LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

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helio
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#16 Mensagem por helio » Ter Jan 10, 2012 1:54 pm

joao fernando escreveu:Pior que quando moleque, pagava um pau pros "historiadores gringos" sobre militaria

Agora, bato papo com os autores de livros que deixam os gringos, no chinelo :twisted: :twisted: :twisted:

Pergunta: não tinha motor radial a diesel?

Pergunta 2: Pq pegar motor da FAB, o EB não tinha ou não se tinha mais peças para reposição (ou pior, compra-se o tanque e nao se mantem a linha logistica, como sempre?)
Olá João Fernando
Os estadunidenses quando entregaram os blindados, entregaram junto ,caixas e caixas de ferramental e sobressalentes. Um dos veteranos de M3 Lee, me disse que todas as peças que fazem parte do kit de ferramental vieram zero km embrulhados um a um com papel parafinado.
Os motores vieram de acordo com o pedido. Tenho o numero correto de motores que vieram via lend lease, mas como estou no trabalho, não consigo consultar agora.
Devemos recordar que os EUA tinham uma demanda enorme de motores para os aviões no esforço de guerra.
Quando os M3Lee receberam os motores radiais, oriundos dos aviões da FAB, era já na década de 60, e os Stearman já tinha sido há muitos anos descarregados. Se vcs acham isto estranho, vejam as fotos dos sapões da FAB, armados com metralhadoras nas laterais( as operadas pelos sargentos mecanicos) perceberá que estas metralhadoras browning foram retiradas de Stearman 75 da Aviação do Exercito que operaram antes de 1940( repare no sistema de mira deles, e perceberão o quanto é antigo).
Os Sherman do EB receberam um lote de motores recondicionados na década de 50.
Os motores a diesel radiais foram equipados somente no Stuart M3 e alguns M3A1, eram menores do que do Sherman.

abraços
Hélio




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joao fernando
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#17 Mensagem por joao fernando » Ter Jan 10, 2012 1:58 pm

Verdade Helio, isso vc escreve no livro

É que...usados por 40 anos, devem acabar mesmo um dia as peças de reposição :mrgreen:




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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LeandroGCard
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#18 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jan 12, 2012 7:29 pm

Amigos,

Aproveitando este tópico vou colocar a proposta de um livro contos de fição científica que estou tentando terminar, com a introdução e uma curta sinopse de cada história. Vou colocar também nos posts seguintes o texto de uma ou outra das menores, para quem se interessar em conhecer a temática e o estilo. Como já postei alguns dos contos em outro tópico já antigo do DB pode ser que os que vou colocar agora sejam repetidos, mas como temos companheiros novos que talvez se interessem vou me permitir repetí-los.

Dos 15 contos que comporão a obra 9 estão concluídos, e quem tiver interesse me contacte por mp, passando o endereço de e-mail, e eu posso enviar os textos que já finalizei.

A quem se interessar, espero que apreciem.


Leandro G. Card
Homem versus Universo

Contos de Ficção Científica

Introdução:


As últimas descobertas das ciências relacionadas ao estudo do espaço tem colocado em evidência a possibilidade da existência de vida em pelo menos alguns dos inumeráveis planetas que agora se sabe estão espalhados pelo universo, e eventualmente de outras espécies inteligentes e outras civilizações entre as miríades de sistemas estelares que compõem nossa própria galáxia. Por isso, nos últimos anos ganharam destaque tanto nos meios científicos como na mídia em geral as discussões sobre a possibilidade de o homem entrar em contato com uma ou algumas destas civilizações, bem como sobre as formas como este contato poderia ocorrer e seus possíveis desdobramentos.

Este livro tem como tema justamente explorar algumas das possibilidades menos evidentes envolvidas neste possível contato da humanidade com inteligências alienígenas. São 15 histórias, com vários tamanhos e formas de estrutura narrativa, todas focalizando situações em que os seres humanos e criaturas inteligentes de outras espécies entram em contato, com consequências muitas vezes inesperadas e quase sempre bem menos auspiciosas do que geralmente se imagina.

As histórias não tem ligação direta entre si além do tema básico, mas seguem uma ordem aproximada no sentido de que ao longo dos textos pode-se apreciar perspectivas da humanidade em diferentes estágios de seu desenvolvimento, do passado distante até o futuro longínquo, terminando com o ponto máximo de evolução concebível para a própria inteligência e a uma proposta original para natureza do universo em si e do motivo para sua existência.


Sinopses:

Conto 1: Escolha errada.
No período paleolítico o planeta Terra é visitado por uma estranha raça alienígena altamente avançada, que após pesquisar e observar as formas de vida aqui existentes decide que a inteligência nativa já havia evoluído o suficiente para passar ao estágio seguinte de desenvolvimento. Os visitantes escolhem representantes da espécie intelectual e espiritualmente mais evoluída que encontram em nosso mundo, e lhes ensinam os conhecimentos necessários para que iniciem a formação de uma civilização, que deveria depois avançar por si própria até atingir a maturidade tecnológica em apenas uma fração do tempo que isto poderia levar naturalmente. Mas será que os alienígenas escolheram realmente a espécie certa para oferecer os seus conhecimentos?


Conto 2: O presente dos céus.
O sacerdote e o chefe militar de uma pequena cidade de um império em decadência vêem seu templo atacado por estranhos recém chegados de uma terra distante, e precisam proteger um segredo ali guardado que transcende em muito as crenças religiosas de seu próprio povo, um segredo que um dia poderá afetar o destino de toda a humanidade. Mas será que eles terão como manter este importante segredo milenar a salvo da própria evolução intelectual e espiritual de nossa raça?


Conto 3: A derradeira decisão.
No final da Segunda Guerra Mundial um jovem e amargurado piloto de combate japonês parte com sua esquadrilha para atacar uma frota americana que se aproxima de seu país. Mas no calor da batalha aérea que se segue ele de repente se vê sozinho em um lugar estranho, e encontra criaturas aparentemente míticas que prometem a paz e a felicidade para toda a raça humana, desde que ele e seus superiores mostrem o desejo de renunciar à violência da guerra. Após receber esta mensagem ele é mandado de volta para casa, só que no caminho acaba em uma situação na qual tem que decidir entre ser fiel ao seu passado ou ao futuro de toda a humanidade.


Conto 4: Um gesto de boa vontade.
Um guerreiro espacial de um povo alienígena cumprindo uma difícil e arriscada missão militar se vê obrigado a procurar algum mundo que seja habitado por uma civilização ainda primitiva, mas com conhecimentos tecnológicos avançados o suficientemente para que possa ajudá-lo a consertar a sua nave e permitir assim que ele volte para casa. Em troca, ele está disposto a ceder como um gesto de boa vontade uma tecnologia avançada, que permitiria a esta raça construir naves capazes de viajar entre as estrelas. O guerreiro sabe que enfrentará algumas dificuldades de comunicação, mas não imagina como o contato com raças primitivas pode ser realmente difícil e problemático.


Conto 5: Pensamentos Roubados.
Estudante de doutorado participa de uma festa de final de carnaval após concluir sua tese e, embriagado, se envolve com aluna de graduação que considera simpática, porém sem atrativos e até mesmo bastante feia. Ela, porém, está atraída por ele, e não o deixará escapar assim tão fácil. Sem saber como dispensá-la ele acaba lhe oferecendo uma carona de volta para casa em plena madrugada, e no meio da viagem os dois são interceptados por um disco voador e abduzidos. Os alienígenas explicam então porque estão tomando esta iniciativa, e acabam afetando para sempre a vida dos dois jovens, como já fazem desde tempos imemoriais com toda a humanidade.


Conto 6: A inteligência dominante.
Um jovem cientista pesquisa baleias na base brasileira Comandante Ferraz, na Antártica. Subitamente a base é invadida por pesquisadores de todo o mundo, que se preparam para recepcionar uma nave alienígena que foi detectada vindo em direção à Terra. Ele passa a relatar a um engenheiro japonês recém chegado as suas interessantes descobertas sobre os cetáceos, ao mesmo tempo em que é informado sobre o porquê de se acreditar que os tripulantes da tal nave vêm em busca de contato com a raça humana, a inteligência dominante em nosso planeta. Mas a chegada da nave alienígena faz o jovem repensar suas mais recentes descobertas.


Conto 7: De quem é este mundo?
Um jovem casal em lua-de-mel procura um lugar tranqüilo onde possa curtir a natureza que ambos apreciam, e ficar sozinhos um com o outro como pede a ocasião. No entanto, eles logo descobrem ser impossível ficar a sós em um mundo que não é mais ocupado apenas pela raça humana, mas também por outra espécie que veio das estrelas e que tem biologia, comportamento e mentalidade muito diferentes daqueles que são característicos de nossa espécie.


Conto 8: Mais que amigos, irmãos.
O secretário de estado americano, um político com incipientes dotes telepáticos, recebe do presidente a missão de descobrir qual o envolvimento de alienígenas que estão visitando a Terra no aparecimento de uma terrível doença que surgiu na China e está se alastrando pelo mundo, ameaçando toda a humanidade. Mas o que o político descobre é que os alienígenas estavam atendendo aos próprios desejos dos próprios seres humanos da melhor forma que podiam imaginar, mesmo que isso levasse à total destruição de toda a nossa raça.


Conto 9: Uma ação bem ponderada.
Uma raça inteligente de seres cristalinos microscópicos que vive em um cometa descobre que seu mundo e a Terra estão em rota de colisão. Sua avançada tecnologia dá a eles o poder de escolher duas formas distintas de evitar a catástrofe, e uma delas acarretará na destruição de nosso mundo. Quando o destino de nosso planeta está quase selado os pequenos seres cristalinos detectam um veículo vindo da Terra em sua direção, que apresenta indícios de ser tripulado. Eles decidem aguardar a chegada do objeto e de seus eventuais tripulantes para tomar uma decisão bem ponderada sobre que ações afinal devem tomar. Mas serão os habitantes da Terra igualmente ponderados?


Conto 10: As flores do apocalipse.
Uma nave de exploração tripulada viaja até um mundo distante onde uma sonda lançada da Terra encontrou a primeira espécie inteligente alienígena jamais detectada. Os cientistas da nave fazem amizade com os estranhos e pacíficos habitantes do planeta, e os presenteiam com conhecimentos, equipamentos e idéias que os levariam a transformar sua civilização ainda relativamente atrasada em verdadeiros parceiros da humanidade no desbravamento das maravilhas do cosmo. Mas entre os presentes deixados pelos humanos está a causa de uma catástrofe que se torna inevitável, selando o destino de toda aquela magnífica raça.


Conto 11: Em honra dos deuses.
Uma tribo alienígena primitiva ataca de surpresa uma tribo rival. Mas ao contrário de todas as guerras anteriores entre as duas tribos, batalhas rituais onde os jovens guerreiros podiam mostrar seu valor e os guerreiros experientes garantir seu status, este ataque de agora visa o total extermínio dos inimigos. Toda a tribo, até mesmo as mulheres, participa do ataque ordenado pelos velhos sacerdotes encarregados de interpretar a vontade dos deuses. Mas será que era isto mesmo que os deuses queriam na realidade?


Conto 12: Réquiem para uma civilização.
A invasão espacial começou. Naves espaciais gigantescas cercam o planeta e atacam com armas terríveis, capazes de incinerar cidades em segundos. Todas as tentativas de defesa são rechaçadas, e nações inteiras desaparecem antes mesmo de se saber o motivo de um ataque tão brutal. Logo se descobre que os atacantes querem explorar as riquezas do planeta e usar seus habitantes como escravos, e que não terão misericórdia contra os que tentarem resistir. Mas vinte anos após o ataque tem lugar uma rebelião contra a opressão dos invasores, e as últimas esperanças de liberdade levam à tomada da cidade dos alienígenas e à constatação de que com a revolta o destino de toda a vida no planeta foi selado.


Conto 13: Em nossa defesa.
Um advogado de defesa precisa defender toda a civilização perante o tribunal galáctico que a acusa de cometer as mais deploráveis ações contra a vida e a natureza em seu mundo e em outros mundos próximos. Durante o julgamento ele descobre que foi enganado pelas lideranças do planeta, as quais não lhe contaram todos os fatos que levaram à convocação daquele tribunal, e descobre que sua causa estará irremediavelmente perdida a menos que ele adote uma outra estratégia bem menos convencional.


Conto 14: Um passado insuspeito.
Um grupo de geólogos e operadores de perfuratrizes descobre enterrado no fundo de um poço de petróleo um objeto artificial que estaria lá pelos últimos vinte e cinco milhões de anos. De onde ele teria vindo? Seria a prova de que outra raça inteligente existiu neste planeta, a qual teria desaparecido de forma tão completa que nenhum sinal de sua presença teria jamais sido notado antes?


Conto 15: O guardião.
Em um futuro longínquo um ser tão avançado que possui poder quase absoluto vagueia pelo universo, explorando e aprendendo sobre tudo o que nele existe. Ele percorre o cosmos durante incontáveis eras, alterando o destino de mundos inteiros, até que finalmente faz uma descoberta até para ele próprio inesperada, e isso o leva a finalmente encontrar o seu destino.




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#19 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jan 12, 2012 7:36 pm

Segue o primeiro dos contos que vou postar (o quarto do livro).
Um gesto de boa-vontade.

Storglarst solicitou ao computador que abrisse a porta da nave. O ar frio daquele planeta primitivo entrou pela abertura, mas seu traje bio-sintético impediu que ele notasse a mudança radical de temperatura e apenas os cheiros estranhos daquele mundo distante foram percebidos por suas várias antenas olfativas, alinhadas em duas fileiras que desciam desde o topo de sua cabeça, passavam pelas costas e iam até a base da curta cauda. Com cuidado ele se aproximou da saída e deu um passo para fora, ficando suspenso no ar pelo campo do elevador anti-gravitacional que o levou suavemente até o solo, o qual era coberto por uma vegetação densa e baixa.

Com seus enormes olhos multifacetados ele olhou em volta e as lentes integradas no traje adaptaram-se ao nível de iluminação ambiente, emitindo um brilho avermelhado cuja frequência de baixo espectro refletia nos objetos ao redor e era captada pelos amplificadores de imagem, tornando a paisagem em volta perfeitamente nítida para o guerreiro dorlakiano. Ele afastou-se alguns passos em uma série de saltos rápidos sobre suas pernas arqueadas colocadas na lateral do corpo como as de um dinossauro, já que a gravidade do planeta era baixa demais para que ele andasse normalmente, e virou-se para observar sua nave que tinha o tamanho aproximado de uma casa média. Silenciosamente ela se ergueu alguns metros, e foi logo em seguida coberta pela luminosidade azulada e intensa do sistema de ionização atmosférica que não só eliminava o atrito do casco da nave com a atmosfera mas também a tornava indetectável para os primitivos radares usados pelo povo que habitava aquele mundo. Um instante depois ela disparou para cima em velocidade muito superior à do som e partiu na direção leste, dirigindo-se em grande altitude para um dos maiores oceanos daquele planeta, de acordo com as instruções que Storglarst havia inserido em sua programação.

Enquanto observava a partida da sua nave o guerreiro repassava os últimos eventos ocorridos desde que ele iniciara aquela missão de reconhecimento profundo dentro do território inimigo. A primeira parte correra de acordo com os planos, sua nova nave possuía uma capacidade de navegação tão avançada que não podia ser interceptada pelas patrulhas da União Balrum. Usando esta vantagem ele conseguira penetrar mais de mil anos-luz além da fronteira, e obtivera informações importantíssimas sobre a disposição das frotas inimigas, seu armamento e suas linhas de progressão. Mas aí as coisas começaram a se complicar. O inimigo dispôs patrulhas de naves rápidas no seu caminho de retorno, forçando-o a efetuar constantes desvios para encontrar uma brecha, e quando ele finalmente forçou a passagem pelo bloqueio descobriu que havia atravessado um campo minado com nanorobôs. O sistema de autodefesa da nave entrou em ação, mas antes que pudesse eliminar a ameaça os nanorobôs conseguiram penetrar nos circuitos principais e afetar o sistema de hipersalto, deixando-o com uma autonomia de menos de 200 anos-luz antes que fosse necessária sua completa substituição.

Seria impossível retornar para o espaço controlado por uma raça aliada antes de perder completamente a capacidade de atingir velocidades superiores à da luz. Os balruns sabiam disso, e se prepararam para rastrear a nave com calma até onde ela pudesse ir, e depois iriam capturá-la para estudar sua avançada tecnologia. Storglarst não poderia permitir isso, e as ordens que tinha para uma situação como esta eram de procurar algum mundo onde pudesse sobreviver e destruir a nave, ficando encalhado para sempre. Caso não pudesse encontrar um mundo adequado, deveria destruir a nave do mesmo jeito e perecer junto com ela. Ambas as opções eram perfeitamente aceitáveis para ele, um guerreiro treinado e experiente, mas havia uma circunstância que o forçava a encontrar outra solução. As informações que ele obtivera eram importantes demais para serem perdidas, a sobrevivência de diversos planetas podia depender delas, e por isso ele iria tentar encontrar uma forma de retornar para o seu próprio lado da fronteira.

O primeiro passo foi desviar a rota da nave para uma direção praticamente oposta à que o levaria de volta ao espaço dorlakiano. Assim ele se afastava das naves balruns que o estavam procurando e ganhava algum tempo. O rumo tomado o colocou propositalmente em uma região afastada das rotas principais, onde não havia nenhum mundo tecnologicamente desenvolvido que pudesse servir de base para seus inimigos montarem uma operação de busca eficiente, e isto lhe dava ainda mais tempo.

O segundo passo foi rastrear a região em todas as direções, procurando por sinais de rádio. Isso indicaria a existência de uma civilização incipiente, atrasada demais para fazer parte da União Balrum, mas avançada o suficiente para construir um novo sistema de hipersalto, se fosse ensinada como fazê-lo. Fornecer tecnologia avançada para raças primitivas era proibido pelo acordo de Tilon, mas os balruns também romperam vários acordos durante a guerra e Storglarst não iria se deter por isso. Claro que se fosse em espaço dorlakiano a coisa seria diferente, ninguém pode dizer o que uma raça primitiva fará se tiver acesso a tecnologia avançada e geralmente elas acabam causando sérios problemas, mas depois que ele conseguisse o que precisava e fosse embora dali isto seria problema dos balruns.

Ele precisou procurar por um tempo maior do que esperava, pois aquela região da galáxia parecia ser particularmente pobre em formas de vida inteligentes, mas após percorrer mais 150 anos-luz finalmente detectou um sinal, vindo de um sistema solar que continha uma única estrela amarela em seu centro e ainda estava a mais de 30 anos-luz dali. Storglarst desviou seu rumo para lá, e ao chegar descobriu que no terceiro planeta daquele sistema uma raça bastante atrasada havia alcançado o nível tecnológico mínimo que lhe permitia fabricar equipamentos de rádio e radar, e portanto poderia também construir sistemas de hipersalto funcionais, ainda que primitivos e pouco confiáveis. Ele acoplaria um deles ao avançado gerador de energia da nave e poderia assim retornar ao espaço dorlakiano, e levaria também mais dois ou três de reserva, caso o primeiro falhasse no meio do caminho. Para convencer as criaturas que habitavam aquele mundo a construir para ele os sistemas de hipersalto ele lhes ofereceria como gesto de boa-vontade os próprios planos do sistema, e também explicaria seu funcionamento. Assim os habitantes do planeta sem dúvida construiriam outros para seu próprio uso, embora com as fontes de energia que possuíam suas naves fossem levar meses para alcançar mesmo as estrelas mais próximas, e provavelmente ainda se passassem centenas ou até milhares de anos antes que pudessem desenvolver os geradores quânticos que lhes permitiriam um desempenho melhor do que isso. Assim os dorlakianos estariam fora de perigo, e caso aquela raça viesse a causar algum problema, como atacar raças da vizinhança ou destruir ecossistemas de outros mundos, os balruns que lidassem com ela.
Ao chegar ao terceiro planeta Storglarst entrou em órbita e procurou um ponto onde pudesse descer e iniciar o contato com a raça nativa. As instalações industriais mais importantes eram seu objetivo, mas ele não podia simplesmente descer no meio de uma grande concentração de habitantes locais e dizer o que pretendia, pois não seria compreendido. Precisava primeiro dominar o sistema de comunicação daquele povo.

Eles com certeza ainda não possuíam implantes neurais para comunicar-se diretamente, e provavelmente utilizavam um canal visual ou sonoro para a troca de informações. Normalmente bastaria deixar o computador captando os sinais de rádio emitidos pelo planeta durante um certo período para que ele fizesse automaticamente a tradução das principais linguagens e integrasse um sistema de comunicação adequado ao traje bio-sintético de Storglarst, mas ele não tinha tempo para isso agora, pois precisava descer e ocultar sua nave antes que os balruns viessem rastrear aquele sistema solar. Sua única opção era instalar um sistema de comunicação genérico no traje, procurar uma área afastada onde pudesse encontrar uma população bem pequena de habitantes locais, talvez até mesmo um indivíduo sozinho, e então travar contato e esperar que o computador do próprio traje fizesse a tradução. Enquanto isso ele programaria a nave para se ocultar no fundo de um dos extensos oceanos do planeta, de forma que a energia por ela emitida fosse bloqueada por quilômetros de água e pudesse assim escapar aos sistemas de rastreamento do inimigo. Ele também não poderia levar nenhuma arma consigo, pelo mesmo motivo. Apenas o traje bio-sintético garantiria sua sobrevivência.

Este era o plano que ele estava executando agora. Sua nave já estava mergulhando no oceano buscando uma fenda abissal a mais de seis quilômetros de profundidade, onde desligaria todos os seus sistemas com exceção do receptor de táquions e ficaria aguardando o sinal de chamada. E ele estava atravessando aos saltos um trecho de mata fechada, aproximando-se de uma casa isolada na qual os sensores de sua nave haviam detectado a presença de três habitantes antes dele pousar. Sua idéia era fazer ruídos que atraíssem pelo menos um deles para fora da construção, e iniciar uma conversação com a própria voz, emitida através de sua boca sugadora em forma de probóscide. Aguardaria então que a criatura emitisse algum sinal em resposta, permitindo que o computador do traje bio-sintético iniciasse a avaliação da sua linguagem. Aí ele poderia simplesmente repetir os sinais que recebesse em diferentes modulações, até estabelecer a comunicação, e depois tudo seria mais simples. Ele também sabia que não deveria fazer nenhum movimento brusco com seus curtos braços ou suas mãos de três dedos, pois não conhecia o repertório gestual daquele povo e poderia ser mal interpretado. Ou pelo menos era o que ele achava, mas tinha que admitir que agora poderia fazer bom uso de um treinamento mais abrangente sobre contatos com raças primitivas, como o que era aplicado para os cientistas e exploradores.

Uma curiosidade inocente o assaltou: Como será que o som de sua voz soaria aos ouvidos de um habitante daquele planeta?



* * *


- Ô Madalena, onde é que Hermínio tá indo?

- Ara, não é nada não Donana, ele agora faz isso toda hora. Deixe que ele já já volta, vamo vê a novela que a gente faz melhor.

- Mas assim ele vai perdê o início do capítulo, sô. Não dá para ele esperar os comercial?

- Você sabe que esse teu irmão é meio doido, sempre foi assim mermo antes da gente se casa, Deus me livre guarde. Quando ele se aposentô e mudamos aqui pro sítio pensei que ele fosse sossegar, mas não, ele vive inventando história que nem daquela vez que cismô de criar abelha e todo mundo foi picado, inté ele mermo. Depois que colocô esta televisão de satélite então, cada dia é uma coisa.

- Mas o que ele tá indo fazer agora lá fora, nessa escuridão?

-Ah, minha filha, na semana passada passô aquele programa dos bicho esquisito lá dos estrangero, o tal do pé-grande, o homi-das-neves, o monstro-do-lago-nessi, e agora qualquer barulhinho lá na mata ele sai logo pra ver o que é. Outro dia ele inté atirô num gambá bem em frente ao...

BUM! Soou um forte tiro na varanda, seguido pelo grito triunfante de Hermínio:

- Mulhé, vem cá! Corre aqui fora que eu acabei de dá um tiro bem no meio das fuça do tal do chupa-cabra, que veio pulando e chiando que nem cobra pra cima de mim!!!





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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#20 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jan 12, 2012 7:39 pm

Segue o segundo conto (o décimo segundo do livro).
Réquiem para uma civilização.

Há vinte anos eles haviam chegado. Estávamos ainda iniciando a exploração de nosso sistema solar, e eles já conquistavam as estrelas. Era a terrível invasão espacial, da qual tanto nos alertaram nossos autores de ficção científica.

De início sequer compreendemos exatamente o que estava acontecendo. Nossos radio-telescópios haviam vasculhado os céus durante anos, em busca de sinais inteligentes oriundos de outras estrelas, e durante anos nossos esforços haviam sido em vão. De repente, porém, todos passaram a receber aquelas mensagens, que saturaram as frequências normais de comunicação, bastante audíveis nas línguas de cada uma das nações onde estavam instalados os rádio-observatórios.

Uma intimação! Exigiam que nos rendêssemos, sem nenhuma explicação sobre como ou porquê. Nenhuma instrução sobre as presumíveis negociações de capitulação, ou sobre a também presumível ocupação. Apenas a ordem de não tentarmos resistir.

É claro que quase ninguém, além dos cientistas, acreditou na veracidade das mensagens recebidas. Dúvidas foram levantadas, idoneidades contestadas e as mútuas desconfianças quase levaram a uma catastrófica guerra nuclear. Entretanto, em breve foram detectadas diversas naves, gigantescas pelos nossos padrões, entrando em órbita ao redor de nosso planeta. Isto convenceu até os mais céticos e o pânico resultante teve o mérito de acelerar os preparativos para nossa defesa.

Todos os nossos veículos espaciais foram postos em condições de combate em apenas quatro dias. Cinco transportadores orbitais reutilizáveis com capacidades de carga variando entre seis e quarenta toneladas, além de vários foguetes convencionais descartáveis, foram carregados com poderosos mísseis nucleares, que haviam sido construídos para destruir a nós mesmos mas que serviriam agora a uma causa bem mais nobre. Os transportadores e os foguetes decolaram todos ao mesmo tempo, com a intenção de surpreender nossos inimigos através de um ataque maciço. Certamente suas naves sucumbiriam ante dezenas de poderosos artefatos termonucleares.

Mas nossos veículos nem mesmo chegaram a entrar em órbita. Raios de natureza desconhecida, dotados de imensa energia, os transformaram em nuvens de gases ionizados tão logo deixaram a atmosfera. Nossas esperanças de defesa literalmente dissiparam-se no espaço poucos instantes após partirem de suas bases de lançamento.

E o inferno então desceu à superfície de nosso mundo. Sem nenhum motivo além de termos sido impertinentes a ponto de tentarmos nos defender, diversas de nossas maiores cidades foram arrasadas por armas que para nós pareciam castigo dos céus. Centenas de milhões de indivíduos pereceram sob os escombros do que antes haviam sido grandes centros urbanos. Os invasores mostraram que não seriam complacentes. Exterminariam imediatamente qualquer foco de resistência.

Tivemos que nos entregar e permitir que suas naves pousassem. E só então ficamos sabendo a razão de tudo aquilo, o porquê de nos atacarem sem piedade. Nosso planeta possuía imensas jazidas de metais pesados, até por nós desconhecidas, os quais eram muito valiosos para a civilização dos alienígenas. Quando soubemos dos metais ficamos aturdidos pelo uso de tamanha violência por tão pouca coisa. Estaríamos dispostos a ceder-lhes de bom grado a exploração das minas, pois elas pouco nos importavam. Não teríamos mesmo condições de aproveitá-las por muito tempo ainda.

Mas as minas não eram todo o problema. Eles precisavam explorá-las, mas não desceriam pessoalmente a quilômetros de profundidade dentro de terra solta, lençóis de água e rocha sólida até alcançar os veios de minério. E nos túneis inconsistentes das minas os robôs, além de muito dispendiosos, não teriam um rendimento satisfatório. Eles usariam a nós para realizar o trabalho. Seríamos escravizados!

Quando soubemos de suas intenções tornamos a tentar atacá-los. As forças armadas de diversas nações tentaram, pelo menos, expulsá-los para fora de suas fronteiras. Tais nações deixaram de existir!

Fomos forçados a nos submeter, e o caos então se instalou em nosso mundo. Divisões políticas, geográficas e culturais não faziam o menos sentido para eles. Populações inteiras foram forçadas a se deslocar de suas regiões e países de origem para os locais onde seriam necessários aos objetivos dos invasores. As últimas grandes cidades foram abandonadas, todo o sistema de produção e comércio entrou em colapso e o desespero dominou a nossa raça.

Todas as indústrias importantes foram destruídas, sob a alegação de que desviavam mão de obra inutilmente. Parte da população era empregada nas minas, parte era confinada nas cidades como reserva, e o restante era obrigado a trabalhar nos campos para sustentar o resto. O ambiente nas minas era terrivelmente insalubre devido à elevada temperatura, à umidade, às emanações gasosas e à tóxica poeira metálica. Por isso a expectativa de vida dos mineiros era de apenas um quarto do tempo de vida normal, e a ocorrência de acidentes era bastante comum, mas para os invasores não fazia a menor diferença. Havia muitos de nós, podíamos ser sacrificados.

Para a substituição das baixas foram criadas as “reservas”, que eram na realidade as cidades sobreviventes colocadas sob intensa vigilância e onde eram aglomeradas grandes massas da população, que seriam utilizadas para manter constante o número de trabalhadores nas minas apesar do número de mortes. Já os que viviam nos campos eram forçados a trabalhar de maneira brutal, enquanto as péssimas condições de habitação e higiene ocasionavam constantes epidemias que matavam milhares de indivíduos por ano.

Vendo este terrível quadro os religiosos e os cientistas se uniram, tentando criar programas de saúde e assistência social em uma vã tentativa de melhorar as condições às quais estávamos submetidos e tornar a vida ao menos suportável. Foram devido a isto tomados como subversivos, perseguidos implacavelmente e exterminados, enquanto todas as atividades intelectuais e religiosas eram postas na ilegalidade.

Apenas alguns meses após a invasão os alienígenas montaram uma enorme cúpula geodésica sob a qual erigiram a sua cidade. Precisavam da cúpula, pois embora a gravidade de nosso planeta se assemelhasse bastante à do mundo deles, os gases que compunham nossa atmosfera lhes eram venenosos. Isto era uma boa mostra de quão diferentes eles eram de nós, tanto física quanto espiritualmente. Na realidade, o que havia sob a cúpula não era exatamente uma cidade mas uma poderosa base militar, montada com o intuito de vigiar nossas atividades e nos dissuadir de qualquer tentativa de levante.

Era da cúpula geodésica que partia a opressão. Com uma base em nosso próprio mundo eles lograram sustar todo o desenvolvimento de nossa raça e ainda nos fizeram regredir mais de um século em nossa civilização. Podíamos ver sob a cúpula todos os benefícios materiais de um grande avanço tecnológico, mas não tínhamos o direito de desfrutar dele. Afinal, éramos apenas escravos, à disposição de suas necessidades e caprichos.

Nossas crianças eram tomadas de nós ainda recém nascidas e condicionadas desde cedo a serem dóceis à escravidão. Devido a isto nossa população passou apresentar uma taxa de decréscimo bastante acentuada, o que os levou a selecionar casais segundo seus próprios critérios e a forçá-los a servirem como reprodutores.

Nas minas a revolta de um único mineiro facilmente levava à morte de dezenas de inocentes, enquanto eram realizados frequentemente ataques de intimidação contra as reservas, nos quais centenas ou mesmo milhares de vítimas podiam perder a vida inapelavelmente. Os invasores estavam começando a criar o hábito de nos caçar!

Vinte anos! Toda uma geração com as mentes completamente destruídas. Em breve o futuro de nossa raça estaria totalmente arruinado. Após duas décadas de terror não poderíamos suportar mais. Iríamos nos sublevar! Esta era uma idéia antiga, pensávamos constantemente nisto desde que fôramos conquistados, mas agora faríamos alguma coisa pois agora estávamos preparados!

O trabalho nas minas era realizado com o auxílio de diversos tipos de máquinas: Carretas motorizadas, martelos mecânicos, perfuratrizes laser e até mesmo bombas nucleares de baixa potência. Tal tecnologia, embora nós soubéssemos poder ser utilizada de forma letal em uma guerra, não impressionava os alienígenas nem um pouco, tão acostumados estavam a ela. Na verdade eles tinham apenas uma vaga idéia do perigo representado por estes equipamentos, e treinaram-nos para utilizá-los, consertá-los, e até mesmo produzi-los de forma a poder explorar as minas no ritmo que lhes era necessário. E contentavam-se apenas com um controle superficial destes artefatos.

Simulávamos então acidentes, às vezes com o sacrifício de alguns de nós, e juntávamos material para os nossos fins. Construímos depósitos nas minas onde ao longo dos anos montamos verdadeiros arsenais, os quais permaneceram totalmente secretos uma vez que os alienígenas jamais desciam pessoalmente às inseguras galerias que nos forçavam a cavar. E os robôs de vigilância eram facilmente ludibriados, sendo que por vezes até destruíamos alguns para roubar material e púnhamos a culpa nos frequentes desabamentos. Já contávamos com um verdadeiro exército, muito bem organizado, e esperávamos apenas por uma oportunidade.

E esta finalmente surgiu. Uma revolução em outra colônia, ou uma guerra talvez, obrigou os invasores a deslocar as naves de guerra que vigiavam nosso sistema solar para uma estrela distante. Era a nossa chance!

Os minérios eram transportados em naves intra-orbitais das minas até os grandes cargueiros interestelares em órbita, para daí seguirem para onde quer que fosse o seu destino final. Estes transportes foram de início pilotados exclusivamente pelos próprios alienígenas, mas seu número cresceu tanto que eles se viram obrigados a nos incumbir de pilotar alguns deles. E agora quase todos eram pilotados pela nossa gente.

A um sinal de rádio a grande maioria dos transportes, cujo número se elevava às centenas, dirigiu-se para as aberturas secretas que havíamos escavado em ligação com os nossos arsenais, de onde receberam o material bélico que havíamos preparado transformando-se em naves de guerra. Receberam também a bordo milhares de soldados e veículos, armados com lasers portáteis e granadas, a base de nosso exército.

Os invasores estavam completamente desprevenidos, e a princípio não souberam como reagir ao desaparecimento das naves intra-orbitais. Pudemos completar nosso trabalho sem nenhuma interferência além da dos robôs, a qual eliminamos facilmente. Em poucas horas havíamos montado a nossa força de ataque.

Mas então os problemas começaram a surgir. Os alienígenas descobriram onde estavam nossas naves, e mandaram contra nós os vinte cruzadores atmosféricos que possuíam. Em pouco mais de meia hora de batalha aérea perdemos quase metade de nossa frota, mas utilizando a técnica suicida do abalroamento em vôo conseguimos vencer, e agora só restava a cúpula geodésica!

Desembarcamos nossa infantaria a vinte quilômetros da cúpula, atrás de uma cadeia de montanhas baixas. Não tínhamos coragem de expor nossas naves em um ataque direto, pois sabíamos que o inimigo contava com várias estações de rastreamento e no céu não existem acidentes geográficos que possam ocultar o avanço de uma nave. A ofensiva teria mesmo que ser por terra.

Foi um massacre! A cúpula estava dotada de armas suficientes para deter milhões de atacantes e pouco mais de mil soldados, mesmo que relativamente bem armados, nada representavam para suas defesas. Ao detectar qualquer movimento hostil através de seus veículos automáticos de observação os alienígenas lançavam mísseis inteligentes equipados com ogivas de anti-matéria contra ele, e trinta ou quarenta explosões foram o suficiente para acabar com o nosso exército. Houve pouco mais de dez dúzias de sobreviventes, e praticamente todo o equipamento foi perdido.

Estávamos desesperados! Mal podíamos acreditar que nosso levante, que começara tão bem, havia fracassado de forma tão miserável. Só nos restavam agora os transportes orbitais armados, alguns soldados aterrorizados e mais algumas centenas de indivíduos equipados com velhos fuzis, espingardas e bombas de antes da invasão, postados nas ruínas de uma cidade abandonada a quarenta quilômetros da cúpula. Os pilotos de nossas naves decidiram então decolar para um ataque final. Não havia esperança alguma de vencer, mas desistir agora seria traição para com nossa raça e para com aqueles que morreram tentando alcançar a liberdade para o nosso povo. As tripulações dos transportes prepararam-se para juntar-se à infantaria no reino dos mortos.

Porém, estávamos completamente enganados. Os alienígenas na cúpula haviam-se preparado para resistir a um forte ataque terrestre, pois a idéia de milhares de escravos lançando-se furiosamente sobre seu reduto é bastante natural a qualquer tirano, mas não contavam em ter que se haverem sozinhos contra um ataque aéreo. Em condições normais suas naves de combate em órbita poderiam detectar e destruir qualquer aeronave atacante com seus instrumentos e armas fabulosos. Mas tais naves não se encontravam em nosso sistema solar no momento, e os próprios mísseis de anti-matéria que haviam arrasado o nosso exército eram do tipo terra-à-terra, não se prestando a uma defesa aérea eficaz.

Nossos inimigos viram nossos transportadores orbitais aproximando-se nas telas de seus radares, mas pouco puderam fazer. Muitas de nossas naves foram destruídas, mas a maioria escapou das defesas e uma única bomba nuclear, detonada próximo à cúpula, foi suficiente para romper o envoltório e deixar que a atmosfera de nosso mundo tomasse conta de seu quartel general. Os poucos alienígenas que tiveram tempo de vestir seus trajes pressurizados foram eliminados poucas horas mais tarde, quando nossos combatentes penetraram na fortaleza, enquanto nossas naves davam cabo de alguns objetivos secundários.

Nosso planeta era nosso novamente! Conseguíramos nos livrar dos invasores e agora possuíamos a sua própria tecnologia para a nossa defesa, pois afora o rombo na cúpula geodésica e alguns danos menores sua fortaleza estava praticamente intacta. Capturamos todo o equipamento que era antes usado para nos oprimir: Armas portáteis, canhões iônicos, mísseis de anti-matéria e muitas coisas mais. Estes equipamentos poderiam transformar nossa frota de naves orbitais em uma força respeitável.

E entre o material capturado estavam um comunicador supra-luminal e um transceptor taquiônico, que nos permitiriam comunicação rápida ou mesmo imediata através das distâncias interestelares. Com estes aparelhos poderíamos interceptar as mensagens de nossos inimigos, descobrindo assim seus planos, e desta forma contávamos em poder preparar melhor as nossas defesas.

Sabíamos que todos os povos que habitavam as estrelas em um raio de pelo menos quinhentos anos luz haviam sido conquistados pela mesma raça que atacara nosso planeta e que, como nós, eles haviam sido obrigados a aprender a língua dos invasores pois estes jamais se rebaixavam a aprender a dos vencidos. Por isto podíamos ter a certeza de que não enfrentaríamos dificuldades para compreender as transmissões captadas. Todas elas seriam na odiosa língua dos invasores, incluindo é claro as deles próprios.

Parecia-nos que tudo iria funcionar. Contávamos em utilizar nossas naves agora bem equipadas para nos defender de um primeiro ataque, e assim ganhar tempo suficiente para nos preparar e enfrentar uma guerra de longa duração. Já estávamos organizando a produção em massa de mísseis nucleares de grande porte, equipados com computadores dotados de inteligência artificial, e os antigos estaleiros navais que não haviam sido destruídos serviriam para construir nossas naves de guerra blindadas. Com os conhecimentos que tínhamos capturado nos seus bancos de dados poderíamos em poucos anos construir armas semelhantes às que os próprios alienígenas utilizavam, e assim talvez pudéssemos conseguir que eles desistissem de ocupar o nosso mundo e nos deixassem em paz. Mas era tudo ilusão. As mensagens que as naves inimigas trocavam entre si e com suas bases não deixavam lugar para esperanças.

Subestimáramos nossos algozes. Eles haviam erigido um verdadeiro império estelar, e o que ocorrera fôra um simples problema fronteiriço. Uma poderosa frota com centenas de naves de combate estava se dirigindo ao nosso mundo, e pelo que podíamos ouvir sobre ela nossos poucos transportes armados não teriam a menor chance de nos defender. As unidades inimigas alcançariam nosso planeta e nós já conhecíamos suas intenções, pois as outras transmissões captadas revelavam-nas a nós.

Ondas eletromagnéticas e taquiônicas reverberavam pela galáxia, testemunhas de catástrofes há muito ocorridas. Estrelas choravam a morte de suas raças filhas, vítimas do mesmo povo que nos escravizara, e nossa em breve seria mais uma entre elas.

Nosso planeta seria esterilizado! Bombas de anti-matéria gigantescas seriam detonadas em órbita de nosso mundo, e a quantidade de radiação gama assim produzida eliminaria qualquer forma de vida existente em sua superfície. Depois disto os alienígenas colonizariam novamente o planeta com outras formas de vida e outra espécie inteligente já “domesticada”, e retomariam a exploração das minas. Pela tentativa que alguns de nós fizemos para escapar de sua tirania, toda a nossa raça estava agora condenada a deixar de existir.

Seríamos nós as próximas vítimas desta terrível raça de carrascos galácticos, oriunda de um mísero planetóide que gravita ao redor de uma minúscula estrela amarela perdida na imensidão do cosmos.

Os malditos assassinos terráqueos!



Leandro G. Card




Editado pela última vez por LeandroGCard em Sex Jan 13, 2012 12:39 pm, em um total de 6 vezes.
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#21 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jan 12, 2012 7:42 pm

Segue o terceiro (décimo terceiro do livro).
Em nossa defesa.

A audiência, antes agitada e ruidosa, agora estava quieta, prestando atenção ao que diria em seguida o juiz número três naquela fase final do julgamento. Estava claro para mim que nossa situação enquanto réus não era nada boa, pois como advogado de defesa eu não havia até aquele momento conseguido apresentar nenhuma evidência sustentável que justificasse nossas ações e esta seria a minha última chance da tentar algum argumento novo antes que o veredicto fosse proferido. Mas primeiro os juízes dois e três iriam apresentar o resumo final das acusações, e este procedimento se iniciava naquele instante. Dirigindo-se diretamente para mim, o terceiro juiz perguntou:

- Na condição de representante do seu povo, você nega que por exploração desenfreada dos recursos naturais, consumo exagerado das fontes de energia não renováveis, modificação irresponsável da cobertura vegetal, liberação descuidada de resíduos tóxicos no ambiente e outras ações correlatas, todas elas consideradas crimes pelas leis da comunidade galáctica, vocês colocaram em risco o equilíbrio ecológico de seu planeta de origem, com prejuízos não só para sua própria raça mas também para as demais espécies que co-habitam o seu mundo?

- Não, senhor juiz, não nego. – Respondi de forma resoluta, pois não queria deixar transparecer que tivesse alguma dúvida ou sentisse qualquer nervosismo. Não neste momento, quando abria mão intencionalmente da última possibilidade de defesa com relação a estas acusações. E com a minha resposta um forte burburinho percorreu o grande salão, apinhado com uma numerosa audiência composta por centenas de indivíduos pertencentes a mais de quarenta diferentes raças inteligentes que habitam a nossa vizinhança estelar. Ao longo das últimas semanas o tribunal já havia explorado em detalhes todas aquelas questões, mostrando exaustivas evidências dos atos extremamente condenáveis executados pelos habitantes do nosso planeta, e como representante de nossa raça eu não havia ainda conseguido apresentar nenhum argumento que desmentisse, explicasse ou justificasse nenhum deles. Portanto, ninguém realmente esperava que àquela altura eu fosse tentar alegar inocência, mas ouvir da minha própria boca que acusações tão sérias eram aceitas sem questionamentos não deixava de ser chocante para todos aqueles membros de raças muito mais antigas, avançadas e responsáveis do que a nossa própria.

É claro que eu tinha consciência de que toda a audiência de alienígenas estava contra mim, mas não podia me dar ao luxo de deixar que isso me incomodasse. Quando a mensagem chegou das estrelas informando que a população de todo o nosso planeta seria julgada por um insuspeitado tribunal interestelar, acusada de uma série de ações que eram consideradas crimes por uma comunidade galáctica que nem se sabia que existia, tinha ficado bem claro que não haveria nenhum tipo de júri popular ou qualquer coisa do gênero. As regras enviadas para nosso conhecimento na condição de acusados, de forma a nos permitir fazer e preparação da defesa, estabeleciam claramente que apenas os três juízes indicados decidiriam a culpabilidade dos réus, bem como a sentença que seria aplicada. E não caberia apelação após proferido o veredicto final. Nós teríamos o direito de indicar um e apenas um representante para apresentar nossa defesa, e também haveria apenas um único promotor de acusação. Este promotor pertenceria a alguma das raças já integradas à comunidade interestelar e os três juízes a outra, esta das mais antigas e sábias daquela organização multi-espécies que administrava a justiça na galáxia. Tanto o representante dos réus quanto o promotor alienígena teriam várias oportunidades para apresentar seus argumentos, e apenas após esgotadas todas as possibilidades de debate os juízes confirmariam quais acusações finais nos seriam imputadas. Nós ainda teríamos uma última chance de questioná-las, e então os juízes dariam o seu veredicto final. Uma audiência de interessados provindos de vários mundos da comunidade galáctica poderia acompanhar os trabalhos, até para garantir que os procedimentos fossem seguidos da forma mais correta possível, mas ela não teria nenhuma influência direta sobre o resultado do julgamento. Estas eram as instruções.

Um ano completo se passou entre o recebimento da intimação, na verdade a primeira mensagem inteligente recebida em toda a nossa história provinda de uma outra civilização no espaço, e o início do julgamento. Os vários governos do mundo tentaram durante algum tempo decidir qual seria o melhor representante para comparecer perante os juízes que iriam decidir o destino de toda a nossa raça, e após analisarem propostas de se enviar diplomatas de carreira, religiosos e até mesmo militares, no final acabaram decidindo enviar um advogado que possuísse ampla experiência em processos criminais. E escolheram um que tinha comprovada competência, garantida por um longo histórico como defensor bem sucedido em alguns dos mais difíceis casos de que se tinha notícia. Eu fui o escolhido.

Nos meses seguintes tive que trabalhar pesadamente para preparara nossa defesa, e por consenso foi decidido que eu basearia minha argumentação nas informações recebidas por historiadores, cientistas e todos aqueles que tivessem alguma contribuição relevante a oferecer, já que sou apenas um advogado e tinha um conhecimento limitado sobre vários assuntos relevantes ao processo. Estudei tudo o que podia ser aprendido sobre nossa história antiga e recente, bem como sobre o funcionamento de nossa tecnologia e a estrutura social e política das várias nações do nosso planeta. E amarrei todas estas informações no que eu achei ser uma sólida argumentação que justificava as ações tanto da nossa população como dos dirigentes de todos os países mais importantes. E para o caso deste argumento não funcionar montei também um arrazoado alternativo, que buscava isentar a geração atual de qualquer responsabilidade lançando a culpa sobre as gerações anteriores e já passadas. Este seria meu “plano B”. A revisão dos argumentos e documentos que eu apresentaria tomou as últimas semanas disponíveis para minha preparação, e no final de um ano exato de recebida a mensagem de intimação uma nave alienígena veio me buscar como havia sido informado, para que o julgamento pudesse ser iniciado. A partir daí eu estava completamente sozinho.

Fui levado até uma enorme nave-tribunal em um sistema estelar distante, e lá fui introduzido no tribunal interestelar e apresentado formalmente aos juízes e ao promotor público. E o julgamento então teve início. Por várias semanas o promotor apresentou detalhadamente perante os juízes e a audiência alienígena as histórias de exploração e devastação de nosso mundo, enquanto eu tentava sem sucesso demonstrar que estas ações, além de não terem sido tão destrutivas quanto alegado, eram também inevitáveis para a garantia do bem estar da crescente população do nosso planeta. Mas desde o início ficou claro para mim que esta era uma causa perdida. O promotor mostrava-se o tempo todo muito hábil não apenas em descrever da forma a mais desagradável possível os atos destrutivos perpetrados por nossa raça, mas também em apresentar ações alternativas que poderiam ter sido tomadas para evitar ou corrigir o mal causado, e que estavam perfeitamente acessíveis a raças com o mesmo nível de desenvolvimento tecnológico que o nosso. Tentei argumentar em nossa defesa que embora possíveis, aquelas formas alternativas de tecnologia e procedimentos não haviam sido desenvolvidas por nosso povo e que, portanto, não as conhecíamos e não podíamos ser imputados de nenhum outro crime além da simples ignorância. Mas esta argumentação foi eficientemente bloqueada pela apresentação por parte do promotor de diversos casos em que nossos cientista e líderes, quando colocados diante de problemas ainda mais complexos ao longo do nosso desenvolvimento, haviam utilizado sua excelente capacidade de idealização para encontrar a solução de diversos outros problemas nos campos da produção de energia, dos transportes, das comunicações, da medicina e até mesmo na área militar. Mas as soluções que permitiriam nosso desenvolvimento sem as agressões concomitantes efetuadas contra a natureza de nosso mundo haviam sempre sido ignoradas, ou mesmo ativamente suprimidas em nome do lucro de uns poucos indivíduos e instituições.

Ficou claro para mim que eu não havia realmente recebido todas as informações de que precisaria, muito tinha sido escondido pelas nossas maiores autoridades. Mas de alguma forma o promotor havia tido acesso a tudo aquilo, o que me deixava em enorme desvantagem. Além disso, ele tinha muitos anos de experiência em causas daquele tipo, tendo participado de vários outros julgamentos similares por toda a galáxia, enquanto para mim tudo aquilo era uma grande novidade. Imagine minha situação: Sozinho, em um salão abarrotado com as criaturas mais bizarras que se pode imaginar, algumas delas verdadeiramente assustadoras, e discutindo com uma das mais bizarras dentre elas sobre questões legais as quais eu jamais poderia imaginar apenas um ano antes. Mesmo que a causa não fosse tão difícil aquilo já seria um verdadeiro pesadelo, e para completar eu havia recebido somente informações parciais sobre algumas das questões mais importantes. E agora não tinha ninguém a quem recorrer!

Em uma tentativa já desesperada de encontrar alguma linha de argumentação que funcionasse eu estudei ainda com mais cuidado minha própria estratégia à luz da linha de raciocínio que percebi ser a escolhida por meu oponente, e constatei que não havia a menor chance de vencer a causa por ali. Se eu mesmo fosse o juiz do caso daria ganho de causa à promotoria contra os réus, e imporia uma pesada pena contra eles. E quando pensei que a situação não poderia piorar, ela se tornou ainda mais complicada. Eu sabia, é claro, que nas últimas décadas haviam sido lançadas de nosso mundo as primeiras equipes de astronautas para outros planetas situados em sistemas estelares mais próximos do nosso e que possuíam ecossistemas vivos, e agora descobria, na verdade sem muita surpresa, que nestes planetas os exploradores repetiram ações predatórias do mesmo tipo que as já descritas ao longo do julgamento com relação ao nosso mundo natal. De fato, mais tarde fui informado que estes eventos haviam sido a causa principal da convocação do tribunal em si, pois a destruição da natureza de seu próprio mundo era considerada um dos mais sérios crimes que uma raça inteligente podia cometer, mas um processo judicial somente podia ser aberto caso os próprios habitantes do planeta afetado solicitassem isso junto ao tribunal interestelar. Porém, causar sérios danos aos ecossistemas de outros mundos era um crime ainda mais grave, e nestes casos o tribunal era obrigado a intervir por sua própria iniciativa pelo bem da comunidade galáctica. E fora exatamente isto que ele fizera. Quando o julgamento já passava da metade o segundo juiz anunciou que em breve se iniciariam as apresentações das acusações relativas exatamente a estes crimes, e a forma como naquele momento o promotor público olhou para mim com seus seis grandes olhos pedunculares deixou bem claro que ele tinha argumentos ainda mais contundentes para exibir com relação a estas novas ações cometidas por nossa civilização. Isto piorava muito a situação, já que a argumentação alternativa que eu havia imaginado certamente não funcionaria neste caso. A exploração interestelar era uma realização justamente da geração atual do nosso povo, e tentar imputar estes últimos crimes às gerações mais antigas seria simplesmente ridículo. Eu não tinha mais alternativas de argumentação.

A situação da nossa causa estava realmente muito ruim, e se eu insistisse na estratégia de defesa convencional que vinha seguindo ela pioraria ainda mais. Caso quisesse evitar o pior, teria que tentar alguma das grandes manobras totalmente não ortodoxas que tinham me tornado famoso nas cortes penais, e que me levaram a ser escolhido para nos defender naquele extraordinário julgamento.

É fato que tenho uma grande experiência em tribunais, e naquele momento ela me dizia que eu precisava parar de tentar elaborar a defesa baseando-me nas informações que havia acumulado e organizado ainda antes de sair de nosso mundo, durante a preparação para o julgamento, e tentar uma abordagem totalmente nova. Assim, nas semanas que faltavam até o encerramento dos trabalhos eu passei a utilizar as facilidades de acesso a informações e notícias de toda a galáxia que estavam à minha disposição na nave tribunal para estudar as características e a história dos próprios juízes escolhidos para o caso, bem como da raça a qual eles pertenciam. E, enquanto o julgamento ainda prosseguia, eu fazia descobertas muito interessantes... .

Como anunciado, o promotor público lançou em alguns dias as principais acusações relativas às ações dos nossos exploradores em outros mundos que não o nosso próprio. Ele descreveu algumas intervenções desastradas em ecossistemas delicados sem que conhecimentos suficientes tivessem sido adquiridos previamente para prevenir eventuais problemas, a introdução de microorganismos, animais e plantas alienígenas que tornaram-se pragas destruidoras em outros mundos, a alteração propositada do meio ambiente de planetas com ecossistemas exóticos para que se adequassem melhor ao conforto dos nossos colonizadores e vários episódios de pouco respeito com relação às formas de vida nativas de mundos de natureza exuberante e intocada, prejudicadas por nossa corrida desenfreada atrás de recursos e riquezas. E em cada caso eu simplesmente aceitei as acusações lançadas por ele, retrucando apenas quando eram cometidos flagrantes exageros que faziam as ações dos nossos astronautas parecerem muito piores do que realmente haviam sido. Eu estava perfeitamente ciente de que a falta de uma defesa ativa contra todas estas graves acusações deixava a nossa situação enquanto réus mais complicada do que nunca, mas de certa forma minha quase inatividade nesta etapa decisiva do julgamento acabou tendo um efeito benéfico. Eu não teria mesmo conseguido apresentar nenhum argumento eficaz em nosso favor, por mais que tentasse, mas o fato de nem mesmo ter permitido o início de qualquer debate evitou as discussões nas quais o promotor esperava poder aprofundar ainda mais sua argumentação, exibindo os detalhes mais escabrosos de que tinha conhecimento, muitos dos quais eram completamente desconhecidos por mim. Ao final de tudo nossa situação era muito ruim, mas não tão ruim quanto poderia ser se os debates tivessem seguido o curso normal esperado pelo promotor. Ele não havia podido apresentar o seu show como havia programado e esperado, e pelo menos esta pequena vitória eu havia conseguido.

E então chegou o dia final do julgamento. Após meses de debates e discussões eu consegui apenas que uma ou outra acusação menor fosse retirada ou modificada, e como comentei anteriormente o terceiro juiz já havia apresentado o último resumo das acusações finais que permaneciam contra nossa raça com relação aos atos cometidos em nosso próprio planeta natal. Agora era a vez do segundo juiz, que tomou a palavra após a audiência se acalmar e o burburinho diminuir:

- Na condição de representante do seu povo, você nega terem invadido outros mundos que ainda sequer lhes haviam sido concedidos por direito, e perpetrado neles diversos atos causadores de grandes prejuízos à fauna, flora e meio ambiente locais, como a introdução de espécies alienígenas que se propagaram fora de controle, a destruição de ecossistemas ainda desconhecidos para a extração de recursos naturais, e a mudança deliberada do equilíbrio biofísico tendo em vista a adaptação do ambiente para seus próprios organismos, com resultados catastróficos para as espécies locais as quais estavam sob sua responsabilidade e deveriam segundo as leis galácticas ter sido protegidas de quaisquer efeitos nefastos de suas ações nestes mundos?

- Não, eu não nego meritíssimo. – Respondi simplesmente, pois não havia nada mais que eu pudesse fazer.

E novamente a audiência do julgamento manifestou com exclamações e cochichos o seu espanto, incredulidade e reprovação pela aceitação sem contestações por minha parte destas gravíssimas acusações que eram feitas contra nós. O burburinho no grande salão do tribunal foi ainda maior que após a apresentação das acusações anteriores e a minha respectiva resposta, porque agora as penas cabíveis podiam também ser muito mais severas. O próprio primeiro juiz, que comandava o julgamento, teve que intervir através do sistema coletivo de som para fazer com que todos se acalmassem, e voltou-se em seguida para mim, parecendo realmente incrédulo e sinceramente preocupado ante minha aceitação passiva de tão terríveis acusações.

-Senhor representante da defesa, tem certeza de que estudou e compreendeu realmente todos os documentos que continham as instruções sobre este julgamento, que foram enviados por mensagens de rádio para o seu planeta com um ano de antecipação? Pergunto isso porque ao aceitar sem contestação as acusações do segundo juiz o senhor deixa pouca escolha a este tribunal senão considerá-los culpados de todas elas, e as penas cabíveis podem ser muito graves!

Por um longo momento eu ponderei sobre as palavras do juiz principal. Eu havia sim estudado com muito cuidado todas as informações recebidas da comunidade galáctica sobre o sistema legal que embasaria o processo, e sabia todos os detalhes sobre as possíveis penas que uma raça considerada culpada poderia receber. Segundo a lei interestelar, os prejuízos causados por um povo ao seu próprio mundo podem implicar em penas de restrição de acesso a determinadas áreas de seu planeta, visando à preservação dos ecossistemas mais representativos, a proibição do uso de determinadas tecnologias que causem excessivo impacto ambiental negativo e até mesmo o pagamento de indenizações para a comunidade galáctica, que teria que utilizar de seus recursos tecnológicos avançados para reverter os danos mais sérios já causados à biosfera, cujos efeitos não pudessem ser revertidos de forma natural. Mas os estragos que uma raça causasse a outros mundos que não o seu implicavam em penalidades muito mais severas, que nos casos mais graves poderiam chegar à absoluta interdição dos vôos interestelares, à proibição total de vôos espaciais tripulados e o isolamento completo da raça em seu próprio planeta, ou até mesmo a completa eliminação de sua civilização, caso o tribunal julgasse que ela representava uma ameaça incorrigível a outras formas de vida inteligente da galáxia.

Eu tinha certeza de que no nosso caso esta última e mais grave penalidade não seria aplicável, pois ela era restrita apenas às raças que seguidamente atacassem outras criaturas dotadas de inteligência, e nenhuma forma de vida inteligente havia sequer sido encontrada pelos nossos exploradores antes do recebimento da mensagem informando sobre o julgamento. Mas outras penas também muito severas poderiam ser aplicadas, sendo a proibição das viagens espaciais e o isolamento total as piores delas. Imagine nosso povo condenado a abdicar da grande aventura espacial que já havíamos iniciado, e ainda por cima sabendo que miríades de outras raças estariam explorando a galáxia que nos seria proibida. E poderiam ainda ser aplicadas em paralelo a interdição de diversas regiões do nosso próprio planeta, e efetuada a cobrança de indenizações para a reparação dos danos. Estes eram riscos muito reais, e como advogado eu precisava ponderar com bastante cuidado até que ponto a nova estratégia que estava adotando após minhas pesquisas sobre os juízes do caso, de aceitar as acusações sem contestação, podia realmente ser a mais correta. Ainda seria possível tentar questionar algumas das acusações ou minimizar seu impacto, embora a argumentação a nosso favor fosse muito fraca. E pensando nisso eu olhei brevemente para o promotor público, percebendo que ele apoiava todas as suas oito pernas em seu assento e mantinha os tentáculos largados displicentemente sobre a mesa, em uma tentativa de aparentar certo ar de distanciamento. Mas estava inclinado para frente com todos músculos do seu cefalotórax retesados, e dois de seus seis olhos virados discretamente na minha direção. Era a posição de um predador de tocaia, à espreita de uma presa que ele sabia estar quase ao seu alcance. Isto me fez tomar minha decisão.

- Senhor juiz, eu confirmo ter estudado toda a documentação enviada e estar ciente de todas as implicações possíveis deste processo contra meu povo. E reafirmo que aceito sem questionamentos todas as últimas acusações apresentadas pelo terceiro e o segundo juízes. – Respondi, decidindo manter a nova estratégia que havia escolhido após perceber o quanto minha argumentação era fraca quando comparada à do promotor, e ter estudado mais a fundo a raça dos próprios seres que haviam sido encarregados de julgar os atos de nossa espécie. Agora não haveria mais como voltar atrás.

Enquanto a audiência mais uma vez enchia o tribunal com murmúrios e exclamações espantadas e indignadas, eu aproveitei para relancear um olhar sobre o promotor, e reparei que ele estava com os tentáculos cruzados em volta do corpo e os olhos baixos, e que balançava lentamente o corpo para ambos os lados. Embora eu não conhecesse o significado dos gestos típicos daquela raça, adivinhei corretamente que meu adversário não estava nada feliz por eu ter-lhe negado sua última chance de argumentação, que o permitiria complicar ainda mais a situação para nosso povo. Engoli em seco, mas conclui que a estratégia que eu havia escolhido era de fato a melhor para nós, ou pelo menos a de menor risco, apesar de saber que uma condenação seria com certeza inevitável. Agora era aguardar a conclusão da preleção final do promotor para fazer a minha própria, da forma como havia imaginado, e esperar que aquilo que eu aprendera sobre os juízes estivesse realmente correto.

Chamado pelo primeiro juiz assim que a audiência se acalmou, o promotor público iniciou a sua preleção. Para mim foi logo ficando claro que grande parte do que ele dizia estava sendo alterado de improviso, já que lhe havia sido negada a chance de expor de forma mais contundente sua versão sobre as ações do nosso povo. A criatura de seis olhos havia elaborado e ensaiado um discurso apaixonado sobre a natureza aviltada de mundos indefesos, violentados pela sanha destruidora daquela raça gananciosa e irresponsável que estava sendo julgada, que com certeza teria impressionado a audiência e os próprios juízes. A maior parte do seu texto com certeza deveria enfatizar fatos e eventos que ele planejava ter apresentado e esclarecido durante suas réplicas à minha argumentação de defesa, mas como eu havia me negado a argumentar ele não pudera levantar os pontos que planejara. E agora não podia mais mencioná-los, sob pena de tornar sua preleção longa demais, confusa, enfadonha e forçada. Eu não consegui suprimir um pequeno sorriso enquanto o promotor encerrava seu discurso, que acabara soando desconexo e pouco convincente.

Mas agora era minha vez. Chegara o momento em que eu teria que jogar minha última cartada, e ver se ela teria realmente o efeito que eu imaginava.

O primeiro juiz solicitou formalmente o silêncio da audiência, o que na verdade era totalmente desnecessário já que todos na grande sala estavam absolutamente quietos e completamente concentrados em ouvir o que eu diria, e indicou que eu deveria fazer minha última preleção ao tribunal:

- Senhor representante da defesa, - Disse ele solenemente. – Quais as suas declarações finais a este tribunal com relação às acusações apresentadas, e a todas as provas relativas a elas que foram aqui mostradas contra a sua raça, desde o início deste julgamento?

- Meritíssimo primeiro juiz, desejo dizer apenas algumas poucas palavras. Aceito sem restrições todas as últimas acusações apresentadas pelos juízes dois e três, mas declaro aqui o seguinte: Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra. – E dizendo isso me sentei, encerrando a mais curta preleção já apresentada perante o tribunal interestelar em toda a história da galáxia!

Um profundo silêncio se seguiu às minhas palavras. A audiência ficou quieta, pois estava atônita e não conseguia atinar com o sentido do que eu havia dito. Através do tradutor universal que estava usando eu podia perceber os sussurros de exclamações como: “Que história é esta de atirar pedras?”, e “o que é afinal de contas um pecado”? O promotor público alienígena também estava de boca aberta, sem entender o sentido daquilo. Porque eu não fizera nenhuma tentativa de pedir desculpas ou de apresentar uma última justificativa, e nem mesmo um pedido de clemência? E quem havia falado em atirar pedras afinal, o que significava isso? Pela expressão meio desvairada dos seus seis olhos dava até para adivinhar o que se passava na mente dele: “Será que o advogado de defesa enlouqueceu completamente”?

Mas no meio da agitação os três juízes olhavam fixamente para meu conjunto ótico multifacetado, calados. Eles sim sabiam o que eu queria dizer, e o que a expressão que eu havia utilizado significava.

Ela havia sido proferida há mais de três mil e quinhentos anos por um indivíduo nascido do planeta de origem da espécie deles, que era conhecida como raça humana. E as palavras dele, estas e muitas outras, tinham durante mais de dois mil anos sido ignoradas ou pior, adulteradas para justificar os mais terríveis atos de barbarismo daquele povo contra seus próprios semelhantes, a natureza de seu mundo e mesmo a de outros mundos que os humanos haviam alcançado em suas naves estelares. Apenas cerca de mil anos atrás os homens do planeta Terra tinham finalmente aprendido a controlar seus impulsos e medos, e só então os ensinamentos daquele indivíduo haviam sido compreendidos e aceitos por todos os seres daquela raça, e junto com outras espécies também já evoluídas a humanidade havia ajudado a criar a mesma comunidade galáctica que agora se achava no direito de julgar os atos da raça jovem, inexperiente e afoita à qual nós pertencemos.

Deixando de me encarar os três juízes olharam uns para os outros longamente, e depois novamente para meu complexo multifacetado de olhos, e eu os encarei de volta sem mostrar nenhuma revolta ou hostilidade, mas também sem deixar transparecer nenhum medo ou receio. E eles encerraram os trabalhos do tribunal naquele dia, recolhendo-se para definir o veredicto e a sentença a ser aplicada, que seriam apresentados logo cedo na manhã seguinte.

Nossa raça foi considerada culpada, é claro, não havia como ser diferente. Mas para surpresa da audiência e do promotor público, nós nos safamos com apenas uma pena leve, o equivalente interestelar à prestação de serviços comunitários, além da promessa de que os atos que levaram à realização daquele julgamento não mais se repetiriam.

E como vocês já sabem, esta foi a decisão daquele tribunal, e assim se realizou.



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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#22 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jan 12, 2012 7:48 pm

Segue o quarto "teaser" (décimo quarto do livro).
Um passado insuspeito

Os geólogos olhavam para o pequeno objeto sobre a mesa intrigados, sem conseguir compreender a princípio como ele podia ter relação com o trabalho quase de rotina que estavam executando. Eles estavam apenas testando um novo tipo de broca que seria utilizada para a prospecção de petróleo, e de repente haviam sido apresentados àquilo.

- Aí está ela, percebem o que eu queria dizer? – Exclamou o operador da perfuratriz apontando para a peça, satisfeito em notar que os pesquisadores estavam tão perplexos quanto ele.

Meia hora antes, quando havia aberto o cilindro extraído pela broca desde uma profundidade de quase dois mil metros abaixo do nível do solo, ele também ficara atônito ao encontrar aquele pequeno objeto em meio ao cascalho e às pedras ainda aquecidas devido ao processo de perfuração. A forma perfeitamente circular da coisa e seu aspecto polido e brilhante já davam logo de início a impressão de serem artificiais, mas quando ele percebeu que em ambos os lados ela parecia coberta pelo que sem sombra de dúvida eram imagens em alto e baixo relevo de símbolos totalmente desconhecidos, teve certeza de que se tratava de algum objeto manufaturado. Mas como podia ser isso, se de acordo com os geólogos a camada de rocha em que a broca se encontrava agora havia sido formada por sedimentos depositados dezenas de milhões de anos atrás?

O operador ligara então para o telefone do chefe da equipe de geólogos e informara seu achado, mas o cientista não havia compreendido o que ele queria dizer. Ele encontrara uma peça metálica no meio do sedimento? Então a broca havia quebrado e um pedaço subira no cilindro de amostras? Não? Talvez o revestimento interno do cilindro tivesse se partido. Também não? Então que diabos ele queria dizer? Percebendo que seria difícil explicar por telefone ele pedira para que outro operador o substituísse na supervisão da perfuratriz, pegara o objeto e o levara até a tenda onde os geólogos trabalhavam nas amostras, para mostrá-lo a eles pessoalmente. Agora eles olhavam incrédulos para o pequeno disco sobre a mesa, com a mesma expressão de espanto no rosto que ele havia feito ao encontrá-lo.

- Tem certeza de que isto estava dentro do cilindro, não caiu de algum outro lugar? – Perguntou o geólogo-chefe, sem tirar os olhos da peça metálica.

- Absoluta, eu mesmo o recolhi. Também dá para ver as marcas onde ele foi arranhado pela broca, as ranhuras são inconfundíveis.

- Isto não é possível! - Retrucou um dos geólogos mais jovens. - A broca está retirando material de uma camada sedimentar com vinte e cinco milhões de anos de idade. Este objeto é claramente artificial, e a civilização como a conhecemos tem no máximo algumas dezenas de milhares de anos. Mesmo os ancestrais mais antigos de nossa espécie só existem há uns poucos milhões de anos, como um objeto artificial pode ser mais antigo que isso?

A implicação era óbvia e ao mesmo tempo inacreditável para todos os presentes. Se aquele objeto realmente estava enterrado desde o tempo da formação da camada de arenito onde havia sido encontrado, então ele deveria ter sido feito antes que qualquer civilização surgisse, em uma época da qual a maioria das espécies de seres vivos existentes só era conhecida através de fósseis!

- Só havia animais no mundo há vinte e cinco milhões de anos, esta peça não pode ter sido feita naquela época. A única explicação é que a broca atravessou um trecho de inversão das camadas geológicas. Isto não é tão incomum. – Comentou outro geólogo.

- Como assim, o que é esta tal inversão? Esta peça poderia ser recente e assim mesmo estar lá no fundo do poço de onde tiramos a amostra? – Perguntou o operador da perfuratriz curioso. Ele era apenas um técnico mecânico, e não compreendia o jargão dos especialistas em geologia que avaliavam os dados obtidos durante o trabalho de perfuração.

- Às vezes, ao longo das eras, a crosta do planeta se contorce empurrada pelo movimento das placas tectônicas, ou a parede erodida de uma montanha desaba sobre um vale, e camadas de material mais antigo acabam se sobrepondo às de material mais recente. Depois tudo é coberto por novos sedimentos. Isto gera uma inversão das camadas geológicas, que pode passar desapercebida em um primeiro momento. – Explicou o chefe dos geólogos. – Quando se começou a investigar o registro fóssil este tipo de fenômeno confundiu os pesquisadores pioneiros, já que às vezes se encontravam fósseis de criaturas que eram julgadas mais antigas e primitivas depositados em camadas acima de outras onde havia fósseis de seres aparentemente mais novos e avançados. Mas depois foi demonstrado que isto era sempre causado pela inversão de camadas geológicas, e ficou bem estabelecido que camadas contendo fósseis mais primitivos são sempre mais antigas que as que contêm outros mais evoluídos. Esta inclusive foi a primeira e ainda é a principal técnica utilizada para organizar as camadas geológicas em ordem cronológica, avaliando o tipo de fósseis que se pode encontrar nelas.

- Em certos casos seria possível que um fenômeno assim tivesse colocado uma camada relativamente recente abaixo de camadas muito mais antigas, e desta forma talvez pudéssemos encontrar objetos de épocas históricas em grandes profundidades abaixo da superfície, - continuou o geólogo chefe, – mas não neste caso específico. Ainda estamos perfurando a mesma camada de ontem, e já temos a datação dela a partir de fósseis marcadores. A hipótese da inversão de camadas não se aplica aqui.

Por um momento todos ficaram em silêncio. Aquela pequena peça achatada de metal brilhante podia ser o primeiro indício físico real de que uma civilização pré-histórica teria existido antes da atual, a qual certamente teria sido formada por uma outra raça inteligente. Ou ela poderia provir de um outro mundo, e ser obra de inteligências alienígenas. Em qualquer dos casos era uma descoberta fenomenal!

- Precisamos confirmar a idade e a origem desta peça. – Disse rompendo o silêncio um dos geólogos mais antigos. - Temos que enviá-la para o laboratório da companhia para análise isotópica. Assim poderemos ao mesmo tempo verificar sua idade e se ela não vem de um outro planeta. Se for confirmado que ela tem milhões de anos podemos estar com a maior descoberta arqueológica da história em nossas mãos, uma prova científica palpável de que nossa raça não é a única inteligente que já apareceu neste planeta ou neste universo!

Dizendo isso ele esticou a mão coberta por pelos escuros e pegou da mesa entre as unhas negras e cônicas o pequeno disco de metal bicolor, elevando-o até próximo de sua face alongada que lembrava vagamente a de seus distantes ancestrais guaxinins. E com cuidado observou sobre a superfície do objeto, que tinha o centro prateado e a borda amarelada, os símbolos para ele totalmente incompreensíveis que para o antigo povo desaparecido que os havia criado tinham um significado simples e corriqueiro: 1 Euro.





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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#23 Mensagem por Paisano » Qui Jan 12, 2012 8:46 pm

LeandroGCard escreveu:
Segue o segundo conto (o décimo segundo do livro).
Réquiem para uma civilização.

Há vinte anos eles haviam chegado. Estávamos ainda iniciando a exploração de nosso sistema solar, e eles já conquistavam as estrelas. Era a terrível invasão espacial, da qual tanto nos alertaram nossos autores de ficção científica.

De início sequer compreendemos exatamente o que estava acontecendo. Nossos radio-telescópios haviam vasculhado os céus durante anos, em busca de sinais inteligentes oriundos de outras estrelas, e durante anos nossos esforços haviam sido em vão. De repente, porém, todos passaram a receber aquelas mensagens, que saturaram as frequências normais de comunicação, bastante audíveis nas línguas de cada uma das nações onde estavam instalados os rádio-observatórios.

Uma intimação! Exigiam que nos rendêssemos, sem nenhuma explicação sobre como ou porquê. Nenhuma instrução sobre as presumíveis negociações de capitulação, ou sobre a também presumível ocupação. Apenas a ordem de não tentarmos resistir.

É claro que quase ninguém, além dos cientistas, acreditou na veracidade das mensagens recebidas. Dúvidas foram levantadas, idoneidades contestadas e as mútuas desconfianças quase levaram a uma catastrófica guerra nuclear. Entretanto, em breve foram detectadas diversas naves, gigantescas pelos nossos padrões, entrando em órbita ao redor de nosso planeta. Isto convenceu até os mais céticos e o pânico resultante teve o mérito de acelerar os preparativos para nossa defesa.

Todos os nossos veículos espaciais foram postos em condições de combate em apenas quatro dias. Cinco transportadores orbitais reutilizáveis com capacidades de carga variando entre seis e quarenta toneladas, além de vários foguetes convencionais descartáveis, foram carregados com poderosos mísseis nucleares, que haviam sido construídos para destruir a nós mesmos mas que serviriam agora a uma causa bem mais nobre. Os transportadores e os foguetes decolaram todos ao mesmo tempo, com a intenção de surpreender nossos inimigos através de um ataque maciço. Certamente suas naves sucumbiriam ante dezenas de poderosos artefatos termonucleares.

Mas nossos veículos nem mesmo chegaram a entrar em órbita. Raios de natureza desconhecida, dotados de imensa energia, os transformaram em nuvens de gases ionizados tão logo deixaram a atmosfera. Nossas esperanças de defesa literalmente dissiparam-se no espaço poucos instantes após partirem de suas bases de lançamento.

E o inferno então desceu à superfície de nosso mundo. Sem nenhum motivo além de termos sido impertinentes a ponto de tentarmos nos defender, diversas de nossas maiores cidades foram arrasadas por armas que para nós pareciam castigo dos céus. Centenas de milhões de indivíduos pereceram sob os escombros do que antes haviam sido grandes centros urbanos. Os invasores mostraram que não seriam complacentes. Exterminariam imediatamente qualquer foco de resistência.

Tivemos que nos entregar e permitir que suas naves pousassem. E só então ficamos sabendo a razão de tudo aquilo, o porquê de nos atacarem sem piedade. Nosso planeta possuía imensas jazidas de metais pesados, até por nós desconhecidas, os quais eram muito valiosos para a civilização dos alienígenas. Quando soubemos dos metais ficamos aturdidos pelo uso de tamanha violência por tão pouca coisa. Estaríamos dispostos a ceder-lhes de bom grado a exploração das minas, pois elas pouco nos importavam. Não teríamos mesmo condições de aproveitá-las por muito tempo ainda.

Mas as minas não eram todo o problema. Eles precisavam explorá-las, mas não desceriam pessoalmente a quilômetros de profundidade dentro de terra solta, lençóis de água e rocha sólida até alcançar os veios de minério. E nos túneis inconsistentes das minas os robôs, além de muito dispendiosos, não teriam um rendimento satisfatório. Eles usariam a nós para realizar o trabalho. Seríamos escravizados!

Quando soubemos de suas intenções tornamos a tentar atacá-los. As forças armadas de diversas nações tentaram, pelo menos, expulsá-los para fora de suas fronteiras. Tais nações deixaram de existir!

Fomos forçados a nos submeter, e o caos então se instalou em nosso mundo. Divisões políticas, geográficas e culturais não faziam o menos sentido para eles. Populações inteiras foram forçadas a se deslocar de suas regiões e países de origem para os locais onde seriam necessários aos objetivos dos invasores. As últimas grandes cidades foram abandonadas, todo o sistema de produção e comércio entrou em colapso e o desespero dominou a nossa raça.

Todas as indústrias importantes foram destruídas, sob a alegação de que desviavam mão de obra inutilmente. Parte da população era empregada nas minas, parte era confinada nas cidades como reserva, e o restante era obrigado a trabalhar nos campos para sustentar o resto. O ambiente nas minas era terrivelmente insalubre devido à elevada temperatura, à umidade, às emanações gasosas e à tóxica poeira metálica. Por isso a expectativa de vida dos mineiros era de apenas um quarto do tempo de vida normal, e a ocorrência de acidentes era bastante comum, mas para os invasores não fazia a menor diferença. Havia muitos de nós, podíamos ser sacrificados.

Para a substituição das baixas foram criadas as “reservas”, que eram na realidade as cidades sobreviventes colocadas sob intensa vigilância e onde eram aglomeradas grandes massas da população, que seriam utilizadas para manter constante o número de trabalhadores nas minas apesar do número de mortes. Já os que viviam nos campos eram forçados a trabalhar de maneira brutal, enquanto as péssimas condições de habitação e higiene ocasionavam constantes epidemias que matavam milhares de indivíduos por ano.

Vendo este terrível quadro os religiosos e os cientistas se uniram, tentando criar programas de saúde e assistência social em uma vã tentativa de melhorar as condições às quais estávamos submetidos e tornar a vida ao menos suportável. Foram devido a isto tomados como subversivos, perseguidos implacavelmente e exterminados, enquanto todas as atividades intelectuais e religiosas eram postas na ilegalidade.

Apenas alguns meses após a invasão os alienígenas montaram uma enorme cúpula geodésica sob a qual erigiram a sua cidade. Precisavam da cúpula, pois embora a gravidade de nosso planeta se assemelhasse bastante à do mundo deles, os gases que compunham nossa atmosfera lhes eram venenosos. Isto era uma boa mostra de quão diferentes eles eram de nós, tanto física quanto espiritualmente. Na realidade, o que havia sob a cúpula não era exatamente uma cidade mas uma poderosa base militar, montada com o intuito de vigiar nossas atividades e nos dissuadir de qualquer tentativa de levante.

Era da cúpula geodésica que partia a opressão. Com uma base em nosso próprio mundo eles lograram sustar todo o desenvolvimento de nossa raça e ainda nos fizeram regredir mais de um século em nossa civilização. Podíamos ver sob a cúpula todos os benefícios materiais de um grande avanço tecnológico, mas não tínhamos o direito de desfrutar dele. Afinal, éramos apenas escravos, à disposição de suas necessidades e caprichos.

Nossas crianças eram tomadas de nós ainda recém nascidas e condicionadas desde cedo a serem dóceis à escravidão. Devido a isto nossa população passou apresentar uma taxa de decréscimo bastante acentuada, o que os levou a selecionar casais segundo seus próprios critérios e a forçá-los a servirem como reprodutores.

Nas minas a revolta de um único mineiro facilmente levava à morte de dezenas de inocentes, enquanto eram realizados frequentemente ataques de intimidação contra as reservas, nos quais centenas ou mesmo milhares de vítimas podiam perder a vida inapelavelmente. Os invasores estavam começando a criar o hábito de nos caçar!

Vinte anos! Toda uma geração com as mentes completamente destruídas. Em breve o futuro de nossa raça estaria totalmente arruinado. Após duas décadas de terror não poderíamos suportar mais. Iríamos nos sublevar! Esta era uma idéia antiga, pensávamos constantemente nisto desde que fôramos conquistados, mas agora faríamos alguma coisa pois agora estávamos preparados!

O trabalho nas minas era realizado com o auxílio de diversos tipos de máquinas: Carretas motorizadas, martelos mecânicos, perfuratrizes laser e até mesmo bombas nucleares de baixa potência. Tal tecnologia, embora nós soubéssemos poder ser utilizada de forma letal em uma guerra, não impressionava os alienígenas nem um pouco, tão acostumados estavam a ela. Na verdade eles tinham apenas uma vaga idéia do perigo representado por estes equipamentos, e treinaram-nos para utilizá-los, consertá-los, e até mesmo produzi-los de forma a poder explorar as minas no ritmo que lhes era necessário. E contentavam-se apenas com um controle superficial destes artefatos.

Simulávamos então acidentes, às vezes com o sacrifício de alguns de nós, e juntávamos material para os nossos fins. Construímos depósitos nas minas onde ao longo dos anos montamos verdadeiros arsenais, os quais permaneceram totalmente secretos uma vez que os alienígenas jamais desciam pessoalmente às inseguras galerias que nos forçavam a cavar. E os robôs de vigilância eram facilmente ludibriados, sendo que por vezes até destruíamos alguns para roubar material e púnhamos a culpa nos frequentes desabamentos. Já contávamos com um verdadeiro exército, muito bem organizado, e esperávamos apenas por uma oportunidade.

E esta finalmente surgiu. Uma revolução em outra colônia, ou uma guerra talvez, obrigou os invasores a deslocar as naves de guerra que vigiavam nosso sistema solar para uma estrela distante. Era a nossa chance!

Os minérios eram transportados em naves intra-orbitais das minas até os grandes cargueiros interestelares em órbita, para daí seguirem para onde quer que fosse o seu destino final. Estes transportes foram de início pilotados exclusivamente pelos próprios alienígenas, mas seu número cresceu tanto que eles se viram obrigados a nos incumbir de pilotar alguns deles. E agora quase todos eram pilotados pela nossa gente.

A um sinal de rádio a grande maioria dos transportes, cujo número se elevava às centenas, dirigiu-se para as aberturas secretas que havíamos escavado em ligação com os nossos arsenais, de onde receberam o material bélico que havíamos preparado transformando-se em naves de guerra. Receberam também a bordo milhares de soldados e veículos, armados com lasers portáteis e granadas, a base de nosso exército.

Os invasores estavam completamente desprevenidos, e a princípio não souberam como reagir ao desaparecimento das naves intra-orbitais. Pudemos completar nosso trabalho sem nenhuma interferência além da dos robôs, a qual eliminamos facilmente. Em poucas horas havíamos montado a nossa força de ataque.

Mas então os problemas começaram a surgir. Os alienígenas descobriram onde estavam nossas naves, e mandaram contra nós os vinte cruzadores atmosféricos que possuíam. Em pouco mais de meia hora de batalha aérea perdemos quase metade de nossa frota, mas utilizando a técnica suicida do abalroamento em vôo conseguimos vencer, e agora só restava a cúpula geodésica!

Desembarcamos nossa infantaria a vinte quilômetros da cúpula, atrás de uma cadeia de montanhas baixas. Não tínhamos coragem de expor nossas naves em um ataque direto, pois sabíamos que o inimigo contava com várias estações de rastreamento e no céu não existem acidentes geográficos que possam ocultar o avanço de uma nave. A ofensiva teria mesmo que ser por terra.

Foi um massacre! A cúpula estava dotada de armas suficientes para deter milhões de atacantes e pouco mais de mil soldados, mesmo que relativamente bem armados, nada representavam para suas defesas. Ao detectar qualquer movimento hostil através de seus veículos automáticos de observação os alienígenas lançavam mísseis inteligentes equipados com ogivas de anti-matéria contra ele, e trinta ou quarenta explosões foram o suficiente para acabar com o nosso exército. Houve pouco mais de dez dúzias de sobreviventes, e praticamente todo o equipamento foi perdido.

Estávamos desesperados! Mal podíamos acreditar que nosso levante, que começara tão bem, havia fracassado de forma tão miserável. Só nos restavam agora os transportes orbitais armados, alguns soldados aterrorizados e mais algumas centenas de indivíduos equipados com velhos fuzis, espingardas e bombas de antes da invasão, postados nas ruínas de uma cidade abandonada a quarenta quilômetros da cúpula. Os pilotos de nossas naves decidiram então decolar para um ataque final. Não havia esperança alguma de vencer, mas desistir agora seria traição para com nossa raça e para com aqueles que morreram tentando alcançar a liberdade para o nosso povo. As tripulações dos transportes prepararam-se para juntar-se à infantaria no reino dos mortos.

Porém, estávamos completamente enganados. Os alienígenas na cúpula haviam-se preparado para resistir a um forte ataque terrestre, pois a idéia de milhares de escravos lançando-se furiosamente sobre seu reduto é bastante natural a qualquer tirano, mas não contavam em ter que se haverem sozinhos contra um ataque aéreo. Em condições normais suas naves de combate em órbita poderiam detectar e destruir qualquer aeronave atacante com seus instrumentos e armas fabulosos. Mas tais naves não se encontravam em nosso sistema solar no momento, e os próprios mísseis de anti-matéria que haviam arrasado o nosso exército eram do tipo terra-à-terra, não se prestando a uma defesa aérea eficaz.

Nossos inimigos viram nossos transportadores orbitais aproximando-se nas telas de seus radares, mas pouco puderam fazer. Muitas de nossas naves foram destruídas, mas a maioria escapou das defesas e uma única bomba nuclear, detonada próximo à cúpula, foi suficiente para romper o envoltório e deixar que a atmosfera de nosso mundo tomasse conta de seu quartel general. Os poucos alienígenas que tiveram tempo de vestir seus trajes pressurizados foram eliminados poucas horas mais tarde, quando nossos combatentes penetraram na fortaleza, enquanto nossas naves davam cabo de alguns objetivos secundários.

Nosso planeta era nosso novamente! Conseguíramos nos livrar dos invasores e agora possuíamos a sua própria tecnologia para a nossa defesa, pois afora o rombo na cúpula geodésica e alguns danos menores sua fortaleza estava praticamente intacta. Capturamos todo o equipamento que era antes usado para nos oprimir: Armas portáteis, canhões iônicos, mísseis de anti-matéria e muitas coisas mais. Estes equipamentos poderiam transformar nossa frota de naves orbitais em uma força respeitável.

E entre o material capturado estavam um comunicador supra-luminal e um transceptor taquiônico, que nos permitiriam comunicação rápida ou mesmo imediata através das distâncias interestelares. Com estes aparelhos poderíamos interceptar as mensagens de nossos inimigos, descobrindo assim seus planos, e desta forma contávamos em poder preparar melhor as nossas defesas.

Sabíamos que todos os povos que habitavam as estrelas em um raio de pelo menos quinhentos anos luz haviam sido conquistados pela mesma raça que atacara nosso planeta e que, como nós, eles haviam sido obrigados a aprender a língua dos invasores pois estes jamais se rebaixavam a aprender a dos vencidos. Por isto podíamos ter a certeza de que não enfrentaríamos dificuldades para compreender as transmissões captadas. Todas elas seriam na odiosa língua dos invasores, incluindo é claro as deles próprios.

Parecia-nos que tudo iria funcionar. Contávamos em utilizar nossas naves agora bem equipadas para nos defender de um primeiro ataque, e assim ganhar tempo suficiente para nos preparar e enfrentar uma guerra de longa duração. Já estávamos organizando a produção em massa de mísseis nucleares de grande porte, equipados com computadores dotados de inteligência artificial, e os antigos estaleiros navais que não haviam sido destruídos serviriam para construir nossas naves de guerra blindadas. Com os conhecimentos que tínhamos capturado nos seus bancos de dados poderíamos em poucos anos construir armas semelhantes às que os próprios alienígenas utilizavam, e assim talvez pudéssemos conseguir que eles desistissem de ocupar o nosso mundo e nos deixassem em paz. Mas era tudo ilusão. As mensagens que as naves inimigas trocavam entre si e com suas bases não deixavam lugar para esperanças.

Subestimáramos nossos algozes. Eles haviam erigido um verdadeiro império estelar, e o que ocorrera fôra um simples problema fronteiriço. Uma poderosa frota com centenas de naves de combate estava se dirigindo ao nosso mundo, e pelo que podíamos ouvir sobre ela nossas poucas naves não teriam a menor chance de nos defender. As unidades inimigas alcançariam nosso planeta e nós já conhecíamos suas intenções, pois as outras transmissões captadas revelavam-nas a nós.

Ondas eletromagnéticas e taquiônicas reverberavam pela galáxia, testemunhas de catástrofes há muito ocorridas. Estrelas choravam a morte de suas raças filhas, vítimas do mesmo povo que nos escravizara, e nossa em breve seria mais uma entre elas.

Nosso planeta seria esterilizado! Bombas de anti-matéria gigantescas seriam detonadas em órbita de nosso mundo, e a quantidade de radiação gama assim produzida eliminaria qualquer forma de vida existente em sua superfície. Depois disto os alienígenas colonizariam novamente o planeta com outras formas de vida e outra espécie inteligente já “domesticada”, e retomariam a exploração das minas. Pela tentativa que alguns de nós fizeram para escapar de sua tirania, toda a nossa raça estava agora condenada a deixar de existir.

Seríamos nós as próximas vítimas desta terrível raça de carrascos galácticos oriunda de um mísero planetóide que gravita ao redor de uma minúscula estrela amarela, perdida na imensidão do cosmo.

Os malditos assassinos terráqueos!



Leandro G. Card
Sou fã de carteirinha desse conto. :D

Merecia ser levado para a telona. [009]




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#24 Mensagem por suntsé » Qua Jan 18, 2012 2:22 pm

LeandroGCard escreveu:
Segue o quarto "teaser" (décimo quarto do livro).
Um passado insuspeito

Os geólogos olhavam para o pequeno objeto sobre a mesa intrigados, sem conseguir compreender a princípio como ele podia ter relação com o trabalho quase de rotina que estavam executando. Eles estavam apenas testando um novo tipo de broca que seria utilizada para a prospecção de petróleo, e de repente haviam sido apresentados àquilo.

- Aí está ela, percebem o que eu queria dizer? – Exclamou o operador da perfuratriz apontando para a peça, satisfeito em notar que os pesquisadores estavam tão perplexos quanto ele.

Meia hora antes, quando havia aberto o cilindro extraído pela broca desde uma profundidade de quase dois mil metros abaixo do nível do solo, ele também ficara atônito ao encontrar aquele pequeno objeto em meio ao cascalho e às pedras ainda aquecidas devido ao processo de perfuração. A forma perfeitamente circular da coisa e seu aspecto polido e brilhante já davam logo de início a impressão de serem artificiais, mas quando ele percebeu que em ambos os lados ela parecia coberta pelo que sem sombra de dúvida eram imagens em alto e baixo relevo de símbolos totalmente desconhecidos, teve certeza de que se tratava de algum objeto manufaturado. Mas como podia ser isso, se de acordo com os geólogos a camada de rocha em que a broca se encontrava agora havia sido formada por sedimentos depositados dezenas de milhões de anos atrás?

O operador ligara então para o telefone do chefe da equipe de geólogos e informara seu achado, mas o cientista não havia compreendido o que ele queria dizer. Ele encontrara uma peça metálica no meio do sedimento? Então a broca havia quebrado e um pedaço subira no cilindro de amostras? Não? Talvez o revestimento interno do cilindro tivesse se partido. Também não? Então que diabos ele queria dizer? Percebendo que seria difícil explicar por telefone ele pedira para que outro operador o substituísse na supervisão da perfuratriz, pegara o objeto e o levara até a tenda onde os geólogos trabalhavam nas amostras, para mostrá-lo a eles pessoalmente. Agora eles olhavam incrédulos para o pequeno disco sobre a mesa, com a mesma expressão de espanto no rosto que ele havia feito ao encontrá-lo.

- Tem certeza de que isto estava dentro do cilindro, não caiu de algum outro lugar? – Perguntou o geólogo-chefe, sem tirar os olhos da peça metálica.

- Absoluta, eu mesmo o recolhi. Também dá para ver as marcas onde ele foi arranhado pela broca, as ranhuras são inconfundíveis.

- Isto não é possível! - Retrucou um dos geólogos mais jovens. - A broca está retirando material de uma camada sedimentar com vinte e cinco milhões de anos de idade. Este objeto é claramente artificial, e a civilização como a conhecemos tem no máximo algumas dezenas de milhares de anos. Mesmo os ancestrais mais antigos de nossa espécie só existem há uns poucos milhões de anos, como um objeto artificial pode ser mais antigo que isso?

A implicação era óbvia e ao mesmo tempo inacreditável para todos os presentes. Se aquele objeto realmente estava enterrado desde o tempo da formação da camada de arenito onde havia sido encontrado, então ele deveria ter sido feito antes que qualquer civilização surgisse, em uma época da qual a maioria das espécies de seres vivos existentes só era conhecida através de fósseis!

- Só havia animais no mundo há vinte e cinco milhões de anos, esta peça não pode ter sido feita naquela época. A única explicação é que a broca atravessou um trecho de inversão das camadas geológicas. Isto não é tão incomum. – Comentou outro geólogo.

- Como assim, o que é esta tal inversão? Esta peça poderia ser recente e assim mesmo estar lá no fundo do poço de onde tiramos a amostra? – Perguntou o operador da perfuratriz curioso. Ele era apenas um técnico mecânico, e não compreendia o jargão dos especialistas em geologia que avaliavam os dados obtidos durante o trabalho de perfuração.

- Às vezes, ao longo das eras, a crosta do planeta se contorce empurrada pelo movimento das placas tectônicas, ou a parede erodida de uma montanha desaba sobre um vale, e camadas de material mais antigo acabam se sobrepondo às de material mais recente. Depois tudo é coberto por novos sedimentos. Isto gera uma inversão das camadas geológicas, que pode passar desapercebida em um primeiro momento. – Explicou o chefe dos geólogos. – Quando se começou a investigar o registro fóssil este tipo de fenômeno confundiu os pesquisadores pioneiros, já que às vezes se encontravam fósseis de criaturas que eram julgadas mais antigas e primitivas depositados em camadas acima de outras onde havia fósseis de seres aparentemente mais novos e avançados. Mas depois foi demonstrado que isto era sempre causado pela inversão de camadas geológicas, e ficou bem estabelecido que camadas contendo fósseis mais primitivos são sempre mais antigas que as que contêm outros mais evoluídos. Esta inclusive foi a primeira e ainda é a principal técnica utilizada para organizar as camadas geológicas em ordem cronológica, avaliando o tipo de fósseis que se pode encontrar nelas.

- Em certos casos seria possível que um fenômeno assim tivesse colocado uma camada relativamente recente abaixo de camadas muito mais antigas, e desta forma talvez pudéssemos encontrar objetos de épocas históricas em grandes profundidades abaixo da superfície, - continuou o geólogo chefe, – mas não neste caso específico. Ainda estamos perfurando a mesma camada de ontem, e já temos a datação dela a partir de fósseis marcadores. A hipótese da inversão de camadas não se aplica aqui.

Por um momento todos ficaram em silêncio. Aquela pequena peça achatada de metal brilhante podia ser o primeiro indício físico real de que uma civilização pré-histórica teria existido antes da atual, a qual certamente teria sido formada por uma outra raça inteligente. Ou ela poderia provir de um outro mundo, e ser obra de inteligências alienígenas. Em qualquer dos casos era uma descoberta fenomenal!

- Precisamos confirmar a idade e a origem desta peça. – Disse rompendo o silêncio um dos geólogos mais antigos. - Temos que enviá-la para o laboratório da companhia para análise isotópica. Assim poderemos ao mesmo tempo verificar sua idade e se ela não vem de um outro planeta. Se for confirmado que ela tem milhões de anos podemos estar com a maior descoberta arqueológica da história em nossas mãos, uma prova científica palpável de que nossa raça não é a única inteligente que já apareceu neste planeta ou neste universo!

Dizendo isso ele esticou a mão coberta por pelos escuros e pegou da mesa entre as unhas negras e cônicas o pequeno disco de metal bicolor, elevando-o até próximo de sua face alongada que lembrava vagamente a de seus distantes ancestrais guaxinins. E com cuidado observou sobre a superfície do objeto, que tinha o centro prateado e a borda amarelada, os símbolos para ele totalmente incompreensíveis que para o antigo povo desaparecido que os havia criado tinham um significado simples e corriqueiro: 1 Euro.





Leandro G. Card
Leandro foi você que escreveu todos estes livros que você postou?




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#25 Mensagem por joao fernando » Qua Jan 18, 2012 6:07 pm

Deve ter sido o Leandro. Do caralho os textos... :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#26 Mensagem por LeandroGCard » Qua Jan 18, 2012 7:44 pm

suntsé escreveu:Leandro foi você que escreveu todos estes livros que você postou?
Claro, e tem muitos mais contos de onde estes saíram :D .

Que bom que vocês gostaram, comentários favoráveis são um grande incentivo para eu completar os que faltam e terminar enfim o livro. Mas podem criticar também o que não gostarem, pois isso ajuda a gente que escreve a se aperfeiçoar.

Abraços à todos,


Leandro G. Card




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#27 Mensagem por joao fernando » Qua Jan 18, 2012 7:46 pm

Leandro, poste mais... :mrgreen:




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#28 Mensagem por LeandroGCard » Qua Jan 18, 2012 8:01 pm

joao fernando escreveu:Leandro, poste mais... :mrgreen:
Os outros textos são muito grandes para portar aqui, e além disso eu tenho que manter alguns não publicados ou senão as editôras perdem o interesse pelo livro. Mas se quiser mande uma mp com seu e-mail e eu posso te passar os demais textos já prontos, contanto que você não os divulgue em nenhum blog, fórum ou outra mídia de acesso público.

Mas para não deixar passar seu pedido passar em branco segue abaixo um que não é exatemente de fição científica (e não estará no livro), mas de um tipo de fantasia New Weird.

Um abraço,


Leandro G. Card
Melhor de cinco.


A horda de guerreiros daklugs avançava inexoravelmente, enquanto o perverso Wurdem tentava encontrar alguma forma de escalar o penhasco contra o qual estava encurralado. Os primeiros daklugs estavam agora a não mais de 100 metros de seu odiado inimigo, e este já podia sentir suas auras inflamadas pela excitação da caçada e da vitória eminente. Mas ele não cairia sem lutar!

Virando-se de costas para a parede de pedra e encarando seus perseguidores com uma fúria fria enquanto eles ainda corriam em sua direção, o Wurdem se concentrou, reunindo as energias psíquicas que tinha dentro de si, e disparou uma barragem hipnoclástica. Os vinte ou trinta daklugs mais próximos cambalearam e caíram, agitando espasmodicamente seus tentáculos enquanto suas consciências eram fragmentadas pela enorme força do ataque mental disparado pelo terrível devorador de espíritos. Mas desta vez o Wurdem não conseguiria vencer a batalha tão facilmente, pois os daklugs haviam recebido ajuda de várias outras raças do universo na forma de instruções e reforços mentais, e centenas de outros guerreiros ultrapassaram seus companheiros caídos e continuaram avançando.

A fera acuada soltou um rugido de frustração, amaldiçoando os aliados dos seus inimigos que os haviam protegido de suas capacidades psíquicas. Quando soubera da destruição dos lufrans e da queda de Jalamon, e tomara consciência de que agora ele era o último Mal existente em todo o universo, o Wurdem não se importara muito, pois confiava em seus enormes poderes e acreditava que a derrota dos outros não o afetaria tanto. Mas ele não contara com o efeito do apoio da aliança dos povos do Bem sobre a capacidade de defesa de suas vítimas daklugs, o que era de se esperar já que os seres do Mal não dão muita importância para estas questões de cooperação e apoio mútuo. Não ocorrera a ele que, livres da opressão de outras forças malignas, os povos do Bem poderiam voltar seus esforços para ajudar os demais que ainda não tivessem se livrado do Mal, e agora ele finalmente percebia o quão terrível era estar sozinho em todo o universo. Ninguém viria em sua ajuda, nenhuma mente se abalaria por saber de sua destruição, e ele finalmente percebia como o conhecimento deste fato drenava sua energia mental e o tornava fraco perante seus inimigos.

Tentando encontrar uma forma mais eficaz de enfrentar seus atacantes o Wurdem concentrou-se sobre o que estava mais próximo e disparou um feixe psicodisruptivo concentrado. A criatura atingida estremeceu por cinco ou seis segundos e caiu sobre as grandes rochas que compunham o solo, hirta, com todos os seus músculos retesados em agonia enquanto seu espírito era esfacelado e desaparecia no nada. Mais dois ou três daklugs tiveram o mesmo destino, mas embora a proteção psíquica estendida sobre eles pelos aliados do Bem não conseguisse protegê-los completamente deste tipo de ataque ela fazia com que a fera da escuridão perdesse segundos preciosos para atingir a mente de cada uma das vítimas. E isso deu o tempo que os demais precisavam para se aproximarem o suficiente e finalmente começarem a revidar à violência espiritual do monstro maligno.

A visão do Wurdem enevoou-se por um momento, sob o ataque telecinético dos primeiros guerreiros do inimigo que já chegavam à distância na qual seus fracos poderes poderiam afetá-lo. Mas rapidamente ele ergueu um bloqueio contra as mentes daquelas criaturas que considerava inferiores e aguardou que chegassem mais perto, antes de tentar sua última cartada. Em condições normais ele poderia enfrentar e destroçar quarenta ou cinquenta daklugs quase sem se esforçar, e ainda se sentiria seguro se o número de inimigos chegasse a cento e cinquenta ou duzentos. Com muito esforço ele talvez pudesse derrotar até mesmo trezentos ou quatrocentos daquelas criaturas peludas e cheias de tentáculos, mas agora mais de quinhentos deles corriam em sua direção e contavam ainda com o apoio de seus aliados, que a fera não conseguia identificar mas percebia estarem lá. Sua situação era desesperadora, porém o flagelo da noite ainda tinha um plano. Ele avaliou que caso conseguisse se concentrar poderia abater pelo menos um terço dos atacantes com um último ataque hipnoclástico, antes que as forças telecinéticas reunidas do inimigo pudessem romper sua barreira mental. Depois ele poderia utilizar suas próprias garras e dentes e seu tamanho avantajado para atacar fisicamente os inimigos restantes, e abrir uma brecha por onde pudesse escapar. Mas para isso eles teriam que chegar bem mais perto, pois sua barragem só obteria o máximo efeito quando os guerreiros inimigos estivessem a menos de dez metros dele.

E pelos instantes seguintes os daklugs continuaram se aproximando em alta velocidade da grande fera, exatamente como ela estava esperando. Mas então algo aconteceu. Ao invés de continuar correndo para ele os inimigos começaram a se amontoar a uma distância de cerca de 50 metros, formando um grande semicírculo em volta do Wurdem e deixando-o cercado contra a altíssima parede de pedra. Desesperado ele olhou ao redor, sabendo o que estava acontecendo e tentando ver de onde vinha a sua perdição. Alguém estava lendo sua mente, e avisara os daklugs o que ele estava planejando! Era mais uma ação dos aliados de seus inimigos visando garantir a sua destruição!

O poderoso monstro soltou outro urro horrendo de ódio e frustração, mas os daklugs não se abalaram com o som que em outras eras seria o suficiente para enregelar os seus espíritos. Continuaram a se agrupar no grande semicírculo, e o Wurdem percebeu que estava perdido. Já sentia a força telecinética dos inimigos pressionando seu bloqueio mental, e sabia que não poderia aguentar por muito mais tempo. Em desespero ele disparou seu último e mais potente ataque hipnoclástico, mas naquela distância os guerreiros inimigos apenas cambalearam um pouco e logo voltaram a se aprumar. A proteção estendida sobre eles por seus malditos aliados das forças do Bem estava também cada vez mais forte!

E então sua barreira mental desmoronou. O esforço de sua última tentativa de ataque drenara as energias espirituais que ainda lhe restavam, e o Wurdem não conseguiu mais suportar os impulsos paranormais de seus inimigos. As forças telecinéticas concentradas de mais de meio milhar de daklugs apanharam seu corpo agora desprotegido e o arremessaram contra o penhasco, com uma força tamanha que despedaçou seus órgãos internos e quebrou a maioria de seus ossos. O cérebro da grande fera começou a ser esmagado, sua mente entrou em colapso, e um segundo mais tarde o último ser maligno da criação havia deixado de existir. O universo inteiro agora era um lugar de paz e harmonia totais, pois o Mal finalmente, após eons de lutas, dores e lágrimas, havia sido completamente derrotado!

Então os guerreiros daklugs olharam uns para os outros com os tentáculos trifurcados caídos molemente ao redor de seus corpos cilíndricos, cansados da perseguição e confusos. Eles sabiam que deveriam estar exultantes com a vitória final do Bem sobre o Mal em todo o universo, mas sentiam apenas uma difusa sensação de dever cumprido. Deviam estar contentes, imaginando seu maravilhoso futuro livres do medo e do terror do Wurdem, mas simplesmente não tinham mais imaginação para exercitar. Alguns ainda olharam para o alto a tempo de ver as estrelas se apagando, e nenhum deles teve consciência de que seus corpos estavam desaparecendo juntamente com todas as demais entidades do universo, que estava deixando de existir!


* * *

-Muito bom, esta foi mais uma vitória minha, três a dois agora certo?

-Tudo bem, você virou, mas não esqueça que é uma melhor de cinco. Quer começar outra agora ou prefere fazer um intervalo.

-Não, vamos iniciar outra já, quero aproveitar a animação. Você quer começar?

-Não, você faz isso bem, comece você.

-Então está certo, lá vai: HAJA LUZ...




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#29 Mensagem por gingerfish » Qua Jan 18, 2012 10:14 pm

Túlio, e você? Não tem nada publicado? Escreva um livro sobre as mulheres!!!




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Re: LIVROS ESCRITOS POR MEMBROS DO DB

#30 Mensagem por Bourne » Qua Jan 18, 2012 10:22 pm

Seria o mesmo que eu escrevendo sobre minha carreira no automobilismo :lol:




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