Você é um espírito que está encarnado; você não é o corpo. Mas acabaram usando a verdade dEle para escravizar. Mas isso acontece em todas as religiões, cara, porque sempre há um cara que toma as verdades para si e faz a sua interpretação, e ainda por cima há os mal intencionados.

Atualmente existem muitas igrejas evangélicas que os caras sabem que em nada daquilo que eles estão falando vale a pena ser acreditado. Ou, se eles acreditam, não se interessam. O fato é que eles querem ganhar com aquilo.

A Igreja Católica teve muitos papas e outros seres lá de dentro que pensavam no poder da Terra. Na época da Inquisição foi assim... o papado e o lance de a igreja ser dona de terras, de ela ter escravos, porque ela escravizava, ela apoiava os poderosos, e, hoje em dia, a Igreja Católica ainda é um Estado, que tem algumas políticas, ainda apóia alguns poderosos, mas ela não apóia massacres... ela não tem tropas para entrar em guerras. Hoje ela conseguiu ser uma instituição, em alguns momentos, benéfica. Ela tem uma ideologia que não é ciência, que não é raciocinada, que,se você tomar ao pé da letra, não dá certo... mas algumas pessoas recebem alimentos, agasalhos, e ainda há pessoas fiéis, pessoas religiosas, e ela ocupa um espaço importante no mundo, apesar dos erros que ela já cometeu e que ainda comete.

Jogar a igreja no chão não é um bom negócio, não. O ideal seria conseguirmos mudá-la por dentro, porque ela tem tantos fiéis que, quando você jogá-la para o chão, eles vão junto. Então, não é uma política boa pensar assim. O negócio é evoluir além do que ela vem falando. Ela apresentou o Cristo, cometeu erros, voltou, falou e tal. Mas o maior erro de todos é o de ela ter faculdades e estudiosos que mantém os mesmos dogmas e não se inclinar à mudança, mas a mudança dela tem que ser muito gradual... você já pensou se ela tivesse um corpo de leis, com todas as insígnias, com todos os estudos e bobagens que secularmente eles falaram e, de repente, eles negassem tudo isso... Fala assim: “Não... não é nada disso, não. A gente é otário e está enganado só há dois mil anos...” Isso tem que ser devagar.

Eu acredito que a Igreja Católica vai ter uma queda que vai balançar todo mundo. Eu estou começando a acreditar até que hajam enfrentamentos e embates da Igreja Católica com algumas tradicionais protestantes ou até muçulmanas. Eu acredito que isso possa acontecer no futuro, porque essas pessoas têm essas filosofias arraigadas e vão perder cada vez mais crentes.

Eu tenho uma filha. Sou Espírita. Não crio a minha filha dentro do Espiritismo, e nem a minha mulher a cria dentro do catolicismo. Então, não somos um grupo familiar em que nós estejamos operando religiosamente dentro de alguma denominação. Aí, a minha filha, amanhã, não vai estar sob a égide de algumas crenças que nós estivemos. Ela vai ser mais liberta. Dentro de casa, ela não houve ‘pecado’. Ela só vai ouvir coisas tipo: “Não faça isso, porque isso é uma coisa feia, desrespeita fulano”.

Algumas falas do Cristo são um ideal a ser chegado. Não querem dizer que aquilo ali deva ser implementado naquela hora ou daquela forma. É um ideal a ser chegado, e vamos chegar lá um dia. Não que você tenha que chegar necessariamente hoje, porque, se você tiver que viver daquela maneira e se você não estiver pronto para aquilo, tu acaba ficando doente. Se você tiver que se encaixar dentro de um perfil, você vai ser o fanático. O fanático toma as escrituras bíblicas ao pé da letra e vai ter que fazer tudo aquilo ali para justificar ‘por que’ ele é religioso. Isso é um problema. Inclusive, por isso o Espiritismo é uma fé raciocinada – porque no Espiritismo eles dizem que todos serão salvos, cada um no seu tempo, e chama esse slogan de conhecer a verdade, porque ela liberta, mas... quando você vai conhecer a verdade? Quando você estiver apto a entendê-la.

Olha, é claro que existe o erro da minha parte. Chama-se isso você só consegue evoluir em pensamentos dialéticos através de exemplos. Jesus conversava por parábolas. Eu não sou Jesus e nem posso me comparar a Ele, mas Ele conversava por parábolas. Então, você fazia uma pergunta seca para Ele... Ele tinha que pegar uma idéia. Os apóstolos fazem uma pergunta para Ele. Aí, Ele não responde, não. Ele faz uma parábola, e todo mundo fica puto, mas ficar puto levemente, porque o pessoal dEle o respeitava. Mas por que Ele respondia por parábolas? Porque, quando eu te dou uma resposta seca a respeito de uma pergunta sua, te dou a minha opinião formatada. Ele precisa de que você reflita com exemplos, para você discordar ou concordar ou adaptar aquilo em que você está pensando, que é o motivo da sua pergunta. Porque o motivo da sua pergunta não é o motivo da minha resposta. Então, Jesus falava por parábolas.

Por isso que uma verdade às vezes atinge alguém e não atinge outro. Por isso que uns religiosos fazem um bem danado para você e não para mim. E a gente não pode supor que uma religião esteja aí para indisciplinar as pessoas. Elas existem também para fazer a religação a Deus e para disciplinar as pessoas. É o caso de um fumante como eu. Não se supõe que uma religião qualquer possa chegar e dizer: “Cara, fume à vontade!” Mas o Espiritismo fala uma coisa interessante, que é que todo vício come o perispírito – seja vício de dinheiro, de bebidas, de comida, de sexo.

Dizem que os espíritas são disciplinados. Se você tiver passado de uma certa época, não há misericórdia, não... eles não te ajudam, não, porque você chega a Deus pelo amor ou pela dor. O amor é o conhecimento – você quer evoluir. E a dor é a dor. Por isso, as pessoas ensinam que o homem é o lobo do homem. O homem educa o homem, porque ninguém desce aqui na Terra para dizer a você o que é certo e o que é errado. Algumas religiões dizem os seus pensamentos, os seus amigos te dão conselhos, os padres, os clérigos, os psicólogos, os médicos, mas eles não são autoridades absolutas. A autoridade absoluta, mesmo, não desce na Terra para dizer a você o que você tem que fazer, porque você tem livre-arbítrio, e Ele não viola as próprias leis; ele deixa você evoluir. Se Ele descesse aqui, Ele estaria intervindo. Imagine... “Eu sou Deus.” Pá... o Cara chegou! Aí, Ele vira e fala: “Cara, você está todo errado. Você tem que fazer isso assim, assim, assado!” Ou seja: você já era, porque você vai ver que você é tudo de ruim e está indo a favor de tudo que é errado. Aí, cara, você vira e fala assim: “Porra, Deus veio aqui falar comigo, cara, me fudeu! Acabou comigo!” Então, Ele deixa você chegar à sua conclusão. Para você chegar à sua conclusão, você tem que tropeçar. Se alguém for lá e ficar te amparando o resto da vida, você não cresce.

Outro dia, alguém falou uma coisa comigo, e eu não fiquei puto, não, porque eu não fico puto com as coisas que os outros falam de mim, até porque eu estou naquela de que ‘o que as pessoas falam de mim não me interessa’, mas eu sei que a gente tem que avaliar.

Você pode não estar pronto para fazer mudanças bruscas e ser santinho de uma hora para outra. Às vezes, os espíritos que nos assistem imediatamente são espíritos que permitem que a gente continue sofrendo, porque ele te dá um método de ensino a alguma coisa, e você nunca toma uma postura.
As frases bíblicas que eu mais gosto são: “temos livre arbítrio”, “somos deuses”, “se você não quiser, nem Deus te ajuda”, “Faça por onde, e Eu te ajudarei”. Todas elas são maravilhosas, só que a ‘vós sois deuses’ é um espetáculo, porque essa mostra que nós seremos algum dia alguma coisa importante. Todos temos potencialidades para isso – de chegarmos a ser Cristo. Essa eu acho que é a grande sacada do Espiritismo, porque o Espiritismo diz que todos serão salvos. Aquele que você está achando um demônio será salvo um dia. Ninguém se perderá.

A questão do livre arbítrio eu a acho importante, porque você se torna responsável pelos seus atos; ela é uma questão mais doutrinária e mais educativa. Eu acho que a que dá mais esperança é a ‘vós sois deuses’, e, consequentemente, ‘podereis fazer o que eu faço, ou até melhor’. Isso significa que você tem um caminho, e que só depende de você evoluir. Essas duas frases são geniais.

Se você não quiser, nem Deus te ajuda. Essa é uma frase que retorna ao livre arbítrio. Porque eu tenho livre arbítrio e, se eu não quiser, nem Deus me ajuda. É que nem o cara do salvamento, o padre da piada do salvamento... “Ô filho da puta, mandei helicóptero, barco, submarino... tem que se fuder, mesmo...” Porque a maneira como Deus te ajuda não é a maneira como você pensa que é. Não é Ele indo lá... é através dos recursos da Terra. Cabe a você querer ser salvo. Você não quis ser salvo, ali...

Faça por onde, e Eu te ajudarei. Ela mistura duas outras... a do vós sois pequenos deuses, e a gente sabe que a gente tem recursos na gente para que a gente caminhe para frente, e entra no livre arbítrio, também, porque ‘peça e lhe será dado – bata e te abrirá’. Quer dizer: o mérito de você conseguir coisas que dependem de outrem para te ajudar. Por exemplo: “Ô meu Deus, me ajuda a arrumar um emprego...” Mas você fica em casa... Olha o ‘faça por onde, e Eu te ajudarei.’ “Ah! Mas eu fiz por onde... Eu pedi, a ajuda é que não veio!” “Ah! Meu filho, o que você quer? Que eu mande o Cristo Redentor te pinçar e dar um beijinho na sua testa?!” E ainda acha que vai ter que ser salvo porque é o filho predileto... Poxa, esse cara se acha muito importante...

Faça por onde, e Eu te ajudarei. Você tem que concorrer para o seu sucesso. Muita gente não se submete à vida, porque quer viver uma vida de espírito e acha que tudo é ruim. Aí, ele acha que ele vai ser salvo, e você, não. O dia que alguém tiver o sucesso que ele não tem, ele fica muito ofendido, porque ele pensa assim: “Poxa, como é que Deus agraciou esse cara que não é convertido, e eu que sou bonzinho?” Por isso que eu tenho dificuldades de ficar dentro de literaturas, porque isso pode deixar fanático.

Existem muitas frases interessantes. Dá para você entender um pouco da doutrina ou do cristianismo ou das idéias do Cristo só com essas frases, pensando nelas.

Há uma frase que diz que o inferno está cheio de boas intenções. Tradução: você tem intenções boas, mas, agindo errado, é errado do mesmo jeito. É o caso de conhecer a verdade que liberta... enquanto você não tiver capacidade para conhecer a verdade, você não será um ser liberto. Desprezar o mundo da carne no momento que você é encarnado não é viável, porque o mundo da carne é foda. Você não sabe qual é o seu passado; qual é o seu futuro; se ninguém nunca disser nada a você, você não inclui isso, e fica ignorante. Algumas coisas que a gente vê nos centros espíritas não devem ser encarados a ferro e fogo, porque é um ideal a ser chegado. Aquilo é uma tentativa de disciplinar e educar as pessoas. Eu estava lendo o livro “Herdeiros do Novo mundo”, mas parei, porque aquele livro está dizendo verdade, é verdade; eu não tenho como falar que ele está mentindo, não, mas ele me deixa chateado, até porque eu já conheço isso tudo e sei que é assim.

Eu conheço as prisões do mundo e sei que são um horror. Se eu puder ajudar, eu vou ajudar. Mas aí vem um cara e fica me contando coisas que acontecem lá dentro, tal, tal e tal. Você saber o que acontece lá dentro já é o suficiente, cara. Você não precisa ficar pesquisando, não, porque, senão, você fica lá embaixo. Eu vejo algumas coisas e já sei de tudo quanto é merda do mundo. Basta você ler sobre o holocausto da Segunda Guerra Mundial, já é o suficiente. Não precisa ler mais do que aquilo ali, não, porque, senão, você começa a fazer muita ponte com aquela coisa. Quero fazer ponte com coisas sublimes, mas rezo por essas pessoas e, se eu puder ajudar, eu ajudo. Eu quero que elas levantem e não que eu afunde.

Orai e vigiai. Uma pessoa falou uma coisa de mim, mas o que as pessoas falam de mim não me interessa muito, porque eu não vou ficar por conta disso, porque, senão, eu fico doido. Um cara vê a minha foto e fala: “Que cara narigudo!” O que eu posso fazer? Eu vou ter que agradá-lo? Mas, se fazem uma crítica a mim, eu tenho que pensar se essa crítica procede. E eu não posso ser uma pessoa que incomoda as outras.

Então, olha bem: quando as pessoas criticam a gente, a gente tem que refletir para saber se a crítica procede ou mesmo que ela não proceda feita da maneira como ela foi feita, se você não teria que tomar atitudes para que ela não viesse a ser feita outra vez, porque você vive em sociedade. Não é pela sua imagem, pura e simplesmente, não...

Você gostar de alguém, de repente, pode ser uma coisa inconveniente... a maior parte das pessoas, mulheres ou homens, que tomam de amor por alguém, esquecem do direito da outra pessoa de não achar nada de maravilhoso no seu amor. Seu amor não pode ser uma prisão para outro. É como aquelas mulheres que saem na rua com certa exibição... aí, vem um velho e diz: “Gostosa!” “Seu velho idiota, vai se fuder!” Pô, você está mostrando tudo para todo mundo. Você quer escolher quem te admira? A admiração não parte de você; parte do outro. Não é, não? Então, você não tem o direito de brigar com o outro. Você se expôs. Mas o outro não tem o direito de achar que você está se mostrando e, por causa disso, você tem que ser estuprada. Mas um elogio que você vai receber de uma pessoa que você não quer receber, porque, por exemplo, se um garotão passar aí e “ô gostosa”, você não vai achar ruim, mas se um velho passar e disser a mesma coisa, aí é ofensa?




A vida do homem na Terra é uma guerra.
Jó 7:1
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