Imprensa vendida

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Re: Imprensa vendida

#766 Mensagem por Guerra » Qui Out 27, 2011 10:27 pm

soultrain escreveu:Guerra,

Ninguem está atacando você cara, para com isso que irrita,
Onde eu disse que vc esta me atacando, soutrain? Mostra ai que eu edito agora.
você está desesperado a disparar para todo o lugar. Baixa a arma.
Eu desesperado? Vc quer condenar um reporter a traição baseado em informações da Wikileaks, e sou eu o cara desesperado atirando para todo lado?
O Wikileaks está-se pouco lixando para o Wack, foram apenas mais alguns documentos. Anonimamente, por favor...
Sei. Acusando o cara de traição? Imagine se eles estivessem em campanha contra esse coitado.
Encaixa que se isso for verdade um dos maiores opinion makers brasileiros está ao soldo da CIA. o resto é florzinha que você está a plantar.
Para mim tanto faz se ele esta a soldo da CIA ou de outro pais. Isso é a coisa mais normal aqui no Brasil.
O ponto é que se essa tal Wikileaks tem credibilidade para acusar alguém dessa forma anonima (covarde, para ficar bem claro), não entendo porque a revista veja não tem para acusar alguém dando nome aos bois.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Imprensa vendida

#767 Mensagem por GustavoB » Qui Out 27, 2011 10:33 pm

Túlio escreveu:Por isso não, no tópico da maconha tem disso sobrando e nem precisa de 'mais um pouco'... 8-]
Nem lembra, nem lembra che
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Re: Imprensa vendida

#768 Mensagem por Túlio » Qui Out 27, 2011 10:34 pm

Curioso...ESQUECI! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
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Re: Imprensa vendida

#769 Mensagem por Boss » Qui Out 27, 2011 10:36 pm

Todos nós sabemos que só o que sai na VEJA é confiável. De preferência os textos cheios de drama e rancor do Reinaldo Azevedo.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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Re: Imprensa vendida

#770 Mensagem por Guerra » Qui Out 27, 2011 10:38 pm

Bender escreveu:Até tu Guerra já entendeu o que é o PIG do PHAmorim! Denunciam a corupção dos trabalhistas no poder,dos anteriores não pois eram sócios :twisted: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

SDS.
Eu entendi, Bender. Entendi que o PHAmorim era PIG quando o poder estava com os não-trabalhistas, e agora não denuncia mais nada porque é socio dos trabalhistas.

Só é crime quando as idéias são contrárias as nossas.
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Re: Imprensa vendida

#771 Mensagem por Túlio » Qui Out 27, 2011 10:40 pm

Para mim há espaço para toda a mídia: seja o PHA querendo uma Revolução Bolchevista aqui, seja o Olavo de Carvalho chamando o Hitler de comuna vermelho FDP. Se a gente é incapaz de opinar e formar juízo sobre o que lemos, temos mais é que ser tangidos mesmo...

De resto, a melhor defesa contra jornais e jornalistas 'abusadinhos' não é a CENSURA e sim o PROCESSO, acerta onde mais dói: no bolso! Por que os ofendidos não processam?
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Re: Imprensa vendida

#772 Mensagem por Guerra » Qui Out 27, 2011 10:42 pm

Boss escreveu:Todos nós sabemos que só o que sai na VEJA é confiável. De preferência os textos cheios de drama e rancor do Reinaldo Azevedo.
Pera ai. Justiça seja feita. Eu coloco a mão no fogo pela Wikileaks e pela Carta Capital.
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Re: Imprensa vendida

#773 Mensagem por GustavoB » Qui Out 27, 2011 10:42 pm

Não há tópico mais adequado e preciso registrar.

Mil vezes, se for necessário, que ainda assim será pouco frente ao que exemplificarei em seguida, com outros artigos.

Quando se fala em regulamentação da imprensa não está se falando em CONTROLE DE CONTEÚDO. É sempre bom repetir também – não deveria – que a presidente Dilma (e o Lula inclusive) sempre disseram que a LIBERDADE DE IMPRENSA É FUNDAMENTAL PARA A NOSSA DEMOCRACIA.

Bom lembrar também que a Dilma (e o Lula) apanham(aram) dia sim dia não, e lembro de uma ou outra vez que mencionam(aram) - notem, ‘mencionaram’) - discordância com a nossa imprensa partidarizada. O que muitos, inclusive eu, consideramos uma vergonha, talvez motivo desse sem-vergonhice que se tornou a cobertura dos fatos.
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Re: Imprensa vendida

#774 Mensagem por Túlio » Qui Out 27, 2011 10:44 pm

Fácil: mentiu, distorceu? Processa e embolsa a indenização, oras...

Nem precisa de MAIS Lei pra isso, bastam as que já existem... :wink: 8-]
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Re: Imprensa vendida

#775 Mensagem por Guerra » Qui Out 27, 2011 10:45 pm

Túlio escreveu:Para mim há espaço para toda a mídia: seja o PHA querendo uma Revolução Bolchevista aqui, seja o Olavo de Carvalho chamando o Hitler de comuna vermelho FDP. Se a gente é incapaz de opinar e formar juízo sobre o que lemos, temos mais é que ser tangidos mesmo...

De resto, a melhor defesa contra jornais e jornalistas 'abusadinhos' não é a CENSURA e sim o PROCESSO, acerta onde mais dói: no bolso! Por que os ofendidos não processam?
Vc diz isso agora. Quero ver quando vc for presidente da republica popular dos pampas se vai querer um golpista de direita de olho nos seus ministros que pagam chimarrão com dinheiro publico.
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Re: Imprensa vendida

#776 Mensagem por Guerra » Qui Out 27, 2011 10:51 pm

GustavoB escreveu:O que muitos, inclusive eu, consideramos uma vergonha, talvez motivo desse sem-vergonhice que se tornou a cobertura dos fatos.
Para poucos, como eu, que acha que a sem-vergonhice esta nos fatos, a VEJA deveria ganhar uma medalha (sem tirar o mérito da PF, que esta metendo algemas na bandidada).
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Imprensa vendida

#777 Mensagem por GustavoB » Qui Out 27, 2011 10:53 pm

Túlio escreveu:Fácil: mentiu, distorceu? Processa e embolsa a indenização, oras...

Nem precisa de MAIS Lei pra isso, bastam as que já existem... :wink: 8-]
Esta é a realidade hoje. O fato é que os jornalistas e veículos menores têm menos bala na agulha do que os grandes veículos, que podem pagar advogados caros. Então por um lado fica fácil calar umas bocas e difícil conter essas corporações, que têm força política e econômica para eleger e derrubar governos. O fim da Lei de Imprensa trouxe uma espécie de período de transição. O fato é que a situação não é boa no Brasil.
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Re: Imprensa vendida

#778 Mensagem por GustavoB » Qui Out 27, 2011 10:55 pm

Guerra escreveu:
GustavoB escreveu:O que muitos, inclusive eu, consideramos uma vergonha, talvez motivo desse sem-vergonhice que se tornou a cobertura dos fatos.
Para poucos, como eu, que acha que a sem-vergonhice esta nos fatos, a VEJA deveria ganhar uma medalha (sem tirar o mérito da PF, que esta metendo algemas na bandidada).
Mas a sua opinião não conta.
Bender

Re: Imprensa vendida

#779 Mensagem por Bender » Qui Out 27, 2011 10:57 pm

Túlio escreveu:Fácil: mentiu, distorceu? Processa e embolsa a indenização, oras...

Nem precisa de MAIS Lei pra isso, bastam as que já existem... :wink: 8-]
O problema é que reputação destruida não se reconstroi com dinheiro. :wink:

O que deveria existir e não existe é um "tipo" de Conselho de auto regulamentação publicitária,para a imprensa.
Não precisaria sequer de governo no meio,traria se feito de maneira séria, e com critério,uma credibilidade que cada vez é mais questionada principalmente pela web lulodilmista chavista e vermelha com razão,virou uma guerra ideológica este treco.

Se eles mesmos não fazem, é porque se acham acima do bem e do mal,e fazem uso e tiram ganhos políticos de sua partidirização e falta de critérios.

SDS.
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Re: Imprensa vendida

#780 Mensagem por GustavoB » Qui Out 27, 2011 11:04 pm

Juiz critica monopólios na mídia e aponta manipulação em cobertura da RBS

O presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), João Ricardo dos Santos Costa, criticou a cobertura que o jornal Zero Hora fez de um seminário sobre liberdade de imprensa e Poder Judiciário, em Porto Alegre. A matéria sobre o evento omitiu a parte do debate relacionada aos monopólios de comunicação. “Esse é um caso paradigmático: em um evento promovido para discutir a liberdade de imprensa, a própria imprensa comete um atentado à liberdade de imprensa ao omitir um dos principais temas do evento", diz o juiz em entrevista à Carta Maior.

Marco Aurélio Weissheimer

No dia 21 outubro, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) promoveram, em Porto Alegre, um seminário para discutir liberdade de imprensa e Poder Judiciário. O convite para o encontro partiu da ANJ que já promoveu um debate similar junto ao Supremo Tribunal Federal (Ver artigo de Venício Lima, Direito à comunicação: o “Fórum” e a “Ciranda”). Os interesses temáticos envolvidos no debate não eram exatamente os mesmos. Enquanto que a ANJ e as suas empresas afiliadas estavam mais interessadas em debater a liberdade de imprensa contra ideias de regulação e limite, a Ajuris queria debater também outros temas, como a ameaça que os monopólios de comunicação representam para a liberdade de imprensa e de expressão.

O jornal Zero Hora, do Grupo RBS (e filiado a ANJ) publicou no sábado (24/10/2011) uma matéria de uma página sobre o encontro. Intitulada “A defesa do direito de informar”, a matéria destacou as falas favoráveis à agenda da ANJ – como as da presidente da associação, Judith Brito, e do vice-presidente Institucional e Jurídico da RBS, Paulo Tonet – e omitiu a parte do debate que tratou do tema dos monopólios de comunicação. Na mesma edição, o jornal publicou um editorial furioso contra o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, acusando-o de querer censurar o jornalismo investigativo (Ver matéria: Tarso rechaça editorial da RBS e diz que empresa manipulou conteúdo de conferência). No mesmo editorial, o jornal Zero Hora apresentou-se como porta-voz da “imprensa livre e independente” e afirmou que “a credibilidade é a sua principal credencial”.

Agora, dois dias depois de o governador gaúcho acusar a RBS de ter manipulado o conteúdo de uma conferência que proferiu no Ministério Público do RS, omitindo uma parte que não interessava à construção da tese sobre a “censura ao jornalismo investigativo”, mais uma autoridade, desta vez o presidente da Ajuris, João Ricardo dos Santos Costa, vem a público criticar uma cobertura da RBS, neste caso, sobre o evento promovido em conjunto com a ANJ. A omissão da parte do debate relacionada ao tema do monopólio incomodou o presidente da Associação de Juízes.

“Esse é um caso paradigmático: em um evento promovido para discutir a liberdade de imprensa, a própria imprensa comete um atentado à liberdade de imprensa ao omitir um dos principais temas do evento que era a discussão sobre os monopólios de comunicação”, disse João Ricardo dos Santos Costa em entrevista à Carta Maior.

Na entrevista, o presidente da Ajuris defende, citando Chomsky, que “o maior obstáculo à liberdade de imprensa e de expressão são os monopólios das empresas de comunicação”. A “credibilidade” reivindicada pela RBS no editorial citado não suporta, aparentemente, apresentar a voz de quem pensa diferente dela. “O comportamento do jornal em questão ao veicular a notícia suprimindo um dos temas mais importantes do debate, que é a questão dos monopólios, mostra justamente a necessidade daquilo que estamos defendendo”, destaca o magistrado.

http://cartamaior.com.br/templates/mate ... a_id=18788



Carta Maior: Qual foi o objetivo do seminário sobre Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário e quais foram os principais temas debatidos no encontro realizado dia 21 de outubro em Porto Alegre?

João Ricardo dos Santos Costa: A Ajuris foi procurada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) para promover um evento com o objetivo de debater liberdade de imprensa e o Poder Judiciário. A relação se justifica pelo grande número de questões que chegam ao Judiciário envolvendo a atividade jornalística. Essas questões envolvem, muitas vezes, decisões que limitam a divulgação de certas matérias. Pois bem, fomos procurados para fazer esse debate que gira em torno de dois valores constitucionais: a liberdade de expressão e a independência do Judiciário. Para alguns haveria um aparente conflito entre esses dois princípios. Nós nos dispomos, então, a construir por meio do debate o que significa a convivência desses dois valores em sociedade democrática. Esse foi o grande desafio que esse evento pretendia enfrentar.

Há duas posições veementes neste debate. De um lado há aqueles que não admitem nenhum tipo de cerceamento à informação; de outro, há aqueles que não admitem qualquer tipo de restrição ao trabalho do Judiciário. Do ponto de vista constitucional, cabe ao Judiciário solucionar todos os conflitos, inclusive os que envolvem a imprensa. A imprensa não está fora das regulações judiciais. Há um embate muito forte entre essas duas posições. Se, de um lado, a ANJ buscou explorar o tema da liberdade de imprensa sob a ótica da atividade judicial, nós buscamos fazer um debate sobre a questão constitucional da liberdade de imprensa, no que diz respeito à distribuição de concessões aos veículos de comunicação.

Carta Maior: Por que a Ajuris decidiu abordar o tema da liberdade de imprensa sob essa ótica?

João Ricardo dos Santos Costa: Chomsky tem dito que o maior obstáculo à liberdade de imprensa e de expressão são os monopólios das empresas de comunicação. Não só ele, aliás. Vários pensadores contemporâneos dizem a mesma coisa. Para nós, esse é o cerne da questão. Hoje não há pluralidade, não há apropriação social da informação. O que existe é o interesse econômico que prepondera. Os editoriais são muito mais voltados aos negócios. Hoje mesmo, o editorial de um jornal local [Zero Hora/RBS] expressa preocupação com a vitória de Cristina Kirchner na Argentina dizendo que seria um governo populista que teria explorado o luto [pela morte de Néstor Kirchner] para se reeleger.

Há toda uma preocupação sobre o que representa esse governo para os negócios das empresas de comunicação, em especial no que diz respeito ao conflito entre o governo argentino e o grupo Clarín. A sociedade brasileira só tem conhecimento do lado da empresa de comunicação. A visão do governo argentino sobre esse tema nunca foi exposta aqui no Brasil.

E aí vem uma questão fundamental relacionada à liberdade de imprensa. O problema não é o que os meios de comunicação veiculam, mas sim o que omitem. Esse é o grande problema a ser superado.

Carta Maior: E esse tema foi debatido no seminário?

João Ricardo dos Santos Costa: No nosso evento, eu lembro de uma fala do deputado Miro Teixeira. Ele disse que a história da censura envolve o cerceamento de grandes pensadores da humanidade, como Descartes, Locke, Maquiavel, Montesquieu, entre outros. Citou isso para exemplificar os danos sociais dessa censura. Mas hoje o que nós observamos é que os grandes pensadores contemporâneos são cerceados não pelos censores que existiam antigamente, mas pelos próprios detentores dos meios de comunicação. Os grandes meios de comunicação não veiculam, não debatem hoje os grandes pensadores da humanidade. Nomes como Amartya Sen, Noam Chomsky, Hobsbwan, entre outros, não têm suas ideias discutidas na mídia, não são procurados para se manifestar sobre as grandes questões sociais. Não são chamados pela grande mídia para dar sua opinião e o que acaba prevalecendo é o interesse do capital financeiro, que é aquele que não vai pagar a conta da crise.

Eu dou esse exemplo para demonstrar a gravidade do problema representado por esse monopólio, esse interesse econômico preponderante sobre o direito à informação. Esse interesse diz incessantemente para a sociedade que a única saída para superar a crise atual é por meio do sacrifício dos mais pobres e dos setores médios da população. Não se toca na questão do sacrifício do setor financeiro. Este setor não pode ter prejuízo. Quem vai ter prejuízo é a sociedade como um todo, mesmo que isso atinja direitos fundamentais das pessoas.

Então, esse debate sobre a democratização dos meios de comunicação é extremamente importante e deve começar a ser feito de forma transparente para que a sociedade se aproprie do que realmente está acontecendo e que possa ter autonomia em suas decisões e mesmo influenciar a classe política que hoje está entregue aos grandes financiadores de campanha que são os mesmos que fornecem a informação enlatada que estamos recebendo. Nós, da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, estamos propondo esse debate para a sociedade.

Carta Maior: Esse debate que o senhor relatou não apareceu na cobertura midiática do encontro pelo grupo RBS, que participou do mesmo. O jornal Zero Hora dedicou uma página ao encontro, com uma matéria intitulada “A defesa do direito de informar”, sem fazer nenhuma menção a essa parte do debate envolvendo os temas do monopólio e da democratização dos meios de comunicação. Como é que a Ajuris, que propôs esse debate, recebe esse tipo de cobertura?

João Ricardo dos Santos Costa: O comportamento do jornal em questão ao veicular a notícia suprimindo um dos temas mais importantes do debate, que é a questão dos monopólios, mostra justamente a necessidade daquilo que estamos defendendo. É como eu disse antes: o problema maior é aquilo que é omitido, aquilo que não é revelado. Esse é um caso paradigmático: em um evento promovido para discutir a liberdade de imprensa, a própria imprensa comete um atentado à liberdade de imprensa ao omitir um dos principais temas do evento que era a discussão sobre os monopólios de comunicação. Nós não vamos nos omitir em tratar desse assunto por mais dolorido que ele possa ser. É evidente que não é um assunto que deva ser banalizado. Ele é o mais importante de todos. Estamos tratando de pluralidade de pensamento.

Carta Maior: No debate, o deputado federal Miro Teixeira defendeu que a liberdade de imprensa é um direito absoluto. Qual sua opinião sobre isso?

João Ricardo dos Santos Costa: Eu compartilho a ideia de que não há nenhum direito absoluto, não pode haver. Neste contexto de monopólio, menos ainda. Liberdade absoluta de imprensa em um contexto onde sequer a Constituição Federal é cumprida. no sentido de proibir a existência de monopólios. É algo completamente daninho à democracia. Outra coisa com a qual eu também não concordo , envolvendo esse debate, é a afirmação do ministro Marco Aurélio Buzzi (do Superior Tribunal de Justiça) de que nós temos liberdade até para matar. Nós não temos liberdade para matar. Não vejo, dentro da nossa organização jurídica e de sociedade, que tenhamos liberdade para matar. Do fato de, no Código Penal brasileiro, “matar alguém...pena de tanto a tanto” aparecer como uma expressão afirmativa, não se segue o direito de matar. Nós não podemos matar e não podemos violar o Direito. Não temos essa liberdade. Não temos a liberdade de tirar a liberdade das outras pessoas. O direito individual não chega a esse radicalismo que se pretende com essa afirmação de que a liberdade de imprensa é um direito absoluto.

Carta Maior: A ANJ realizou recentemente, no Supremo Tribunal Federal (STF), um seminário semelhante a este realizado no Rio Grande do Sul. Há, portanto, uma óbvia preocupação com a posição do Poder Judiciário neste debate. Qual é, na sua avaliação, o papel do Judiciário neste contexto?

João Ricardo dos Santos Costa: O fato de se debater, em primeiro lugar, é um grande caminho para amadurecer esses institutos que, aparentemente, estão colidindo, na sociedade. É lógico que o Judiciário, nesta e em outras grandes questões da sociedade brasileira, tem sido provocado a se pronunciar. Muito pela ineficiência do Poder Legislativo. O STF tem decidido sobre questões que o Legislativo se mostra incapaz de resolver: união homoafetiva, aborto, demarcação de terras indígenas, células-tronco, entre outros. A pressão envolvendo esses temas está vindo para cima do Judiciário. E o Judiciário, por sua formatação de autonomia e independência, ele se mostra menos vulnerável a pressões. Decidir é da essência do Poder Judiciário, desagradando um dos lados em litígio.

Quando esse lado é muito poderoso, os danos à instituição podem ser pesados. Numa decisão, por exemplo, que contraria os interesses de um monopólio de comunicação, esse monopólio joga todo esse seu poder para atingir a credibilidade do Judiciário como instituição. Creio que aí aparece um outro grande debate que deve ser feito sobre até que ponto esse tipo de postura não corrói a nossa democracia.
Trancado