Hipóteses de Emprego
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Hipóteses de Emprego
OPERAÇÃO CRUZEIRO DO SUL
– Era para ser uma semana como outra qualquer.
Vinte e sete de agosto de 2013. Uma noite quente de inverno, por incrível que pareça no centro de comando do 5º/8º Gav. O Oficial da guarda já rendeu o segundo turno e o cmtde da unidade “plotou” todo o planejamento para as operações de voo da semana que vem, inclusive as do desfile de 7 de setembro. Seria uma semana movimentada, mas talvez não como prevera o planejamento do esquadrão. O sentimento de todos os membros era de tranquilidade e expectativa, já que os exercícios com a FAA, FACh, FAP, FAU e FAv seriam os primeiros do tipo envolvendo o MERCOSUL, e contando exclusivamente com unidades de helicópteros, e todos os esquadrões da FAB seriam representados no mesmo; seria mais uma grande oportunidade para se verificar e qualificar a operacionalidade do 8º Gav da força aérea brasileira. Mesmo sabedores de que não poderia contar com todos os 8 BH disponíveis no pátio, ainda assim o Cmte do esquadrão estava eufórico com o exercício, passando a semana inteira em reuniões preparatórias, organizando a burocracia e a parte logística da Base Aérea de Santa Maria.
Afinal de contas seriam nada menos do que 18 helicópteros só da FAB, entre transportadores, ataque e emprego geral, fora outras 10 aeronaves comprometidas com o evento vindo dos países vizinhos. Embora com alguns percalços, toda a programação e os planos estavam em dia e a comunicação entre as partes envolvidas era muito boa. Este exercício multinacional tinha tudo para dar certo e ficar marcado na história do esquadrão e da FAB, como o primeiro de muitos, alavancado a força a um patamar superior neste tipo de operação. Havia mesmo um certo orgulho de poder operar neste nível já que, a boca pequena, fruto de uma dada gozação, típica dos meios militares, o exercício já era chamado de “Cruzhelix I”, um aforisma da operação Cruzex, tradicional exercício da caça, e que já se tornara famosa na FAB e nas outras forças aéreas sul-americanas, e mesmo ao norte do equador.
Uma das coisas interessantes a se notar, era que embora os esquadrões de helicópteros da FAB já dispusessem há algum tempo de tipos mais modernos como os EC-725 Caracal e UH-60L BlackHawk, os mesmos ainda não estavam totalmente integrados no ambiente organizacional e operativo da força, principalmente aqueles primeiros, que operando a partir da Base Aérea de Belém, no 1º/8º Gav, contavam apenas três aeronaves, com tripulações e equipagens ainda na fase inicial de treinamento e adaptação com o tipo. Ainda que a FAB contasse com mais de trinta anos de operação dos Super Puma, do 3º/8º Gav, estes tipos novos eram bem diferentes de seus primos mais velhos e sua operação demandando um certo cuidado e zelo de parte dos Cmtes dos esquadrões, a fim de que sua introdução na força pudesse ser a menos problemática possível. Já os Blackhawks tiveram menos problemas de inserção na FAB, haja vista o modelo já ser conhecido do 7º/8º Gav, tendo os pilotos do “Pantera” recebido seu treinamento naquele esquadrão “fabiano” operacional na Amazônia. Esperava-se muito de ambos os modelos, principalmente no que competia à clássica, e sadia diga-se, rivalidade entre os esquadrões, com cada um defendendo “o seu helicóptero” como sendo “o melhor dentre o melhor das asas rotativas da FAB”.
Mas um evento inesperado, diria melhor, totalmente imprevisto, viria a clamar ao 8º Gav da Força Aérea Brasileira o chamamento do cumprimento da missão. Algo que a principio poderia soar um tanto que improvável, acabou por se tornar um desafio espetacular para os limitados, diria minguados, recursos da FAB, assim como um tremendo imbróglio diplomático para o governo brasileiro. E por pouco, muito pouco mesmo, quase não se torna uma tragédia de proporções dantescas, com seríssimas consequências tanto no campo militar como no humano. Mas tais quais os ventos sopram onde querem e aproam para onde bem entendem, sem podermos intervir em sua direção e velocidade, assim também os conflitos humanos irrompem sem a menor parcimônia. Esta com certeza foi a questão em voga, onde as possibilidades de prevenção e previsão do conflito em nada puderam antever e nem prevenir o mesmo. E o mais hilário da coisa toda, talvez seja o fato de que para muitos de nós o motivo deste “quase conflito” foi, ou ao menos deveria ser, um fator de união entre os povos. Mas convenhamos, em se tratando de argentinos e brasileiros, até mesmo uma disputa de bolinha de gude pode virar um incidente internacional. E parece que este foi o caso. Tudo por causa de uma partida de futebol. Ou quase...
– E tudo por causa de uma bola.
Tudo começou numa manhã de setembro quando a seleção brasileira de futebol desembarcou em Buenos Aires para uma partida amistosa com a seleção argentina, onde os ânimos, pelo menos de parte dos portenhos, não estavam nem um pouco amistosos, haja vista não só a população argentina estar às voltas com mais uma série de disputas político-sociais – tão características dos argentinos – como pela não tão bem engolida derrota para a seleção em jogo anterior no Brasil. Bom, nestes dias convulsionados portenhos, uma boa partida de futebol poderia ser uma boa válvula de escape para a política argentina tomar fôlego e respirar uma saída, em tempo, conveniente a todas as partes envolvidas. E parecia que a seleção brasileira de futebol poderia dar uma boa, senão ótima, motivação de unidade nacional aos políticos argentinos. Mas infelizmente, para nós, claro, o tiro da política argentina quase nos custou uma seleção, e a vida de centenas de patrícios. O que pensar se o Estado Maior Conjunto não tivesse tomado a iniciativa da ação, ante o tivergir do poder político nacional? A que teria levado esta situação onde o poder militar foi inesperada e inequivocamente instado a agir para a defesa de seus cidadãos ainda em que solo estrangeiro? Muitas podem ser as respostas, e outras tantas são na verdade as indagações, visto que, uma mera disputa futebolística quase ter virado um conflito armado internacional e, pior, teria assinalado na história recente do país uma quase tragicômica situação, da qual nenhum político quereria ter escrito em suas memórias, onde a vida de centenas de nacionais poderia ter sido perdida.
Mas graças à oportuna e incisiva atuação não só do 8º Gav, com o apoio da Aviação Naval e da Aviação do Exército, as ffaa’s brasileiras mais uma vez provaram seu valor e sua significância. Ao menos para a sociedade civil, que a olhos vistos, passado o clamor da hora, viu seus militares mais do que justificar não só a necessidade de se ter e dispor de ffaa’s bem equipadas e adestradas, mas trouxe – o que considero pessoalmente o mais importante – uma séria reflexão ao país do quão as instituições políticas nacionais na sua irresponsabilidade, negligência, fisiologismo político, comprometimento ideológico e leniência na questão da defesa nacional podem comprometer não só a preservação, mas até mesmo a proteção da vida e do patrimônio dos brasileiros.
Seis de setembro, véspera do dia da independência no Brasil. Noite escura e de tempo fechado em Buenos Aires. O jogo estava meio morno entre as duas seleções, com campo molhado e jogadores já bem cansados, mas muito bem dispostos a não deixar o “inimigo” aproveitar-se das condições de campo e do jogo. Tudo empatado em 1 x 1 e parecia encaminharmos para mais um empate em que todos ganhavam, apesar da fanática torcida portenha empurrar o time azul e branco pra frente até os últimos minutos. De repente numa jogada despretensiosa o juiz uruguaio marca um pênalti a favor do Brasil, e que apesar da confusão geral, do empurra-empurra de sempre, e da fúria da torcida, o pênalti é batido e o jogo termina com a vitória brasileira. Tudo parecia correr bem, até que a saída dos jogadores da seleção brasileira teve que ser providenciada pelo policiamento presente em campo, através de uma chuva de cadeiras, pedaços de ferro e tudo o mais que a torcida podia, ou conseguia, arremessar. Nada de “anormal” para um jugo entre rivais históricos. Da mesma forma, mais de uma centena de torcedores brasileiros, e imprensa também, tiveram que se refugiar atrás do policiamento dentro do estádio ante a fúria e revolta da torcida argentina. Passado cerca de hora e meia do fim da disputa, o ônibus as seleção canarinho ainda tentava sair do estádio, mas foi impedido novamente pela furiosa torcida argentina, agora já robustecida por diversas massas de manifestantes que resolveram fazer seu panelaço justamente nas proximidades do estádio.
– Era para ser uma semana como outra qualquer.
Vinte e sete de agosto de 2013. Uma noite quente de inverno, por incrível que pareça no centro de comando do 5º/8º Gav. O Oficial da guarda já rendeu o segundo turno e o cmtde da unidade “plotou” todo o planejamento para as operações de voo da semana que vem, inclusive as do desfile de 7 de setembro. Seria uma semana movimentada, mas talvez não como prevera o planejamento do esquadrão. O sentimento de todos os membros era de tranquilidade e expectativa, já que os exercícios com a FAA, FACh, FAP, FAU e FAv seriam os primeiros do tipo envolvendo o MERCOSUL, e contando exclusivamente com unidades de helicópteros, e todos os esquadrões da FAB seriam representados no mesmo; seria mais uma grande oportunidade para se verificar e qualificar a operacionalidade do 8º Gav da força aérea brasileira. Mesmo sabedores de que não poderia contar com todos os 8 BH disponíveis no pátio, ainda assim o Cmte do esquadrão estava eufórico com o exercício, passando a semana inteira em reuniões preparatórias, organizando a burocracia e a parte logística da Base Aérea de Santa Maria.
Afinal de contas seriam nada menos do que 18 helicópteros só da FAB, entre transportadores, ataque e emprego geral, fora outras 10 aeronaves comprometidas com o evento vindo dos países vizinhos. Embora com alguns percalços, toda a programação e os planos estavam em dia e a comunicação entre as partes envolvidas era muito boa. Este exercício multinacional tinha tudo para dar certo e ficar marcado na história do esquadrão e da FAB, como o primeiro de muitos, alavancado a força a um patamar superior neste tipo de operação. Havia mesmo um certo orgulho de poder operar neste nível já que, a boca pequena, fruto de uma dada gozação, típica dos meios militares, o exercício já era chamado de “Cruzhelix I”, um aforisma da operação Cruzex, tradicional exercício da caça, e que já se tornara famosa na FAB e nas outras forças aéreas sul-americanas, e mesmo ao norte do equador.
Uma das coisas interessantes a se notar, era que embora os esquadrões de helicópteros da FAB já dispusessem há algum tempo de tipos mais modernos como os EC-725 Caracal e UH-60L BlackHawk, os mesmos ainda não estavam totalmente integrados no ambiente organizacional e operativo da força, principalmente aqueles primeiros, que operando a partir da Base Aérea de Belém, no 1º/8º Gav, contavam apenas três aeronaves, com tripulações e equipagens ainda na fase inicial de treinamento e adaptação com o tipo. Ainda que a FAB contasse com mais de trinta anos de operação dos Super Puma, do 3º/8º Gav, estes tipos novos eram bem diferentes de seus primos mais velhos e sua operação demandando um certo cuidado e zelo de parte dos Cmtes dos esquadrões, a fim de que sua introdução na força pudesse ser a menos problemática possível. Já os Blackhawks tiveram menos problemas de inserção na FAB, haja vista o modelo já ser conhecido do 7º/8º Gav, tendo os pilotos do “Pantera” recebido seu treinamento naquele esquadrão “fabiano” operacional na Amazônia. Esperava-se muito de ambos os modelos, principalmente no que competia à clássica, e sadia diga-se, rivalidade entre os esquadrões, com cada um defendendo “o seu helicóptero” como sendo “o melhor dentre o melhor das asas rotativas da FAB”.
Mas um evento inesperado, diria melhor, totalmente imprevisto, viria a clamar ao 8º Gav da Força Aérea Brasileira o chamamento do cumprimento da missão. Algo que a principio poderia soar um tanto que improvável, acabou por se tornar um desafio espetacular para os limitados, diria minguados, recursos da FAB, assim como um tremendo imbróglio diplomático para o governo brasileiro. E por pouco, muito pouco mesmo, quase não se torna uma tragédia de proporções dantescas, com seríssimas consequências tanto no campo militar como no humano. Mas tais quais os ventos sopram onde querem e aproam para onde bem entendem, sem podermos intervir em sua direção e velocidade, assim também os conflitos humanos irrompem sem a menor parcimônia. Esta com certeza foi a questão em voga, onde as possibilidades de prevenção e previsão do conflito em nada puderam antever e nem prevenir o mesmo. E o mais hilário da coisa toda, talvez seja o fato de que para muitos de nós o motivo deste “quase conflito” foi, ou ao menos deveria ser, um fator de união entre os povos. Mas convenhamos, em se tratando de argentinos e brasileiros, até mesmo uma disputa de bolinha de gude pode virar um incidente internacional. E parece que este foi o caso. Tudo por causa de uma partida de futebol. Ou quase...
– E tudo por causa de uma bola.
Tudo começou numa manhã de setembro quando a seleção brasileira de futebol desembarcou em Buenos Aires para uma partida amistosa com a seleção argentina, onde os ânimos, pelo menos de parte dos portenhos, não estavam nem um pouco amistosos, haja vista não só a população argentina estar às voltas com mais uma série de disputas político-sociais – tão características dos argentinos – como pela não tão bem engolida derrota para a seleção em jogo anterior no Brasil. Bom, nestes dias convulsionados portenhos, uma boa partida de futebol poderia ser uma boa válvula de escape para a política argentina tomar fôlego e respirar uma saída, em tempo, conveniente a todas as partes envolvidas. E parecia que a seleção brasileira de futebol poderia dar uma boa, senão ótima, motivação de unidade nacional aos políticos argentinos. Mas infelizmente, para nós, claro, o tiro da política argentina quase nos custou uma seleção, e a vida de centenas de patrícios. O que pensar se o Estado Maior Conjunto não tivesse tomado a iniciativa da ação, ante o tivergir do poder político nacional? A que teria levado esta situação onde o poder militar foi inesperada e inequivocamente instado a agir para a defesa de seus cidadãos ainda em que solo estrangeiro? Muitas podem ser as respostas, e outras tantas são na verdade as indagações, visto que, uma mera disputa futebolística quase ter virado um conflito armado internacional e, pior, teria assinalado na história recente do país uma quase tragicômica situação, da qual nenhum político quereria ter escrito em suas memórias, onde a vida de centenas de nacionais poderia ter sido perdida.
Mas graças à oportuna e incisiva atuação não só do 8º Gav, com o apoio da Aviação Naval e da Aviação do Exército, as ffaa’s brasileiras mais uma vez provaram seu valor e sua significância. Ao menos para a sociedade civil, que a olhos vistos, passado o clamor da hora, viu seus militares mais do que justificar não só a necessidade de se ter e dispor de ffaa’s bem equipadas e adestradas, mas trouxe – o que considero pessoalmente o mais importante – uma séria reflexão ao país do quão as instituições políticas nacionais na sua irresponsabilidade, negligência, fisiologismo político, comprometimento ideológico e leniência na questão da defesa nacional podem comprometer não só a preservação, mas até mesmo a proteção da vida e do patrimônio dos brasileiros.
Seis de setembro, véspera do dia da independência no Brasil. Noite escura e de tempo fechado em Buenos Aires. O jogo estava meio morno entre as duas seleções, com campo molhado e jogadores já bem cansados, mas muito bem dispostos a não deixar o “inimigo” aproveitar-se das condições de campo e do jogo. Tudo empatado em 1 x 1 e parecia encaminharmos para mais um empate em que todos ganhavam, apesar da fanática torcida portenha empurrar o time azul e branco pra frente até os últimos minutos. De repente numa jogada despretensiosa o juiz uruguaio marca um pênalti a favor do Brasil, e que apesar da confusão geral, do empurra-empurra de sempre, e da fúria da torcida, o pênalti é batido e o jogo termina com a vitória brasileira. Tudo parecia correr bem, até que a saída dos jogadores da seleção brasileira teve que ser providenciada pelo policiamento presente em campo, através de uma chuva de cadeiras, pedaços de ferro e tudo o mais que a torcida podia, ou conseguia, arremessar. Nada de “anormal” para um jugo entre rivais históricos. Da mesma forma, mais de uma centena de torcedores brasileiros, e imprensa também, tiveram que se refugiar atrás do policiamento dentro do estádio ante a fúria e revolta da torcida argentina. Passado cerca de hora e meia do fim da disputa, o ônibus as seleção canarinho ainda tentava sair do estádio, mas foi impedido novamente pela furiosa torcida argentina, agora já robustecida por diversas massas de manifestantes que resolveram fazer seu panelaço justamente nas proximidades do estádio.
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Re: Hipóteses de Emprego
– E formou-se a confusão
Ânimos pra lá de exaltados, a revolta da torcida juntou-se a revolta dos protestos que, como quase sempre na Argentina, acabam descambando para um violento enfrentamento entre as tropas de choque da policia e manifestantes. Não fosse isso somente mais um capítulo da eterna disputa política argentina, uma infeliz coincidência de fatores levou aquelas manifestações a voltarem-se – mais ainda - contra os brasileiros, agora encurralados dentro do estádio. Políticos oposicionista e, oportunistas conclamavam a multidão contra o Brasil e os brasileiros. Hora, nada pior do que misturar rusgas esportivas com diferenças políticas e fisiologismo nacionalista. Mas, pois é. Desgraçadamente as três coisas se juntaram naquela noite efêmera e criaram uma situação que ninguém, absolutamente ninguém, nem o mais dos pessimistas poderia antever. O que se deu a partir daí foi uma crescente de violência e arruaça que tomou de pronto praticamente toda a capital portenha, com a policia não conseguindo mais dar conta de controlar as massas em protestos. E nós no meio daquilo tudo.
O que era para sem uma simples partida, tornara-se agora uma questão de sobrevivência e segurança. Nenhum dos brasileiros que estava no estádio nacional naquela noite podia pensar ter passado por tal situação. O jogo terninara as 23:39hs e já passava das duas da madrugada e nada de ninguém conseguir sair. Pior, levas de argentinos em massas enfurecidas fora do estádio querendo entrar. O pavor estava estampado no rosto de todos. Havia muitas mulheres e crianças naquele estádio, e afora os membros da equipe brasileira, havia mais de cem brasileiros e estrangeiros sem ter como sair, e nem como ficar. As autoridades brasileiras acompanhavam a situação de longe e em Brasília nenhuma movimentação fora do normal fora determinada ou proposta, haja vista se quer se hipotetizar a necessidade de uma operação em território argentino, menos ainda militar que fosse. Impensável para a diplomacia brasileira tal questão, fora de qualquer propósito, ainda mais se tratando de nosso maior parceiro comercial e político, para não dizer ideológico, na América Latina.
Mas as coisas começaram a ficar complicadas, mais do que já estavam. A polícia argentina a muito custo conseguiu desalojar a torcida argentina para fora do estádio, mas nem todos. E por várias vias, os brasileiros no estádio nacional passaram a ser acossados por todos os lados, com enfrentamentos diversos entre os militares da policia argentina e torcedores/manifestantes ainda dentro do estádio. Com uma multidão fora do estádio gritando palavras de ordem contra o Brasil e sabedora de que brasileiros lá estavam, principalmente a seleção de futebol, a pressão pela entrada passou a ser quase que descomunal, com as forças de segurança quase exauridas na tentativa de repressão dos manifestantes.
– Brasileiros encurralados
A esta altura, várias pessoas dentro do estádio já tinham ligado via celular ou do modo como se dispunha ao Brasil, tentando avisar parentes e amigos sobre a sua situação. A repressão policial e militar argentina tornou-se brutal fora do estádio na tentativa de conter os manifestantes, com várias pessoas baleadas e mortas durante os protestos, o que só fez aumentar o clamor contra os brasileiros dentro do estádio. No Brasil, como sempre, já dizia o ditado, “loucura pouca é bobagem.” Nenhum movimento de parte das autoridades civis brasileiras se fez sentir, porque o governo, mais preocupado com as eleições vindouras, e em não criar fatos para a oposição, pouco ou nada se interessava ou preocupava pela situação dos brasileiros naquele estádio de futebol em Buenos Aires, preferindo crer que tudo seria resolvido pelas forças de segurança argentinas e acompanhando os acontecimentos pelos meios de comunicação. Bem, se até as três da madrugada não se podia prever que nenhum brasileiro fosse sair ferido ou ter sua vida posta em perigo naquele momento, tudo ficou mais claro quando um morteiro ou rojão, não sei, caiu bem em cima de um grupo de jornalista, que apesar da confusão e medo, ainda tentava fazer o seu trabalho, cobrindo aqueles acontecimentos ali mesmo onde estavam.
Não se sabe de onde veio ou partiu aquele rojão, mas sua queda feriu cerca de treze pessoas, dentre jornalistas e civis. Pelo menos cinco feridos gravemente e precisando de remoção ao hospital, com queimaduras graves. Mas nada puderam fazer visto que a policia argentina passou ela a ser o alvo da perseguição e não tinham eles mesmos como sair dali e nem como evacuar-se. A situação estava cada vez mais desesperadora.
Assim que este rojão caiu, e vários embates entre policiais e torcedores dentro do estádio foram presenciados, com todos tendo a certeza de que uma tragédia estava para acontecer, um chamado de socorro foi emitido pelo presidente da CBF que estava no local e conseguiu acionar, quem diria, passando por cima de todas as esferas burocráticas e hierárquicas, um alto oficial do Estado Maior Conjunto. Tendo sido informado do fato o oficial comunicou imediatamente o chefe do EMC, que acionou o Ministro da Defesa, que por sua vez fez acionar o Itamarati e à própria presidência da república. Minutos se passaram e já na sala de conferência do MD, o ministro e o alto comando das ffaa’s reuniram-se e passaram a analisar as alternativas, recebendo do presidente da CBF e agora também, de diversos órgãos de imprensa informações preciosas sobre a situação e condição daqueles brasileiros em território argentino. Mas até as cinco da manhã, nenhuma resposta foi conseguida do Itamarati e do Palácio do Planalto.
Entre mentes, todos no EMC começaram a perguntar-se se caso uma missão de resgate fosse necessária, como poderíamos confrontá-la sem necessariamente incorrer em um incidente internacional mais grave com os argentinos, que aquela altura do campeonato, já estavam preocupados demais com seus próprios problemas, e com certeza não teriam maiores escrúpulos em deixar de salvaguardar a vida de um punhado de estrangeiros. Em que pese as excelentes relações entre as ffaa’s brasileiras e argentinas, uma coisa era certa: fazer exercícios conjuntos e atividades institucionais colaboracionistas em tempos de paz e coesão era uma coisa, outras seria a intervenção no território do outro país em uma missão de combate, ainda que de salvamento. Esta questão pareceu-me nunca ter sido levantada, nem por um lado e nem por outro, constituindo assim uma novidade operacional não planejada e menos ainda prevista ou estudada.
Ânimos pra lá de exaltados, a revolta da torcida juntou-se a revolta dos protestos que, como quase sempre na Argentina, acabam descambando para um violento enfrentamento entre as tropas de choque da policia e manifestantes. Não fosse isso somente mais um capítulo da eterna disputa política argentina, uma infeliz coincidência de fatores levou aquelas manifestações a voltarem-se – mais ainda - contra os brasileiros, agora encurralados dentro do estádio. Políticos oposicionista e, oportunistas conclamavam a multidão contra o Brasil e os brasileiros. Hora, nada pior do que misturar rusgas esportivas com diferenças políticas e fisiologismo nacionalista. Mas, pois é. Desgraçadamente as três coisas se juntaram naquela noite efêmera e criaram uma situação que ninguém, absolutamente ninguém, nem o mais dos pessimistas poderia antever. O que se deu a partir daí foi uma crescente de violência e arruaça que tomou de pronto praticamente toda a capital portenha, com a policia não conseguindo mais dar conta de controlar as massas em protestos. E nós no meio daquilo tudo.
O que era para sem uma simples partida, tornara-se agora uma questão de sobrevivência e segurança. Nenhum dos brasileiros que estava no estádio nacional naquela noite podia pensar ter passado por tal situação. O jogo terninara as 23:39hs e já passava das duas da madrugada e nada de ninguém conseguir sair. Pior, levas de argentinos em massas enfurecidas fora do estádio querendo entrar. O pavor estava estampado no rosto de todos. Havia muitas mulheres e crianças naquele estádio, e afora os membros da equipe brasileira, havia mais de cem brasileiros e estrangeiros sem ter como sair, e nem como ficar. As autoridades brasileiras acompanhavam a situação de longe e em Brasília nenhuma movimentação fora do normal fora determinada ou proposta, haja vista se quer se hipotetizar a necessidade de uma operação em território argentino, menos ainda militar que fosse. Impensável para a diplomacia brasileira tal questão, fora de qualquer propósito, ainda mais se tratando de nosso maior parceiro comercial e político, para não dizer ideológico, na América Latina.
Mas as coisas começaram a ficar complicadas, mais do que já estavam. A polícia argentina a muito custo conseguiu desalojar a torcida argentina para fora do estádio, mas nem todos. E por várias vias, os brasileiros no estádio nacional passaram a ser acossados por todos os lados, com enfrentamentos diversos entre os militares da policia argentina e torcedores/manifestantes ainda dentro do estádio. Com uma multidão fora do estádio gritando palavras de ordem contra o Brasil e sabedora de que brasileiros lá estavam, principalmente a seleção de futebol, a pressão pela entrada passou a ser quase que descomunal, com as forças de segurança quase exauridas na tentativa de repressão dos manifestantes.
– Brasileiros encurralados
A esta altura, várias pessoas dentro do estádio já tinham ligado via celular ou do modo como se dispunha ao Brasil, tentando avisar parentes e amigos sobre a sua situação. A repressão policial e militar argentina tornou-se brutal fora do estádio na tentativa de conter os manifestantes, com várias pessoas baleadas e mortas durante os protestos, o que só fez aumentar o clamor contra os brasileiros dentro do estádio. No Brasil, como sempre, já dizia o ditado, “loucura pouca é bobagem.” Nenhum movimento de parte das autoridades civis brasileiras se fez sentir, porque o governo, mais preocupado com as eleições vindouras, e em não criar fatos para a oposição, pouco ou nada se interessava ou preocupava pela situação dos brasileiros naquele estádio de futebol em Buenos Aires, preferindo crer que tudo seria resolvido pelas forças de segurança argentinas e acompanhando os acontecimentos pelos meios de comunicação. Bem, se até as três da madrugada não se podia prever que nenhum brasileiro fosse sair ferido ou ter sua vida posta em perigo naquele momento, tudo ficou mais claro quando um morteiro ou rojão, não sei, caiu bem em cima de um grupo de jornalista, que apesar da confusão e medo, ainda tentava fazer o seu trabalho, cobrindo aqueles acontecimentos ali mesmo onde estavam.
Não se sabe de onde veio ou partiu aquele rojão, mas sua queda feriu cerca de treze pessoas, dentre jornalistas e civis. Pelo menos cinco feridos gravemente e precisando de remoção ao hospital, com queimaduras graves. Mas nada puderam fazer visto que a policia argentina passou ela a ser o alvo da perseguição e não tinham eles mesmos como sair dali e nem como evacuar-se. A situação estava cada vez mais desesperadora.
Assim que este rojão caiu, e vários embates entre policiais e torcedores dentro do estádio foram presenciados, com todos tendo a certeza de que uma tragédia estava para acontecer, um chamado de socorro foi emitido pelo presidente da CBF que estava no local e conseguiu acionar, quem diria, passando por cima de todas as esferas burocráticas e hierárquicas, um alto oficial do Estado Maior Conjunto. Tendo sido informado do fato o oficial comunicou imediatamente o chefe do EMC, que acionou o Ministro da Defesa, que por sua vez fez acionar o Itamarati e à própria presidência da república. Minutos se passaram e já na sala de conferência do MD, o ministro e o alto comando das ffaa’s reuniram-se e passaram a analisar as alternativas, recebendo do presidente da CBF e agora também, de diversos órgãos de imprensa informações preciosas sobre a situação e condição daqueles brasileiros em território argentino. Mas até as cinco da manhã, nenhuma resposta foi conseguida do Itamarati e do Palácio do Planalto.
Entre mentes, todos no EMC começaram a perguntar-se se caso uma missão de resgate fosse necessária, como poderíamos confrontá-la sem necessariamente incorrer em um incidente internacional mais grave com os argentinos, que aquela altura do campeonato, já estavam preocupados demais com seus próprios problemas, e com certeza não teriam maiores escrúpulos em deixar de salvaguardar a vida de um punhado de estrangeiros. Em que pese as excelentes relações entre as ffaa’s brasileiras e argentinas, uma coisa era certa: fazer exercícios conjuntos e atividades institucionais colaboracionistas em tempos de paz e coesão era uma coisa, outras seria a intervenção no território do outro país em uma missão de combate, ainda que de salvamento. Esta questão pareceu-me nunca ter sido levantada, nem por um lado e nem por outro, constituindo assim uma novidade operacional não planejada e menos ainda prevista ou estudada.
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Re: Hipóteses de Emprego
– A decisão de partir.
Acontece que já era madrugada de 7 de setembro, quase amanhecia o dia, pleno feriado no Brasil e poucas coisas haviam de funcionar no poder público naquelas horas, principalmente se levarmos em conta que era mais um dos feriadões costumeiros que se vê no Brasil. Congresso esvaziado, STF de “férias” e executivo funcionando em ritmo lerdo. Ainda assim a decisão por mandar ou não uma missão de resgate estava atravessada na garganta do MD que não tinha em suas mãos o poder de decisão, sendo no máximo um mero executor. Ponto, infelizmente, quem detinha o poder para decidir alguma coisa, ou estava pouco apto para isto ou esquivou-se até o último minuto de assumir suas responsabilidades do cargo e da decisão.
Indireta e discretamente, sabendo que uma resposta política poderia demorar demais, e vir em última hora quando já não mais bastaria para equalizar a situação a nosso favor, e tendo centenas de brasileiros em perigo de vida, o EMC e os chefes militares tomaram a firme decisão de assumir as rédeas da situação, como aliás sempre foi do feitio de nossos militares, uma de suas melhores, dentre tantas, senão a melhor de suas qualidades – ao contrario do meio político, e desembocaram a preparar a “Operação Cruzeiro do Sul” a fim de por a termo aquela situação vexatória por que passavam aqueles patrícios em solo estrangeiro. Cercando-se de todo o cuidado para não ferir a legislação vigente – e nem as suscetibilidades dos políticos – pelo contrário invocando-a, como termo de obrigação legal das ffaa’s com a segurança do Brasil e dos brasileiros, onde quer que estejam, a FAB se pôs a trabalhar e tentar reunir todos os meios de que dispunha para fazer chagar aos brasileiros no estádio argentino a ajuda e o resgate necessário.
Como as comunicações com o pessoal dentro do estádio só pudesse ser feita por celular e por meio dos recursos da imprensa no local, enquanto durassem as baterias, uma das primeiras demandas foi conseguir informações exatas e precisas sobre quantos e em que condições se encontravam os brasileiros dentro do estádio. Sabia-se a priori que a seleção brasileira estava lá, acompanhada normalmente de seu secto da imprensa esportiva, e como se tratava de um clássico, podia-se contar com certeza, só por aí uma centena e meia de pessoas, no mínimo, entre esportistas e jornalistas. Sabia-se também que houve a venda de poucos ingressos para brasileiros, o que diante da situação era um fator positivo visto demandar uma menor escala do resgate, coisa, aliás, que pouco importava agora, já que “nunca antes na história deste país...” para usar uma expressão conhecida do populismo retórico da política nacional, a FAB teve que resgatar tantas pessoas assim; não ao menos não de uma vez só e em um único local em tão pouco tempo.
Assim o planejamento militar proveu a necessária demanda para o resgate de uns quinhentos nacionais dentro daquele estádio, fora os estrangeiros que ali se encontravam também. Parecia ser muito mais do que poderia suportar a capacidade de resgate das ffaa’s brasileiras. Mas o imperativo era a retirada daqueles brasileiros do local, custasse o que fosse. Mas como retirar cerca de 500 pessoas de um estádio de futebol e ainda por cima em terras estrangeiras? Poderia a FAB sozinha, ou com o apoio das demais forças co-irmãs ser capaz de executar tal ação, ainda contando com a provável hostilidade de oponente local, considerando-se que as ffaa’s argentinas não ficassem impassíveis a ação brasileira em seu próprio território? Teríamos tempo suficiente para poder levar a cabo tal missão? Teríamos os meios disponíveis?
Continua...
Acontece que já era madrugada de 7 de setembro, quase amanhecia o dia, pleno feriado no Brasil e poucas coisas haviam de funcionar no poder público naquelas horas, principalmente se levarmos em conta que era mais um dos feriadões costumeiros que se vê no Brasil. Congresso esvaziado, STF de “férias” e executivo funcionando em ritmo lerdo. Ainda assim a decisão por mandar ou não uma missão de resgate estava atravessada na garganta do MD que não tinha em suas mãos o poder de decisão, sendo no máximo um mero executor. Ponto, infelizmente, quem detinha o poder para decidir alguma coisa, ou estava pouco apto para isto ou esquivou-se até o último minuto de assumir suas responsabilidades do cargo e da decisão.
Indireta e discretamente, sabendo que uma resposta política poderia demorar demais, e vir em última hora quando já não mais bastaria para equalizar a situação a nosso favor, e tendo centenas de brasileiros em perigo de vida, o EMC e os chefes militares tomaram a firme decisão de assumir as rédeas da situação, como aliás sempre foi do feitio de nossos militares, uma de suas melhores, dentre tantas, senão a melhor de suas qualidades – ao contrario do meio político, e desembocaram a preparar a “Operação Cruzeiro do Sul” a fim de por a termo aquela situação vexatória por que passavam aqueles patrícios em solo estrangeiro. Cercando-se de todo o cuidado para não ferir a legislação vigente – e nem as suscetibilidades dos políticos – pelo contrário invocando-a, como termo de obrigação legal das ffaa’s com a segurança do Brasil e dos brasileiros, onde quer que estejam, a FAB se pôs a trabalhar e tentar reunir todos os meios de que dispunha para fazer chagar aos brasileiros no estádio argentino a ajuda e o resgate necessário.
Como as comunicações com o pessoal dentro do estádio só pudesse ser feita por celular e por meio dos recursos da imprensa no local, enquanto durassem as baterias, uma das primeiras demandas foi conseguir informações exatas e precisas sobre quantos e em que condições se encontravam os brasileiros dentro do estádio. Sabia-se a priori que a seleção brasileira estava lá, acompanhada normalmente de seu secto da imprensa esportiva, e como se tratava de um clássico, podia-se contar com certeza, só por aí uma centena e meia de pessoas, no mínimo, entre esportistas e jornalistas. Sabia-se também que houve a venda de poucos ingressos para brasileiros, o que diante da situação era um fator positivo visto demandar uma menor escala do resgate, coisa, aliás, que pouco importava agora, já que “nunca antes na história deste país...” para usar uma expressão conhecida do populismo retórico da política nacional, a FAB teve que resgatar tantas pessoas assim; não ao menos não de uma vez só e em um único local em tão pouco tempo.
Assim o planejamento militar proveu a necessária demanda para o resgate de uns quinhentos nacionais dentro daquele estádio, fora os estrangeiros que ali se encontravam também. Parecia ser muito mais do que poderia suportar a capacidade de resgate das ffaa’s brasileiras. Mas o imperativo era a retirada daqueles brasileiros do local, custasse o que fosse. Mas como retirar cerca de 500 pessoas de um estádio de futebol e ainda por cima em terras estrangeiras? Poderia a FAB sozinha, ou com o apoio das demais forças co-irmãs ser capaz de executar tal ação, ainda contando com a provável hostilidade de oponente local, considerando-se que as ffaa’s argentinas não ficassem impassíveis a ação brasileira em seu próprio território? Teríamos tempo suficiente para poder levar a cabo tal missão? Teríamos os meios disponíveis?
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Re: Hipóteses de Emprego
Não entendi: Vinte e sete de agosto de 2013???
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Re: Hipóteses de Emprego
Deve ser um CONTO, Saullo, aí fica legal!!!
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Re: Hipóteses de Emprego
É bom frisar bem a data (2013) senão pode dar um efeito Orson Welles (eu estava quase acreditando que tinha acontecido...bem escrito!)Túlio escreveu:Deve ser um CONTO, Saullo, aí fica legal!!!
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Re: Hipóteses de Emprego
De repente está surgindo um novo talento no DB, tem o LEANDRO...
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Re: Hipóteses de Emprego
Caro Tulio, pode ficar tranquilo, pois trata-se apenas de uma "estória", para ilustrar o título do tópico, que é a discussão sobre HE's que eventualmente nossas ffaa's venha a ter de lidar.Túlio escreveu:Deve ser um CONTO, Saullo, aí fica legal!!!
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Re: Hipóteses de Emprego
Então, mas pode soltar o próximo capítulo, estou esperando que está interessante.FCarvalho escreveu:Caro Tulio, pode ficar tranquilo, pois trata-se apenas de uma "estória", para ilustrar o título do tópico, que é a discussão sobre HE's que eventualmente nossas ffaa's venha a ter de lidar.Túlio escreveu:Deve ser um CONTO, Saullo, aí fica legal!!!
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Re: Hipóteses de Emprego
Saullo, peço-te um pouco de paciência comigo pois demoro a escrever; mas certo de que na semana que vem teremos o desfecho do "estória".saullo escreveu:Então, mas pode soltar o próximo capítulo, estou esperando que está interessante.FCarvalho escreveu: Caro Tulio, pode ficar tranquilo, pois trata-se apenas de uma "estória", para ilustrar o título do tópico, que é a discussão sobre HE's que eventualmente nossas ffaa's venha a ter de lidar.
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Re: Hipóteses de Emprego
Meus parabéns pela iniciativa FCarvalho!FCarvalho escreveu:Saullo, peço-te um pouco de paciência comigo pois demoro a escrever; mas certo de que na semana que vem teremos o desfecho do "estória".saullo escreveu: Então, mas pode soltar o próximo capítulo, estou esperando que está interessante.
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Armam-se homens com as melhores armas.
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Re: Hipóteses de Emprego
obrigado, Walter. espero que este tópico nos seja bastante útil.WalterGaudério escreveu:Meus parabéns pela iniciativa FCarvalho!
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Re: Hipóteses de Emprego
– Reconhecendo o caminho.
Ante a aparente imobilidade e inabilidade do governo federal ao preterir uma opção militar para a solução daquele imbróglio em que havíamos nos metido, o MD e o estado maior conjunto de forma prudente e previdente começaram os preparativos para uma possível ação de resgate daqueles brasileiros em território argentino, mesmo sabendo que o preço político a pagar pudesse ser insustentável para aquela administração. Mas o preço em vidas seria muitíssimo pior, e os cmdtes das ffaa’s definitivamente não queriam sujar seus currículos e nem suas mãos com sangue de brasileiros por uma questão provinciana de relações político-ideológica e conveniências diplomáticas. Militares são e sempre foram homens de ação, e graças a Deus e a isso, posso estar contando esta estória hoje aqui para você caro leitor.
Havia uma missão a ser feita, e tudo o que estivesse ao alcance da FAB e das demais forças para que a mesma tivesse um final feliz seria feito. E de fato o foi. Como havia dito, o Estado Maior Conjunto deparou-se com uma serie de infortúnios diante do fato de organizar uma missão de salvamento pouco comum no dia-a-dia das ffaa’s brasileiras, que embora frequentemente empregadas em missões de treinamento do tipo, tanto em território nacional, e mesmo no estrangeiro, pela primeira vez se deparava com uma missão, como se diz no jargão militar, do tipo “salvamento de combate”, ou C-SAR, em condições reais. A primeira coisa que veio a cabeça do cmdte da força aérea seria ter a exata dimensão e clareza da missão e qual e que tipo de esforço a força deveria empreender para levá-la a cabo. Para os planejadores militares isto se fazia essencial, pois a definição e o emprego de meios aéreos e terrestres na missão teria que ser feito na mais justa medida de tempo, posto que aquelas alturas, a FAB não podia e nem tinha como empregar e/ou juntar todos os seus recursos ante a premência do tempo e das condições da ação. Neste sentido, um telefonema viria a ser a solução providencial que detonaria o inicio da missão.
Às 3:49hs da madrugada do dia 7 de setembro o sinal de alerta do Esquadrão Aéreoterrestre de Salvamento – EAS, mas comumente conhecido como Para-Sar, da Força Aérea Brasileira, tocou e o seu comte foi chamado ao centro de cmdo do esquadrão, onde na verdade, já estava desde a noite anterior, no acompanhamento dos fatos, antecipação típica dos homens formados nas operações de FE’s. A ligação definiu em dois minutos a missão e o objetivo daquele organização militar, que seria informar ao alto cmdo da força aérea e ao EMC no ministério da defesa tudo o que se passava dentro daquele estádio e ao seu redor, fazer o reconhecimento do caminho e ser os olhos e ouvidos da FAB naquela lugar, sem ser notado ou chamar atenção o mais que possível. Mas como entrar em plena Buenos Aires sem ser notado naquele turbilhão? A reposta veio na forma de uma providencial empatia entre o 5º/8º Gav e sua congênere uruguaia, onde a utilização nada provável do helicóptero presidencial uruguaio, um EC-365 Dauphin, veio a calhar.
Assim, de forma inusitada, um grupo de 9 operadores do Para-Sar escolhidos a dedo pelo próprio cmte do esquadrão infiltrou-se no estádio quase ao raiar do dia da independência, com o Dauphin conseguindo passar incólume pelo controle aéreo argentino sem chamar a atenção. Aqueles operadores saíram direto do seu aquartelamento em um vôo literalmente a jato, em um C-99 do 2º/2º GT, com destino a Montevideu onde desembarcaram descaracterizados, com todo o equipamento e pessoal sendo transportado até um pequeno aeroporto perto da capital portenha, de forma a encurtar o vôo o mais possível. Lá receberam seus materiais e armamento, partindo sem demora a fim de evitar a plena luz do dia.
Quando aquele helicóptero apareceu no céu escuro, quase pensamos tratar-se de uma evacuação das forças policiais dentro do estádio, ou uma operação de retirada dos feridos, ou mesmo que seriamos deixados à própria sorte; o medo e apreensão que já estavam no mais alto nível pareceu explodir. Pensei comigo mesmo: “estamos ferrados... nos esqueceram aqui”. Mas qual não foi minha surpresa, e dos demais brasileiros ali, mais ainda dos policiais argentinos, salta do helicóptero no meio do gramado, um grupo estranho de homens parecendo mais uns astronautas às avessas, com seus capacetes e roupas escuras, cobertos de equipamentos e armados “até os dentes”. Logo um daqueles homens se dirigiu mim – eu era um dos mais próximos de onde pousou o helicóptero – e em voz forte, mas tranquila se identificou e perguntou-me: - “Maj. Fráguas, Para-Sar, Força Aérea Brasileira, senhor. Estamos aqui para levá-los pra casa. Qual seu nome e profissão?” Bem, meio que atônito respondi meu nome e minha profissão. Confesso que deu uma vontade de dar um abraço naquele camarada ali mesmo tal era minha estupefação, mas nervoso do jeito que estava não consegui mais que balbuciar umas poucas palavras que já nem lembro, e nem sei se ele entendeu.
No começo não compreendi como apenas nove homens poderiam salvar mais de uma centena de pessoas com um helicóptero e ainda no meio daquela confusão. Pois, como não entendo nada de operações militares e menos ainda de tática ou estratégia militar, tratei de fazer o que entendia de fato e passei a registrar a ação daquele pequeno grupo de homens desassombrados, que logo assumiram o comando da situação e passaram a organizar todos os brasileiros que ali estavam e a prestar os primeiros socorros aos feridos. Os homens do Para-Sar apesar das roupas e dos equipamentos, por incrível que pareça passaram quase que despercebidos pelas forças policiais argentinas. Um oficial argentino me confessou meses depois que para eles ali naquele estádio, pensaram tratar-se de uma tropa de reforço policial no momento, e que só bem depois, quando o resgate se deu foi que “ a ficha caiu” e eles perceberam que eram soldados brasileiros operando bem ali na sua cara, o tempo todo.
A luz do dia começava a raiar e a situação insistia em preocupar, pois uma multidão de gente continuava ao redor do estádio, hora sim, hora não tentando entrar no mesmo, enquanto nós lá dentro tentávamos minorar nossas condições de abrigo, já que a noite de Buenos Aires é bem conhecida pelo seu frio, mesmo naquele começo de verão. Os homens do Para-Sar deram a dimensão do resgate: 489 pessoas entre homens, mulheres e crianças, precisavam ser retirados rapidamente dali, com pelo menos 13 feridos graves, e diversas outras pessoas acometidas de maus súbitos de saúde, em função das condições e da pressão a que estavam submetidos. A presença daqueles soldados que parecia ser a nossa salvação, agora parecia ter se tornado uma situação desesperadora. A missão de resgate que parecera improvável agora se tornara impossível.
Continua...
Ante a aparente imobilidade e inabilidade do governo federal ao preterir uma opção militar para a solução daquele imbróglio em que havíamos nos metido, o MD e o estado maior conjunto de forma prudente e previdente começaram os preparativos para uma possível ação de resgate daqueles brasileiros em território argentino, mesmo sabendo que o preço político a pagar pudesse ser insustentável para aquela administração. Mas o preço em vidas seria muitíssimo pior, e os cmdtes das ffaa’s definitivamente não queriam sujar seus currículos e nem suas mãos com sangue de brasileiros por uma questão provinciana de relações político-ideológica e conveniências diplomáticas. Militares são e sempre foram homens de ação, e graças a Deus e a isso, posso estar contando esta estória hoje aqui para você caro leitor.
Havia uma missão a ser feita, e tudo o que estivesse ao alcance da FAB e das demais forças para que a mesma tivesse um final feliz seria feito. E de fato o foi. Como havia dito, o Estado Maior Conjunto deparou-se com uma serie de infortúnios diante do fato de organizar uma missão de salvamento pouco comum no dia-a-dia das ffaa’s brasileiras, que embora frequentemente empregadas em missões de treinamento do tipo, tanto em território nacional, e mesmo no estrangeiro, pela primeira vez se deparava com uma missão, como se diz no jargão militar, do tipo “salvamento de combate”, ou C-SAR, em condições reais. A primeira coisa que veio a cabeça do cmdte da força aérea seria ter a exata dimensão e clareza da missão e qual e que tipo de esforço a força deveria empreender para levá-la a cabo. Para os planejadores militares isto se fazia essencial, pois a definição e o emprego de meios aéreos e terrestres na missão teria que ser feito na mais justa medida de tempo, posto que aquelas alturas, a FAB não podia e nem tinha como empregar e/ou juntar todos os seus recursos ante a premência do tempo e das condições da ação. Neste sentido, um telefonema viria a ser a solução providencial que detonaria o inicio da missão.
Às 3:49hs da madrugada do dia 7 de setembro o sinal de alerta do Esquadrão Aéreoterrestre de Salvamento – EAS, mas comumente conhecido como Para-Sar, da Força Aérea Brasileira, tocou e o seu comte foi chamado ao centro de cmdo do esquadrão, onde na verdade, já estava desde a noite anterior, no acompanhamento dos fatos, antecipação típica dos homens formados nas operações de FE’s. A ligação definiu em dois minutos a missão e o objetivo daquele organização militar, que seria informar ao alto cmdo da força aérea e ao EMC no ministério da defesa tudo o que se passava dentro daquele estádio e ao seu redor, fazer o reconhecimento do caminho e ser os olhos e ouvidos da FAB naquela lugar, sem ser notado ou chamar atenção o mais que possível. Mas como entrar em plena Buenos Aires sem ser notado naquele turbilhão? A reposta veio na forma de uma providencial empatia entre o 5º/8º Gav e sua congênere uruguaia, onde a utilização nada provável do helicóptero presidencial uruguaio, um EC-365 Dauphin, veio a calhar.
Assim, de forma inusitada, um grupo de 9 operadores do Para-Sar escolhidos a dedo pelo próprio cmte do esquadrão infiltrou-se no estádio quase ao raiar do dia da independência, com o Dauphin conseguindo passar incólume pelo controle aéreo argentino sem chamar a atenção. Aqueles operadores saíram direto do seu aquartelamento em um vôo literalmente a jato, em um C-99 do 2º/2º GT, com destino a Montevideu onde desembarcaram descaracterizados, com todo o equipamento e pessoal sendo transportado até um pequeno aeroporto perto da capital portenha, de forma a encurtar o vôo o mais possível. Lá receberam seus materiais e armamento, partindo sem demora a fim de evitar a plena luz do dia.
Quando aquele helicóptero apareceu no céu escuro, quase pensamos tratar-se de uma evacuação das forças policiais dentro do estádio, ou uma operação de retirada dos feridos, ou mesmo que seriamos deixados à própria sorte; o medo e apreensão que já estavam no mais alto nível pareceu explodir. Pensei comigo mesmo: “estamos ferrados... nos esqueceram aqui”. Mas qual não foi minha surpresa, e dos demais brasileiros ali, mais ainda dos policiais argentinos, salta do helicóptero no meio do gramado, um grupo estranho de homens parecendo mais uns astronautas às avessas, com seus capacetes e roupas escuras, cobertos de equipamentos e armados “até os dentes”. Logo um daqueles homens se dirigiu mim – eu era um dos mais próximos de onde pousou o helicóptero – e em voz forte, mas tranquila se identificou e perguntou-me: - “Maj. Fráguas, Para-Sar, Força Aérea Brasileira, senhor. Estamos aqui para levá-los pra casa. Qual seu nome e profissão?” Bem, meio que atônito respondi meu nome e minha profissão. Confesso que deu uma vontade de dar um abraço naquele camarada ali mesmo tal era minha estupefação, mas nervoso do jeito que estava não consegui mais que balbuciar umas poucas palavras que já nem lembro, e nem sei se ele entendeu.
No começo não compreendi como apenas nove homens poderiam salvar mais de uma centena de pessoas com um helicóptero e ainda no meio daquela confusão. Pois, como não entendo nada de operações militares e menos ainda de tática ou estratégia militar, tratei de fazer o que entendia de fato e passei a registrar a ação daquele pequeno grupo de homens desassombrados, que logo assumiram o comando da situação e passaram a organizar todos os brasileiros que ali estavam e a prestar os primeiros socorros aos feridos. Os homens do Para-Sar apesar das roupas e dos equipamentos, por incrível que pareça passaram quase que despercebidos pelas forças policiais argentinas. Um oficial argentino me confessou meses depois que para eles ali naquele estádio, pensaram tratar-se de uma tropa de reforço policial no momento, e que só bem depois, quando o resgate se deu foi que “ a ficha caiu” e eles perceberam que eram soldados brasileiros operando bem ali na sua cara, o tempo todo.
A luz do dia começava a raiar e a situação insistia em preocupar, pois uma multidão de gente continuava ao redor do estádio, hora sim, hora não tentando entrar no mesmo, enquanto nós lá dentro tentávamos minorar nossas condições de abrigo, já que a noite de Buenos Aires é bem conhecida pelo seu frio, mesmo naquele começo de verão. Os homens do Para-Sar deram a dimensão do resgate: 489 pessoas entre homens, mulheres e crianças, precisavam ser retirados rapidamente dali, com pelo menos 13 feridos graves, e diversas outras pessoas acometidas de maus súbitos de saúde, em função das condições e da pressão a que estavam submetidos. A presença daqueles soldados que parecia ser a nossa salvação, agora parecia ter se tornado uma situação desesperadora. A missão de resgate que parecera improvável agora se tornara impossível.
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