Que investidores otários ! Ainda não se tocaram que a América Latina tem coisa muito melhor que o Brasil !Ainda o “queridinho”
24 de agosto de 2012 | 10h46
José Paulo Kupfer
O volume de investimentos estrangeiros diretos (IED), em julho, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, foi uma surpresa geral. Os US$ 8,5 bilhões ingressados no mês passado não só marcaram um recorde para meses de julho como só foram superados em dois outros meses desde que a série começou a ser apurada, lá se vai uma década e meia.
Com isso, o ingresso de IED, de janeiro a julho, somou US$ 38 bilhões, repetindo o desempenho registrado no mesmo período do ano passado. Em 12 meses, o total de investimentos externos diretos alcançou US$ 66,3 bilhões.
Para 2012, as projeções do Banco Central apontam para o ingresso de US$ 50 bilhões, mas o mercado estima que a entrada de IED chegará a US$ 55 bilhões. A tendência é a de que o IED seja suficiente para cobrir, praticamente sozinho, o déficit em conta corrente, projetado para 2012, por enquanto, em US$ 58 bilhões.
O interessante a observar nesse resultado é que ele quebra um pouco uma argumentação que vem ganhando adeptos, segundo a qual o Brasil deixou de ser o país mais atraente para os capitais externos, na América Latina, lugar que ocupou nos últimos anos. O novo “queridinho” dos investidores internacionais, na região, segundo esse ponto de vista, talvez um pouco apressado, passou a ser o México.
Embora os dados de julho devam ser analisados com cuidado – apenas duas operações, uma no setor financeiro e outra no setor de alimentos –, as dúvidas sobre o quanto a economia brasileira continua atraente para o investidor externo, mesmo com perspectivas de crescimento moderado do nível de atividades, parecem se apoiar em bases frágeis. Mesmo crescendo menos do que vizinhos como Chile, México, Peru e Colômbia, segundo uma pesquisa recente da consultoria Ernst&Young Terco, com 250 empresários ao redor do mundo, o Brasil apresenta, segundo 80% deles, o ambiente mais convidativo para investimento.
Desde os anos 70, quando a crise de reciclagem dos petrodólares lançou a América Latina num longo período de instabilidades políticas e econômicas, com o advento de recorrentes crises externas, Brasil, Argentina e México vêm se alternando na posição de “queridinho” dos investidores, enquanto um outro fica no limbo e o terceiro é visto como “maldito”. Nos tempos passados, nos quais o que fazia a preferência oscilar eram as perspectivas de calote da dívida externa de cada país, apelidei essa dança das preferências, tão recorrente, de “teoria pendular da dívida na América Latina”.
Pelo visto, a teoria, mesmo sem grandes crises de dívida na América Latina, continua valendo. Agora, enquanto o México vai voltando ao posto de “queridinho”, a Argentina se consolida na posição de “maldito”. E o Brasil, de acordo com essas ideias de horizonte curto, caminha para o limbo.
Mas não é o caso de dar muita bola para a “teoria do pêndulo”. No fundo, é tudo conversa. Basta notar que o novo “queridinho” ainda não recebe um terço dos investimentos externos diretos destinados ao Brasil.
México (o fodão do momento), Chile, Peru, enfim, choose your piece of shit.
Alguém avisa eles que estamos no caminho do limbo! Vão perder grana na mão dos PeTralhas !