O que escrevi sobre os subs Argies vem de memória, pois não mais tenho o livro, que li nos anos 90, assim, recomendo algumas reservas quanto a meu próprio post neste aspecto.

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Rapaz se isso for realmente verdade, quem estava no comando nunca teve instrução de chefia e liderança na sua formação militar seja ele sargento ou oficial. Pois umas das coisas que se aprende é que em situação de guerra, quem maltrata um subordinado pode se tornar um alvo na primeira oportunidade que o maltratado tiver. Quem vai saber durante um combate de quem foi projetil que matou o dito torturador. A não ser que esses soldados torturados não pegassem mais em armas. Agora penalidades para roubo deve ter, mas não essas usadas pelos argentinos.Clermont escreveu:Heróis estaqueados.
"El que estuvo al frio mucho tiempo quiere estar quieto, quedarse al frío temblando y dejarse enfriar hasta que todo termina de doler y se muere" - (Los Pichiciegos – Rodolfo Fogwill).
Gisele Teixeira - Cartas de Buenos Aires - 3.4.2012.
Os maus tratos sofridos pelos soldados argentinos durante a Guerra das Malvinas foi uma das facetas mais cruéis do conflito contra a Inglaterra.
Os depoimentos publicados pelos jornais de ontem, aos 30 anos do início da batalha, mostram que o pior inimigo das tropas revelou-se ser o próprio exército nacional, que tinha entre seus comandantes alguns repressores da Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA) e da Base Naval de Mar del Plata. Muitos deles fizeram na ilha o que já tinham feito no continente.
Além de passarem fome e frio, os soldados foram torturados das mais diversas maneiras. Entre os “castigos” aplicados às tropas (em 90% dos casos por roubarem comida) estava a chamada estaca.
Os militares colocavam quatro estacas no chão e prendiam os soldados ali, com os braços e pernas esticados, a uns dez centímetros da terra, durante horas, em um frio de 20 graus abaixo de zero. Os mais rebeldes recebiam uma granada na boca para não ter perigo de se mexerem.
Outras torturas incluíam submergir os soldados em poços de água fria ou obrigá-los a ficarem horas com os pés nesses lugares. A exposição a baixas temperaturas de maneira prolongada causava inchaço nas pernas e pés, o que os impedia de tirar as botinas. Muitos nunca mais voltaram a caminhar.
Outros foram obrigados a urinar sobre os companheiros ou a comer alimentos misturados aos próprios excrementos. Isso sem falar no repertório sádico militar “tradicional”, como saltar ao lado de campos minados.
Quando os soldados voltaram das Malvinas, tiveram que assinar uma declaração jurada de que não iam falar sobre a guerra porque esta era uma “questão de Estado”. Era a condição para serem liberados. Por isso os detalhes das torturas demoraram tanto em aparecer.
Um dos primeiros a abordar o tema foi o ex-soldado e jornalista Edgardo Esteban, autor do livro Iluminados pelo Fogo, de 1993, que mais tarde virou filme nas mãos do diretor Tristan Bauer.
Agora há dezenas de depoimentos que falam, ainda, da quantidade de comida encontrada nos galpões argentinos no final da guerra, após os soldados serem capturados pelos ingleses.
Depois de quase morrerem de fome (alguns voltaram com 40 quilos), eles dormiram sobre montanhas de queijos, doces, laranjas, carne em lata e até uísque – comida que os militares argentinos se negaram ou foram incapazes de repartir entre os soldados.
O que os ex-combatentes querem agora é que as torturas a que foram submetidos sejam consideradas crimes contra a humanidade. E, portanto, imprescritíveis.
Querem o reconhecimento de que a Guerra das Malvinas foi parte de uma ditadura que seqüestrou, torturou e matou. E que os 74 dias de conflito não foram mais que a continuidade deste processo, inclusive com alguns protagonistas repetidos.
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Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha.
WalterGaudério escreveu:Posso te garantir que não. Nesse caso fui testemunha como tripulante que a coisa estava preparada para feder bastante. E não era apenas o Brasil não. Só para lembrar tínhamos em condições operativas cerca de 9 submarinos. Munição de sobra, tripulações muitíssimo bem treinadas(eu era um deles), e pelo menos 3 submarinos prontos para suspender em 48h. Outros 2 já estavam em alto-mar. E os outros precisariam de alguns dias mais . Cada ano vai aparecendo mais coisa. É como se eu estivesse ainda na praça XV lendo o Jornal O Dia no dia 13 de Abril.
É isso que acontece com um exército de conscritos, a brutalidade cega toma conta da competência e profissionalismo militar. Não há comparações entre soldados e recrutas.henriquejr escreveu:Sem falar que isso é uma otima forma de desmotivar os soldados!!! Se as condições já não eram boas, por faltar mantimentos, armamentos adequados e até comida, a unica coisa que poderia manter os soldados argentinos com alguma motivação seria a união em prol de uma causa, o sentimento de companheirismo... com essas torturas, imagino que nem esse clima existia!
Vou discordar do companheiro. Nada tem a ver com ser uma tropa de conscritos ou de profissionais. O fato está em que os militares de muitos países são preparados para combater o próprio povo e não um inimigo externo. Em resumo muitos exércitos da América do Sul são mais perigosos para a população de sua pátria que para os de fora. O exército argentino era um deles.É isso que acontece com um exército de conscritos, a brutalidade cega toma conta da competência e profissionalismo militar. Não há comparações entre soldados e recrutas.
No Vietnã isso era chamado de "fragging". Os ofendidos usavam granadas de fragmentação, daí o nome.crubens escreveu:Rapaz se isso for realmente verdade, quem estava no comando nunca teve instrução de chefia e liderança na sua formação militar seja ele sargento ou oficial. Pois umas das coisas que se aprende é que em situação de guerra, quem maltrata um subordinado pode se tornar um alvo na primeira oportunidade que o maltratado tiver. Quem vai saber durante um combate de quem foi projetil que matou o dito torturador. A não ser que esses soldados torturados não pegassem mais em armas. Agora penalidades para roubo deve ter, mas não essas usadas pelos argentinos.Clermont escreveu:Heróis estaqueados.
"El que estuvo al frio mucho tiempo quiere estar quieto, quedarse al frío temblando y dejarse enfriar hasta que todo termina de doler y se muere" - (Los Pichiciegos – Rodolfo Fogwill).
Gisele Teixeira - Cartas de Buenos Aires - 3.4.2012.
Os maus tratos sofridos pelos soldados argentinos durante a Guerra das Malvinas foi uma das facetas mais cruéis do conflito contra a Inglaterra.
Os depoimentos publicados pelos jornais de ontem, aos 30 anos do início da batalha, mostram que o pior inimigo das tropas revelou-se ser o próprio exército nacional, que tinha entre seus comandantes alguns repressores da Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA) e da Base Naval de Mar del Plata. Muitos deles fizeram na ilha o que já tinham feito no continente.
Além de passarem fome e frio, os soldados foram torturados das mais diversas maneiras. Entre os “castigos” aplicados às tropas (em 90% dos casos por roubarem comida) estava a chamada estaca.
Os militares colocavam quatro estacas no chão e prendiam os soldados ali, com os braços e pernas esticados, a uns dez centímetros da terra, durante horas, em um frio de 20 graus abaixo de zero. Os mais rebeldes recebiam uma granada na boca para não ter perigo de se mexerem.
Outras torturas incluíam submergir os soldados em poços de água fria ou obrigá-los a ficarem horas com os pés nesses lugares. A exposição a baixas temperaturas de maneira prolongada causava inchaço nas pernas e pés, o que os impedia de tirar as botinas. Muitos nunca mais voltaram a caminhar.
Outros foram obrigados a urinar sobre os companheiros ou a comer alimentos misturados aos próprios excrementos. Isso sem falar no repertório sádico militar “tradicional”, como saltar ao lado de campos minados.
Quando os soldados voltaram das Malvinas, tiveram que assinar uma declaração jurada de que não iam falar sobre a guerra porque esta era uma “questão de Estado”. Era a condição para serem liberados. Por isso os detalhes das torturas demoraram tanto em aparecer.
Um dos primeiros a abordar o tema foi o ex-soldado e jornalista Edgardo Esteban, autor do livro Iluminados pelo Fogo, de 1993, que mais tarde virou filme nas mãos do diretor Tristan Bauer.
Agora há dezenas de depoimentos que falam, ainda, da quantidade de comida encontrada nos galpões argentinos no final da guerra, após os soldados serem capturados pelos ingleses.
Depois de quase morrerem de fome (alguns voltaram com 40 quilos), eles dormiram sobre montanhas de queijos, doces, laranjas, carne em lata e até uísque – comida que os militares argentinos se negaram ou foram incapazes de repartir entre os soldados.
O que os ex-combatentes querem agora é que as torturas a que foram submetidos sejam consideradas crimes contra a humanidade. E, portanto, imprescritíveis.
Querem o reconhecimento de que a Guerra das Malvinas foi parte de uma ditadura que seqüestrou, torturou e matou. E que os 74 dias de conflito não foram mais que a continuidade deste processo, inclusive com alguns protagonistas repetidos.
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Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha.
Nesse ponto específico, concordo com Delmar. Afinal, o exército israelense é conscrito e eu nunca ouvi falar de maus-tratos contra seus soldados pelos oficiais. Mas, se formos para o lado da preparação para o combate, pelo menos para mim, está mais do comprovado que um exército de conscritos, de curto prazo, não tem mais a mínima eficácia para os eventuais conflitos que se esperam nos dias atuais.delmar escreveu:Vou discordar do companheiro. Nada tem a ver com ser uma tropa de conscritos ou de profissionais.É isso que acontece com um exército de conscritos, a brutalidade cega toma conta da competência e profissionalismo militar. Não há comparações entre soldados e recrutas.
A solução, no meu entender, é um sistema hibrido. Uma parte das forças armadas constituídas de soldados profissionais alistados, por três anos ou mais, destinados a serem utilizadas em caso de conflitos de fronteiras ou intervenções no exterior. A outra parte seria a do serviço militar obrigatório e a formação de uma ampla reserva. A enfase seria apenas o treinamento, tipo uma escola de instrução militar.Agora, qual a solução? Mudar a Constituição brasileira e obrigar que alguns jovens brasileiros fiquem três anos no quartel, contra sua vontade?
Clermont escreveu:
Agora, qual a solução? Mudar a Constituição brasileira e obrigar que alguns jovens brasileiros fiquem três anos no quartel, contra sua vontade?
Então, o oficial da AMAN, o sargento da ESA, o fuzileiro naval, o soldado PM, o soldado bombeiro, são todos "mercenários".jumentodonordeste escreveu:(...) o Jobim falava exatamente sobre isso e disse que a estrutura de "soldado com contrato" era uma estrutura "mercenária", (...)
Alguém viu o Thor Batista na Vila Militar, montando guarda com FAL? E, quando é que a gente vai ver o Neymar limpando estrume nos estábulos de algum regimento de cavalaria de guardas?(...) uma estrutura que não deveria ser seguida pois o EB deveria ser uma imagem da composição nacional e ter pessoas de todas as classes, blá,blá,blá...
"Se for realmente verdade" não. Isso realmente acontecia. Os oficiais militares argentinos (não todos, é claro) só fizeram reproduzir com os próprios soldados o que estavam acostumados a fazerem com a população civil "subversiva". Era um exército preparado para lutar a "guerra interna", não contra um inimigo externo numa guerra verdadeira, o reflexo disso está descrito nesse documentário abaixo:crubens escreveu:Rapaz se isso for realmente verdade, quem estava no comando nunca teve instrução de chefia e liderança na sua formação militar seja ele sargento ou oficial. Pois umas das coisas que se aprende é que em situação de guerra, quem maltrata um subordinado pode se tornar um alvo na primeira oportunidade que o maltratado tiver. Quem vai saber durante um combate de quem foi projetil que matou o dito torturador. A não ser que esses soldados torturados não pegassem mais em armas. Agora penalidades para roubo deve ter, mas não essas usadas pelos argentinos.