Imprensa vendida

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Guerra
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Re: Imprensa vendida

#676 Mensagem por Guerra » Ter Out 11, 2011 1:26 pm

[quote="Boss]Falando da Carta Capital ? Mesmo que eu nunca tenha lido ela ou visto ela, e aceitando que ela tenha dito isso, lógico que é errado.

Eu não defendo que revistas se apoiem em nenhum lado, mas que apenas INFORMEM e sejam imparciais. Não quero gastar o tempo que fico no banheiro lendo ( :mrgreen: ) vendo artigos distorcidos para agradar lado A ou B ou distorcidos para denegrir a imagem ou as ações de lado A ou B.

A mídia é pra ser imparcial. Mesmo que eu fosse petista, o que não sou, não gostaria de abrir uma revista e ver só elogios para coisas medíocres que o governo faz. Mas também não gosto de abrir uma revista e ver textos de colunistas que deixam o rancor saltar aos olhos de forma vergonhosa e pútrida, só porque o governo não é do partidinho dele, ou de ver jogo de palavras em manchetes ou nas próprias notícias, para enganar os mais desavisados e tentar mover o rebanho para "seu lado".[/quote]

A carta capital disse que isso ai que vc esta dizendo não existe. Todo mundo toma algum partido.
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Re: Imprensa vendida

#677 Mensagem por Guerra » Ter Out 11, 2011 1:41 pm

Boss escreveu:Só se colocarem uma ditadura de novo para esse modus operandi da nossa política acabar.

Todo partido que quiser governar, vai ter que ter suas alianças. Enquanto o PMDB tiver o poder que tem, ele sempre terá que participar do governo (e daí começa as nomeações, pressões, etc), ou quem estiver lá não vai conseguir governar.

E o marco regulatório é uma necessidade, nossa mídia é podre, está longe de só informar, ela quer é comandar o rebanho.
A mídia ou a polìtica que é podre?

A mídia esta a venda para todos. É um negocio. A politica é que não pode vender o poder. Que é o que esta acontecendo.

A política é que precisa mudar. A mídia não pode mudar por fazer seu papel.

É dificil assimilar essa idéia porque se acredita que o governo só tem santos incapazes de se corromper. E que na mídia esta os demonios antidemocraticos loucos para dar um golpe.
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Re: Imprensa vendida

#678 Mensagem por GustavoB » Qui Out 13, 2011 10:44 am

"Explicitando"...

Corrupção na imprensa: fraude na tiragem do Wall Street Journal. Alckmin e Arruda fizeram algo parecido.

O tradicional The Wall Street Journal montou uma fraude para inflar sua circulação (exemplares vendidos), segundo reportagem do diário inglês The Guardian.

De acordo com documentos, o diário estadunidense teria comprado seus próprios jornais para movimentar as cifras de circulação, com o objetivo de cobrar mais dos anunciantes. O jornal enviava dinheiro à firma Executive Learning Partnership (ELP), com sede na Holanda, para que ela comprasse milhares de exemplares diariamente a preços rebaixados.

O escândalo provocou a renúncia do editor do The Wall Street Journal para a Europa Andrew Langhoff, um dos mais antigos executivos europeus do império midiático do magnata Rupert Murdoch. (a notícia vem do Portal Terra)

No Brasil, governadores do PSDB e do DEM inflam a circulação de jornais e revistas com dinheiro público.

Imagem
Encalhe da revista Veja em abril de 2010

Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB/SP) comprou, sem licitação, milhares de assinaturas dos jornais "Folha de São Paulo" e "O Estado de Sâo Paulo", além da Revista Veja (confira aqui).

Além do pagamento de R$ 9 milhões pelas assinaturas com dinheiro público, isto segura a decadência na circulação aferida pelo IVC (Instituto de Verificação de Circulação), evitando a queda no preço da propaganda nas páginas dos jornais e revistas.

Em retribuição ao governador, o que se observa é um noticiário extremamente favorável ao governo tucano, e a perseguição sistemática aos adversários políticos do governador.

O ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEMos/DF) também fez o mesmo: assinou em massa a Revista Veja e o Correio Braziliense. (Confira aqui)

No caso da revista Veja, poucas semanas depois ganhou uma grande entrevista simpática nas páginas mais destacadas da revista, funcionando como verdadeira propaganda governamental.


Clique na imagem para ampliar

Imagem

http://osamigosdopresidentelula.blogspo ... ragem.html
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Re: Imprensa vendida

#679 Mensagem por GustavoB » Qui Out 13, 2011 10:45 am

Explicitando mais:

Saiu no Globo:
Diretor ligado a Murdoch cai por escândalo no ‘Wall Street Journal’

LONDRES – Andrew Langhoff, um dos principais executivos europeus do grupo News Corp., do empresário de mídia Rupert Murdoch, pediu demissão na quarta-feira. A decisão ocorre após uma série de reportagens do jornal britânico “The Guardian”, que revela um esquema fraudulento para elevar o volume de circulação do principal jornal do grupo, o “Wall Street Journal”.
E no inglês Guardian, que denunciou o escândalo no império Murdoch, desde os grampos do News of the World:


Wall Street Journal circulation scam claims senior Murdoch executive

Andrew Langhoff resigns as European publishing chief after exposure of secret channels of cash to help boost sales figures


NAVALHA

Um diretor do Murdoch na Europa fazia a seguinte trapaça.

Oferecia “matérias-púlpito” a empresas na Europa.

(Matérias-púlpito são em geral do gênero declaratório – clique aqui para ler aula magna do Caco Barcellos sobre o preconceito de classe do PiG e da Justiça brasileira.)

Em troca, as empresas compravam assinaturas do Wall Street Journal.

A circulação do jornal do Murdoch subia.

Com isso, Murdoch cobrava mais caro pelos anúncios.

E as empresas e seus presidentes ficavam mais famosos (e tinham bônus mais altos ), ao descer do púlpito.

É assim que funciona o PiG (*).

Quer dizer, o Rei do PiG (*).

Paulo Henrique Amorim
http://www.conversaafiada.com.br/pig/20 ... laratorio/
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Re: Imprensa vendida

#680 Mensagem por rodrigo » Qui Out 13, 2011 3:03 pm

O controle social, na prática

Por Carlos Brickmann em 11/10/2011 na edição 663

Há alguns anos, o grande Ricardo Kotscho mencionou errado o nome de um determinado jornalista. Corrigido, explicou: “É que eu nunca vi o nome dele escrito em matéria nenhuma”.

Pois é: este colunista lê os manifestos, colocações, posicionamentos a respeito do tal “controle social da mídia” e raramente reconhece o nome dos colegas que ali aparecem. Boa parte, sem dúvida, está naquela lista do Ricardinho Kotscho, de jornalistas cujo nome não se vê escrito em matéria nenhuma.

Já é incômodo existir censura – desculpe, “controle social”. É mais incômodo ainda saber que quem quer a censura são pessoas que não foram eleitas, que não escrevem, que participam da profissão “a nível de” atividade política. É pior ainda quando dizem que o objetivo não é censurar quem não estiver alinhado a determinada postura partidária ou ideológica. E não dá para aguentar quando se vê, na prática, o que quer dizer o tal “controle social da mídia”.

Temos quatro exemplos recentes: três da inacreditável ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, que quer proibir um anúncio sob pretextos tão inacreditáveis quanto ela, que quer obrigar o novelista da Globo a seguir as normas ditadas por seu cérebro privilegiado, que quer proibir um quadro de humor na TV; e uma da CUT, a central sindical mais ligada ao PT, que numa homenagem ao “nosso Delúbio” – o companheiro Delúbio Soares – proibiu a entrada de jornalistas. Nem os jornalistas mais ligados ao partido foram aceitos na festança.

A homenagem ao “nosso Delúbio” foi realizada na semana passada em Guarulhos, SP. Delúbio não fazia nada de estranho: lançava um CD com fotos, notícias e artigos que estão em seu site. E por que foi proibida a entrada de jornalistas? Segundo a assessoria de imprensa da CUT, porque a coordenação da reunião plenária assim o havia decidido. Ou seja, a presença dos jornalistas foi proibida porque havia a decisão de proibi-la. E pronto.

Há uma verdade que até hoje ninguém conseguiu desmontar: só se esconde alguma coisa quando há motivo para ser escondida. Se quiseram censura, é porque sabiam que tinham de esconder alguma coisa.

“Controle social da mídia”. O que não incomoda boa parte do pessoal que a defende: se não vão escrever nada, mesmo, qual o problema em ser censurado?



Bobo também é gente

Liberdade de expressão é questão de princípio. É facílimo defender a liberdade de expressão de quem pensa como nós; é dificílimo defendê-la para quem pensa diferente. E mais difícil ainda sustentar o princípio básico da liberdade de expressão quando quem se manifesta é manifestamente idiota.

Dois dos astros do CQC, nos últimos tempos, se transformaram em alvos extremamente vulneráveis, dado o grau de desrespeito, grosseria e baixaria de seus comentários. Um deles foi jogado a escanteio, sabe-se lá por quanto tempo; e houve fortes pressões para que o outro também fosse escalado para o DDP (Dias e Dias Parado).

Este colunista, como boa parte do público, ficou perplexo com o baixo nível daquilo que ambos consideram humor. Mas é exatamente nessa hora que o princípio tem de valer: a liberdade de expressão que precisamos defender não é a de quem pensa como nós, mas de quem pensa diferente de nós.

Nada de apoiar seu afastamento, pois: quem deve afastar um profissional de comunicação não é o patrocinador, nem o grupo de pressão, nem o amigo do dono, mas o público. Se o público os apreciar, não é correto afastá-los, a menos que o abuso os leve a infringir as leis do país.

E, para quem não gosta de ambos, um manual de conduta:

1. Não vá a seus espetáculos;

2. Mude o canal quando aparecerem.

É simples assim.



Cara e coroa

Nada do que foi dito acima, entretanto, impede que os ofendidos exercitem seu direito de procurar reparação na Justiça. Nesse caso não existe censura, cerceamento, nada disso: é simplesmente o exercício de um direito contra outro, para que a Justiça decida quem tem razão. Aí não é “controle social da mídia”, nada disso: aí é coisa séria, que evita que o direito à livre expressão se transforme em licença para ofender pessoas ou grupos, ou colocá-los em risco.



Brincando com o texto

Há casos em que a Justiça dificilmente poderia opinar. Como este, por exemplo: certamente irritados com o comportamento dos nobres parlamentares, jornalistas noticiaram que “carrões de luxo começam a rodar no Senado”. Os carrões de luxo são Renault Fluence – carros normais, de classe média, sedãs pouco maiores que os compactos, concorrentes dos Corollas, Civics e Vectras que rodam por aí aos milhares.

Este colunista não vê motivo para que senadores (ou deputados, ou vereadores, ou juízes) tenham carros pagos por dinheiro público, sejam os “carrões” da matéria, sejam carros populares. Mas daí a distorcer a notícia botando luxo onde luxo não há vai uma grande diferença.

E como evitar que isso aconteça, sem censura – desculpe, “controle social da mídia”?

É mais simples ainda: em determinado momento, o consumidor de notícias descobrirá que estão chamando de caviar aquilo que não passa de ova de tainha. E neste momento começará a procurar outro fornecedor.

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... na_pratica
"O correr da vida embrulha tudo,
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aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

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Re: Imprensa vendida

#681 Mensagem por GustavoB » Qui Out 13, 2011 5:30 pm

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... _de_keynes

OCUPEM WALL STREET
Banqueiros à sombra da mídia, e de Keynes
Por Samuel Lima em 11/10/2011 na edição 663
Reproduzido do objETHOS, 10/10/2011


A palavra de ordem é precisa e clara: “Occupy Wall Street” (Ocupem Wall Street, em tradução literal). O movimento começou dia 17 de setembro em Nova York e ocupa muito mais que o parque Zuccotti, entre o centro financeiro e o Marco Zero. Literalmente, ganhou ruas e praças dos EUA, incluindo-se Washington, o centro do poder político. O protesto, focado na crítica aos banqueiros, tem sido tratado de maneira superficial e enviesada pela mídia nativa, à exceção do Valor Econômico.

A tentativa de desqualificação, a bem da verdade, vem da própria cobertura dos acontecimentos na origem, como assevera o pesquisador John Hanrahan, no site Nieman Watchdog: “A cobertura inicialmente foi depreciativa e mínima – e, mea culpa, eu mesmo não dei muito atenção a elas”.

Com a feição dos jovens desempregados novaiorquinos, o protesto começou com uma convocação veiculada pela revista canadense Adbusters. Sem um modelo de organização tradicional (exceto a realização diária de assembleias e passeatas), nos cartazes nota-se a inspiração na chamada “Primavera Árabe” pela democracia, especialmente os protestos na Praça de Tahrir no Cairo que resultaram na Revolução Egípcia de 2011:

– “Ocupem Wall Street, desocupem a Palestina!”

– “Nós somos os 99% que pagam impostos, junte-se a nós!”

– “Quando a injustiça impera, resistir é nosso dever” (Thomas Jefferson)

– “Vocês viram a Primavera Árabe, venham conhecer o Outono Americano”

– “Bem-vindos aos Estados Soviéticos da América”.

JN, 20 dias depois...

Um exemplo evidente de invisibilidade do protesto vem da TV Globo. O Jornal Nacional só transformou o acontecimento em notícia 19 dias depois.

Na reportagem da jornalista Giuliana Morrone, a constatação: “Estudantes, aposentados, desempregados e trabalhadores inconformados com a crise saíram em passeata por uma das principais ruas de Nova York. A multidão ocupou as calçadas”. Pelos cálculos da correspondente, cinco mil “inconformados com a crise” tinham um alvo em comum inequívoco: “Os manifestantes, que há 19 dias protestam contra o sistema financeiro”.

Mudou Giuliana ou mudaram os fatos? Uma semana antes, no Bom Dia Brasil, edição de 29/09, ela assegurava que os jovens defendiam “maior distribuição de renda e que os ricos paguem mais impostos”, ainda que registrasse uma palavra de ordem sem contexto: “Bancos ganham ajuda financeira e o povo fica quebrado”.

Mais que a ausência de fontes plurais e especializadas para refletir sobre o fato, o tom da matéria reflete uma contaminação por um viés ideológico conservador. É a hipótese dos “mercados perfeitos”, dominante nos últimos 30 anos de teoria econômica, hoje em estado adiantado de decomposição a céu aberto, nas ruas, praças e palácios do mundo global. É ironicamente incompreensível seu vaticínio, no Bom Dia Brasil. Conclui Giuliana: “Os manifestantes avisam que podem ficar semanas, até meses, no local, protestando contra o sistema financeiro”.

Duas notas na Folha Online

O portal noticioso da Folha de S.Paulo, entre 17/09 a 9/10, registra tão-somente duas pequenas notas sobre o movimento, ancoradas ambas em textos de agências de notícias.
Já na terceira semana dos protestos, a Folha.com publica (2/10) uma notícia de 1.765 caracteres, chamando no título a atenção dos leitores para o conflito: “Detidos em Wall Street são soltos, enquanto protestos se multiplicam”. O texto, ancorado na Agência EFE, dá conta de que “cerca de 700 pessoas foram presas no sábado em um protesto que bloqueou a ponte do Brooklyn”.

Quatro dias depois, a Folha.com volta a insistir no conflito:

“Com a ocupação em Wall Street já ingressando em seu 20º dia, a polícia de Nova York confrontou manifestantes usando spray de pimenta e cassetetes em barricada próxima à entrada do centro financeiro americano na noite de quarta-feira. Ao menos 28 pessoas foram presas, incluindo um acusado de agressão depois de um policial ser derrubado, segundo o porta-voz da polícia Paul Browne.”

Quanto ao “alvo” dos cidadãos, o site do jornal paulista escolheu temas diversos: “Contra a desigualdade de renda, ganância corporativa e outras questões sociais”. Trocando em miúdos, quase três semanas depois dos acontecimentos, sem cobertura própria, a Folha “descobriu”, através de textos de agências internacionais, a existência do movimento.

Ainda assim, as duas notas publicadas cobriam conflitos com a polícia, o que em tese caracterizaria os manifestantes como “baderneiros”. Com extremo zelo de classe, o diário paulista tira de foco os banqueiros, escroques e especuladores que dominam os mercados financeiros, nos EUA, União Europeia e economia global.

Valor Econômico, exceção à regra

Não obstante ter entrado tardiamente na cobertura dos fatos, o Valor foi o único que destacou um jornalista, Eduardo Graça, que esteve durante três dias no parque Zuccotti, ouvindo os líderes do movimento, sindicalistas, especialistas e personalidades que foram ao local hipotecar apoio: o cineasta Michael Moore, Joseph Stiglitz (Nobel de Economia), o produtor musical Russell Simmons, a atriz Susan Sarandon, o pensador Noam Chomsky e o músico Peter Yarro – do grupo de folk “Peter Paul and Mary”.

A reportagem (ver "Na praça, contra tudo") ganhou chamada de capa (“Rebelião americana”, edição de 7 a 9/10/11) e foi destaque do caderno “Eu & Fim de Semana”, intitulado “O outono americano”. Trata-se de alusão aos ventos da “Primavera Árabe” e outros protestos que se espalham pelo mundo, colocando o centro do modelo econômico em xeque: o poder tirânico do capital financeiro, e dos banqueiros.

Graça ouviu múltiplas fontes e passou a noção mais completa desse inusitado fato histórico, em curso. Do sociólogo Stephen Duncombe, da Universidade de Nova York (NYU) ouviu: “Ainda não podemos sequer afirmar se tratar de uma federação. Eles são cidadãos comuns que perceberam não fazer mais parte da engrenagem da sociedade americana. (…) O que se dá em Manhattan, hoje, é o nascimento de um novo tipo de movimento social, multivocal, sem ícones, conectado”.

A reportagem do Valor destaca a análise do colunista Andrew Ross Sorkin, do New York Times, nome de peso do jornalismo econômico. Sorkin foi taxativo: “A mensagem desses meninos é clara – eles querem que Wall Street e as corporações americanas paguem o que devem pela crise financeira e o aumento da desigualdade social do país. E se a economia continuar o ciclo negativo por mais tempo, poderemos evoluir para algo mais próximo de uma desobediência civil em massa”.

O jornal especializado em economia fechou sua cobertura parcial com uma nota publicada no portal na segunda-feira (10/10): o movimento realizou mais uma grande passeata (Valor não a quantifica) no sul de Manhattan, que ao contrário dos sábados anteriores, terminou sem nenhuma prisão.

Entre a exceção e a regra, a cobertura do “Outono Americano” nas páginas da mídia brasileira transitou errática. À sombra generosa de John Maynard Keynes, considerado o maior economista do século 20, os banqueiros globalizados continuam se alimentando de sigilo e “sombra” de informação, sobretudo fugindo dos lampejos emanados do jornalismo. A ver os desdobramentos do movimento “Occupy Wall Street” e a atuação da imprensa, lá e cá.

***

[Samuel Lima é docente da FAC/UnB, professor-visitante do curso de jornalismo da UFSC e pesquisador do objETHOS]
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Re: Imprensa vendida

#682 Mensagem por rodrigo » Qui Out 13, 2011 5:45 pm

10 anos passam rápido. Muda tanta coisa.

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Re: Imprensa vendida

#683 Mensagem por GustavoB » Qui Out 13, 2011 9:32 pm

Outra "contribuição", mais precisamente a partir de 2'23":

Ah, vai falar sobre o teu pessoal rodrigo.




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Re: Imprensa vendida

#684 Mensagem por Guerra » Qui Out 13, 2011 11:27 pm

O Jô não gostou de ser colocado na lista da globo? Isso me lembrou o finado Wilson Simonal quando foi colocado numa tal lista negra dos artista. Lembro quando o Wilson Simonal foi no programa do Jô (no SBT) e foi humilhado de todas as formas. Pena que não existe nenhum video sobre esse programa.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
Bender

Re: Imprensa vendida

#685 Mensagem por Bender » Qui Out 20, 2011 8:18 pm

Dicionário prático da hipocrisia e safadeza seria um título melhor para o Emir usar neste seu texto. 8-]

SDS.

20 de outubro de 2011 às 11:31
Emir Sader:

O “vocabulerolero” da velha mídia

Blog do Emir Sader

Aqui algumas indicações sobre como ler a velha mídia. Nada do que é dito vale pelo seu valor de face. Tudo remete a um significado, cuja arte é tratar de camuflá-lo bem.

Por exemplo, quando dizem liberdade de imprensa, querem liberdade de empresa, das suas empresas, de dizerem, pelo poder da propriedade que tem, de dizer o que pensam.

A chave está em fazer passar o que pensam pelo interesse geral, pelas necessidades do país. Daí que nunca fazem o que deveriam fazer. Isto e’, dizer, por exemplo: “A família Frias acha que…” Ou: “A família Civita acha que…” e assim por diante.

A arte da manipulação reside em construções em que os sujeitos (eles) ficam ocultos. Usam formulas como: “É mister”, “Faz-se necessário”, “É fundamental”, “É’ indispensável”.

Sempre cabe a pergunta: Quem, cara pálida? Eles, os donos da empresa. Sempre tentar passar a ideia de que falam em nome do país, do Brasil, da comunidade, de todos, quando falam em nome deles. A definição mais precisa de ideologia: fazer passar interesses particulares pelos interesses gerais.

Quando dizem “fazer a lição de casa”, querem dizer, fazer duro ajuste fiscal. Quando falam de “populismo”, querem dizer governo que prioriza interesses populares. Quando falam de “demagogia”, se referem a discursos que desmascaram os interesses das elites, que tratam de ocultar.

Quando falam de “liberdade de expressão”, estão falando no direito deles, famílias proprietárias das empresas monopolistas da mídia, dizerem o que bem entendem. Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresas – as deles.

No “vocabulerolero” indispensável para entender o que a mídia expressa de maneira cifrada, é preciso entender que quando falam de “governo responsável”, é aquele que prioriza o combate à inflação, às custas das políticas sociais. Quando falam de “clientelismo”, se referem às politicas sociais dos governos.

Quando falam de “líder carismático”, querem desqualificar os discursos os lideres populares, que falam diretamente ao povo sobre seus interesses.

Quando falam de “terrorismo”, se referem aos que combatem ou resistem a ações norte-americanas. “Sociedades livres” são as de “livre mercado”. Democráticos sao os países ocidentais que tem eleições periódicas, separação dos três poderes, variedade de siglas de partidos e “imprensa livre”, isto é, imprensa privada.

“Democrático” é o pais aliado dos EUA – berço da democracia. Totalitário é o inimigo dos EUA.

Quando dizem “Basta” ou “Cansei”, querem dizer que eles não aguentam mais medidas populares e democráticas que afetam seus interesses e os seus valores.

Entre a velha mídia e a realidade se interpõe uma grossa camada de mecanismos ideológicos, com os quais tentam passar seus interesses particulares como se fossem interesses gerais. É o melhor exemplo do que Marx chamava de ideologia: valores e concepções particulares que pretendem promover-se a interesses da totalidade. Para isso se valem de categorias enganosas, que é preciso desmistificar cotidianamente, para que possamos enxergar a realidade como ela é.

Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo.
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Re: Imprensa vendida

#686 Mensagem por Guerra » Qui Out 20, 2011 9:01 pm

Ter, 22 de Março de 2011 14:00
TODOS OS DIAS VEMOS O DINHEIRO PÚBLICO SUBVERTER A LIBERDADE DE IMPRENSA E PATROCINAR A DIFUSÃO DE MENTIRAS DO PARTIDO DO GOVERNO

Helio P. Leite
22.03.2011

Acabamos de receber nosso exemplar da edição 161 do Jornal Inconfidência. Ao iniciarmos a leitura, deparamo-nos, logo no começo da primeira página, com a notícia de que a Fundação Habitacional do Exército havia cancelado a divulgação das peças publicitárias que nele difundia. Não passava da confirmação oficial, uma vez que o assunto já havia sido badalado em quase todos os meios de comunicação escrita, mesmo antes de os interessados terem sido avisados. Era a ditadura petista mostrando as suas garras, dando uma mostra do que é capaz de fazer, por meio de seus lacaios, com aqueles que ousem contrariar os seus interesses ou opor-se às suas idéias.

É isso que acontece, às vezes de forma não tão explícita, com toda a nossa imprensa. Quem contraria o governo ou seus comparsas sofre terríveis retaliações ou, na melhor das hipóteses, deixa de receber as vultosas verbas públicas da propaganda institucional. Certamente, propaganda muito mais partidária e pessoal do que pública ou institucional.


Caímos, então, nessa farsa de liberdade de imprensa em que, com raríssimas e honrosas exceções, somente são divulgadas as “verdades” oficiais.


O ditador Hugo Chávez fechou, entre muitas outras empresas, a principal televisão oposicionista da Venezuela. Os seus colegas brasileiros ainda não chegaram a tanto, apesar de algumas ameaças mais ou menos veladas e tentativas mal disfarçadas de controle dos meios de comunicação. Talvez, na nossa realidade, prefiram usar outros métodos.


A estranha falência fraudulenta de um banco do Grupo Sílvio Santos levou a uma não muito clara operação de socorro em que, supostamente, os bens do empresário seriam a garantia dos recursos empregados no saneamento, mas, tudo indica, o prejuízo terminará mesmo sendo do contribuinte. O banco foi vendido e a Caixa Econômica Federal é dona de uma parte considerável dele. Com quem, porém, ficará, finalmente, o rombo?


Foi muito sintomática a mudança de orientação política da TVS, que sempre foi bastante equilibrada, e, repentinamente, assumiu alguns contornos de radicalismo de esquerda.


Embora ainda fossem desconhecidas do grande público durante a campanha da eleição presidencial passada, as negociações para salvar o Banco Panamericano estavam em pleno desenvolvimento.


Inexplicavelmente, foi, justamente, a TVS que tentou desmoralizar o candidato da oposição, procurando transformar, mediante farsa, o instrumento da agressão, por ele sofrida de militantes petistas, em uma simples bola de papel.


Logo depois das eleições, surgiu, na imprensa, o escândalo financeiro que envolvia o Grupo.


Agora, divulga-se que a TVS fará uma novela, inteiramente fora de seus temas tradicionais. Nela, a personagem principal seria inspirada em certa terrorista que se fez presidente – e já estariam escolhidos os atores que viverão os “militares torturadores”!


Tudo muito suspeito.


Outro fato digno de nota, encontramos em O Globo de 5 de março deste ano. Segundo a matéria, publicada na página 23, o economista-chefe do Banco Santander, Alexandre Schwartsman, foi demitido da instituição por ter dito, em seminário de que participava com o Presidente da Petrobras, que a estatal e o governo usavam “contabilidade criativa”.
Normalmente, nada há na demissão do executivo de uma empresa que mereça a nossa atenção. Neste caso, o que a torna extremamente grave é o motivo da demissão. Ela se deu porque o economista disse a verdade (e ainda usou um eufemismo para retratá-la), uma verdade que todos estamos cansados de conhecer, mas que aborreceu o governo e um dos seus companheiros.


Seria de se esperar que a empresa nada fizesse. O Sr. Gabrielli e quem mais se sentisse ofendido, que recorressem à Justiça (onde as partes poderiam apresentar as suas provas), em busca de reparação, se assim julgassem conveniente.


Afinal, quem desconhece que o governo e suas empresas são extremamente “criativos”, não somente na contabilidade, mas sempre que lhes convém escamotear a verdade? Por que, então, ele teria sido demitido? Provavelmente, porque a direção do banco teme sofrer retaliações e não quer perder benesses concedidas com dinheiro público.


Todos os dias, vemos esse mesmo dinheiro público subverter a liberdade de imprensa e patrocinar a difusão das mentiras do partido do governo.


O dinheiro que irriga os cofres da POUPEX, em contraposição, é privado, descontado religiosamente de nós, os seus associados. Se somos o publico alvo dessa instituição (pessoa jurídica de direito privado que opera com o nosso dinheiro), porque foi ela proibida de divulgar, no interesse mútuo, propaganda em um jornal que lemos e assinamos?


Dissemos que o interesse era mútuo e hoje mesmo tivemos uma prova disso. Havíamos decidido cancelar um plano de previdência privada para o qual vimos contribuindo há muitos anos, por considerar que a nossa família já se encontra bem amparada e a mensalidade é muito alta. Não obstante, ao continuarmos a ler o nosso Inconfidência, encontramos, ao pé da sétima página, uma propaganda do GBOEX. Pronto! Mudamos de idéia. Não cancelaremos mais o plano. Pelo menos, parte das nossas contribuições está sendo bem usada, para financiar a difusão de matérias que nos são gratas.


Ainda não fecharam as nossas empresas de televisão, mas querem fechar um pequeno jornal que se faz grande por publicar o que os outros não ousam.


Violências, como as que comentamos acima, não acontecem em democracias.


Contudo, a maioria dos brasileiros está cega, e muitos não querem ver a ditadura que está instalada no País e insistem nessa bobagem de que vivemos em uma democracia e que nada devemos fazer que a arranhe. Nem que seja, justamente, para nos salvar da ditadura!


Que democracia é essa em que grande parcela da população tem vedado o acesso a quase todos os meios de comunicação?


Democracia de araque, que serve de máscara para o regime ditatorial que a cada dia se consolidada mais e se torna mais difícil de abortar.


Reconhecer isso é imperativo, contudo muito perigoso, também. Afinal, a ignorância é uma ótima desculpa para a omissão.


Admitir-se a realidade cria a expectativa de reação e torna muito difícil explicar porque não se faz nada.

Por Luís Mauro Ferreira Gomes
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Guerra
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Re: Imprensa vendida

#687 Mensagem por Guerra » Qui Out 20, 2011 9:05 pm

POUPEX CANCELA PROPAGANDA NO JORNAL INCONFIDÊNCIA
Publicado em Fevereiro 17, 2011 por liciomaciel
POUPEX cancela anúncio em jornal anti-Dilma
“Qualquer Exército se mantém continuamente informado em processos
de planejamento e análise de situações possíveis, em confronto
com a situação de outras nações, tanto as mais evoluídas, mais bem preparadas,
como as mais próximas, independentemente de seu poderio
bélico. O militar nunca deixa de estudar, principalmente o Oficial, seja
de Estado Maior, seja Engenheiro. Os Cursos os mantêm atualizados,
além de fornecerem critérios (nem sempre válidos) para promoção. A
promoção a general é um evento preponderadamente político. Quer
dizer: depois de mais de 30 anos de dedicação, de serviços e conduta
impecáveis, o militar tem que “desmunhecar” para ser reconhecido “politicamente”.
Quantos anos de tropa, quantos cursos objetivos o cara tem, a quantas manobras compareceu, isto sim, deve valer. É a parte “sagrada” da profissão.
Critério político, jamais!”
Aí está demonstrado, definitiva e exatamente, o resultado!
O Exército anunciou o cancelamento da publicação de peças publicitárias da FHE (Fundação Habitacional do Exército), entidade sob sua supervisão, em um jornal mensal que faz ataques à presidente Dilma Rousseff.
O fim do patrocínio no jornal “Inconfidência”, de Belo Horizonte, foi informado após questionamento feito pela Folha.
Coronel da reserva diz que seu jornal fala a ‘verdade’
Antes da nota do Exército anunciando o cancelamento dos anúncios, a FHE havia argumentado à Folha que anunciava no jornal para atingir seu público alvo militar.
Segundo o coronel de reserva Carlos Miguez, responsável pelo jornal, a FHE publicava os anúncios “há sete ou oito anos”. A propaganda aparece na edição do mês passado. A edição de fevereiro ainda não foi finalizada.
Textos do jornal relacionam a eleição de Dilma ao analfabetismo e compilam informações sobre a “vida clandestina” dela durante o regime militar (1964-1985).
O jornal entra nas recentes polêmicas do governo com os militares, expondo a resistência que Dilma sofre em setores das Forças Armadas.
Há também críticas ao convite ao ex-deputado José Genoino (PT-SP) para uma assessoria especial no Ministério da Defesa.
Portanto, com isso, está definitivamente demonstrado: atuais generais melancias.
Quem tem alguma dúvida?
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rodrigo
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Re: Imprensa vendida

#688 Mensagem por rodrigo » Sex Out 21, 2011 11:55 am

Emir Sader
Esse caiu antes de ser. Deveria ser o novo ministro dos esportes, porque bateu o recorde da cadeira de ejeção.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: Imprensa vendida

#689 Mensagem por GustavoB » Sex Out 21, 2011 9:46 pm

Por que rodrigo, que o tanto desabona?
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Re: Imprensa vendida

#690 Mensagem por marcelo bahia » Sex Out 21, 2011 11:57 pm

:lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Imagem
Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"

Floriano Peixoto: "- Com balas!!!"
Trancado