Guerra escreveu:Se o EB quer sobreviver tem que focar totalmente na atividade fim. Esse tem que ser nosso discurso sempre, simplesmente porque esse é o nosso papel legal. Nós somos da guerra e é para isso que a nação nos paga e ponto final.
Temos que parar com o discurso para agrdar politico. Parar de mostrar mulheres na força saltando de paraquedas porque a presidente é mulher. Nosso discurso tem que focar a realidade.
É curioso. Em alguns momentos, tem-se a impressão de que as altas chefias do Exército abominam a participação de suas tropas em missões tipo polícia. Inclusive, diz-se que o ódio que muitos militares tem de FHC é porque este estaria disposto a transformar a força em uma "polícia de luxo" para atender os interesses americanos. Em outros instantes, por exemplo, quando se propôs tirar do Exército o papel de "garantia da lei e da ordem" da Constituição de 1988, houve todo tipo de pressão da caserna contra esta idéia. E por quê o Exército, até mesmo, criou uma brigada inteira de "garantia da lei e da ordem"? Tenho certeza de que nenhum político civil teve essa idéia por si mesmo. E esta a atividade-fim do Exército, ficar, para todo o sempre de prontidão para reprimir maus policias baderneiros?
O Exército é da guerra? Mas que guerra ele pretende vencer com recrutas mal-ajambrados do Serviço Militar Obrigatório? Se o Exército está tão interessado assim na sua atividade-fim, por quê será que em toda eleição presidencial, seus generais fazem absoluta questão de levar todos os candidatos ao cargo máximo para seus quartéis e fazem de tudo para arrancar deles a garantia de que não vão tentar mexer com o Serviço Militar Obrigatório?
E não nesse embuste que vendem sobre o Brasil. "O Brasil é uma potência dos BRIC". Conversa. A verdadeiras potências do BRIC são China e Russia. O resto é embuste. Uma verdadeira potencia tem que ter condições de fazer o que a Russia fez na Geogia, quando outra potencia quer cantarde galo no seu terreiro.
Quem não consegue fazer o que a Russia fez, abaixa a cabeça como o Brasil sempre faz.
E o que o reequipamento do Exército, realmente, tem a ver com esta realidade? A Rússia e a China são potências por um bocado de circunstâncias históricas que gente mais gabaritada do que eu poderia destrinchar. Com certeza, a posse de fortes exércitos por esses países foi uma conseqüência dessas circunstâncias. O Brasil satisfaz tais circunstâncias? Se satisfaz, então, por quê não temos poderosas forças armadas, dotadas de modernos equipamentos nacionais, fabricados internamente? Ora, o Brasil está levando uns trinta anos para dotar seus infantes com um simples fuzil de assalto! Nunca fabricou uma metralhadora pesada, nem sob licença!
Se o Brasil não satisfaz as tais das "circunstâncias históricas" que fazem da China e Rússia as verdadeiras potências desse tal de BRICS, então no que uma artificial criação de um aparato militar irá resolver? O Brasil já experimentou essa asneira, uma vez, em 1910. Nesse ano, o Brasil adquiriu dois dos mais poderosos couraçados da época. O mundo inteiro ficou boquiaberto; muitos se indagaram o que estaria por trás de um país insignificante no "grande jogo" das potências adqurindo tais belonaves? Alguns diziam que era uma tramóia de alguma superpotência que, assim que o Brasil recebesse os navios, os compraria, de comum acordo com os brasileiros. O Brasil, com os dois navios, ficou à frente de países como França e Alemanha. Mas, o Brasil, realmente, tinha um poder nacional maior do que o francês e alemão? Óbvio que não. No mesmo ano que os navios chegaram, estourou a Revolta da Chibata. A Marinha se atreveu a querer possuir os dois mais poderosos navios da época, e guarnecê-los com semi-escravos analfabetos. Deu no que deu. Em 1912, dois anos depois de chegarem ao Brasil, os dois navios já estavam com partes fundamentais como os canhões e as caldeiras, tomados de ferrugem. Em 1917, quando o país entrou na Grande Guerra, ofereceu seus dois couraçados para servirem sob as ordens da Real Marinha britânica. Esta recusou, pois estava bem ciente do estado lastimável dos navios e da pobreza profissional de suas tripulações.
Com certeza, uso melhor deste precioso dinheiro poderia ter sido feito. Mesmo se fosse empregado em armamentos...
Então, realmente, não consigo entender o que o Exército atual do Brasil, ou qualquer coisa que tenha a ver com seu reequipamento tem a ver com o Brasil fazer uma "trinca de iguais" com China e Rússia no BRICs.
Se os politicos querem fingir ser uma potencia, porque não querem o EB como uma maquina de guerra, por ideologia, então é melhor viver em conflito com os interesses politicos, mas manter nosso dever constitucional.
E são apenas os políticos que não querem o EB como "máquina de guerra"? E os generais do Exército, eles querem? Se querem, então porque não declaram, oficialmente, que não consideram mais de utilidade o Serviço Militar Obrigatório? Uma vez, eu li um livro de um sargento americano da Força Delta, com experiência em adestrar exércitos latino-americanos, ele comentou que, para comparar a capacidade de combate de dois exércitos, um fator importante é ver qual deles tem sargentos mais competentes e com mais autonomia de decisão dentro da instituição. E que, nos exércitos latino-americanos, este era um dos principais fatores de sua inferioridade profissional, comparado com os exércitos americano e europeus. Se os generais do Exército são tão assim preocupados com o seu "dever constitucional" porque não propõem ao Congresso uma correção desse ponto fraco de sua instituição?
Aqui sim tem um equivoco que esta afundando esse pais. Não é porque o governo foi eleito democraticamente que pode simplesmente declarar o fim do EB.
Nunca ouvi falar que o governo atual ou o anterior tivessem a intenção de "declarar o fim do EB". Ao contrário, tinha a impressão de que, dentro das possibilidades, tinham a intenção de comprar alguns novos implementos para a força. Afinal, não vem aí, os "Guarani" e o IA 2?
E discordar com o que os politcos querem para a força, não signific dar golpe. Se o governo acha que dar dinheiro em forma do bolsa esmola para manter seu curral eleitoral é mais importante que ter um exército decente, a força tem mais é que dizer que o buraco existe.
Concordo. Se as coisas não vão bem, é mesmo o dever profissional dos comandantes militares apontarem as deficiências. Até mesmo, apresentarem suas renúncias, se algo for grave o suficiente para isto. Mas, sempre lembrando que é o governo, democraticamente eleito, que dirá a última palavra. Se ele entende que o "bolsa-esmola" é o mais importante. Paciência. Esperemos uma nova administração. Até porque, se um acha que isso é um "bolsa-esmola", talvez um milhão ache que é uma grande e importante decisão de estadista. Não foi isso que ficou comprovado na última eleição presidencial?
Clermont, vc tem certeza que tem alguém dizendo que um governo militar é a unica salvação para a defesa?
Não tem não? Ora, mas que bom! Melhor para todos nós, certo?