Este assunto é muito complexo... Tirando as bobagens ditas pelo PT (típico de um leigo e/ou preconceituoso), tudo foi muito bem dito e digno de respeito.LeandroGCard escreveu:Alguns pontos interessantes a se considerar:cabeça de martelo escreveu:Agora falando a sério, uma coisa são cálculos matemáticos que permitem e deflexão das ondas de radar, outra coisa são materiais compósitos que absorvem as ditas ondas, outra coisa é conseguir criar um avião que consiga usar as duas coisas com base na primeira...certo?!
Os russos olharam para o livro que o homem fez e disseram, isto é impraticável, os Norte-Americanos olharam para o mesmo livro e disseram:
-BINGO!!!
Eu vejo um matemático Russo que conseguiu fazer algo único e eu vejo engenheiros Norte-Americanos que conseguiram o impossível, ou seja usar esta teoria matemática e criaram um caça-bombardeiro operacional.
Eu dou tanto valor ao trabalho de uns e de outros, porque se não fosse os Norte-Americanos a teoria do Petr Yakovlevich Ufimtsev o mundo nunca veria os caças "Stealph" e vice-versa.
Mais uma vez comprova-se que as ideias brilhantes não têm nacionalidade.
-De fato a teoria pode ser a base de muita coisa, mas sem a engenharia para transformá-la em algo realmente prático ela tem muito pouca importância. Tão pouca que os russos deixaram o camarada se mudar para os EUA, quando se soubessem do que sua teoria era capaz deveriam no mínimo tê-lo matado .
-Os russos são em geral bem melhores que os americanos para esta parte especificamente da teoria. No caso da pesquisa espacial por exemplo, na década de 60 alguns cientistas americanos demonstraram matematicamente que motores-foguete de combustível líquido com ciclo fechado eram impossíveis. Na mesma época os russos não só concluíram que eram sim possíveis como começaram a construir estes motores (mais eficientes) e se tornaram tão bons nisso que hoje os foguetes Atlas-V da Lockheed utilizam motores importados da rússia .
- A engenharia, por outro lado, nem sempre depende de uma boa teoria. Enquanto os russos teorizavam os americanos construíam seu motor F-1 para o foguete que levaria os astronautas à Lua. A câmara de combustão deste motor apresentou sérios problemas de instabilidade da queima, problema este que os russos também enfrentaram, e nenhum dos lados conseguiu na época desenvolver boas teorias para explicá-lo (até hoje as teorias existentes são imperfeitas). Os russos simplesmente desistiram de construir câmaras de combustão maiores e tentaram construir um foguete com dezenas de motores no primeiro estágio. Todos os modelos lançados explordiram. Os americanos, com mais recursos à disposição, construíram um enorme banco de provas para seu gigantesco motor e o testaram na prática, basicamente às cegas, por 5 anos. No final acharam uma configuração que funcionava, mesmo que ninguém conseguisse explicar porquê, e com ela colocaram várias tripulações na Lua.
Resumindo, longe de serem imbecis os russos são excelentes cientistas e descobriram sim um monte de coisas, sendo pioneiros em várias áreas da engenharia. Já os americanos simplesmente jamais se intimidaram por serem "menos inteligentes" e foram em frente assim mesmo, mostrando mais iniciativa, e no final acabaram conseguindo tanto ou mais sucesso quanto os russos. Mas os russos estão longe de serem idiotas, e não ficaram muito para trás.
Leandro G. Card
Lamentavelmente, imagino, este debate (assunto do tópico) não me parece ir muito longe, mas a essência da discussão deveria se resumir em definir o que é tecnologia. Por exemplo, modernamente não se refere mais a área Matemática, mas sim como Matemática e Suas Tecnologias. E isto não se refere à Física, Química, Engenharias, etc. Não, a matemática já é considerada como um novo tipo de tecnologia. Mas não quero insistir neste assunto, cada um com seu conceito, porém para um debate sério é importante fixar uma definição e não aquilo que se entende por.
Leandro, você falou sobre a instabilidade dos foguetes... Pois bem, do ponto de vista da matemática este assunto só foi resolvido no início dos anos 90. A área chama-se Controlabilidade Exata, relacionada também com o assunto chamado de Estabilização. Minha dissertação de mestrado, cinco anos após a coisa ter nascido, era sobre o assunto (especificamente sobre a equação de Schröndiger, talvez a principal equação da mecânica quântica). Deixo claro que a teoria para as equações das "placas vibrantes" (a pragmática no assunto em questão) já havia sido estudada. Este continua sendo um assunto de intensa pesquisa em matemática na atualidade.
Outra possibilidade de se estudar matematicamente o assunto nasceu com a teoria do Controle Ótimo, mais antiga um pouco, mas não suficiente para "predizer" tudo. Meu ex-orientador de doutorado, um "russo capitalista", defendeu sua tese de doutorado com este tema no início dos anos 80. Veja que buscava-se soluções teóricas para se evitar muitos gastos em experimentações em laboratório. Este assunto, atualmente, é abordado através de métodos numéricos, já que a parte teórica, ao que parece, já está solidificada.
O problema, Leandro, não é quem deve vir primeiro, o ovo ou a galinha (a matemática ou a engenharia), estas coisas devem caminhar juntas. A matemática é mais lenta do que a engenharia (e os motivos são óbvios). Já a engenharia exige algo que a matemática não exige: altos investimentos no momento do desenvolvimento. Quando não se domina uma tecnologia, ou seja, quando se possui "apenas" (entre aspas porque é muito) uma ideia, então é preciso usar de imaginação e criatividade, mas isto implica em elevados gastos e experimentações.
Quantos projetos na área militar o Brasil já desenvolveu e foi parar na gaveta? Muitos! E como se dar ao luxo de bancar tal coisa quando o orçamento é apertado? Sem chances! Então há algo muito errado no ar... Onde vejo o erro: em tudo!
A matemática brasileira é uma das melhores do mundo (basta comparar os indicadores e comparar com o resto do mundo), então isto é fato. Problema: é acadêmica, pois o matemático, em geral, não tem uma formação para ser pragmático. A engenharia brasileira não está entre as melhores do mundo, aliás, deixa muito a desejar. O hábito padrão é importar tecnologias e adaptá-las, o que é muito pouco, mas vai suprindo as necessidades mais urgentes. Porém os engenheiros brasileiros (veja, há uma enorme diferença entre engenharia e engenheiro!) são extremamente criativos, dignos de nota e respeito. Problema: faltam recursos e confiança que estes profissionais possam produzir aquilo que foi solicitado. Quando há confiança, assim penso, recursos não faltam.
De tempos pra cá a China, Índia e Coreia do Sul investem fortemente em pesquisas em matemática e engenharia; isto ainda não acontece no Brasil, mas espero que este cenário mude rapidamente. O Brasil ainda é um país confuso em pesquisas pragmáticas, falta muito ainda... Por exemplo, voltou-se com o programa de mestrado profissional, que tem a característica do pragmatismo, ou seja, a conclusão implica na elaboração de um "produto" (entre aspas porque isto ainda é algo mal definido, lamentavelmente), só que exigem (sic) que os professores do programa, bem como os alunos, publiquem em periódicos, isto é, a única coisa que eles contam na avaliação são as atividades de natureza acadêmica; já o tal do "produto", bem, parece que qualquer coisa que for feita tá valendo, pois não recebe a importância devida. Veja, não sabemos colocar em prática aquilo que criamos!
Só para não deixar passar em branco algo de vital importância: quando falei em matemática, leia-se todas as demais ciências de base, como a física, química, etc. As ciências de base equivalem a parte teórica, já as engenharias a parte pragmática; só para deixar claro.
Sobre o trabalho do Petr Yakovlevich Ufimtsev: quem não leu e compreendeu o assunto não consegue dizer nada sobre o mesmo. A ideia é genial e merece muito respeito. Os trabalhos dele não ensina ninguém a fazer um caça stealth, mas as ideias permitem aos criativos e visionários extrapolar os limites do teórico e colocar em prática aquilo que alguns diriam que não passa de uma bela teoria. Lembrem-se se existem satélites em órbita, se naves vão ao espaço, se o sistema solar é razoavelmente bem conhecido, tudo isto se deve a uma teoria de um físico-matemático chamado Isaac Newton.
A coisa só acontece de fato quando há domínio teórico capaz de fazer previsões, caso contrário, tudo não passa de um belo improviso, mas que pode render tanto ou mais.
As exigências do mundo impõem imaginação e criatividade; se falta alguma teoria pronta, então que se disponibilize recursos para os visionários de plantão. Não investir em tecnologias (em sentido lato) é submeter qualquer nação ao eterno atraso.
Abraços a todos!