MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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LeandroGCard
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2656 Mensagem por LeandroGCard » Qui Mai 03, 2012 4:19 pm

Saiu o rascunho da nova regra da poupança. Ela renderá abaixo da Selic, o que é necessário.
Poupança deve render 70% da taxa Selic

Cálculo da aplicação será alterado sempre que o juro estiver em 8,5% ou menos

03 de maio de 2012

Agência Estado

BRASÍLIA - O governo deve anunciar hoje à tarde mudança no rendimento da caderneta de poupança. Segundo fontes próximas às negociações, a proposta que será apresentada prevê correção mensal pelo equivalente a 70% da taxa básica de juros, a Selic, mais a variação da Taxa Referencial (TR). Isso valerá sempre que a Selic estiver em 8,5% ao ano ou em patamar menor. Se a taxa estiver acima disso, o rendimento continuará sendo o atual: 0,5% ao mês mais a variação da TR.

A mudança não afetará as poupanças antigas, mas apenas as que forem abertas agora ou novos depósitos nas contas já existentes. A medida abrirá espaço para o Banco Central continuar a reduzir os juros como defende a presidente Dilma Rousseff.

A Medida Provisória pode passar por pequenos ajustes depois das reuniões desta tarde
Ainda é só um começo, mas abre imensas possibilidades além da derrubada da própria Selic, de uma queda ainda maior nos juros dos financiamentos imobiliários à eliminação da correção automática dos preços administrados (energia, remédios, etc...) pela inflação passada.

Agora nenhuma das regras malucas da economia brasileira que impediam a queda dos juros e o aumento dos investimentos permanecerá intocável. Ainda existem armadilhas muito sérias no caminho do crescimento sustentado em níveis mais elevados, como o ambiente institucional muito ruim (burocracia) e a demora na maturação de quaisquer investimentos (enquanto o consumo pode aumentar de imediato). Mas ainda assim surgem potenciais que antes não existiam. São tempos muito interessantes... .


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Bourne
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2657 Mensagem por Bourne » Qui Mai 03, 2012 5:10 pm

Quando se mexe em uma estrutura financeira construída para funcionar com taxas de juros estratosféricas provoca alterações em cadeia sobre toda a economia. Tende a mudar como se poupa e investe. Entretanto meu medo é que a maior liquidez dos bancos vá para especulação (interna e externa) e financiar consumo. Então necessitará ser contrabalançada com mais investimentos e produção oriundo de fundos públicos ou mercado de ações. Ainda prematuro prever as repercussões.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2658 Mensagem por Sterrius » Qui Mai 03, 2012 7:05 pm

fora que eventuais problemas so serão realmente problemas se a resposta e previsões do GF forem insuficientes.




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Matheus
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2659 Mensagem por Matheus » Qui Mai 03, 2012 7:14 pm

Essa correção automática dos preços administados é um tiro no pé, fica alimentando a inflação pra sempre.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2660 Mensagem por Bran » Qui Mai 03, 2012 7:22 pm

Guido Mantega ao vivo na Globo News explicando as mudanças.




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marcelo bahia
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2661 Mensagem por marcelo bahia » Sex Mai 04, 2012 12:59 am

Bourne escreveu:Quando se mexe em uma estrutura financeira construída para funcionar com taxas de juros estratosféricas provoca alterações em cadeia sobre toda a economia. Tende a mudar como se poupa e investe. Entretanto meu medo é que a maior liquidez dos bancos vá para especulação (interna e externa) e financiar consumo. Então necessitará ser contrabalançada com mais investimentos e produção oriundo de fundos públicos ou mercado de ações. Ainda prematuro prever as repercussões.
Para controlar a liquidez dos bancos existe o depósito compulsório. E nada impede que esse dinheiro que já era aplicado internamente pelos bancos para ganhar com as altíssimas taxas seja revertido para o crédito qualificado. Desde que, é claro, o GF monitore o fluxo do capital. Com isso não estou desdenhando a sua preocupação, que acho legítima.

Num momento de crise internacional devemos comemorar a expectativa de mais pessoas físicas e jurídicas se sentirem atraídas a tomarem empréstimos, o que aumentará o consumo interno (importante num momento de mercados bem protegidos), já que o dinheiro da população que antes poderia ser aplicado na poupança e em fundos com juros polpudos, ou no pagamento de dívidas insólitas, geradas pelos próprios juros altíssimos, acabará no setor produtivo. Como essa sempre foi a intenção do GF, certamente já planejaram os efeitos da medida e como controlar esses efeitos para que eles não incrementem, por exemplo, a especulação imobiliária.

Outra consequência positiva é que no momento que os juros cheguem a um patamar mais humano, as empresas poderão utilizar muito mais o crédito privado, sem necessitar recorrer tanto ao crédito estatal subsidiado pelos fundos públicos. Nosso setor produtivo não pode ser tão dependente do financiamento do Estado como historicamente acontece no Brasil.

O crédito privado, como elemento de incremento da oferta, é fundamental para contrabalancearmos as pressões inflacionárias. Temos que abandonar essa doença que é combater a inflação sempre atacando o lado da demanda. Toda vez que o setor produtivo começa a investir, impulsionado pelo aumento do consumo, os juros são elevados para "controlar a inflação" e o consumo cai com ele. O problema é que também cai -juntamente com o consumo- a capacidade de tomar novos empréstimos para financiar os investimentos e cai o índice de confiança da indústria, que projeta negativamente a expectativa de consumo futura, o que também gera inflação no médio prazo, já que a demanda será retomada antes da consolidação dos investimentos, que nunca anda no mesmo ritmo.

Sds.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2662 Mensagem por Bourne » Sex Mai 04, 2012 2:51 am

Não é assim que funciona. Não existe uma relação automática entre crédito para investimento de longo prazo e menores taxas de juros. Considerar isso é uma visão simplista baseada em modelos teóricos muito específicos que desconsideram as particularidade de cada sistema financeiro nacional.

Aquele modelo do banco empresta a empresa é historinha. A coisa é muito mais complicada e cada país constrói um arranjo que é muito diferente disso.

No Brasil bancos privados vivem de especulação e financiamento ao consumo. Não se arriscam ou evita preferem relações de longo prazo com empresas. A não ser que ser tornem acionistas ou controladoras. Preferem direcionar os recursos ao consumo e refinanciar o governo ou especular. O que também não quer dizer que vão aumentar o crédito necessariamente para odos os nichos. Existem outras formas de obter ganhos mais seguras ou rentáveis. Então a tendência é direcionarem mais recursos ao consumo para ganharem na escala com consumidores que possui classificação de risco aceitável.

O agravante é que no Brasil existe uma elevada concentração no setor bancário. Apenas cinco ou seis bancos possui 75% dos ativos do sistema. Enquanto na Alemanha não chega a 15%. Pode não ser um problema em si por que japão possui um sistema concentrado. Porém os bancos brasileiros são especializados em financiar consumo e obtém e vão continuar obtendo maiores ganhos nesse nicho.

O financiamento do setor produtivo no Brasil é e sera pelos recursos públicos, relação direta com investidores e autofinanciamento por aplicações financeira. Estrutura consolidada que não sai disso. É ruim? Não. Desde que arque com as necessidades das empresas. Então para contrabalançar o maior consumo essas três fontes precisam aumentar o recursos disponível. No Brasil a características empurram mais o país para ter um sistema estilo coreano de crédito público e ações.

E o GF não descobriu uma solução mágica ou metamorfoseou o combate a inflação. Não saiu de uma noite de paixão em que a Dilma acordou bem e pensou "vou fazer um plano para baixar os juros". Simplesmente fez uma coisa que tinha que ser feita na década de 1950/1960 que era impulsionar o desenvolvimento financeiro. E quem esteve ou está no governo briga isso há um bom tempo ara ter medidas reais nesse sentido. Quem inspirou (mais fora do que dentro do governo) e implementou a saída circula por aí. Eles sabem que desenvolvimento financeiro, mas as repercussões e medidas adicionais são nebulosas. Se em ideia, mas precisa os fatos para indicarem o que fazer.

Está se desmontando um tipo de sistema. O que se sabe é que a principal influência tende a ser sobre a capacidade do governo em se refinanciar a taxas de juros mais baixas a prazos mais longos. O que influência entrada de capital, aplicações financeiras, riscos, taxa de câmbio, inflação, regulação entre outras. O sistema está sendo alterado.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2663 Mensagem por marcelo bahia » Sex Mai 04, 2012 8:28 am

Qual a novidade nisso, amigo?? Eu não disse que o GF, ou Dilma R, estaria reinventando a roda, muito pelo contrário, está tentando fazer o óbvio, mas que foi preciso coragem para fazê-lo. Concorda??

Que o sistema financeiro brasileiro não financia o setor produtivo foi exatamente o que eu disse antes, então não entendi por que você partiu para explicar que os bancos não emprestam, ou que existe concentração no setor bancário. Minha queixa é justamente essa.

Não é por que o setor produtivo sempre foi financiado por fundos públicos e por que os bancos sempre privilegiaram o consumo e a especulação que nada possa ser feito para mudar isso. O amadurecimento do sistema financeiro deveria levar a nossa banca a ampliar sua atuação. Talvez com menos espaço para especular, apertando o cerco por meio do BC as coisas comecem a mudar nesse país.

Sds.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2664 Mensagem por LeandroGCard » Sex Mai 04, 2012 12:18 pm

Sua preocupação é legítima Bourne, eu mesmo coloquei este ponto do descompasso entre o aumento do consumo e a maturação dos investimentos como um problema a ser enfrentado com a queda dos juros. Mas não é verdade que o governo tem pouco a fazer, com um pouco de criatividade e coragem dá sim para fazer muita coisa.

Uma sugestão por exemplo seria aumentar o compulsório bancário, mas criar um fundo correspondente para empréstimos apenas aos setores produtivos. Em detalhe, ou o banco recolhe o valor integral do compulsório maior (um mecanismo perfeitamente normal de política monetária), ou pode usar o dinheiro para empréstimos apenas à empresas do ramo industrial ou de infra-estrutura com taxas de juros especificadas (digamos, 6% ao ano, taxa similar a do BNDES). A escolha é do banco, assim como a responsabilidade por escolher a quem emprestar. Com bilhões parados e a escolha entre rendimento zero e 6% a.a, o que você acha que os bancos iriam preferir?

Já existem mecanismos semelhantes para o setor da construção civil, e não é nada demais criar outros para outros setores importantes. Há muita coisa que se pode fazer para alavancar o crescimento sustentável, o país tem potencial para taxas muito maiores do que os 3% que as diretorias anteriores do Banco Central julgavam como o máximo. O que me anima é que o governo atual parece ter decidido finalmente fazer alguma coisa neste sentido, ao contrário de todos os outros desde o final do regime militar. Vamos ver como a coisa ficará daqui para a frente.


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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2665 Mensagem por Grifon » Sex Mai 04, 2012 12:49 pm

Banco do Brasil anuncia novos cortes de juros para pessoa física

O Banco do Brasil anunciou nesta sexta-feira novas reduções de juros em linhas de crédito para pessoas físicas, com destaque para cheque especial e crédito pessoal. Foi o terceiro corte em cerca de um mês.

A taxa do cheque especial para clientes que tenham conta salário no banco e aderiram ao programa "Bompratodos" caiu da máxima de 8,31% para a taxa única de 3,94% ao mês, menos da metade.

Dentro do mesmo programa, a linha de crédito pessoal automática caiu da máxima de 5,79% para o teto de 3,94%.

O banco também anunciou medidas para facilitar a transferência de financiamento de veículos contratadas em outros bancos, a chamada portabilidade.

"Percebemos que os outros bancos nos seguiram depois que cortamos nossas taxas no mês passado, por isso decidimos avançar um pouco mais", disse a jornalistas o vice-presidente de negócios de varejo do BB, Alexandre Abreu.

As novas taxas, segundo a instituição, entram em vigor até o dia 27 deste mês.

PAPEL FUNDAMENTAL

Tanto o Banco do Brasil como a Caixa são vistos pelo governo como fundamentais para aumentar a competição no setor bancário e forçar o setor privado a baixar as suas taxas.

O banco foi o primeiro a anunciar, ainda no dia 4 de abril, corte nos juros ao consumidor e pacote de incentivos para migração de clientes de outros bancos. Todos os principais bancos do país cortaram taxas depois.

No primeiro mês após a redução nos juros, o BB contabiliza um aumento de 50% na média diária de concessões de empréstimos em relação ao mês anterior.

As concessões para financiamento de veículos saltou de R$ 11,2 milhões diários para R$ 28,7 milhões diários após a redução dos juros --aumento de 156,3%.

Na linha de crediário, os desembolsos passaram de R$ 400 mil para R$ 1,3 milhão diário --alta de 238,5% na comparação de março com abril.

Na próxima semana, o Banco do Brasil anunciará novidades em fundos de investimento e em linhas de crédito para micro e pequenas empresas.

CAIXA

A Caixa Econômica Federal, maior agente financeiro no setor de habitação, reduz os juros dos financiamentos imobiliários a partir de hoje. Começa também a rodada de feirões da casa própria.

Mais de 430 mil imóveis novos, usados e na planta serão vendidos em 13 cidades até 10 de junho. Os primeiros municípios a receber o evento --de hoje a domingo-- são Belo Horizonte, Brasília, Rio, Salvador e Recife. Em São Paulo, o feirão vai de 18 a 20 deste mês.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/10 ... sica.shtml




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2666 Mensagem por Boss » Sex Mai 04, 2012 2:26 pm

Incrível como tem colunista que faz jus à fama de partidário, etc. Já li uns que viviam criticando o governo por não fazer o que está fazendo, agora, arruma outras coisas para criticar.

Esses NUNCA estarão satisfeitos. Outros, por sua vez, são sensatos. Sabem criticar mas também sabem elogiar o governo quando acerta.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2667 Mensagem por Bourne » Sex Mai 04, 2012 5:40 pm

marcelo bahia escreveu:Qual a novidade nisso, amigo?? Eu não disse que o GF, ou Dilma R, estaria reinventando a roda, muito pelo contrário, está tentando fazer o óbvio, mas que foi preciso coragem para fazê-lo. Concorda??

Que o sistema financeiro brasileiro não financia o setor produtivo foi exatamente o que eu disse antes, então não entendi por que você partiu para explicar que os bancos não emprestam, ou que existe concentração no setor bancário. Minha queixa é justamente essa.

Não é por que o setor produtivo sempre foi financiado por fundos públicos e por que os bancos sempre privilegiaram o consumo e a especulação que nada possa ser feito para mudar isso. O amadurecimento do sistema financeiro deveria levar a nossa banca a ampliar sua atuação. Talvez com menos espaço para especular, apertando o cerco por meio do BC as coisas comecem a mudar nesse país.

Sds.
A Dilma foi a primeira que mexeu realmente com o setor financeiro desde a reforma campos-bulhões de 1964-1967. Que foi fracasso no objetivo de criar grandes bancos que financiassem o setor produtivo. O resultado foi a criação de uma estrutura oligopolista que sobreviveu com o tempo. Assim, permitindo que as instituições se dediquem a financiar o consumo a taxas de juros altas e o governo a risco zero.

Nos anos 1990s, quando o governo FHC reformou o sistema bancário para adequar a baixa inflação considerou que privatizar os bancos estaduais e permitir a entrada de bancos estrangeiros daria mais competitividade, reduziria as taxas de juros e os empréstimos ao setor produtivo. Forçando os bancos nacionais a acompanharem. O que aconteceu é que os bancos estrangeiros se adaptaram a lógica dos bancos brasileiro. Por que a estrutura oligopolista favorece ganhar no preço e não quantidade e qualidade, especialmente voltado para financiar o governo e consumo que são lucrativos e menos arriscados.

O sistema financeiro é próprio de cada país influenciado pela história, modelo de industrialização e instituições. Não envolve apenas os bancos privados, mas instituições públicas, inventores, seguradoras, mercado de ações entre outros. Não é por que um sistema fica maduro vai mudar a lógica de funcionamento radicalmente. Na Alemanha que é baseado em bancos é uma lógica de mais de 200 anos. No Japão são grandes bancos privados são filias de grandes conglomerados produtivos.

No Brasil vai continuar sendo muito lucrativo financiar o consumo e títulos do governo. Não precisa se arriscar a se vincular a uma pequena, média empresa por 5-10 anos. Não é a praia deles e não interessa. Os bancos públicos fazem parte do papel deles. Por isso que argumento que a lógica de financiamento vai ser por fundos público. O que não é vergonha por que Alemanha, Coreia e China fazem. Adicionalmente o que pode levar a criação ao aumento dos fundos de investimento e agencias que se tornam sócios dos negócios e fomentar o mercado de ações.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2668 Mensagem por Bourne » Sex Mai 04, 2012 5:59 pm

LeandroGCard escreveu:Sua preocupação é legítima Bourne, eu mesmo coloquei este ponto do descompasso entre o aumento do consumo e a maturação dos investimentos como um problema a ser enfrentado com a queda dos juros. Mas não é verdade que o governo tem pouco a fazer, com um pouco de criatividade e coragem dá sim para fazer muita coisa.

Uma sugestão por exemplo seria aumentar o compulsório bancário, mas criar um fundo correspondente para empréstimos apenas aos setores produtivos. Em detalhe, ou o banco recolhe o valor integral do compulsório maior (um mecanismo perfeitamente normal de política monetária), ou pode usar o dinheiro para empréstimos apenas à empresas do ramo industrial ou de infra-estrutura com taxas de juros especificadas (digamos, 6% ao ano, taxa similar a do BNDES). A escolha é do banco, assim como a responsabilidade por escolher a quem emprestar. Com bilhões parados e a escolha entre rendimento zero e 6% a.a, o que você acha que os bancos iriam preferir?

Já existem mecanismos semelhantes para o setor da construção civil, e não é nada demais criar outros para outros setores importantes. Há muita coisa que se pode fazer para alavancar o crescimento sustentável, o país tem potencial para taxas muito maiores do que os 3% que as diretorias anteriores do Banco Central julgavam como o máximo. O que me anima é que o governo atual parece ter decidido finalmente fazer alguma coisa neste sentido, ao contrário de todos os outros desde o final do regime militar. Vamos ver como a coisa ficará daqui para a frente.

Leandro G. Card
O que o governa vai fazer é injetar mais fundos públicos. Enquanto os empréstimos de bancos públicos não representarem riscos excessivos e prejuízo sem problemas. E mais a tendência é o BNDES se firmar como um dos líderes dos bancos de desenvolvimento mundiais. Junto com Banco de Desenvolvimento da China, Alemanha e Coreia.

O compulsório no Brasil é enorme e um dos motivos é evitar que seja desproporcionalmente usado para financiar consumo. Os recursos existem e o próprio sistema financeiro os gera. O problema de deixar a decisão na mão do banco privado é que ele pode decidir não fazer nada frente as possíveis dores de cabeça que ele terá.Sou temeroso. Não confio nos bancos ( :lol: :lol: :lol: ), principalmente devido a concentração e os privados mais relevantes não terem compromisso com o setor produtivo. Se fosse uma forma de irrigar recursos para bancos públicos e direcioná-los ao setores seria seria mais interessante.

Quem argumenta que a redução das taxas de juros são irresponsáveis devido a alta inadimplência. Pode contra-argumentar com uma pergunta: a inadimplência é alta por que os bancos não sabem escolher os clientes ou devido as elevadas taxas de juros?




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2669 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Mai 04, 2012 9:40 pm

Bourne escreveu:Quando se mexe em uma estrutura financeira construída para funcionar com taxas de juros estratosféricas provoca alterações em cadeia sobre toda a economia. Tende a mudar como se poupa e investe. Entretanto meu medo é que a maior liquidez dos bancos vá para especulação (interna e externa) e financiar consumo. Então necessitará ser contrabalançada com mais investimentos e produção oriundo de fundos públicos ou mercado de ações. Ainda prematuro prever as repercussões.
Uma repercussão é do lado social, o valor dos dissídios hoje é alto, os trabalhadores ficam felizes com aumentos altos e o valor é baseado na inflação do ano anterior, a lógica terá que mudar e o valor dos dissídios terá que diminuir, se adaptar a nova realidade, isso não é ruim para os trabalhadores mas é assim que os sindicatos verão e o GF vai ter que ter muita lábia para lidar com isso.
Bourne escreveu:a inadimplência é alta por que os bancos não sabem escolher os clientes ou devido as elevadas taxas de juros?
Os dois?

Bem, a incompetencia dos bancos privados para avaliar riscos é algo fora do comum, a pouco tempo atrás o Itau me deixou a disposição 700 mil em crédito pré-aprovado a um clique do mouse, nem sei porque pedem cópia do holerite, se lessem a cópia saberiam que eu não ganho nem para pagar os juros... Depois de um tempo alguém resolveu botar o tico e teco para trabalhar e ajustaram o valor para algo mais razoável.

Uma pena, tava torcendo para aumentarem o crédito para dois milhões, ai era só sacar e fugir para uma ilha no Caribe ou Pacífico [000]




"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#2670 Mensagem por Rodrigoiano » Sáb Mai 05, 2012 3:25 pm

A batalha dos juros

Os bancos e o conto da inadimplência dos clientes

André Siqueira

(...)

Fonte: Carta Capital

http://www.cartacapital.com.br/economia ... /?autor=34




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