#5153
Mensagem
por Arataca » Dom Nov 04, 2012 2:18 pm
Prezados,
Excelente e patriótica esta decisão de dar o nome do Almirante Alvaro Alberto ao Subnuc.
O mundo hoje é bem diferente daquele tempo em que o bravo Almirante passou por poucas e boas para tocar o projeto nuclear, debaixo de muito boicote externo e incompreensão interna.
Hoje as coisas são bem diferentes.
Internamente
- Só eu, que não sou da área, conheci dois físicos nucleares socialmente nos últimos anos. Na época do Almirante eram pouquíssimos, ainda que um deles quase tenha recebido o prêmio Nobel. Havia ciência, mas nada de tecnologia.
- Hoje, a Marinha e a USP (nunca se esquecer desta entidade), que já têm uma parceria de décadas, desenvolveram uma complexa tecnologia na área nuclear. A ciência existia e existe, mas a tecnologia tinha e está tendo que ser desenvolvida. Estamos quase chegando lá. Construímos nossas próprias centrifugadores e enriquecemos nosso próprio urânio. Na época do Almirante não conseguiram nem operar umas centrifugadoras que ele conseguiu, que tiveram que ser blindadas com muito chumbo e concreto. Imagino que estejam assim até hoje.
- Éramos um país provinciano, com resquícios ainda da velha republica e com o famoso complexo de vira-latas. E não eram somente os políticos não.
Pra quem viveu na época, há de se lembrar das incríveis taxas de inflação e dívida externa imensas, que só começaram a ser interrompidas com o Plano Real do Presidente FHC. Devemos muito a este homem.
Hoje, a partir do Plano Real e a Disciplina Fiscal, estamos muito melhores, o que aumentou em muito a autoestima do país, que começou a olhar de forma diferente para o grande irmão do norte.
Externamente
- Eram tempos da guerra fria e do pesadelo da holocausto nuclear. A guerra fria acabou há muito tempo e o risco da cubanização do Brasil, no sentido geopolítico, acabou. Tirar os misseis de Cuba foi facílimo comparado ao que seria no Brasil.
- Os EUA na época nadavam na abundância mesmo com a Guerra do Vietnam comendo solta. Hoje, já estão quase no ponto de lutar pela sobrevivência do status que sempre tiveram. O déficit publico deles, dos quais o Brasil tem uma boa cota como credor, é imenso. E só faz aumentar.
- Eles conseguiram boicotar, com ajuda de seus poodles europeus, principalmente a Inglaterra, quase todas as nossas tentativas de desenvolvimento nessa e em outras áreas, mas em tempos recentes não conseguiram interromper os programas nucleares da Índia, do Paquistão e até de Israel. Este último pais deu um grande salto com a ajuda da França!!!!!! Irônico não?
- Os EEUU eram então muito arrogantes, pois a arrogância está nas veias dos Impérios e seus súditos (e também dos que se imaginam faraós). Continuam sendo, mas já um pouco menos após o 11 de Setembro.
- A Pax Americana, muito baseada na Pax Romana, continua e a luta pela hegemonia mundial é a mesma, mas já tem cachorro grande latindo lá fora, e eles sabem disto.
Depois de todo este bullshit acima, eu diria que hoje é muito diferente dos tempos do Grande Almirante, que para mim foi um herói, infelizmente pouco conhecido e reconhecido fora da Marinha e da confraria nuclear.
Se o Brasil bater o pé e seguir em frente com seu programa, vai conseguir ir em frente não só com o subnuc, mas até com o porrete dissuasório da bomba termonuclear.
O que falta? A visão geopolítica que o FHC nunca teve, apesar de seus muitos atributos e acertada politica financeira, e o Grande faraó Lulankamon teve em alguns lampejos, mas apenas de forma intuitiva. Faltou-lhe o conhecimento, o iluminismo, a visão histórica do longo prazo. Mas já foi alguma coisa, apesar dos Chaves e dos Mahmoud Ahmadinejads, os quais o descendente direto de Osiris e Horus tanto cortejou.
Já a mãe do PAC, esta tem o conhecimento necessário aos grandes estadistas, não aparenta ter a vaidade excessiva do FHC, tem os kulhões (no sentido figurado é claro) para grandes decisões, mas ainda não conseguiu se livrar dos ditames do Oráculo de São Bernardo do Campo. Lá onde o Grande Faraó ainda guarda em sua geladeira seus rancores, que ficaram bem aparentes nas últimas eleições municipais.
Se ela conseguir se livrar desta bola de ferro e passar a ser menos gerente e mais Presidente, menos governista e mais Estadista, existem grandes chances de que o sonho do Almirante poderá até ser muito maior do que ele deve ter imaginado.
1 abraço e bom domingo
O Fogão avança!
Editado pela última vez por
Arataca em Dom Nov 04, 2012 2:58 pm, em um total de 1 vez.