Crise Econômica Mundial

Área para discussão de Assuntos Gerais e off-topics.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
LeandroGCard
Sênior
Sênior
Mensagens: 8754
Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
Localização: S.B. do Campo
Agradeceu: 69 vezes
Agradeceram: 812 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4471 Mensagem por LeandroGCard » Qua Fev 08, 2012 8:45 pm

marcelo l. escreveu:
Bourne escreveu:A culpa do déficit na periferia como um todo são os preços relativos e falta de políticas de redução da desigualdade. Levando a esses países se endividarem mais do que suportariam pagar. A crise revelou a situação. Em si o déficit não foi criado pela irresponsabilidade dos países, mas sim um reflexo da desigualdade e falta de união fiscal. O que os gestores da UE querem fazer é atacar o sintoma e esquecer a causa.
Continuando a seção perguntado ao Bourne...seria possível manter os Estados Nacionais dentro desse quadro de ajustes?
Respondendo por mim pessoalmente, não vejo porque não.

Eles ainda poderiam manter a política externa independente (embora com a OTAN isso já não seja realidade de fato), e todas as políticas internas que estivessem de acordo com as regras da integração monetária, como a educação, os transportes, a energia, etc... . Cada estado nacional poderia escolher se desejaria investir mais em escolas, estradas, usinas de energia ou seguridade social por exemplo. Só que o total de investimentos teria que ficar dentro do montante acordado para manter os fundamentos macroeconômicos em ordem, ou os recursos simplesmente não seriam mais liberados quando um certo ponto fosse atingido.

Algo muito parecido com a prática normal dos contingenciamentos que a área econômica impõem aos ministérios aqui no Brasil. E nem por isso se afirma que o governo federal não tem mais autoridade, e que ela agora está totalmente com a área econômica. O mesmo se poderia passar com cada unidade da União Européia, e se alguém tentasse burlar as normas simplesmente não encontraria o dinheiro disponível para tocar seus projetos.

A dificuldade é implementar isso agora, quando diversos dos países já estão em mergulhados em uma crise muito séria e não existe nenhuma garantia absoluta de que seus credores irão facilitar o ajuste das contas, o que ainda terá que ser feito em algum momento no futuro. O que se pede é que os países e suas populações façam enormes sacrifícios e depois, se os credores quiserem (o eufemismo é "tiverem confiança") eles liberarão novos recursos para refinanciar as dívidas repactuadas (com algum desconto, ou a matemática simplesmente não fecha nem com juro zero). Mas fora o salvamento inicial, que é um apoio oficial pactuado e na verdade visa salvar as instituições financeiras e não os países credores, as decisões futuras de quanto emprestar e a que taxas será tomada por cada entidade de financiamento, a maioria privada, a portas fechadas. Se elas acharem que dá para arrancar mais um pouco aumentando seus juros sem que o credor fique novamente inadimplente, ou se problemas alhures causarem uma "queda na confiança", as taxas podem subir de novo, e o que os devedores poderão fazer a respeito? No limite poderia simplesmente não sobrar recurso absolutamente nenhum para qualquer projeto nacional, e ser tudo desviado para o pagamento de juros. Esta passaria a ser uma decisão dos bancos, e não mais dos governantes.

Agora, vamos aguardar a opinião do Bourne sobre o assunto.


Leandro G. Card




Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4472 Mensagem por marcelo l. » Qua Fev 08, 2012 9:47 pm

LeandroGCard escreveu:
marcelo l. escreveu: Continuando a seção perguntado ao Bourne...seria possível manter os Estados Nacionais dentro desse quadro de ajustes?
Respondendo por mim pessoalmente, não vejo porque não.

Eles ainda poderiam manter a política externa independente (embora com a OTAN isso já não seja realidade de fato), e todas as políticas internas que estivessem de acordo com as regras da integração monetária, como a educação, os transportes, a energia, etc... . Cada estado nacional poderia escolher se desejaria investir mais em escolas, estradas, usinas de energia ou seguridade social por exemplo. Só que o total de investimentos teria que ficar dentro do montante acordado para manter os fundamentos macroeconômicos em ordem, ou os recursos simplesmente não seriam mais liberados quando um certo ponto fosse atingido.

Algo muito parecido com a prática normal dos contingenciamentos que a área econômica impõem aos ministérios aqui no Brasil. E nem por isso se afirma que o governo federal não tem mais autoridade, e que ela agora está totalmente com a área econômica. O mesmo se poderia passar com cada unidade da União Européia, e se alguém tentasse burlar as normas simplesmente não encontraria o dinheiro disponível para tocar seus projetos.

A dificuldade é implementar isso agora, quando diversos dos países já estão em mergulhados em uma crise muito séria e não existe nenhuma garantia absoluta de que seus credores irão facilitar o ajuste das contas, o que ainda terá que ser feito em algum momento no futuro. O que se pede é que os países e suas populações façam enormes sacrifícios e depois, se os credores quiserem (o eufemismo é "tiverem confiança") eles liberarão novos recursos para refinanciar as dívidas repactuadas (com algum desconto, ou a matemática simplesmente não fecha nem com juro zero). Mas fora o salvamento inicial, que é um apoio oficial pactuado e na verdade visa salvar as instituições financeiras e não os países credores, as decisões futuras de quanto emprestar e a que taxas será tomada por cada entidade de financiamento, a maioria privada, a portas fechadas. Se elas acharem que dá para arrancar mais um pouco aumentando seus juros sem que o credor fique novamente inadimplente, ou se problemas alhures causarem uma "queda na confiança", as taxas podem subir de novo, e o que os devedores poderão fazer a respeito? No limite poderia simplesmente não sobrar recurso absolutamente nenhum para qualquer projeto nacional, e ser tudo desviado para o pagamento de juros. Esta passaria a ser uma decisão dos bancos, e não mais dos governantes.

Agora, vamos aguardar a opinião do Bourne sobre o assunto.


Leandro G. Card
Obrigado pela bela resposta Leandro, clareou alguns pontos a mim, claro que remanescem dúvidas não sobre a clareza das suas idéias, mas alguns impactos que estou projetando...




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
manuel.liste
Sênior
Sênior
Mensagens: 4056
Registrado em: Seg Set 12, 2005 11:25 am
Localização: Vigo - Espanha
Agradeceu: 7 vezes
Agradeceram: 8 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4473 Mensagem por manuel.liste » Qui Fev 09, 2012 10:40 am

LeandroGCard escreveu: O fato de países como Portugal , Espanha e outros da Europa terem suas contas prefeitamente ajustadas ANTES de 2008 e agora estarem à beira do desastre basicamente devido à elevação do custo do crédito não significa nada (existe um interessante artigo do Paul Krugman sobre isso, mas nbão estou conseguindo encontrar)?
El servicio de deuda de España es bajo, un 3% aproximadamente del PIB

El bono español subió por falta de respaldo de su banco central. Ahora hay un nuevo gobernador (Draghi) que cumple mejor con su deber. El problema financiero no debería volver a producirse, salvo sorpresas




Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4474 Mensagem por marcelo l. » Qui Fev 09, 2012 3:17 pm

Falando em crise, anunciou-se hoje o acordo da Grécia...logo mais devem sair os detalhes...




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 56158
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceu: 3019 vezes
Agradeceram: 2717 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4475 Mensagem por P44 » Sex Fev 10, 2012 10:51 am

Polícia grega dispersa manifestação em Atenas com gás lacrimogéneo

A polícia dispersou hoje com gás lacrimogéneo uma manifestação de cerca de dez mil pessoas que se concentravam junto ao parlamento grego, em Atenas, num protesto de sindicatos e partidos contra as novas medidas de austeridade previstas para o país.

Um grupo de manifestantes lançou pedras e "coktails molotov" na Praça Syntagma e a polícia respondeu com granadas de gás lacrimógeneo. De acordo com a agência noticiosa norte-americana AP, os confrontos já causaram um ferido.

Os incidentes frente ao parlamento estão a marcar o primeiro dia da greve geral decretada pelos sindicatos gregos.

Neste momento, segundo a polícia, estão na Praça Syntagma cerca de sete mil pessoas que estão a ser dispersadas pelas forças de segurança.

Hoje, o plano de austeridade a aplicar na Grécia, na sequência do segundo pedido de ajuda financeira ao país, deve ser apresentado ao parlamento de Atenas que vota o documento no domingo.
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2012/0 ... crimogeneo




*Turn on the news and eat their lies*
Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4476 Mensagem por marcelo l. » Sex Fev 10, 2012 10:17 pm





"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
suntsé
Sênior
Sênior
Mensagens: 3167
Registrado em: Sáb Mar 27, 2004 9:58 pm
Agradeceu: 232 vezes
Agradeceram: 154 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4477 Mensagem por suntsé » Sáb Fev 11, 2012 7:51 am

pelo menos da para se ver, que o povo grego não é bunda mole. Estão indo as ruas para protestar contra tudo que esta sendo feito contra o país.




Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 56158
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceu: 3019 vezes
Agradeceram: 2717 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4478 Mensagem por P44 » Sáb Fev 11, 2012 9:03 am

bunda mole é o tuga




*Turn on the news and eat their lies*
Avatar do usuário
tflash
Sênior
Sênior
Mensagens: 5426
Registrado em: Sáb Jul 25, 2009 6:02 pm
Localização: Portugal
Agradeceu: 11 vezes
Agradeceram: 31 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4479 Mensagem por tflash » Sáb Fev 11, 2012 10:42 am

Não sei!

Toda a gente está a ignorar porque é que se está assim. Ambos os regimes saíram de ditaduras paternalistas e ambos sempre foram adversos à iniciativa privada, ou seja, confiavam no governo para dar o que eles quisessem e o governo que arranjasse maneira de fazer.

Por isso é que eu digo que muito pouca gente questiona de onde vem o dinheiro para pagar o bem-estar e os serviços que temos e se era boa ideia fazer uma estrada por uma carrada de milhões no meio do nada ou ainda o célebre "rouba mas faz".

Cada vez que leio mais sobre a Grécia, a vejo como uma versão pior ou mais grave de Portugal. E ali quando o governo não dava, faziam uma semi-guerra civil com mortos e tudo e lá vinha o governo a dar. O problema é que dava à custa de empréstimos no exterior e não conforme a economia era capaz de produzir.

O povo não entende e revolta-se mas o facto é que eles nunca geraram riqueza compatível com o nível de vida que tinham. A juntar a isto tem o segundo maior nível de corrupção na UE apenas atrás da Bulgária.

Acho que o povo português tem mais a noção da realidade e não faz estas batalhas de rua porque sabe que no fundo, isso vai-se voltar contra nós.

Aliás, o verão europeu vem aí e nós devemos atrair muitos turistas que estão com medo de ir para a Grécia. Qual de nós era capaz de levar a família para passar férias na Grécia neste momento?

Agora, o turismo é a principal fonte de rendimento da Grécia. Nem quero imaginar o que estes tumultos vão fazer à economia Grega!




Kids - there is no Santa. Those gifts were from your parents. Happy New Year from Wikileaks
Miguel
Avançado
Avançado
Mensagens: 393
Registrado em: Qui Fev 03, 2005 5:53 pm
Localização: France
Agradeceram: 3 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4480 Mensagem por Miguel » Sáb Fev 11, 2012 2:33 pm

tflash

Exelente resumo :wink:




cumprimentos
Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4481 Mensagem por marcelo l. » Dom Fev 12, 2012 8:24 pm

http://www.reuters.com/article/2012/02/ ... UC20120210

(Reuters) - Greece's largest police union has threatened to issue arrest warrants for officials from the country's European Union and International Monetary Fund lenders for demanding deeply unpopular austerity measures.

In a letter obtained by Reuters Friday, the Federation of Greek Police accused the officials of "...blackmail, covertly abolishing or eroding democracy and national sovereignty" and said one target of its warrants would be the IMF's top official for Greece, Poul Thomsen.

The threat is largely symbolic since legal experts say a judge must first authorize such warrants, but it shows the depth of anger against foreign lenders who have demanded drastic wage and pension cuts in exchange for funds to keep Greece afloat.

"Since you are continuing this destructive policy, we warn you that you cannot make us fight against our brothers. We refuse to stand against our parents, our brothers, our children or any citizen who protests and demands a change of policy," said the union, which represents more than two-thirds of Greek policemen.

"We warn you that as legal representatives of Greek policemen, we will issue arrest warrants for a series of legal violations ... such as blackmail, covertly abolishing or eroding democracy and national sovereignty."

The letter was also addressed to the European Central Bank's mission chief in Greece, Klaus Masuch, and the former European Commission chief inspector for Greece, Servaas Deroose.

Policemen have borne the brunt of the anger of massed protesters who frequently march to parliament and clash with police in riot gear. Chants of "Cops, pigs, murderers!" are regularly hurled at policemen or scribbled on walls.

Thousands turned out Friday for the latest protest in Athens, this time against new austerity measures that include a 22 percent cut in the minimum wage.

A police union official said the threat to 'refuse to stand against' fellow Greeks was a symbolic expression of solidarity and did not mean police would halt their efforts to stop protests getting out of hand.

(Reporting by Lila Chotzoglou, Writing by Deepa Babington, editing by Tim Pearce)




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4482 Mensagem por marcelo l. » Dom Fev 12, 2012 9:56 pm

http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 4945,0.htm

ATENAS - Cinemas históricos, cafés e lojas foram incendiados neste domingo na Grécia, enquanto a polícia anti-prosteto tentava conter manifestantes mascarados que contestam os planos de austeridade do governo no centro de Atenas.

À medida que legisladores se preparavam para votar um plano de resgate patrocinado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional para salvar o país de seus problemas econômicos, um fotógrafo da Reuters testemunhou prédios envoltos em chamas e grandes faixas de fumaça no céu noturno.

O confronto com a polícia, na parte exterior do parlamento grego, já dura horas.

Neste domingo, legisladores gregos pareciam destinados a concordar com um acordo de resgate profundamente impopular no domingo para evitar o que o primeiro-ministro Lucas Papademos advertiu que seria "um caos econômico", e a Alemanha exigiu de Atenas mudanças dramáticas para se manter na zona do euro.

O projeto de lei de austeridade estabelece 3,3 bilhões de euros (4,35 bilhões dólares) em cortes em pensão, remunerações e emprego como contrapartida para um pacote de resgate de 130 bilhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional -o segundo da Grécia desde 2010.

A Grécia precisa dos fundos antes de 20 de março para atender o pagamento da dívida de 14,5 bilhões de euros e o projeto de lei suscitou a ira nas ruas e tumultos dentro do governo de coalizão.

(Por Yannis Behrakis)




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4483 Mensagem por marcelo l. » Seg Fev 13, 2012 10:51 am

Acho que dá o tom o que boa parte das pessoas do mercado acham da situação europeia.


http://drunkeynesian.blogspot.com/2012/ ... recia.html

(Eu já devo ter prometido algumas vezes que não ia falar mais da Grécia, mas não me segurei. Conto com a compreensão do leitor.)

Irrito-me ao ler a expressão "ditadura de mercado" para definir a situação da Grécia: sendo "forçada" a aceitar cortes de orçamento e se comprometer com políticas austeras sugeridas pela "troika", Berlim ou quem quer que seja. Vendo só por esse lado, parece que a Grécia chegou no ponto em que está do dia para a noite, sem colher nenhum benefício e sem nenhuma aprovação de sua população.

Austeridade é o preço cobrado para que a Grécia continue no euro e evite um calote da dívida. É um caminho escolhido - e, se não do jeito mais democrático possível, a população nas ruas é a manifestação dessa insatisfação. Outros caminhos são possíveis, com suas devidas consequências: sem austeridade, não há dinheiro do FMI / União Européia; sem o dinheiro, a opção é o calote e desvalorização da moeda. Inúmeros casos na história mostram que há vida depois disso. O que não é aceitável, e é o que deveria estar claro desde que o país entrou no euro, é continuar desrespeitando as regras de um acordo e continuar se beneficiando dele.

A dívida da Grécia foi acumulada por políticos gregos, eleitos por cidadãos gregos que, com maior ou menor participação, se beneficiaram do período de endividamento. E, no fim das contas, quem vai decidir o destino do país e vivê-lo depois são esses mesmos gregos, que, se ficarem insatisfeitos com os resultados da austeridade, votarão em quem a desafie ou seguirão ocupando a Syntagma até que o governo atual caia e convoque eleições. Assim deve funcionar a democracia; o resto é coitadismo ou Lei de Gérson aplicada. Os gregos devem e merecem ser tratados como adultos, como foram os brasileiros, argentinos, russos, mexicanos e islandeses do passado recente.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
marcelo l.
Sênior
Sênior
Mensagens: 6096
Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
Agradeceu: 138 vezes
Agradeceram: 66 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4484 Mensagem por marcelo l. » Seg Fev 13, 2012 11:09 am

http://www.neweconomicperspectives.org/ ... -than.html

reece: A Default is a Better Outcome Than the Deal on Offer
By Marshall Auerback

Pick your poison. In the words of Greek Finance Minister Evangelos Venizelos, the choice facing Greece today in the wake of its deal with the so-called “Troika” (the ECB, IMF, and EU) is "to choose between difficult decisions and decisions even more difficult. We unfortunately have to choose between sacrifice and even greater sacrifices in incomparably more dearly." Of course, Venizelos implied that failure to accept the latest offer by the Troika is the lesser of two sacrifices. And the markets appeared to agree, selling off on news that the deal struck between the two parties was coming unstuck after weeks of building up expectations of an imminent conclusion.

In our view, the market’s judgment is wrong: an outright default might ultimately prove the better tonic for both Greece and the euro zone.

The only questions that remain to be resolved are these: have all of the parties begun preparations to mitigate the ultimate impact of an outright default by Athens? And will the ECB be sufficiently aggressive in combating the inevitable speculative attacks on the other members of the euro zone periphery, which are almost certain to ensue, once Greece is “resolved” one way or the other.

Within the Troika, the Germans in particular have been the champions of taking the toughest line possible against the Greeks and other “Mediterranean profligates”. But however stubborn Berlin appears to be, the Merkel Administration is certainly not stupid. At this juncture, it seems more rational to view their ongoing promotion of fiscal austerity as a political smokescreen: In reality, what Germany likely wants to do in the case of Greece is trigger is an involuntary default so that the other PIIGS don't get the wrong idea and ask for a similarly large haircut on their debts. They realize the consequences that might follow, as the others gear up for similar treatment. Far easier were Greece to move toward involuntary default, in the eyes of Berlin.

Politically, of course, the Merkel government can't actually come out and advocate a Greek default or, indeed, outright expulsion from the euro zone. Far more politically astute to promote fiscal austerity on top of yet more fiscal austerity, (even though that is certainly not winning Mrs. Merkel any popularity points in Greece), until the Greeks themselves scream "Uncle!" and default outright.

It helps domestically as well. According to polls Angela Merkel is now the most popular politician in Germany, which is why she persists with this pernicious narrative that the problems of Greece all stem from fiscal profligacy and laziness, in contrast to the responsible and hard-working German people.
Ultimately, though an involuntary default carries risks for the stability of the euro payments system, a deal, per the terms outlined in the press, is bad for Greece. And probably even worse for global markets, especially the bond markets.

Either eventuality creates problems but default is probably the less bad option longer term. Let me elaborate:

Greece is a hopelessly uncompetitive economy that probably shouldn't be in the euro zone. But can you surgically detach Greece if it defaults, without some sort of impact on the entire euro payments system?

And what will the impact be on Greece itself? The country currently runs a primary budget deficit (excluding interest payments on debt) of around 5% of GDP. Were it to default, Athens would be forced to go cold turkey ("cold Greece"?) until the primary fiscal deficit (now around 5% of GDP) is balanced. Maybe the government could suspend all military expenditures as a first pass? At the very least, they can stop buying German military equipment!

No question, that under a default, a lot of public sector employees will be sacked, pensions will be at risk, and unemployment will almost certainly go higher. But that is certainly going to occur under the deal now being struck. Were the country to revert to the drachma, however, they would likely be left with a substantially weaker currency, which could ultimately provide the country with the wherewithal to compete in the global economy. With a super-cheap exchange rate, Greece could become a Mecca for retirement homes, research hospitals, trans-European liberal arts colleges, and maybe low-overhead software startups. Plus, a permanent home for the Olympics. It could live happily ever after, as Florida does, on the pension income of the elderly and the beer money of the young.

This would be the source of the foreign transfers that the private banking sector won't make anymore. In Greece's case that credit went to the public sector and a lot of it built useful infrastructure, so it's not a waste, but the first step is surely to cancel the debts and stop the illusion that they can be paid. And it would end the "death by 1000 cuts" currently being imposed on the Troika, which will serve no useful economic, political or social purpose.

Of course, there will be a slew of defaults and an endless series of court cases, litigation, etc., much as there was when Argentina defaulted in 2001. But it would force the issue of debt restructuring on the table in a meaningful way and at least provide Greece with light at the end of the tunnel.

To ensure some sort of viability of the drachma, the Greek government would have to find a more credible means of ensuring tax compliance. Most Greeks with money have presumably already moved it beyond the reach of the Greek banking system, so that savings would not be wiped out. As the tide of repossessions begins, many of these oligarchs would likely start to buy back the Greek assets on the cheap, as it is doubtful that the euro banks will want anything to with them.

Beyond that, it would be important for Athens to establish a new tax system that minimises tax evasion, so as to create demand for the new drachma immediately, and mitigate the formation of an extensive parallel transactions currency. After all, it is possible that many Greeks might prefer to use the existing stock of euros in the country and there is very little the EU authorities could do to stop this (much as the US government could not prevent Panama from dollarising its economy). But in order to establish a long-lasting demand for drachmas, two things would have to happen:
The Greek government would announce that it will begin taxing exclusively in the new currency.
The Greek government would announce that it will make all payments in the new currency.

Given the country's history of tax evasion on income tax, a national real estate tax would likely work better than a new income tax.
(See here for more details:)

On the other hand, the challenge for the European Union authorities is to ensure that speculative capital is not unleashed on the next weakest link in the chain - say, Portugal - to ensure that there is an adequate firewall established and to minimise disruptions to the entire euro payments system. It's unclear to me whether the euro zone authorities have truly thought this aspect through and considered the best means to prevent a major disruption of the EMU payments system. Then again, perhaps this is what the ECB's new programs are really all about.

On the other hand, I happen to think a rescue of the sort that is now being publicly mooted is worse for both sides. The imposition of yet more fiscal austerity on Greece will exacerbate the debt deflation dynamics which are destroying the country and will provide Greece with ZERO means of servicing even the reduced levels of debt. The country will still remain uncompetitive and depression like conditions will continue, with the ongoing burden of more euro denominated debt servicing.

More dangerous is the risk that comes if there is a "successful" deal: It come with the pending question- 'if Greece doesn't have to pay, why do I'- The Irish are asking that question already, and I'm sure the Portuguese and Spanish will soon be asking the same thing. As my friend Warren Mosler has noted:
Possible immediate consequences of that discussion include a sharp spike in gold, silver, and other commodities in a flight from currency, falling equity and debt valuations, a banking crisis, and a tightening of ‘financial conditions’ in general from portfolio shifting, even as it’s fundamentally highly deflationary. And while it probably won’t last all that long, it will be long enough to seriously shake things up.
Longer term, a Greek default could well provoke the question, "What on earth do governments issue bonds for anyway?" That might well provoke a far more provocative debate on the nature of modern money and the self-imposed legal constraints with which sovereign governments bind themselves in their conduct of fiscal policy. But that's probably best left to the pages of another blog post!




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21086
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceu: 3 vezes
Agradeceram: 21 vezes

Re: Crise Econômica Mundial

#4485 Mensagem por Bourne » Ter Fev 14, 2012 1:03 am

Cerca de metade da população grega prefere a bancarrota a novas medidas de austeridade. Pelo menos é o que revela uma sondagem publicada no jornal Paron.

Fonte:http://pt.euronews.net/2012/02/13/48-po ... steridade/

Um dia depois de dezenas de bancos, lojas e cafés terem sido incendiados, o governo anunciou a realização de eleições legislativas antecipadas em abril. Mas aqui ninguém acredita em milagres:

“Esta é a pior situação de sempre para os empresários gregos e, como se não bastasse, temos agora o vandalismo e a destruição. Isto dá-nos uma ideia do que podemos esperar do futuro” afirma George Monedas, dono de uma loja de roupa.

Os sindicatos gregos consideram que a austeridade está a asfixiar os trabalhadores e a economia e admitem avançar com novas paralisações.

“Os políticos votaram, supostamente, em consciência, mas não nos convenceram. Vamos continuar a lutar tanto quanto possível para mudar esta política e para que as pessoas possam expressar o seu descontentamento” refere o sindicalista Antonis Antonakos.

As novas medidas de austeridades foram aprovadas, este domingo, no Parlamento.

Para evitar a bancarrota já em março, e em troca de 130 mil milhões de euros, a Grécia compromete-se a reduzir o salário mínimo, o valor das pensões de reforma e o número de funcionários públicos.
Patética é a incapacidade européia de dar um plano de recuperação de fato para os países da periferia e rediscutir o projeto de união. Fora isso, não vejo alternativa. Talvez, como diria um camarada português faz parte da estratégia de construção do quarto Reich. Antes achava paranoia. Hoje não duvido.




Responder