Luís Henrique escreveu:[ quote="PRick"]
Luís Henrique escreveu:
Apenas como exemplo:
Os economistas podem ser divididos em ortodoxos e heterodoxos.
Os ortodoxos seguem o FMI e gostam de cálculos, econometrias, etc.
Os heterodoxos se baseiam na história, acham que muitos prolemas podem ser resolvidos com os exemplos do passado.
O que eu quero dizer com isso:
Para entrar no curso de MESTRADO de economia, você deve fazer uma prova chamada ANPEC. Os primeiros colocados (melhores notas na anpec) são chamados pelas melhores universidades do Brasil e até recebem bolsa (R$ para pesquisarem para determinada universidade).
No caso da USP (ortodoxa) você pode ZERAR a prova de Economia Brasileira (história), se ficar entre os melhores em microeconomia e nas disciplinas que para eles possuem maior PESO.Você ta dentro.
No caso da UNICAMP (heterodoxa) você tem que estar entre os melhores em Economia Brasileira para entrar.
O que ocorreu no processo FX é a mesma coisa.
Todos os caças possuem vantagens e desvantagens, depende do que o COMPRADOR quer, para qual quesito o comprador da maior IMPORTÂNCIA/PESO.
A FAB não avaliou o Gripen em primeiro lugar porque é o melhor caça. Ficou em primeiro porque o ítem 'custo de aquisição' possuia peso de 50% em um total de 100%. E mais outro tanto em custo de operação.
Com TANTO peso para os custos, se estivesse ali na short list, um caça como o JF-17 e este possuísse valor de compra e de manutenção inferiores ao Gripen, teria ficado em PRIMEIRO lugar.
Para ver como a diferença era pequena, alteraram o ítem "risco" de 5% para 10% e o Super Hornet ficou em primeiro.
No fim das contas o MD solicitou que 'transferência de tecnologias' e 'offsets' pontuassem mais e 'custo de aquisição' e 'custo de operação' pontuassem menos.
As melhores notas do Gripen em 'custos' foram suplantadas pelas melhores notas do Rafale em 'capacidade militar', 'offsets' e 'risco'...
Portanto, eu não entendo que várias pessoas continuam indagando o que aconteceu. Isto já foi explicado centenas de vezes.
Será que é tão difícil de entender, ou realmente não querem entender....???
Resumo da opera, a FAB organizou um programa, cujo os requisitos de performance da plataforma eram insignificantes, e colocou tudo em itens que não eram de sua alçada. Quer dizer, em vez de fazer seu papel, a FAB quis fazer o papel do GF.
[]´s
É. Pois é.
Na Índia a avaliação que colocou o Rafale e o Eurofighter na shortlist não averiguava valores. Apenas capacidade militar, tots, offsets....
Agora tendo os dois MELHORES avaliados, vão escolher o mais barato.
Na Suíça os militares avaliaram as capacidades dos 3 concorrentes e entregaram o parecer para os políticos. Os políticos resolveram optar pelo caça mais barato.
No Brasil a avaliação já começou errada. A FAB que deve avaliar a parte financeira do negócio. Deveria apenas pontuar a parte técnica, ai o GF decide se quer o melhor caça ou o mais barato...[/quote]
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Na Suiça os militares avaliaram sim todos os componentes de custos envolvidos (inclusive o custo do ciclo de vida), além dos demais aspectos. Ninguém mais capacitado do que uma Forças Aérea para avaliar esses custos.
Embora o Gripen provavelmente estivesse classificado em 3o lugar quanto ao desempenho (é uma caça monomotor), atendeu como os demais aos requisitos operacionais estipulados e possuía os menores custos (aquisição e operação).
O Conselho Federal de posse dessas informações, sabendo que os 3 caças atendiam aos requisitos e que entre os 3 o Gripen estava classificado em 3o lugar quanto a desempenho, mas era significativamente menos oneroso, resolveram optar pelo mais barato. Ou seja, os políticos foram informados de todos os aspectos e tomaram uma decisão. Decisão essa política, mas embasados em uma relatório feito pelos militares, que deveria (como o daqui) ser sigiloso. Ordem lógica das coisas.
A FAB faz uma avaliação abrangente, incluindo custos, pois é tecnicamente, provavelmente, a única instituição capaz de fazê-lo. Envia um relatório com algumas centenas de folhas para o MD (resumo das milhares de folhas geradas). Suponho que esse relatório resumido tenha abordado todas as questões avaliadas, desempenho, logisticas e custos, off sets, ToT, etc. O MD informa ao GF os diversos aspectos avaliados pela FAB, provavelmente através de uma síntese do resumo. E caberia ao Governo tomar sua decisão, adicionando outros aspectos (políticos) na avaliação, que extrapolam a responsabilidade e a competência da FAB.
Geralmente uma avaliação dessas é complexa e inclui diversos aspectos, entre aos quais atendimento aos requisitos operacionais estipulados, custos, às condições das ofertas de compensação comercial e o grau de transferência de tecnologia quando parte do processo.
A FAB tinha um modelo formal de seleção (baseado em normas escritas). O MD e o GF deveriam (parece que não estavam) estar cientes desse modelo. Se não concordassem deveriam ter solicitado um outro. E deveriam ter dado a ordem à FAB para não avaliar custos. Escolher o melhor que existisse sem se preocupar com o preço. Creio que a FAB ficaria feliz da vida.
Imagino se um pai dissesse para um filho que acabasse de completar 18 anos: "Filho, vou te dar um presente. Faça uma lista de 3 carros de sua preferência, sem se preocupar com preço, consumo ou manutenção. Desses 3 vou escolher um e estamos entendidos". Creio que o guri iria ficar em êxtase. Na Índia foi mais ou menos assim. Coisa de Marajá. Mas nem todo guri possui um pai Marajá.
Para mim é incompreensível que pelo menos o MD não estivesse a par de como o processo de seleção do provável mais custoso programa militar em curso se desenvolveria.
[]s