AFEGANISTÃO
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Re: Notícias de Afeganistão
O cheiro de fraqueza dos Eua está aumentando, vão cada vez tomar mais porrada.
O Troll é sutil na busca por alimento.
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Re: Notícias de Afeganistão
uol.com.br
23/09/2011 - 11h59 Incidentes no Afeganistão deixam 5 soldados da Otan mortos
Cabul, 23 set (EFE).- Cinco militares da Otan morreram no Afeganistão em dois incidentes separados, informou a missão da Aliança Atlântica no país centro-asiático.
Três soldados italianos morreram em um acidente de trânsito na província ocidental de Herat quando participavam dos exercícios de treinamento de soldados afegãos, segundo informaram fontes militares italianas.
Um dos soldados morreu na hora, enquanto os outros dois ficaram gravemente feridos e foram encaminhados ao hospital, onde faleceram.
No mesmo acidente morreram também dois civis afegãos e outros dois ficaram feridos, segundo explicou à Agência Efe o porta-voz da cidade de Herat, Muhaihuddin Nuri.
Além disso, um comunicado da missão da Otan - a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) - divulgou a morte de dois militares do contingente internacional no leste do país. Como é habitual, a Isaf não revelou a nacionalidade dos mortos nem a localização exata do incidente.
A missão da Otan tem neste momento cerca de 130 mil soldados em solo afegão, mas a maioria dos países aliados já expressou sua intenção de começar a retirar sua tropas, culminando com a saída total em 2014. Os Estados Unidos iniciaram a retirada gradual de seus cerca de 100 mil soldados em julho.
23/09/2011 - 11h59 Incidentes no Afeganistão deixam 5 soldados da Otan mortos
Cabul, 23 set (EFE).- Cinco militares da Otan morreram no Afeganistão em dois incidentes separados, informou a missão da Aliança Atlântica no país centro-asiático.
Três soldados italianos morreram em um acidente de trânsito na província ocidental de Herat quando participavam dos exercícios de treinamento de soldados afegãos, segundo informaram fontes militares italianas.
Um dos soldados morreu na hora, enquanto os outros dois ficaram gravemente feridos e foram encaminhados ao hospital, onde faleceram.
No mesmo acidente morreram também dois civis afegãos e outros dois ficaram feridos, segundo explicou à Agência Efe o porta-voz da cidade de Herat, Muhaihuddin Nuri.
Além disso, um comunicado da missão da Otan - a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) - divulgou a morte de dois militares do contingente internacional no leste do país. Como é habitual, a Isaf não revelou a nacionalidade dos mortos nem a localização exata do incidente.
A missão da Otan tem neste momento cerca de 130 mil soldados em solo afegão, mas a maioria dos países aliados já expressou sua intenção de começar a retirar sua tropas, culminando com a saída total em 2014. Os Estados Unidos iniciaram a retirada gradual de seus cerca de 100 mil soldados em julho.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Notícias de Afeganistão
Chivers de volta ao Afeganistão... as matérias serão sobre as armas da Guerra Border Paktika-Waziri.http://cjchivers.com/
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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- Clermont
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Re: Notícias de Afeganistão
NÃO SE GANHOU NADA EM DEZ ANOS DE GUERRA DO AFEGANISTÃO.
Presidente Obama irá ignorar o aniversário por razões políticas.
Por John Glaser, 6 de outubro de 2011.
Sexta-feira, 7 de outubro, marca o décimo aniversário da invasão americana do Afeganistão, considerada por muitos como a guerra mais longa da nação. Até esta data, ela já custou cerca de $ 460 bilhões.
Centenas de milhares de militares americanos já foram enviados ao Afeganistão, muitos em temporadas múltiplas, quase 1.700 deles estão mortos, dezenas de milhares estão feridos e, pelo menos 20 porcento deles tem problemas de saúde mental. Nenhuma organização ou órgão governamental se incomodou em totalizar o número de civis afegãos mortos diretamente pela guerra, mas sabe-se que foram dezenas de milhares, sem incluir os milhões deslocados.
O que qualquer um tenha ganho com todas essas perdas não está claro. Atualmente, a estratégia de Obama é continuar uma extensiva e brutal ocupação militar do país, pelo menos até 2014, embora relatos continuem a surgir de que a presença americana continuará por muitos anos depois disto. O governo do Afeganistão, encabeçado por Hamid Karza, é um dos mais corruptos no mundo e continua a se beneficiar da montanha de auxílio americano.
Relatos de ampla tortura nas prisões controladas pelo governo afegão não provocaram nenhuma atitude da administração Obama.
Milícias locais por todo o país, estão sendo bancadas, armadas e treinadas pelos EUA, apesar de serem responsáveis por graves violações dos direitos humanos básicos. As milícias, principalmente a bandidesca Polícia Local Afegã, tem as mãos livres devido a suas conexões com indivíduos poderosos no governo.
Incursões noturnas, uma das estratégias centrais na guerra de Obama, tem se multiplicado, alimentando ressentimento e solapando as tropas americanas. Estima-se que de 12 a 20 incursões agora ocorrem a cada noite, resultando em milhares de detenções por ano, muitos dos quais são não-combatentes. Oficiais superiores no Comando Combinado de Operações Especiais afirmam que estas incursões pegam a pessoa errada, 50 porcento das vezes. Um homem de Nangarhar disse, em recente entrevista: "Eles dizem ser contra os terroristas, mas o que estão fazendo é terrorismo. Isto espalha o terror. Isto cria mais violência."
Um dos principais efeitos da guerra afegã tem sido empurrar os militantes para além da fronteira com o Paquistão, levando os EUA a desfecharem uma mortífera guerra de drones ao longo da fronteira que já matou centenas de crianças e muitas centenas mais de civis no total. Isto também levou a uma proliferação de missões além fronteira de captura e de eliminação pelos EUA, desestabilizando ainda mais o país e danificando uma já precária aliança.
Nada de tangível tem sido ganho com tudo isto. Pela maioria dos relatos, a guerra apenas tem exarcebado a ameaça terrorista confrontando a América ao alimentar o ódio e o fundamentalismo. Quando 92 porcento dos afegãos nunca ouviram falar do 11 de Setembro, a guerra é vista como um abuso sem provocação. A memória, por exemplo, da família - incluindo mulheres grávidas e crianças - assassinada durante uma incursão noturna por tropas americanas, voltará como um tiro pela culatra.
De fato, a guerra foi programada para ser diretamente contra os interesses americanos. A al-Qaeda, que planejou arrastar a América para uma longa e custosa guerra, visava a sangrar o império, acreditando terem feito justamente isto com os soviéticos.
A débil tentativa de retirar tropas foi primordialmente simbólica e política e foi confrontada com uma violenta resposta dos insurgentes, como para deixar claro que os Estados Unidos não vão sair com paz e segurança. O ponto foi bem compreendido, com os comandantes militares reconhecendo que a presença estrangeira permanecerá pelo futuro previsível.
O presidente Obama não pronunciará discurso marcando este aniversário. Seu foco público, com a campanha de 2012 em pleno movimento, está decididamente orientado para questões domésticas e emprego para o povo americano. Ele compreende que os afegãos não votam nas eleições americanas. Seis em cada dez americanos, de acordo com pesquisas recentes, dizem que os Estados Unidos não deviam ter se envolvido no Afeganistão, mas, como é normal, eles votarão para empregos e benefícios para si mesmos.
Presidente Obama irá ignorar o aniversário por razões políticas.
Por John Glaser, 6 de outubro de 2011.
Sexta-feira, 7 de outubro, marca o décimo aniversário da invasão americana do Afeganistão, considerada por muitos como a guerra mais longa da nação. Até esta data, ela já custou cerca de $ 460 bilhões.
Centenas de milhares de militares americanos já foram enviados ao Afeganistão, muitos em temporadas múltiplas, quase 1.700 deles estão mortos, dezenas de milhares estão feridos e, pelo menos 20 porcento deles tem problemas de saúde mental. Nenhuma organização ou órgão governamental se incomodou em totalizar o número de civis afegãos mortos diretamente pela guerra, mas sabe-se que foram dezenas de milhares, sem incluir os milhões deslocados.
O que qualquer um tenha ganho com todas essas perdas não está claro. Atualmente, a estratégia de Obama é continuar uma extensiva e brutal ocupação militar do país, pelo menos até 2014, embora relatos continuem a surgir de que a presença americana continuará por muitos anos depois disto. O governo do Afeganistão, encabeçado por Hamid Karza, é um dos mais corruptos no mundo e continua a se beneficiar da montanha de auxílio americano.
Relatos de ampla tortura nas prisões controladas pelo governo afegão não provocaram nenhuma atitude da administração Obama.
Milícias locais por todo o país, estão sendo bancadas, armadas e treinadas pelos EUA, apesar de serem responsáveis por graves violações dos direitos humanos básicos. As milícias, principalmente a bandidesca Polícia Local Afegã, tem as mãos livres devido a suas conexões com indivíduos poderosos no governo.
Incursões noturnas, uma das estratégias centrais na guerra de Obama, tem se multiplicado, alimentando ressentimento e solapando as tropas americanas. Estima-se que de 12 a 20 incursões agora ocorrem a cada noite, resultando em milhares de detenções por ano, muitos dos quais são não-combatentes. Oficiais superiores no Comando Combinado de Operações Especiais afirmam que estas incursões pegam a pessoa errada, 50 porcento das vezes. Um homem de Nangarhar disse, em recente entrevista: "Eles dizem ser contra os terroristas, mas o que estão fazendo é terrorismo. Isto espalha o terror. Isto cria mais violência."
Um dos principais efeitos da guerra afegã tem sido empurrar os militantes para além da fronteira com o Paquistão, levando os EUA a desfecharem uma mortífera guerra de drones ao longo da fronteira que já matou centenas de crianças e muitas centenas mais de civis no total. Isto também levou a uma proliferação de missões além fronteira de captura e de eliminação pelos EUA, desestabilizando ainda mais o país e danificando uma já precária aliança.
Nada de tangível tem sido ganho com tudo isto. Pela maioria dos relatos, a guerra apenas tem exarcebado a ameaça terrorista confrontando a América ao alimentar o ódio e o fundamentalismo. Quando 92 porcento dos afegãos nunca ouviram falar do 11 de Setembro, a guerra é vista como um abuso sem provocação. A memória, por exemplo, da família - incluindo mulheres grávidas e crianças - assassinada durante uma incursão noturna por tropas americanas, voltará como um tiro pela culatra.
De fato, a guerra foi programada para ser diretamente contra os interesses americanos. A al-Qaeda, que planejou arrastar a América para uma longa e custosa guerra, visava a sangrar o império, acreditando terem feito justamente isto com os soviéticos.
A débil tentativa de retirar tropas foi primordialmente simbólica e política e foi confrontada com uma violenta resposta dos insurgentes, como para deixar claro que os Estados Unidos não vão sair com paz e segurança. O ponto foi bem compreendido, com os comandantes militares reconhecendo que a presença estrangeira permanecerá pelo futuro previsível.
O presidente Obama não pronunciará discurso marcando este aniversário. Seu foco público, com a campanha de 2012 em pleno movimento, está decididamente orientado para questões domésticas e emprego para o povo americano. Ele compreende que os afegãos não votam nas eleições americanas. Seis em cada dez americanos, de acordo com pesquisas recentes, dizem que os Estados Unidos não deviam ter se envolvido no Afeganistão, mas, como é normal, eles votarão para empregos e benefícios para si mesmos.
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Re: Notícias de Afeganistão
A “Chechénia norte-americana”
A Rússia acompanha atentamente a situação no Afeganistão não só devido à experiência da União Soviética entre 1979 e 1989, mas também porque a retirada das tropas ocidentais pode desestabilizar a situação na Ásia Central e no Cáucaso.
Os analistas russos consideram que, na fase inicial da intervenção norte-americana, os êxitos das tropas de Washington foram inegáveis.
"Até 2003, os talibãs não apresentavam séria resistência, ficava-se com a impressão de que eles tencionavam chegar a um acordo", escreve Nikita Mendkovitch, analista do Centro de Estudos Contemporâneos do Afeganistão.
"Porém, depois, eles mudaram de tática. Por isso, em 2008, os talibãs conseguiram regressar em muitas províncias e apenas Cabul goza de relativa segurança", acrescenta.
Depois de tomarem consciência do erro dessa estratégia, os americanos tiveram de a rever. Em 2009, o Presidente Obama sancionou o envio para o Afeganistão de mais 30 mil homens.
"Começaram verdadeiros combates, a coligação passou a combater em terra: Construir postos de controlo, realizar ataques, cercar as posições dos talibãs, tomá-las e, depois, a realizar buscas, ou seja, a empregar, na prática, a tática russa na Chechénia. Como resultado, as coisas passaram a estar a favor da coligação", acrescenta Mendkovitch.
Os analistas russos divergem quanto ao futuro do Afeganistão depois da retirada das tropas dos Estados Unidos e da NATO.
"É impossível prever como se irá desenvolver a situação militar, mas sem dúvida que o futuro governo do Afeganistão será de coligação, os talibãs vão fazer parte dele. Será triste se forem os talibãs de Hakkani", considera Alexei Malachenko, do Centro Carnegi de Moscovo.
"Nós, agora, vemos no Afeganistão o que se passava na Chechénia em 2004: os terroristas pareciam encostados às cordas, a luta nas frentes tinha praticamente terminado, mas deu-se um surto de terror: Escola de Beslan, assassinato de Akhmat Kadirov. Trata-se do desenvolvimento lógico da guerra terrorista, quando a guerra de frentes termina e aparecem recursos para realizar ações terroristas mediáticas e eficazes", defende Mendkovitch.
Este analista está convencido que os talibãs não vão conseguir reunir forças para reagir se a coligação manter a actual dinâmica até 2012, mas frisa que isso não é um dado adquirido.
Moscovo receia que se repita o "cenário soviético", ou seja, que o actual regime em Cabul não resista após a retirada das tropas da coligação ocidental.
"A probabilidade do regresso dos talibãs ao poder é alta, as conversações de paz com os Estados Unidos são para eles um passo tático, mas, depois da saída das tropas, o regime de Karzai não aguentará", pensa Vladimir Sotnikov, analista do Instituto de Relações Internacionais da Academia das Ciências da Rússia.
"A chegada ao poder dos talibãs é perigosa porque pode desestabilizar a situação na Ásia Central e no Cáucaso do Norte russo", sublinha.
Daí a importância que a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, que reúne a Rússia, Bielorrússia, Arménia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, concede ao reforço do seu papel nessas regiões. Nessa organização discute-se a possibilidade de aprovar um documento que preveja a intervenção de tropas de um dos membros "em caso de instabilidade".
"Vemos como de forma surpreendente a saída dos americanos do Afeganistão coincide com o aparecimento de certos contingentes militares junto das fronteiras russas no Tadjiquistão. Começarão provocações, tentativas de exportar o radicalismo islâmico. Por isso, os Estados Unidos não estão interessados na reconciliação nacional no Afeganistão", estima o historiador e escritor Nikolai Starikov.
"Eles precisam, nessa região, de uma caldeira instável, da qual salte agressão contra os países vizinhos. Mas podem-se enganar", conclui.
http://darussia.blogspot.com/
A Rússia acompanha atentamente a situação no Afeganistão não só devido à experiência da União Soviética entre 1979 e 1989, mas também porque a retirada das tropas ocidentais pode desestabilizar a situação na Ásia Central e no Cáucaso.
Os analistas russos consideram que, na fase inicial da intervenção norte-americana, os êxitos das tropas de Washington foram inegáveis.
"Até 2003, os talibãs não apresentavam séria resistência, ficava-se com a impressão de que eles tencionavam chegar a um acordo", escreve Nikita Mendkovitch, analista do Centro de Estudos Contemporâneos do Afeganistão.
"Porém, depois, eles mudaram de tática. Por isso, em 2008, os talibãs conseguiram regressar em muitas províncias e apenas Cabul goza de relativa segurança", acrescenta.
Depois de tomarem consciência do erro dessa estratégia, os americanos tiveram de a rever. Em 2009, o Presidente Obama sancionou o envio para o Afeganistão de mais 30 mil homens.
"Começaram verdadeiros combates, a coligação passou a combater em terra: Construir postos de controlo, realizar ataques, cercar as posições dos talibãs, tomá-las e, depois, a realizar buscas, ou seja, a empregar, na prática, a tática russa na Chechénia. Como resultado, as coisas passaram a estar a favor da coligação", acrescenta Mendkovitch.
Os analistas russos divergem quanto ao futuro do Afeganistão depois da retirada das tropas dos Estados Unidos e da NATO.
"É impossível prever como se irá desenvolver a situação militar, mas sem dúvida que o futuro governo do Afeganistão será de coligação, os talibãs vão fazer parte dele. Será triste se forem os talibãs de Hakkani", considera Alexei Malachenko, do Centro Carnegi de Moscovo.
"Nós, agora, vemos no Afeganistão o que se passava na Chechénia em 2004: os terroristas pareciam encostados às cordas, a luta nas frentes tinha praticamente terminado, mas deu-se um surto de terror: Escola de Beslan, assassinato de Akhmat Kadirov. Trata-se do desenvolvimento lógico da guerra terrorista, quando a guerra de frentes termina e aparecem recursos para realizar ações terroristas mediáticas e eficazes", defende Mendkovitch.
Este analista está convencido que os talibãs não vão conseguir reunir forças para reagir se a coligação manter a actual dinâmica até 2012, mas frisa que isso não é um dado adquirido.
Moscovo receia que se repita o "cenário soviético", ou seja, que o actual regime em Cabul não resista após a retirada das tropas da coligação ocidental.
"A probabilidade do regresso dos talibãs ao poder é alta, as conversações de paz com os Estados Unidos são para eles um passo tático, mas, depois da saída das tropas, o regime de Karzai não aguentará", pensa Vladimir Sotnikov, analista do Instituto de Relações Internacionais da Academia das Ciências da Rússia.
"A chegada ao poder dos talibãs é perigosa porque pode desestabilizar a situação na Ásia Central e no Cáucaso do Norte russo", sublinha.
Daí a importância que a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, que reúne a Rússia, Bielorrússia, Arménia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, concede ao reforço do seu papel nessas regiões. Nessa organização discute-se a possibilidade de aprovar um documento que preveja a intervenção de tropas de um dos membros "em caso de instabilidade".
"Vemos como de forma surpreendente a saída dos americanos do Afeganistão coincide com o aparecimento de certos contingentes militares junto das fronteiras russas no Tadjiquistão. Começarão provocações, tentativas de exportar o radicalismo islâmico. Por isso, os Estados Unidos não estão interessados na reconciliação nacional no Afeganistão", estima o historiador e escritor Nikolai Starikov.
"Eles precisam, nessa região, de uma caldeira instável, da qual salte agressão contra os países vizinhos. Mas podem-se enganar", conclui.
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Re: Notícias de Afeganistão
http://www.mail-archive.com/ctrl@listse ... 77168.html
Afghanistan: A Nightmare Battlefield
By Molly Moore and Kamran Khan
Washington Post Foreign Service
Monday, September 17, 2001;
Afghanistan: A Nightmare Battlefield
By Molly Moore and Kamran Khan
Washington Post Foreign Service
Monday, September 17, 2001;
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
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"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
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Re: Notícias de Afeganistão
Taleban usa meios modernos para aumentar influência no Afeganistão.
Toda noite, às 20h, pontualmente, os sinais de telefonia celular desaparecem nesta capital de província. Sob pressão do Taleban, as principais operadoras desligam as suas torres de retransmissão de sinais, o que resulta na interrupção das conexões telefônicas com o resto do mundo.
Atualmente isto vem ocorrendo em algumas áreas de mais da metade das províncias do Afeganistão, e este fato se constitui em um exemplo das novas e mais sutis maneiras encontradas pelo Taleban para se impor, apesar de os generais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estarem afirmando que os insurgentes perderam força e são incapazes de controlar qualquer área. Porém, não existe a certeza de que o Taleban necessite de controlar territórios como fazia no passado a fim de influenciar a população do país. A impressão que se tem, cada vez mais, é que isso não é necessário.
Táticas como a ofensiva na área de telefonia celular têm permitido ao Taleban projetar a sua presença de formas bem mais insidiosas e sofisticadas, com a utilização de instrumentos da modernidade que o grupo no passado desprezava. A interrupção dos serviços de telefonia celular se constitui em um lembrete para centenas de milhares, ou mesmo milhões, de afegãos de que o Taleban ainda mantém um controle substancial sobre o futuro deles.
Isso representa apenas uma parte da ampla mudança de estratégia por parte do Taleban, que antigamente se concentrava em intimidações, assassinatos cuidadosamente planejados e ataques limitados mas espetaculares. Embora frequentemente evitem combates de grande escala contra as forças da Otan, o Taleban e os seus aliados da rede Haqqani têm efetivamente sabotado as negociações de paz com o governo afegão do presidente Hamid Karzai e procurado criar as condições para um retorno gradual ao poder, à medida que as forças lideradas pelos Estados Unidos começam a reduzir as suas operações militares no país.
Ataques como aquele desfechado com foguetes contra a Embaixada dos Estados Unidos em Cabul em 13 de setembro último, pelo qual os Estados Unidos responsabilizaram a rede Haqqani, deslocaram efetivamente a luta para as cidades, onde é mais difícil para a Otan responder com poder aéreo devido ao grande risco de atingir civis. Tais estratégias têm também permitido ao Taleban apossar-se do espectro de frequências de comunicação por horas a fio, especialmente nas áreas urbanas saturadas por esse tipo de mídia, e alimentar uma sensação de crise.
Da mesma forma, o assassinato em 20 de setembro, em Cabul, de Burhanuddin Rabbani, o diretor do conselho de paz do Afeganistão, dominou as manchetes da imprensa e reabriu fissuras perigosas entre o norte do país, que fala a língua dari, e o sul, onde a etnia predominante é a pashtun, com um único golpe bem calculado. Ao que parece, esse novo Taleban não pretende matar uma grande quantidade de pessoas, mas sim alguns indivíduos selecionados que se encontram em locais e posições de poder específicos.
O assassinato de Rabani não só demonstrou a rejeição do processo de paz pelos insurgentes, mas fez também com que a população se lembrasse da capacidade que o Taleban possui para modelar o próximo capítulo da história do país neste momento em que os norte-americanos preparam-se para ir embora. De forma similar, o Taleban tem procurado reformular a sua imagem neste ano como forma de se posicionar como o protagonista de um papel proeminente no futuro do Afeganistão. Essa é uma estratégia dupla.
Entrevistas feitas com dezenas de afegãos indicam que em todo o país o Taleban conjugou campanhas terroristas formuladas para as condições locais a uma nova flexibilidade quanto a questões como educação e desenvolvimento empresarial.
Essa combinação foi criada para capitalizar a incerteza que corrói os afegãos quanto à iminente retirada dos Estados Unidos, e para tirar o maior proveito dos recursos limitados dos quais dispõe a insurgência. O objetivo é minar o governo afegão ao fazer com que o povo passe a duvidar da capacidade das autoridades de protegê-lo, e ao mesmo tempo projetar a imagem de um grupo que está mais aberto para o mundo do que quando o Taleban governava o país na década de noventa.
Por ora, especialmente nas áreas do país de etnia pashtun, o Taleban, que também é composto de pashtuns, parece estar atingindo a sua meta de criar condições para conquistar o poder no futuro.
“A moral da população civil, no mês de julho, em Kandahar, em Oruzgan, em Helmand e em Cabul encontrava-se no nível mais baixo já presenciado”, adverte Ahmad Nader Nadery, vice-diretor Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos. “As pessoas dizem que a capacidade do governo afegão de implementar e aperfeiçoar as estruturas de segurança já existentes é mínima, e elas chamam atenção para o fato de que o governo se encontra em meio a uma crise maior. Além disso, elas percebem que a retirada da comunidade internacional já teve início”.
Não há dúvida de que enquanto as tropas da Otan permanecerem no Afeganistão o Taleban não poderá impor as suas ideias – mas com a transição em andamento, todo mundo sabe que as forças ocidentais estão de partida. Assim, embora a Otan insista em afirmar que o Taleban está perdendo terreno físico, os insurgentes podem estar ganhando espaço psicológico.
“A campanha militar da primavera e do verão afegãos de 2011 não se materializaram da forma que eles previam, já que eles se encontram sob uma pressão sem precedentes”, diz o tenente-coronel Jimmie E. Cummings Jr., um porta-voz da sede da Otan. “O Taleban foi impedido de recuperar o Ímpeto que tinha antes do aumento do contingente da Otan”, afirma Cummings.
A Otan enxerga também menos apoio da população civil ao Taleban.
“Nós vimos que, depois que os combatentes deixaram os seus refúgios no inverno, eles retornaram a comunidades que não mais os apoiavam”, diz Cummings. “Eles perderam os seus esconderijos, fábricas de dispositivos explosivos improvisados, estoques de armamentos e liberdade de locomoção”.
“Comandantes da Otan admitem que ataques espetaculares, como aquele contra a Embaixada dos Estados Unidos, representam vitórias no campo das operações de informação”, diz o general John R. Allen, comandante geral das forças da Otan no Afeganistão. Eles resistem a afirmar que tais vitórias significam conquistas maiores, embora reservadamente alguns oficiais militares admitam que a capacidade do Taleban de interromper as comunicações por telefones celulares se constitui em mais uma vitória desse tipo.
Os diplomatas esperam que o fato de o Taleban estar recorrendo a métodos mais psicológicos possa ser um prenúncio das negociações de paz, mas eles também admitem que seria uma estratégia mais inteligente por parte do Taleban preservar a sua força até que o Ocidente retire mais tropas do país.
“Nós ferimos o Taleban, mas eu não sei até que ponto “, disse Ryan C. Crocker, embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão, em uma entrevista em agosto. “Não sei se saberemos dentro de algum tempo até que ponto nós os atingimos”.
“Isso poderia acabar sendo algo positivo”, disse Crocker, mencionando o raciocínio de Karzai. “É assim que Karzai descreveria o Taleban afegão: reconhecendo que a sua forma anterior de governo não conquistou corações e mentes, eles estão alterando a sua estratégia para que possam lidar novamente com a população, e isso na verdade faz com que eles se aproximem mais de um diálogo com o governo”.
Outros acreditam mais que o Taleban esteja se posicionando para tornar-se o poder principal em várias áreas do país, assim que a maior parte das tropas da Otan se retirar. Um observador ocidental antigo das táticas do Taleban diz que “os insurgentes estão entrando em uma fase caracterizada pela estratégia de esperar e construir; eles estão se preparando para 2014”.
Quase todas as forças de combate da Otan deverão se retirar do Afeganistão até o final de 2014, deixando as forças de segurança afegãs no controle. Até agora, os militares afegãos têm demonstrado uma capacidade limitada de lutar por conta própria. Tendo isso em mente, muitos afegãos estão aguardando e deixando uma opção aberta para o Taleban, por acreditarem que o governo poderá não protegê-los assim que a Otan partir.
A província de Wardak, que faz fronteira com Cabul, é um dos locais que dá a impressão de poder ser conquistado no futuro pelo Taleban. Em grande parte da província os telefones celulares ficam sem funcionar 13 horas por dia. O Taleban vê esse corte da telefonia celular como uma linha de defesa, segundo comandos e porta-vozes do grupo. Quando os telefones não funcionam, os informantes não têm como passar para as tropas dos Estados Unidos a localização de integrantes do Taleban para que estes sejam alvos de ataques, e os norte-americanos não podem utilizar dispositivos de escuta telefônica para identificar os locais em que os insurgentes se encontram.
“O nosso principal objetivo é degradar a capacidade do inimigo de rastrear os nossos mujahedeens”, diz Zabiullah Mujahid, o porta-voz do Taleban nas regiões leste e norte do Afeganistão.
Mas um efeito mais amplo é lembrar à população que é o Taleban, e não o governo, que controla o país.
Hajji Mohammad Hazrat Janan, diretor do conselho provincial em Wardak, resume assim a situação: “Nas áreas em que o Taleban tem o controle direto ou indireto, ele exige que as torres de telefonia celular sejam desligadas à noite de 17h às 8h. Portanto, nós sabemos que eles estão aqui. Existem vários motivos para enfrentar essa questão das torres de telefonia celular, mas a população local está desesperançada. Onde essas pessoas deveriam reclamar? E a quem? O governo? Pessoas inocentes são presas e assassinadas pelo governo, e ninguém se preocupa com elas, de forma que neste contexto as torres de telefonia celular se constituem em um problema muito pequeno”.
O Taleban faz com que as torres sejam desligadas por meio de ameaças de bombardear ou incendiar essas instalações. As companhias de telefonia celular têm um gasto entre US$ 200 mil e US$ 250 com a reparação de cada torre, e muitas vezes o Taleban ameaça qualquer funcionário que seja enviado para fazer o conserto.
Em alguns casos, a maior parte dos telefones da província pode ficar sem sinal entre 18h e 6h. Em outros casos, o sinal pode desaparecer durante 20 horas por dia. Em algumas províncias, como Zabul, não existe serviço de telefonia celular fora da capital provincial, Qalat, e esse serviço se limita a cinco horas por dia. Algumas poucas províncias, geralmente as mais estáveis, podem ter apenas um ou dois distritos nos quais os telefones celulares não funcionam à noite, mas o resto dos distritos conta com serviços 24 horas por dia.
A Otan vem auxiliando o projeto de construção de torres de telefonia celular que fazem parte da rede de comunicação afegã, em bases militares nas quais essas instalações estarão protegidas no futuro por forças de segurança afegãs. Mas até o momento o número dessas torres em operação é relativamente pequeno.
“Nos últimos 12 meses nós tivemos alguns incidentes como a destruição de torres de telefonia celulares por bombas”, diz Asadullah Hamidi, porta-voz do governo da província de Kapisa, a nordeste de Cabul, onde, segundo ele, três torres de telefonia foram destruídas nos dois distritos nos quais o Taleban se encontrava ativo. “O governo está tentando resolver esse problema, mas nós ainda enfrentamos muitos obstáculos que não podem ser superados muito rapidamente”.
Um outro benefício para o Taleban advindo da campanha contra as torres de telefonia celular é o fato de isso não colocar em risco a vida de civis, algo que se coaduna com a nova estratégia do grupo de reformular a sua imagem.
Aparentemente, em uma tentativa de parecer mais aberto a novas ideias o mulá Muhammad Omar, o líder do Taleban, prometeu em uma mensagem em agosto, no final do mês muçulmano sagrado do Ramadã, que quando o Taleban retornar ao poder o grupo aceitará os afegãos de todas as etnias, será amigável para com todos os países e se concentrará na tarefa de desenvolver a economia.
“O Afeganistão possui ricas reservas de minério e elevados recursos energéticos potenciais”, disse ele. A seguir, o líder do Taleban acrescentou, com um toque meio utópico: “Nós poderemos fazer investimentos nesses setores em uma situação de paz e estabilidade, e nos livrarmos dos tentáculos da pobreza, do desemprego e da ignorância. Os profissionais e os empresários ficarão encorajados”.
Ele não mencionou as mulheres na sua longa mensagem, que foi traduzida pelo serviço de monitoramento SITE, situado em Maryland, nos Estados Unidos, e que rastreia comunicações de militantes jihadistas.
Mujahid, o porta-voz do Taleban, disse que a educação deveria ser acessível tanto para meninos como para meninas, contanto que ela esteja imbuída de valores muçulmanos, revertendo assim as políticas do Taleban anteriores a 2001, quando as meninas eram impedidas de frequentar escolas e os meninos eram encorajados a estudar apenas o Alcorão.
O novo apoio à educação está longe de ser uniforme. Em várias áreas, o Taleban ainda intimida, e até executa, professores, mas em outros locais o grupo parece estar tentando encontrar um currículo que possa apoiar.
Um ex-líder proeminente do Taleban que mora em Cabul, o mulá Abdul Salam Zaeef, que mantém contato com o grupo, criou, juntamente com vários outros ex-membros do Taleban e outros indivíduos, uma escola na capital para meninos e meninas – em prédios separados – que ensina disciplinas básicas: leitura, matemática, inglês, ciência da computação e religião.
O mulá Zaeef descreve isso como sendo uma “educação islâmica”, com valores muçulmanos e conhecimentos modernos.
“Atualmente o Taleban está mais interessado na educação islâmica; eles estão usando tecnologia”, diz o mulá, em uma referência à opção do grupo pelo uso da Internet, incluindo websites, contas do Twitter e o Facebook.
“Nós desejamos proporcionar um meio de acesso à educação islâmica”, diz ele. “Mas educação moderna, e não 100% islâmica”.
http://codinomeinformante.blogspot.com/
Toda noite, às 20h, pontualmente, os sinais de telefonia celular desaparecem nesta capital de província. Sob pressão do Taleban, as principais operadoras desligam as suas torres de retransmissão de sinais, o que resulta na interrupção das conexões telefônicas com o resto do mundo.
Atualmente isto vem ocorrendo em algumas áreas de mais da metade das províncias do Afeganistão, e este fato se constitui em um exemplo das novas e mais sutis maneiras encontradas pelo Taleban para se impor, apesar de os generais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estarem afirmando que os insurgentes perderam força e são incapazes de controlar qualquer área. Porém, não existe a certeza de que o Taleban necessite de controlar territórios como fazia no passado a fim de influenciar a população do país. A impressão que se tem, cada vez mais, é que isso não é necessário.
Táticas como a ofensiva na área de telefonia celular têm permitido ao Taleban projetar a sua presença de formas bem mais insidiosas e sofisticadas, com a utilização de instrumentos da modernidade que o grupo no passado desprezava. A interrupção dos serviços de telefonia celular se constitui em um lembrete para centenas de milhares, ou mesmo milhões, de afegãos de que o Taleban ainda mantém um controle substancial sobre o futuro deles.
Isso representa apenas uma parte da ampla mudança de estratégia por parte do Taleban, que antigamente se concentrava em intimidações, assassinatos cuidadosamente planejados e ataques limitados mas espetaculares. Embora frequentemente evitem combates de grande escala contra as forças da Otan, o Taleban e os seus aliados da rede Haqqani têm efetivamente sabotado as negociações de paz com o governo afegão do presidente Hamid Karzai e procurado criar as condições para um retorno gradual ao poder, à medida que as forças lideradas pelos Estados Unidos começam a reduzir as suas operações militares no país.
Ataques como aquele desfechado com foguetes contra a Embaixada dos Estados Unidos em Cabul em 13 de setembro último, pelo qual os Estados Unidos responsabilizaram a rede Haqqani, deslocaram efetivamente a luta para as cidades, onde é mais difícil para a Otan responder com poder aéreo devido ao grande risco de atingir civis. Tais estratégias têm também permitido ao Taleban apossar-se do espectro de frequências de comunicação por horas a fio, especialmente nas áreas urbanas saturadas por esse tipo de mídia, e alimentar uma sensação de crise.
Da mesma forma, o assassinato em 20 de setembro, em Cabul, de Burhanuddin Rabbani, o diretor do conselho de paz do Afeganistão, dominou as manchetes da imprensa e reabriu fissuras perigosas entre o norte do país, que fala a língua dari, e o sul, onde a etnia predominante é a pashtun, com um único golpe bem calculado. Ao que parece, esse novo Taleban não pretende matar uma grande quantidade de pessoas, mas sim alguns indivíduos selecionados que se encontram em locais e posições de poder específicos.
O assassinato de Rabani não só demonstrou a rejeição do processo de paz pelos insurgentes, mas fez também com que a população se lembrasse da capacidade que o Taleban possui para modelar o próximo capítulo da história do país neste momento em que os norte-americanos preparam-se para ir embora. De forma similar, o Taleban tem procurado reformular a sua imagem neste ano como forma de se posicionar como o protagonista de um papel proeminente no futuro do Afeganistão. Essa é uma estratégia dupla.
Entrevistas feitas com dezenas de afegãos indicam que em todo o país o Taleban conjugou campanhas terroristas formuladas para as condições locais a uma nova flexibilidade quanto a questões como educação e desenvolvimento empresarial.
Essa combinação foi criada para capitalizar a incerteza que corrói os afegãos quanto à iminente retirada dos Estados Unidos, e para tirar o maior proveito dos recursos limitados dos quais dispõe a insurgência. O objetivo é minar o governo afegão ao fazer com que o povo passe a duvidar da capacidade das autoridades de protegê-lo, e ao mesmo tempo projetar a imagem de um grupo que está mais aberto para o mundo do que quando o Taleban governava o país na década de noventa.
Por ora, especialmente nas áreas do país de etnia pashtun, o Taleban, que também é composto de pashtuns, parece estar atingindo a sua meta de criar condições para conquistar o poder no futuro.
“A moral da população civil, no mês de julho, em Kandahar, em Oruzgan, em Helmand e em Cabul encontrava-se no nível mais baixo já presenciado”, adverte Ahmad Nader Nadery, vice-diretor Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos. “As pessoas dizem que a capacidade do governo afegão de implementar e aperfeiçoar as estruturas de segurança já existentes é mínima, e elas chamam atenção para o fato de que o governo se encontra em meio a uma crise maior. Além disso, elas percebem que a retirada da comunidade internacional já teve início”.
Não há dúvida de que enquanto as tropas da Otan permanecerem no Afeganistão o Taleban não poderá impor as suas ideias – mas com a transição em andamento, todo mundo sabe que as forças ocidentais estão de partida. Assim, embora a Otan insista em afirmar que o Taleban está perdendo terreno físico, os insurgentes podem estar ganhando espaço psicológico.
“A campanha militar da primavera e do verão afegãos de 2011 não se materializaram da forma que eles previam, já que eles se encontram sob uma pressão sem precedentes”, diz o tenente-coronel Jimmie E. Cummings Jr., um porta-voz da sede da Otan. “O Taleban foi impedido de recuperar o Ímpeto que tinha antes do aumento do contingente da Otan”, afirma Cummings.
A Otan enxerga também menos apoio da população civil ao Taleban.
“Nós vimos que, depois que os combatentes deixaram os seus refúgios no inverno, eles retornaram a comunidades que não mais os apoiavam”, diz Cummings. “Eles perderam os seus esconderijos, fábricas de dispositivos explosivos improvisados, estoques de armamentos e liberdade de locomoção”.
“Comandantes da Otan admitem que ataques espetaculares, como aquele contra a Embaixada dos Estados Unidos, representam vitórias no campo das operações de informação”, diz o general John R. Allen, comandante geral das forças da Otan no Afeganistão. Eles resistem a afirmar que tais vitórias significam conquistas maiores, embora reservadamente alguns oficiais militares admitam que a capacidade do Taleban de interromper as comunicações por telefones celulares se constitui em mais uma vitória desse tipo.
Os diplomatas esperam que o fato de o Taleban estar recorrendo a métodos mais psicológicos possa ser um prenúncio das negociações de paz, mas eles também admitem que seria uma estratégia mais inteligente por parte do Taleban preservar a sua força até que o Ocidente retire mais tropas do país.
“Nós ferimos o Taleban, mas eu não sei até que ponto “, disse Ryan C. Crocker, embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão, em uma entrevista em agosto. “Não sei se saberemos dentro de algum tempo até que ponto nós os atingimos”.
“Isso poderia acabar sendo algo positivo”, disse Crocker, mencionando o raciocínio de Karzai. “É assim que Karzai descreveria o Taleban afegão: reconhecendo que a sua forma anterior de governo não conquistou corações e mentes, eles estão alterando a sua estratégia para que possam lidar novamente com a população, e isso na verdade faz com que eles se aproximem mais de um diálogo com o governo”.
Outros acreditam mais que o Taleban esteja se posicionando para tornar-se o poder principal em várias áreas do país, assim que a maior parte das tropas da Otan se retirar. Um observador ocidental antigo das táticas do Taleban diz que “os insurgentes estão entrando em uma fase caracterizada pela estratégia de esperar e construir; eles estão se preparando para 2014”.
Quase todas as forças de combate da Otan deverão se retirar do Afeganistão até o final de 2014, deixando as forças de segurança afegãs no controle. Até agora, os militares afegãos têm demonstrado uma capacidade limitada de lutar por conta própria. Tendo isso em mente, muitos afegãos estão aguardando e deixando uma opção aberta para o Taleban, por acreditarem que o governo poderá não protegê-los assim que a Otan partir.
A província de Wardak, que faz fronteira com Cabul, é um dos locais que dá a impressão de poder ser conquistado no futuro pelo Taleban. Em grande parte da província os telefones celulares ficam sem funcionar 13 horas por dia. O Taleban vê esse corte da telefonia celular como uma linha de defesa, segundo comandos e porta-vozes do grupo. Quando os telefones não funcionam, os informantes não têm como passar para as tropas dos Estados Unidos a localização de integrantes do Taleban para que estes sejam alvos de ataques, e os norte-americanos não podem utilizar dispositivos de escuta telefônica para identificar os locais em que os insurgentes se encontram.
“O nosso principal objetivo é degradar a capacidade do inimigo de rastrear os nossos mujahedeens”, diz Zabiullah Mujahid, o porta-voz do Taleban nas regiões leste e norte do Afeganistão.
Mas um efeito mais amplo é lembrar à população que é o Taleban, e não o governo, que controla o país.
Hajji Mohammad Hazrat Janan, diretor do conselho provincial em Wardak, resume assim a situação: “Nas áreas em que o Taleban tem o controle direto ou indireto, ele exige que as torres de telefonia celular sejam desligadas à noite de 17h às 8h. Portanto, nós sabemos que eles estão aqui. Existem vários motivos para enfrentar essa questão das torres de telefonia celular, mas a população local está desesperançada. Onde essas pessoas deveriam reclamar? E a quem? O governo? Pessoas inocentes são presas e assassinadas pelo governo, e ninguém se preocupa com elas, de forma que neste contexto as torres de telefonia celular se constituem em um problema muito pequeno”.
O Taleban faz com que as torres sejam desligadas por meio de ameaças de bombardear ou incendiar essas instalações. As companhias de telefonia celular têm um gasto entre US$ 200 mil e US$ 250 com a reparação de cada torre, e muitas vezes o Taleban ameaça qualquer funcionário que seja enviado para fazer o conserto.
Em alguns casos, a maior parte dos telefones da província pode ficar sem sinal entre 18h e 6h. Em outros casos, o sinal pode desaparecer durante 20 horas por dia. Em algumas províncias, como Zabul, não existe serviço de telefonia celular fora da capital provincial, Qalat, e esse serviço se limita a cinco horas por dia. Algumas poucas províncias, geralmente as mais estáveis, podem ter apenas um ou dois distritos nos quais os telefones celulares não funcionam à noite, mas o resto dos distritos conta com serviços 24 horas por dia.
A Otan vem auxiliando o projeto de construção de torres de telefonia celular que fazem parte da rede de comunicação afegã, em bases militares nas quais essas instalações estarão protegidas no futuro por forças de segurança afegãs. Mas até o momento o número dessas torres em operação é relativamente pequeno.
“Nos últimos 12 meses nós tivemos alguns incidentes como a destruição de torres de telefonia celulares por bombas”, diz Asadullah Hamidi, porta-voz do governo da província de Kapisa, a nordeste de Cabul, onde, segundo ele, três torres de telefonia foram destruídas nos dois distritos nos quais o Taleban se encontrava ativo. “O governo está tentando resolver esse problema, mas nós ainda enfrentamos muitos obstáculos que não podem ser superados muito rapidamente”.
Um outro benefício para o Taleban advindo da campanha contra as torres de telefonia celular é o fato de isso não colocar em risco a vida de civis, algo que se coaduna com a nova estratégia do grupo de reformular a sua imagem.
Aparentemente, em uma tentativa de parecer mais aberto a novas ideias o mulá Muhammad Omar, o líder do Taleban, prometeu em uma mensagem em agosto, no final do mês muçulmano sagrado do Ramadã, que quando o Taleban retornar ao poder o grupo aceitará os afegãos de todas as etnias, será amigável para com todos os países e se concentrará na tarefa de desenvolver a economia.
“O Afeganistão possui ricas reservas de minério e elevados recursos energéticos potenciais”, disse ele. A seguir, o líder do Taleban acrescentou, com um toque meio utópico: “Nós poderemos fazer investimentos nesses setores em uma situação de paz e estabilidade, e nos livrarmos dos tentáculos da pobreza, do desemprego e da ignorância. Os profissionais e os empresários ficarão encorajados”.
Ele não mencionou as mulheres na sua longa mensagem, que foi traduzida pelo serviço de monitoramento SITE, situado em Maryland, nos Estados Unidos, e que rastreia comunicações de militantes jihadistas.
Mujahid, o porta-voz do Taleban, disse que a educação deveria ser acessível tanto para meninos como para meninas, contanto que ela esteja imbuída de valores muçulmanos, revertendo assim as políticas do Taleban anteriores a 2001, quando as meninas eram impedidas de frequentar escolas e os meninos eram encorajados a estudar apenas o Alcorão.
O novo apoio à educação está longe de ser uniforme. Em várias áreas, o Taleban ainda intimida, e até executa, professores, mas em outros locais o grupo parece estar tentando encontrar um currículo que possa apoiar.
Um ex-líder proeminente do Taleban que mora em Cabul, o mulá Abdul Salam Zaeef, que mantém contato com o grupo, criou, juntamente com vários outros ex-membros do Taleban e outros indivíduos, uma escola na capital para meninos e meninas – em prédios separados – que ensina disciplinas básicas: leitura, matemática, inglês, ciência da computação e religião.
O mulá Zaeef descreve isso como sendo uma “educação islâmica”, com valores muçulmanos e conhecimentos modernos.
“Atualmente o Taleban está mais interessado na educação islâmica; eles estão usando tecnologia”, diz o mulá, em uma referência à opção do grupo pelo uso da Internet, incluindo websites, contas do Twitter e o Facebook.
“Nós desejamos proporcionar um meio de acesso à educação islâmica”, diz ele. “Mas educação moderna, e não 100% islâmica”.
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Re: Notícias de Afeganistão
Tropas americanas no Afeganistão focam esforços contra ações da rede Haqqani.
O primeiro helicóptero pousou na escuridão azul acinzentada antes do amanhecer. Mais de 20 membros de um pelotão de reconhecimento norte-americano e soldados afegãos que os acompanhavam correram através da poeira que se levantava, em direção a uma floresta com cheiro de sálvia e pinho.
Três outros helicópteros chegaram na sequência, e logo cerca de cem soldados estavam no chão deste vale elevado na província de Paktika, próxima à fronteira com o Paquistão. Eles estavam iniciando sua parte na operação para desfazer a rede Haqqani, o grupo insurgente que colabora com o Taleban e a Al Qaeda e se tornou o principal foco dos esforços contraterrorismo dos EUA desde que Osama bin Laden foi morto.
O grupo, com base na fronteira noroeste do Paquistão, envia guerrilheiros para o Afeganistão e já orquestrou uma longa campanha de guerrilha e ataques terroristas contra o governo afegão e seus aliados norte-americanos.
Suas ligações estreitas com o serviço de inteligência paquistanês, e a falta de disposição do Paquistão para tomar uma atitude contra a sede do Haqqani em Miram Shah, uma cidade não muito distante da fronteira afegã, foram condenadas por Washington e aumentaram as tensões entre os dois países que oficialmente eram parceiros no contraterrorismo.
Nesse contexto, o ataque de helicópteros em Charbaran na semana retrasada revelou tanto os falsos começos quanto o último conjunto de metas urgentes que orientam o envolvimento militar norte-americano no Afeganistão.
O Pentágono planeja retirar a maior parte de suas forças do país até 2014. As conversas entre muitos oficiais mudaram muito, passaram de discussões sobre estabelecer uma democracia afegã ou um governo robusto para uma ambição militar realista e pragmática: fazer o que pode ser feito no pouco tempo que resta.
O sentido tático, isso se traduz em tarefas diretas para as unidades que estão na linha de frente da segurança ao longo da fronteira. Enquanto ainda estão no pico em termos de número de soldados, os comandantes norte-americanos estão tentando acabar com o mais forte dos grupos armados antigoverno e colocar mais milhares de policiais e soldados afegãos nas áreas disputadas.
A ambição a longo prazo é que as forças afegãs terão a habilidade e a firmeza de se erguerem diante dos insurgentes quando os norte-americanos saírem.
E ainda assim, mesmo olhando para além de 2014, as unidades dos EUA precisam lutar uma guerra dia a dia.
Um elemento está em tentar evitar mais ataques cuidadosamente planejados como os que estremeceram Cabul, a capital afegã, várias vezes este ano. Os ataques – atingindo alvos importantes, desde o principal hotel da capital até a Embaixada dos EUA – foram com frequência organizados pelos Haqqani, e demonstraram a vulnerabilidade do governo afegão e a resiliência dos insurgentes.
O tenente coronel John V. Meyer, que comanda o Segundo Batalhão do 28º Regimento de Infantaria, que usou duas companhias para cercar o Vale Charbaran e uma terceira para varrer os vilarejos, chamou a operação de “um ataque agressivo para prevenir um ataque espetacular na área de Cabul”. O ataque também tem a intenção, diz ele, de reunir informações de inteligência.
O Vale Charbaran se tornou uma das principais rotas para os guerrilheiros Haqqani entrarem no Afeganistão. Eles normalmente chegam a pé, dizem oficiais norte-americanos, depois de passar a noite em casas seguras e acampamentos, e abrem caminho até Cabul ou outras áreas para onde são enviados para lutar.
Líderes Haqqanis de nível médio também se encontram nos vilarejos do vale, dizem oficiais norte-americanos, inclusive perto de uma escola abandonada e nas ruínas de um centro do governo que os Estados Unidos construíram no início da guerra mas que os guerrilheiros locais destruíram em 2008.
Em 2010, a última unidade convencional entrou no vale. A companhia de infantaria pousou de helicóptero e ficou presa num tiroteio de duas horas ao ir embora.
Quando os soldados norte-americanos e afegãos se espalharam desta vez, sua missão enfrentava uma lei familiar da guerra de guerrilha: quando as forças convencionais chegam em peso, as guerrilhas costumam se dispersar, deixando as armas de lado para ver os soldados passarem.
A operação provavelmente não foi nenhuma surpresa para os guerrilheiros Haqqani no vale, dizem os oficiais norte-americanos, porque durante os dias de preparação alguns dos soldados afegãos provavelmente deixaram escapar a informação de que o ataque estava prestes a acontecer.
À medida que os soldados subiam os morros, carregados com coletes de proteção e mochilas pesadas com água e munição – quase que imediatamente encontraram sinais da presença de guerrilheiros.
Na primeira casa que entraram, não longe da zona de aterrissagem, apenas duas mulheres e várias crianças estavam em casa. Os homens haviam todos saído.
Dentro, os soldados afegãos encontraram uma caixa de munição que serve tanto para metralhadoras PK quanto rifles Dragunov. Eles também encontraram duas bandoleiras e munição calibre 303 para os antigos rifles Lee-Enfield que continuam sendo uma arma comum entre os insurgentes.
O capitão Nicholas C. Sinclair, comandante da companhia, ordenou que os soldados afegãos confiscassem a munição. A mulher jovem protestou alto.
“Muitos soldados norte-americanos já estiveram aqui, e eles sempre deixaram tudo”, disse ela.
Isso muito provavelmente é uma mentira, disseram os norte-americanos. Um policial afegão embrulhou a munição. A companhia saiu da casa.
Mais tarde, a escola agora abandonada, que os Haqqani e guerrilheiros do Taleban obrigaram a fechar, os soldados foram recebidos por um bilhete escrito com giz branco acima da entrada principal.
“O Taleban é bom”, dizia o bilhete, em inglês.
Segundo os soldados, a escola era uma prova de uma derrocada anterior. De acordo com aqueles que implantaram a doutrina de contrainsurgência que passou pelo serviço militar norte-americano há alguns anos, construir escolas deveria ajudar a mudar a posição de vales como este.
Em vez disso, a escola foi fechada pelos mesmos guerrilheiros que ocuparam o centro do governo e espantaram a polícia para longe. Ela está vazia – um projeto de boas intenções que mudou de rumo, e de tempo e recursos perdidos antes que este último batalhão herdasse deveres na província.
Mais sinais dos guerrilheiros apareceram logo. No final do mercado de Charbaran, onde dizem que os guerrilheiros Haqqani e Taleban se reúnem, o 2º tenente Mark P. Adams, oficial de apoio ao fogo, bateu o olho numa pilha de madeira que estava sendo usada para camuflar uma bomba improvisada.
A arma – construída a partir de morteiros de 120 milímetros e 82 milímetros ligados a cerca de 4,5 quilos de explosivos caseiros – era poderosa o suficiente, mas não estava armada. Ela aparentemente havia sido escondida lá, mas com a intenção de ser levada para uma rua frequentada por soldados afegãos e norte-americanos.
O sargento Robert Blanco, especialista em explosivos, colocou uma pequena carga de explosivos contra ela e detonou a bomba no lugar.
Logo os soldados subiram uma montanha, juntando-se ao resto do batalhão, para dormir numa encosta mais alta e relativamente segura.
Na manhã seguinte, quando a vistoria foi retomada, um idoso, Ghul Mohammad, sentou-se com o tenente Tony E. Nicosia, líder do pelotão dos EUA, enquanto os soldados norte-americanos e afegãos vasculhavam as lojas pela segunda vez.
Há uma familiaridade ritual nesse encontro, fruto de uma guerra que já está entrando em sua segunda década.
“Quando vocês vêm aqui, isso é um grande problema para nós”, disse o ancião. “Porque depois que vocês vão embora, o Taleban chega e pergunta de vocês, e eles levam nossos alimentos sem pagar nada.”
Só a conversa não é suficiente para saber se isso é verdade; muitos moradores apoiam os guerrilheiros Haqqani e do Taleban, disseram soldados afegãos e norte-americanos.
Os soldados também disseram que pelo menos alguns dos homens reunidos em torno deles eram guerrilheiros, pelo menos parte do tempo, que deixaram suas armas de lado durante o breve período em que os norte-americanos tiveram uma presença forte no vale.
“Nós entendemos suas preocupações e esperamos trazer alguma segurança para cá”, disse Nicosia educadamente.
Ghul Mohammad assentiu. “Não posso fazer nada quanto a isso”, disse ele. “Quero que Deus traga segurança para cá.”
Os norte-americanos carregaram seu equipamento e começaram a andar em direção aos próximos prédios, do lado oposto do vale.
Durante a operação, guerrilheiros escondidos eram ouvidos ocasionalmente através do rádio que os intérpretes afegãos monitoravam em busca de informações de inteligência. Os guerrilheiros ameaçaram fazer uma emboscada contra a companhia de reconhecimento.
Depois que os soldados norte-americanos e afegãos chegaram à encosta oposta, os guerrilheiros organizaram seu próprio ataque: eles lançaram morteiros desde o lado de fora do cerco.
Os morteiros explodiram bem atrás dos soldados, perto da escola abandonada, não causando nenhum dano, mas deixando claro que Charbaran, que havia ficado praticamente em silêncio enquanto a companhia passou, continua fora das mãos do governo.
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O primeiro helicóptero pousou na escuridão azul acinzentada antes do amanhecer. Mais de 20 membros de um pelotão de reconhecimento norte-americano e soldados afegãos que os acompanhavam correram através da poeira que se levantava, em direção a uma floresta com cheiro de sálvia e pinho.
Três outros helicópteros chegaram na sequência, e logo cerca de cem soldados estavam no chão deste vale elevado na província de Paktika, próxima à fronteira com o Paquistão. Eles estavam iniciando sua parte na operação para desfazer a rede Haqqani, o grupo insurgente que colabora com o Taleban e a Al Qaeda e se tornou o principal foco dos esforços contraterrorismo dos EUA desde que Osama bin Laden foi morto.
O grupo, com base na fronteira noroeste do Paquistão, envia guerrilheiros para o Afeganistão e já orquestrou uma longa campanha de guerrilha e ataques terroristas contra o governo afegão e seus aliados norte-americanos.
Suas ligações estreitas com o serviço de inteligência paquistanês, e a falta de disposição do Paquistão para tomar uma atitude contra a sede do Haqqani em Miram Shah, uma cidade não muito distante da fronteira afegã, foram condenadas por Washington e aumentaram as tensões entre os dois países que oficialmente eram parceiros no contraterrorismo.
Nesse contexto, o ataque de helicópteros em Charbaran na semana retrasada revelou tanto os falsos começos quanto o último conjunto de metas urgentes que orientam o envolvimento militar norte-americano no Afeganistão.
O Pentágono planeja retirar a maior parte de suas forças do país até 2014. As conversas entre muitos oficiais mudaram muito, passaram de discussões sobre estabelecer uma democracia afegã ou um governo robusto para uma ambição militar realista e pragmática: fazer o que pode ser feito no pouco tempo que resta.
O sentido tático, isso se traduz em tarefas diretas para as unidades que estão na linha de frente da segurança ao longo da fronteira. Enquanto ainda estão no pico em termos de número de soldados, os comandantes norte-americanos estão tentando acabar com o mais forte dos grupos armados antigoverno e colocar mais milhares de policiais e soldados afegãos nas áreas disputadas.
A ambição a longo prazo é que as forças afegãs terão a habilidade e a firmeza de se erguerem diante dos insurgentes quando os norte-americanos saírem.
E ainda assim, mesmo olhando para além de 2014, as unidades dos EUA precisam lutar uma guerra dia a dia.
Um elemento está em tentar evitar mais ataques cuidadosamente planejados como os que estremeceram Cabul, a capital afegã, várias vezes este ano. Os ataques – atingindo alvos importantes, desde o principal hotel da capital até a Embaixada dos EUA – foram com frequência organizados pelos Haqqani, e demonstraram a vulnerabilidade do governo afegão e a resiliência dos insurgentes.
O tenente coronel John V. Meyer, que comanda o Segundo Batalhão do 28º Regimento de Infantaria, que usou duas companhias para cercar o Vale Charbaran e uma terceira para varrer os vilarejos, chamou a operação de “um ataque agressivo para prevenir um ataque espetacular na área de Cabul”. O ataque também tem a intenção, diz ele, de reunir informações de inteligência.
O Vale Charbaran se tornou uma das principais rotas para os guerrilheiros Haqqani entrarem no Afeganistão. Eles normalmente chegam a pé, dizem oficiais norte-americanos, depois de passar a noite em casas seguras e acampamentos, e abrem caminho até Cabul ou outras áreas para onde são enviados para lutar.
Líderes Haqqanis de nível médio também se encontram nos vilarejos do vale, dizem oficiais norte-americanos, inclusive perto de uma escola abandonada e nas ruínas de um centro do governo que os Estados Unidos construíram no início da guerra mas que os guerrilheiros locais destruíram em 2008.
Em 2010, a última unidade convencional entrou no vale. A companhia de infantaria pousou de helicóptero e ficou presa num tiroteio de duas horas ao ir embora.
Quando os soldados norte-americanos e afegãos se espalharam desta vez, sua missão enfrentava uma lei familiar da guerra de guerrilha: quando as forças convencionais chegam em peso, as guerrilhas costumam se dispersar, deixando as armas de lado para ver os soldados passarem.
A operação provavelmente não foi nenhuma surpresa para os guerrilheiros Haqqani no vale, dizem os oficiais norte-americanos, porque durante os dias de preparação alguns dos soldados afegãos provavelmente deixaram escapar a informação de que o ataque estava prestes a acontecer.
À medida que os soldados subiam os morros, carregados com coletes de proteção e mochilas pesadas com água e munição – quase que imediatamente encontraram sinais da presença de guerrilheiros.
Na primeira casa que entraram, não longe da zona de aterrissagem, apenas duas mulheres e várias crianças estavam em casa. Os homens haviam todos saído.
Dentro, os soldados afegãos encontraram uma caixa de munição que serve tanto para metralhadoras PK quanto rifles Dragunov. Eles também encontraram duas bandoleiras e munição calibre 303 para os antigos rifles Lee-Enfield que continuam sendo uma arma comum entre os insurgentes.
O capitão Nicholas C. Sinclair, comandante da companhia, ordenou que os soldados afegãos confiscassem a munição. A mulher jovem protestou alto.
“Muitos soldados norte-americanos já estiveram aqui, e eles sempre deixaram tudo”, disse ela.
Isso muito provavelmente é uma mentira, disseram os norte-americanos. Um policial afegão embrulhou a munição. A companhia saiu da casa.
Mais tarde, a escola agora abandonada, que os Haqqani e guerrilheiros do Taleban obrigaram a fechar, os soldados foram recebidos por um bilhete escrito com giz branco acima da entrada principal.
“O Taleban é bom”, dizia o bilhete, em inglês.
Segundo os soldados, a escola era uma prova de uma derrocada anterior. De acordo com aqueles que implantaram a doutrina de contrainsurgência que passou pelo serviço militar norte-americano há alguns anos, construir escolas deveria ajudar a mudar a posição de vales como este.
Em vez disso, a escola foi fechada pelos mesmos guerrilheiros que ocuparam o centro do governo e espantaram a polícia para longe. Ela está vazia – um projeto de boas intenções que mudou de rumo, e de tempo e recursos perdidos antes que este último batalhão herdasse deveres na província.
Mais sinais dos guerrilheiros apareceram logo. No final do mercado de Charbaran, onde dizem que os guerrilheiros Haqqani e Taleban se reúnem, o 2º tenente Mark P. Adams, oficial de apoio ao fogo, bateu o olho numa pilha de madeira que estava sendo usada para camuflar uma bomba improvisada.
A arma – construída a partir de morteiros de 120 milímetros e 82 milímetros ligados a cerca de 4,5 quilos de explosivos caseiros – era poderosa o suficiente, mas não estava armada. Ela aparentemente havia sido escondida lá, mas com a intenção de ser levada para uma rua frequentada por soldados afegãos e norte-americanos.
O sargento Robert Blanco, especialista em explosivos, colocou uma pequena carga de explosivos contra ela e detonou a bomba no lugar.
Logo os soldados subiram uma montanha, juntando-se ao resto do batalhão, para dormir numa encosta mais alta e relativamente segura.
Na manhã seguinte, quando a vistoria foi retomada, um idoso, Ghul Mohammad, sentou-se com o tenente Tony E. Nicosia, líder do pelotão dos EUA, enquanto os soldados norte-americanos e afegãos vasculhavam as lojas pela segunda vez.
Há uma familiaridade ritual nesse encontro, fruto de uma guerra que já está entrando em sua segunda década.
“Quando vocês vêm aqui, isso é um grande problema para nós”, disse o ancião. “Porque depois que vocês vão embora, o Taleban chega e pergunta de vocês, e eles levam nossos alimentos sem pagar nada.”
Só a conversa não é suficiente para saber se isso é verdade; muitos moradores apoiam os guerrilheiros Haqqani e do Taleban, disseram soldados afegãos e norte-americanos.
Os soldados também disseram que pelo menos alguns dos homens reunidos em torno deles eram guerrilheiros, pelo menos parte do tempo, que deixaram suas armas de lado durante o breve período em que os norte-americanos tiveram uma presença forte no vale.
“Nós entendemos suas preocupações e esperamos trazer alguma segurança para cá”, disse Nicosia educadamente.
Ghul Mohammad assentiu. “Não posso fazer nada quanto a isso”, disse ele. “Quero que Deus traga segurança para cá.”
Os norte-americanos carregaram seu equipamento e começaram a andar em direção aos próximos prédios, do lado oposto do vale.
Durante a operação, guerrilheiros escondidos eram ouvidos ocasionalmente através do rádio que os intérpretes afegãos monitoravam em busca de informações de inteligência. Os guerrilheiros ameaçaram fazer uma emboscada contra a companhia de reconhecimento.
Depois que os soldados norte-americanos e afegãos chegaram à encosta oposta, os guerrilheiros organizaram seu próprio ataque: eles lançaram morteiros desde o lado de fora do cerco.
Os morteiros explodiram bem atrás dos soldados, perto da escola abandonada, não causando nenhum dano, mas deixando claro que Charbaran, que havia ficado praticamente em silêncio enquanto a companhia passou, continua fora das mãos do governo.
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Re: Notícias de Afeganistão
Afeganistão assina primeiro acordo estratégico com a Índia e irrita Paquistão.
O presidente afegão volta a se aproximar de Nova Déli para se livrar do domínio de Karachi
Quando um presidente afegão vai até Nova Déli, a visita nunca passa despercebida. Todos ficam à espera das reações do Paquistão, que sempre nutriu a mais profunda desconfiança em relação às amabilidades trocadas entre seu vizinho ocidental (o Afeganistão) e seu vizinho oriental (a Índia).
Na terça-feira (4), o exercício assumiu um viés um tanto excepcional em Nova Déli. O presidente afegão, Hamid Karzai, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, fecharam um acordo de “parceria estratégica”, o primeiro do gênero que Cabul assinou com um outro Estado. A cooperação anunciada incluirá os recursos minerais afegãos: um grande potencial. Ela envolverá também o domínio da segurança: questão delicada. Nova Déli treinará oficiais de um exército de Cabul em plena expansão neste momento em que a Otan se retira gradualmente do palco afegão.
Fora o conteúdo do acordo, é sobretudo seu cronograma que chama a atenção. A assinatura do pacto ocorre no auge de uma disputa diplomática entre o Paquistão e o Afeganistão. O assassinato, no dia 20 de setembro, do ex-presidente afegão Burhunaddin Rabbani, encarregado por Karzai de esboçar um diálogo com os insurgentes talebans, foi atribuído por muitos dirigentes afegãos aos serviços secretos paquistaneses.
Antes de ir até Nova Déli, Karzai reiterou sua decepção em relação à falta de cooperação do Paquistão na luta contra a “ameaça terrorista”. Em Washington, também, o “Pakistani bashing” (“crítica virulenta ao Paquistão”) chega a seu auge. A dissimulação de Islamabad em relação aos insurgentes talebans coloca em risco uma saída suave do impasse afegão. Os americanos estão exasperados com isso, e Karzai os acompanha.
Para Islamabad, a consolidação desse eixo “estratégico” Cabul-Nova Déli é lamentável, soa como uma aliança com o intuito de “cercar” o Paquistão. Na realidade, a questão não é nada nova. Desde seu nascimento, em 1947, o Paquistão se confrontou com o Afeganistão sobre a questão de sua fronteira, herdada do ex-império britânico das Índias. Como ela havia amputado o Afeganistão de parte de seus territórios pashtuns, essa “linha Durand” – que recebeu esse nome por causa do oficial inglês que a traçou em 1893 – sempre foi contestada por Cabul. O Paquistão, herdeiro histórico dessa periferia pashtun, a tem como legítima.
Então é há mais de seis décadas que a “linha Durand” contribui para a instabilidade dessa região do sul da Ásia. Ela envenena a relação entre Afeganistão e Paquistão, assim como a Caxemira corrói a relação entre Índia e Paquistão. Como o “inimigo do meu inimigo é meu amigo”, a amizade entre Cabul e Nova Déli sempre prosperou, tendo somente uma interrupção: o regime taleban em Cabul (1996-2001). Este havia justamente sido apoiado pelo Paquistão para romper seu cerco por seus dois vizinhos hostis. O 11 de setembro viria aniquilar esse ganho estratégico de Islamabad.
Jogo de equilíbrio
Desde 2001, tem-se voltado para os fundamentos. O Afeganistão pós-taleban voltou a dar as boas-vindas aos indianos. O tutor americano o encorajou. A ajuda de Nova Déli a Cabul na última década chega a US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,56 bilhões). Os paquistaneses se alarmaram com isso. Para eles, essa crescente influência indiana está longe de ser inocente. Eles dizem que ela acoberta aspirações hostis contra eles, como o suposto apoio indiano aos separatistas do Baluchistão paquistanês a partir de solo afegão.
Assim, o duelo indo-paquistanês está sendo transferido perigosamente para o Afeganistão. Todos querem se estabelecer ali para impedir que o outro o prejudique. Mas o Paquistão tem uma vantagem crucial sobre a Índia. Sua fronteira comum e suas próprias zonas pashtuns lhe permitem ter influência no destino afegão como nenhum outro Estado da região. “Estamos condenados a viver com o Paquistão”, lembra o analista afegão Niamatullah Ibrahimi.
Cabul, portanto, nunca irá muito longe na ofensa aos paquistaneses. Karzai já tem se empenhado em tranquilizá-los após a ação de Nova Déli.
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O presidente afegão volta a se aproximar de Nova Déli para se livrar do domínio de Karachi
Quando um presidente afegão vai até Nova Déli, a visita nunca passa despercebida. Todos ficam à espera das reações do Paquistão, que sempre nutriu a mais profunda desconfiança em relação às amabilidades trocadas entre seu vizinho ocidental (o Afeganistão) e seu vizinho oriental (a Índia).
Na terça-feira (4), o exercício assumiu um viés um tanto excepcional em Nova Déli. O presidente afegão, Hamid Karzai, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, fecharam um acordo de “parceria estratégica”, o primeiro do gênero que Cabul assinou com um outro Estado. A cooperação anunciada incluirá os recursos minerais afegãos: um grande potencial. Ela envolverá também o domínio da segurança: questão delicada. Nova Déli treinará oficiais de um exército de Cabul em plena expansão neste momento em que a Otan se retira gradualmente do palco afegão.
Fora o conteúdo do acordo, é sobretudo seu cronograma que chama a atenção. A assinatura do pacto ocorre no auge de uma disputa diplomática entre o Paquistão e o Afeganistão. O assassinato, no dia 20 de setembro, do ex-presidente afegão Burhunaddin Rabbani, encarregado por Karzai de esboçar um diálogo com os insurgentes talebans, foi atribuído por muitos dirigentes afegãos aos serviços secretos paquistaneses.
Antes de ir até Nova Déli, Karzai reiterou sua decepção em relação à falta de cooperação do Paquistão na luta contra a “ameaça terrorista”. Em Washington, também, o “Pakistani bashing” (“crítica virulenta ao Paquistão”) chega a seu auge. A dissimulação de Islamabad em relação aos insurgentes talebans coloca em risco uma saída suave do impasse afegão. Os americanos estão exasperados com isso, e Karzai os acompanha.
Para Islamabad, a consolidação desse eixo “estratégico” Cabul-Nova Déli é lamentável, soa como uma aliança com o intuito de “cercar” o Paquistão. Na realidade, a questão não é nada nova. Desde seu nascimento, em 1947, o Paquistão se confrontou com o Afeganistão sobre a questão de sua fronteira, herdada do ex-império britânico das Índias. Como ela havia amputado o Afeganistão de parte de seus territórios pashtuns, essa “linha Durand” – que recebeu esse nome por causa do oficial inglês que a traçou em 1893 – sempre foi contestada por Cabul. O Paquistão, herdeiro histórico dessa periferia pashtun, a tem como legítima.
Então é há mais de seis décadas que a “linha Durand” contribui para a instabilidade dessa região do sul da Ásia. Ela envenena a relação entre Afeganistão e Paquistão, assim como a Caxemira corrói a relação entre Índia e Paquistão. Como o “inimigo do meu inimigo é meu amigo”, a amizade entre Cabul e Nova Déli sempre prosperou, tendo somente uma interrupção: o regime taleban em Cabul (1996-2001). Este havia justamente sido apoiado pelo Paquistão para romper seu cerco por seus dois vizinhos hostis. O 11 de setembro viria aniquilar esse ganho estratégico de Islamabad.
Jogo de equilíbrio
Desde 2001, tem-se voltado para os fundamentos. O Afeganistão pós-taleban voltou a dar as boas-vindas aos indianos. O tutor americano o encorajou. A ajuda de Nova Déli a Cabul na última década chega a US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,56 bilhões). Os paquistaneses se alarmaram com isso. Para eles, essa crescente influência indiana está longe de ser inocente. Eles dizem que ela acoberta aspirações hostis contra eles, como o suposto apoio indiano aos separatistas do Baluchistão paquistanês a partir de solo afegão.
Assim, o duelo indo-paquistanês está sendo transferido perigosamente para o Afeganistão. Todos querem se estabelecer ali para impedir que o outro o prejudique. Mas o Paquistão tem uma vantagem crucial sobre a Índia. Sua fronteira comum e suas próprias zonas pashtuns lhe permitem ter influência no destino afegão como nenhum outro Estado da região. “Estamos condenados a viver com o Paquistão”, lembra o analista afegão Niamatullah Ibrahimi.
Cabul, portanto, nunca irá muito longe na ofensa aos paquistaneses. Karzai já tem se empenhado em tranquilizá-los após a ação de Nova Déli.
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Re: Notícias de Afeganistão
Se bem entendi, o Afeganistão é o lugar deste planeta em que sempre tem alguém querendo invadir. Saem os ianques e voltam os russos.
Em 2025/30 será a vez dos chineses.
Saudações
Em 2025/30 será a vez dos chineses.
Saudações
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
Re: Notícias de Afeganistão
Presidente afegão admite que não conseguiu tornar país seguro
bbc.co.uk/portuguese
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse à BBC que seu governo não conseguiu tornar o país seguro, dez anos após a invasão liderada pelos EUA que derrubou o Talebã, completados nesta sexta-feira.
"Nós fomos muito mal em termos de oferecer segurança ao povo afegão e esta é a maior falha de nosso governo e de nossos parceiros internacionais", disse ele.
Em sua primeira entrevista em meses para a imprensa internacional, Karzai disse que parte da responsabilidade pela violência foi causada pela decisão de não combater santuários do Talebã nas áreas tribais do Paquistão.
"A Otan, os EUA e nossos vizinhos paquistaneses deveriam ter se concentrado há muito tempo, por volta de 2002 ou 2003, nos santuários do Talebã", disse ele.
Em meses recentes, o Talebã lançou uma série de ataques em grandes cidades afegãs e contra alvos militares. O ex-presidente Burhanuddin Rabbani foi morto no mês passado.
Karzai responsabilizou o Paquistão pela capacidade de o Talebã realizar tais ataques.
"O Talebã não seria capaz de mover um dedo sem a ajuda do Paquistão", disse ele.
O governo paquistanês nega qualquer tipo de apoio a insurgentes no Afeganistão.
Sucessor
Karzai afirmou que deve deixar o poder em 2014 e disse estar trabalhando para encontrar um sucessor.
"Sinto ser minha responsabilidade trabalhar para que os afegãos confiem no próximo presidente e que ele sirva este país", afirmou.
Karzai disse acreditar que a corrupção no país diminuirá com a retirada das tropas estrangeiras em 2014.
"A realidade deste tema é que uma parte muito, muito grande da corrupção no Afeganistão emana da comunidade internacional", disse.
Apesar de avanços nas áreas de saúde e educação, grupos de defesa dos direitos humanos e organizações humanitárias dizem que ainda existem enormes desafios.
A ONU diz que mais de 10 mil civis foram mortos violentamente apenas nos últimos cinco anos. Mas de 2,5 mil soldados estrangeiros foram mortos, a maioria americanos. O conflito já ultrapassou o do Vietnã como o que mais tempo envolveu os Estados Unidos.
Correspondentes dizem que integrantes de governos ocidentais admitem que partes do país devem permanecer inseguras e marcadas por violência após 2014 e poucos esperam o fim da guerra a menos que se chegue a um acordo com o Talebã.
bbc.co.uk/portuguese
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse à BBC que seu governo não conseguiu tornar o país seguro, dez anos após a invasão liderada pelos EUA que derrubou o Talebã, completados nesta sexta-feira.
"Nós fomos muito mal em termos de oferecer segurança ao povo afegão e esta é a maior falha de nosso governo e de nossos parceiros internacionais", disse ele.
Em sua primeira entrevista em meses para a imprensa internacional, Karzai disse que parte da responsabilidade pela violência foi causada pela decisão de não combater santuários do Talebã nas áreas tribais do Paquistão.
"A Otan, os EUA e nossos vizinhos paquistaneses deveriam ter se concentrado há muito tempo, por volta de 2002 ou 2003, nos santuários do Talebã", disse ele.
Em meses recentes, o Talebã lançou uma série de ataques em grandes cidades afegãs e contra alvos militares. O ex-presidente Burhanuddin Rabbani foi morto no mês passado.
Karzai responsabilizou o Paquistão pela capacidade de o Talebã realizar tais ataques.
"O Talebã não seria capaz de mover um dedo sem a ajuda do Paquistão", disse ele.
O governo paquistanês nega qualquer tipo de apoio a insurgentes no Afeganistão.
Sucessor
Karzai afirmou que deve deixar o poder em 2014 e disse estar trabalhando para encontrar um sucessor.
"Sinto ser minha responsabilidade trabalhar para que os afegãos confiem no próximo presidente e que ele sirva este país", afirmou.
Karzai disse acreditar que a corrupção no país diminuirá com a retirada das tropas estrangeiras em 2014.
"A realidade deste tema é que uma parte muito, muito grande da corrupção no Afeganistão emana da comunidade internacional", disse.
Apesar de avanços nas áreas de saúde e educação, grupos de defesa dos direitos humanos e organizações humanitárias dizem que ainda existem enormes desafios.
A ONU diz que mais de 10 mil civis foram mortos violentamente apenas nos últimos cinco anos. Mas de 2,5 mil soldados estrangeiros foram mortos, a maioria americanos. O conflito já ultrapassou o do Vietnã como o que mais tempo envolveu os Estados Unidos.
Correspondentes dizem que integrantes de governos ocidentais admitem que partes do país devem permanecer inseguras e marcadas por violência após 2014 e poucos esperam o fim da guerra a menos que se chegue a um acordo com o Talebã.
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Re: Notícias de Afeganistão
http://www.strategypage.com/htmw/htmora ... 11006.aspx
6 de outubro de 2011: soldados afegãos e da polícia tem um problema moral maior, e é mais cultural do que qualquer outra coisa. Tradicionalmente, os afegãos lutar em clãs ou grupos tribais. Isso significa que você está indo para a batalha com as pessoas que conheço, ou pelo menos saber a sua família. Faça o que fizer em combate, vai se tornar conhecido por toda a sua família, vizinhos e assim por diante. Em outras palavras, você vai viver com ele para o resto de sua vida. Isso faz maravilhas para a moral e desempenho. Mas tirar todas as conexões, e sua moral e eficácia tomar um grande golpe. Isto é o que acontece quando alguém se junta ao exército afegão ou da polícia.
Em muitas partes do Afeganistão, a polícia e os soldados são recrutados em unidades com pessoas do mesmo clã ou tribo. Consultores ocidentais muitas vezes desencorajam isso, porque toda a familiaridade que torna a corrupção mais fácil. Mas tem sido encontrado que a corrupção está aí, não importa o que você faz.
Mas mesmo quando você tem empresa ou unidades batalhão tamanho do mesmo clã ou tribo, você ainda tem o problema com a forma como os exércitos luta, contra os métodos de guerreiros tribais (e os talibãs) utilizam tradicionalmente. Enquanto os guerreiros tribais aparecem imprudente e negligente, eles realmente colocar muita ênfase sobre como evitar a derrota, e as baixas. Em outras palavras, eles favorecem a emboscada sobre o ataque frontal. Recuando rapidamente e com freqüência é um procedimento padrão. Enquanto o Taliban pregar a virtude de morrer como um guerreiro santo, homens armados do Taliban buscam adiar a morte enquanto eles podem. Não que os afegãos são fracos quando se trata de combater, mas vivem em uma área onde a expectativa de vida média é cerca de metade do que é no Ocidente. Há maneiras muito mais a morrer no Afeganistão, mesmo se você não está no exército, ou algum grupo de milícia ou criminal. Uma pesquisa mostrou que 15 por cento das pessoas que vivem em sociedades tribais morrem mortes violentas, que é cinco vezes a taxa para as pessoas não-tribal culturas.
Com tanto perigo ao seu redor, os afegãos se adaptar, e lutando da mesma maneira que os ocidentais não é atraente. Não ser que tenham todas as ferramentas os ocidentais possuem. Não apenas a armadura do corpo, mas a chamada de suporte on-aéreos e de artilharia e os cuidados médicos de alta qualidade (incluindo os voos medevac prompt de helicóptero.) Os afegãos também quer que o perito e liderança altamente treinados, todo o caminho de sargentos aos generais. Se conseguir isso, eles vão mais de boa vontade "lutar como os soldados estrangeiros." Mas, entretanto, os afegãos tendem a ser menos agressivo e entusiástico durante a luta. Uma exceção é quando as tropas estrangeiras estão envolvidos, nesse momento o afegão se sentir compelido a ser competitivo.
O problema é que os afegãos nunca vai ter todas as coisas use tropas estrangeiras, não por algumas décadas de qualquer maneira. Muitos afegãos são analfabetos, e há uma habilidade técnica não é suficiente na população para fornecer todos os serviços de apoio as tropas ocidentais. Assim, as tropas afegãs aparecer, para as forças ocidentais, como hesitante e não muito entusiástica. A realidade é que os afegãos estão apenas tentando viver mais sob circunstâncias muito mais adversas do que enfrentar as tropas ocidentais.
6 de outubro de 2011: soldados afegãos e da polícia tem um problema moral maior, e é mais cultural do que qualquer outra coisa. Tradicionalmente, os afegãos lutar em clãs ou grupos tribais. Isso significa que você está indo para a batalha com as pessoas que conheço, ou pelo menos saber a sua família. Faça o que fizer em combate, vai se tornar conhecido por toda a sua família, vizinhos e assim por diante. Em outras palavras, você vai viver com ele para o resto de sua vida. Isso faz maravilhas para a moral e desempenho. Mas tirar todas as conexões, e sua moral e eficácia tomar um grande golpe. Isto é o que acontece quando alguém se junta ao exército afegão ou da polícia.
Em muitas partes do Afeganistão, a polícia e os soldados são recrutados em unidades com pessoas do mesmo clã ou tribo. Consultores ocidentais muitas vezes desencorajam isso, porque toda a familiaridade que torna a corrupção mais fácil. Mas tem sido encontrado que a corrupção está aí, não importa o que você faz.
Mas mesmo quando você tem empresa ou unidades batalhão tamanho do mesmo clã ou tribo, você ainda tem o problema com a forma como os exércitos luta, contra os métodos de guerreiros tribais (e os talibãs) utilizam tradicionalmente. Enquanto os guerreiros tribais aparecem imprudente e negligente, eles realmente colocar muita ênfase sobre como evitar a derrota, e as baixas. Em outras palavras, eles favorecem a emboscada sobre o ataque frontal. Recuando rapidamente e com freqüência é um procedimento padrão. Enquanto o Taliban pregar a virtude de morrer como um guerreiro santo, homens armados do Taliban buscam adiar a morte enquanto eles podem. Não que os afegãos são fracos quando se trata de combater, mas vivem em uma área onde a expectativa de vida média é cerca de metade do que é no Ocidente. Há maneiras muito mais a morrer no Afeganistão, mesmo se você não está no exército, ou algum grupo de milícia ou criminal. Uma pesquisa mostrou que 15 por cento das pessoas que vivem em sociedades tribais morrem mortes violentas, que é cinco vezes a taxa para as pessoas não-tribal culturas.
Com tanto perigo ao seu redor, os afegãos se adaptar, e lutando da mesma maneira que os ocidentais não é atraente. Não ser que tenham todas as ferramentas os ocidentais possuem. Não apenas a armadura do corpo, mas a chamada de suporte on-aéreos e de artilharia e os cuidados médicos de alta qualidade (incluindo os voos medevac prompt de helicóptero.) Os afegãos também quer que o perito e liderança altamente treinados, todo o caminho de sargentos aos generais. Se conseguir isso, eles vão mais de boa vontade "lutar como os soldados estrangeiros." Mas, entretanto, os afegãos tendem a ser menos agressivo e entusiástico durante a luta. Uma exceção é quando as tropas estrangeiras estão envolvidos, nesse momento o afegão se sentir compelido a ser competitivo.
O problema é que os afegãos nunca vai ter todas as coisas use tropas estrangeiras, não por algumas décadas de qualquer maneira. Muitos afegãos são analfabetos, e há uma habilidade técnica não é suficiente na população para fornecer todos os serviços de apoio as tropas ocidentais. Assim, as tropas afegãs aparecer, para as forças ocidentais, como hesitante e não muito entusiástica. A realidade é que os afegãos estão apenas tentando viver mais sob circunstâncias muito mais adversas do que enfrentar as tropas ocidentais.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Notícias de Afeganistão
Talibãs se modernizam para retomar poder no Afeganistão
Dez anos após serem expulsos do poder pelos ocidentais, os talibãs se reforçam, se modernizam, principalmente em termos de organização e comunicação, e ganham terreno, a ponto de observadores considerarem que um dia voltarão ao poder. Rapidamente derrubados e dados como destruídos pela coalizão militar liderada pelos Estados Unidos no final de 2001, os talibãs se reagruparam em meio à população e no exterior, principalmente no vizinho Paquistão. Assim, renasceram a partir de 2004, primeiro em seus tradicionais redutos no sul e no leste, para depois ganhar terreno e controlar ou influenciar um terço do país, apesar do aumento regular do contingente da Otan.
Os efetivos do Talibã, que chegam a milhares, registraram uma rápida renovação. “Eu tenho em minha tropa 10% de antigos combatentes (originários do regime Talibã entre 1996 e 2001) e 90% de novos recrutas”, explicou à AFP o mulá Noor-Ul Aziz, que era até o ano passado o “líder fantasma” dos rebeldes na província de Cunduz. “Muitos jovens combatentes se juntaram aos talibãs por causa dos abusos das forças estrangeiras, porque elas mataram muitos civis inocentes”, afirmou este homem, o mais importante do Talibã que desertou para se juntar ao governo.
A maioria dos jovens recrutas é composta por afegãos que passaram suas infâncias em campos de refugiados no Paquistão, para onde suas famílias fugiram da sangrenta guerra civil dos anos de 1990. A maior parte dos líderes talibãs vive neste país, segundo especialistas. Se os jovens combatentes são tão radicais como os mais velhos, seu movimento pelo menos adota uma postura mais aberta em matéria de comunicação.
Enquanto o antigo regime Talibã proibiu a televisão, os novos líderes utilizam a internet para fazer propaganda, postam principalmente vídeos de ataques ou execuções sangrentas para seduzir os jovens e utilizam o twitter para o site “A voz do Jihad”. Mas alguns grupos ainda são tão radicais quanto os mais velhos, enviam cartas de ameaça para desencorajar as mulheres que trabalham, atacam as mulheres na política ou as filhas que frenquentam as escolas.
Contudo, outros escolheram uma postura menos radical, acredita o analista político Ahmed Saeedi. “Eles tendem a ser mais compreensivos. Não criticam os que não usam barba e nem se importam com as roupas”, explica, sem descartar a possibilidade de essa ser uma tática para agradar a população. No plano militar, os ocidentais ressaltam que os rebeldes evitam os combates frontais e privilegiam cada vez mais os atentados suicidas e o assassinato de líderes ligados ao governo. “Eles estão atacando seu próprio povo”, lamenta o porta-voz da Otan (Isaf), o General Carsten Jacobson.
Segundo a ONU, os talibãs são responsáveis por 80% das vítimas civis do conflito, um número contestado pelos insurgentes. O presidente Hamid Karzai pediu em vão que os talibãs negociassem a paz nos últimos anos, mas os rebeldes repetem que não vão dialogar enquanto todos os soldados estrangeiros não deixarem o país.
Com a retirada das tropas de combate da Otan programada para o fim de 2014, muitos observadores acreditam que os talibãs retornarão ao poder. “Se os americanos deixarem o país, os talibãs vão retomar o poder sem dúvida alguma”, diz o analista político afegão Harun Mir. A atitude dos Estados Unidos sobre esta questão continua ambígua. Washington negocia atualmente com Cabul uma “parceria estratégica” que prevê a manutenção de um contingente americano no Afeganistão depois de 2014.
Ocupação do Afeganistão completa 10 anos
A ocupação do Afeganistão por uma força internacional completa dez anos e essa ação, que custou bilhões de dólares, não conseguiu pôr fim à insurgência talibã no país, onde a guerra mata cada vez mais e aumenta o descontentamento com o governo e seus aliados internacionais.
As perspectivas de paz ficaram mais distantes quando Estados Unidos e Otan iniciaram a retirada progressiva de suas tropas, processo que deve terminar no final de 2014, no momento em que os insurgentes islamitas intensificam suas ações de guerrilha e se recusam a negociar.
No dia 7 de outubro de 2001, os Estados Unidos, sob o impacto dos atentados de Nova York e Washington no mês anterior, e seu aliado britânico lançaram uma ofensiva contra o regime dos talibãs e seus convidados da Al-Qaeda.
A rápida queda do regime fundamentalista foi saudada com euforia pela população cansada do controle brutal, que isolou e empobreceu um país já na miséria.
Dez anos depois, apesar da modernização de parte da capital Cabul, a maioria afegã considera que os 140.000 soldados da força da Otan, comandados pelos Estados Unidos, são invasores e não cumpriram suas promessas de paz e prosperidade.
A lua de mel dos primeiros anos entre o presidente Hamid Karzai e seus aliados ocidentais deu lugar a uma coexistência tensa e desconfiada. Harzai denuncia as vítimas civis das operações da Otan, enquanto os ocidentais criticam a corrupção e a incompetência de seu governo.
Para muitos especialistas, a coalizão, e em particular os Estados Unidos, pecaram por excesso de confiança logo nos primeiros anos depois de 2001.
Os talibãs ganharam terreno a partir de 2005, e levaram Cabul e seus aliados a um novo conflito sangrento, depois da insurreição contra os soviéticos nos anos de 1980 e da guerra civil que resultou na tomada do poder pelo Taliban em 1996.
Alguns avanços notáveis são per principalmente em matéria de educação, acesso a saúde e desenvolvimento do comércio nas cidades.
Contudo, Karzai não controla nada mais nada além de Cabul e o país segue totalmente nas mãos de líderes locais ou de insurgentes.
A má administração de bilhões de dólares ocidentais gastos no país (somente os Estados Unidos gastaram 444 bilhões de dólares), e que em parte desapareceram na corrupção, contribuiu com a fragilidade do Estado.
Os atos de violência se intensificaram a partir de 2007 e a cada ano mata mais soldados estrangeiros e civis. Segundo um estudo da universidade americana Brown, desde o dia 7 de outubro de 2001, a guerra deixou 33.877 mortos entre civis, insurgentes, soldados afegãos e estrangeiros.
De acordo com a ONU, a violência ligada ao conflito aumentou 40% nos oito primeiros meses de 2011 em relação ao mesmo período de 2010.
No ocidente, a opinião pública é, em sua maioria, contra a manutenção de soldados em um “atoleiro” custoso e mortal.
Por isso, em julho de 2011 Washington e a Otan iniciaram uma retirada progressiva de suas unidades militares e que deverá terminar no final de 2014, data em que as frágeis forças afegãs deveram garantir sozinhas a segurança do país, um desafio enorme segundo especialistas e diplomatas.
A Otan está treinando milhares de novos recrutas do Exército, além da polícia afegã, para reforçar suas tropas até 2014. Mas estas instituições estão apodrecidas pela falta de motivação, pela corrupção, pelas deserções, pelos abandonos e pela cumplicidade interna que em alguns ataques dos talibãs são perceptíveis e frequentes.
Alguns líderes americanos evocaram a possibilidade de manter bases militares permanentes depois de 2014, em um país estratégico que faz fronteira tanto com o difícil aliado Paquistão quanto com o inimigo Irã.
Os Estados Unidos também convocaram indiretamente o Talibã a negociar a paz com Cabul. Porém, os insurgentes, em posição favorável, não têm interesse em conversar neste momento, afirmam especialistas.
O recente assassinato do ex-presidente tadjique Burhanudin Rabani, encarregado de negociar com os talibãs, que são pashtun, aumentou as tensões étnicas.
“A probabilidade de uma futura guerra civil (depois de 2014) cresceu nos últimos anos”, acredita Shashank Joshi, analista do instituto britânico Royal United Services. E com o assassinato de Rabani “é ainda maior”, afirma o pesquisador.
Fonte: Terra
http://planobrasil.com/2011/10/06/talib ... eganistao/
[]'s.
Dez anos após serem expulsos do poder pelos ocidentais, os talibãs se reforçam, se modernizam, principalmente em termos de organização e comunicação, e ganham terreno, a ponto de observadores considerarem que um dia voltarão ao poder. Rapidamente derrubados e dados como destruídos pela coalizão militar liderada pelos Estados Unidos no final de 2001, os talibãs se reagruparam em meio à população e no exterior, principalmente no vizinho Paquistão. Assim, renasceram a partir de 2004, primeiro em seus tradicionais redutos no sul e no leste, para depois ganhar terreno e controlar ou influenciar um terço do país, apesar do aumento regular do contingente da Otan.
Os efetivos do Talibã, que chegam a milhares, registraram uma rápida renovação. “Eu tenho em minha tropa 10% de antigos combatentes (originários do regime Talibã entre 1996 e 2001) e 90% de novos recrutas”, explicou à AFP o mulá Noor-Ul Aziz, que era até o ano passado o “líder fantasma” dos rebeldes na província de Cunduz. “Muitos jovens combatentes se juntaram aos talibãs por causa dos abusos das forças estrangeiras, porque elas mataram muitos civis inocentes”, afirmou este homem, o mais importante do Talibã que desertou para se juntar ao governo.
A maioria dos jovens recrutas é composta por afegãos que passaram suas infâncias em campos de refugiados no Paquistão, para onde suas famílias fugiram da sangrenta guerra civil dos anos de 1990. A maior parte dos líderes talibãs vive neste país, segundo especialistas. Se os jovens combatentes são tão radicais como os mais velhos, seu movimento pelo menos adota uma postura mais aberta em matéria de comunicação.
Enquanto o antigo regime Talibã proibiu a televisão, os novos líderes utilizam a internet para fazer propaganda, postam principalmente vídeos de ataques ou execuções sangrentas para seduzir os jovens e utilizam o twitter para o site “A voz do Jihad”. Mas alguns grupos ainda são tão radicais quanto os mais velhos, enviam cartas de ameaça para desencorajar as mulheres que trabalham, atacam as mulheres na política ou as filhas que frenquentam as escolas.
Contudo, outros escolheram uma postura menos radical, acredita o analista político Ahmed Saeedi. “Eles tendem a ser mais compreensivos. Não criticam os que não usam barba e nem se importam com as roupas”, explica, sem descartar a possibilidade de essa ser uma tática para agradar a população. No plano militar, os ocidentais ressaltam que os rebeldes evitam os combates frontais e privilegiam cada vez mais os atentados suicidas e o assassinato de líderes ligados ao governo. “Eles estão atacando seu próprio povo”, lamenta o porta-voz da Otan (Isaf), o General Carsten Jacobson.
Segundo a ONU, os talibãs são responsáveis por 80% das vítimas civis do conflito, um número contestado pelos insurgentes. O presidente Hamid Karzai pediu em vão que os talibãs negociassem a paz nos últimos anos, mas os rebeldes repetem que não vão dialogar enquanto todos os soldados estrangeiros não deixarem o país.
Com a retirada das tropas de combate da Otan programada para o fim de 2014, muitos observadores acreditam que os talibãs retornarão ao poder. “Se os americanos deixarem o país, os talibãs vão retomar o poder sem dúvida alguma”, diz o analista político afegão Harun Mir. A atitude dos Estados Unidos sobre esta questão continua ambígua. Washington negocia atualmente com Cabul uma “parceria estratégica” que prevê a manutenção de um contingente americano no Afeganistão depois de 2014.
Ocupação do Afeganistão completa 10 anos
A ocupação do Afeganistão por uma força internacional completa dez anos e essa ação, que custou bilhões de dólares, não conseguiu pôr fim à insurgência talibã no país, onde a guerra mata cada vez mais e aumenta o descontentamento com o governo e seus aliados internacionais.
As perspectivas de paz ficaram mais distantes quando Estados Unidos e Otan iniciaram a retirada progressiva de suas tropas, processo que deve terminar no final de 2014, no momento em que os insurgentes islamitas intensificam suas ações de guerrilha e se recusam a negociar.
No dia 7 de outubro de 2001, os Estados Unidos, sob o impacto dos atentados de Nova York e Washington no mês anterior, e seu aliado britânico lançaram uma ofensiva contra o regime dos talibãs e seus convidados da Al-Qaeda.
A rápida queda do regime fundamentalista foi saudada com euforia pela população cansada do controle brutal, que isolou e empobreceu um país já na miséria.
Dez anos depois, apesar da modernização de parte da capital Cabul, a maioria afegã considera que os 140.000 soldados da força da Otan, comandados pelos Estados Unidos, são invasores e não cumpriram suas promessas de paz e prosperidade.
A lua de mel dos primeiros anos entre o presidente Hamid Karzai e seus aliados ocidentais deu lugar a uma coexistência tensa e desconfiada. Harzai denuncia as vítimas civis das operações da Otan, enquanto os ocidentais criticam a corrupção e a incompetência de seu governo.
Para muitos especialistas, a coalizão, e em particular os Estados Unidos, pecaram por excesso de confiança logo nos primeiros anos depois de 2001.
Os talibãs ganharam terreno a partir de 2005, e levaram Cabul e seus aliados a um novo conflito sangrento, depois da insurreição contra os soviéticos nos anos de 1980 e da guerra civil que resultou na tomada do poder pelo Taliban em 1996.
Alguns avanços notáveis são per principalmente em matéria de educação, acesso a saúde e desenvolvimento do comércio nas cidades.
Contudo, Karzai não controla nada mais nada além de Cabul e o país segue totalmente nas mãos de líderes locais ou de insurgentes.
A má administração de bilhões de dólares ocidentais gastos no país (somente os Estados Unidos gastaram 444 bilhões de dólares), e que em parte desapareceram na corrupção, contribuiu com a fragilidade do Estado.
Os atos de violência se intensificaram a partir de 2007 e a cada ano mata mais soldados estrangeiros e civis. Segundo um estudo da universidade americana Brown, desde o dia 7 de outubro de 2001, a guerra deixou 33.877 mortos entre civis, insurgentes, soldados afegãos e estrangeiros.
De acordo com a ONU, a violência ligada ao conflito aumentou 40% nos oito primeiros meses de 2011 em relação ao mesmo período de 2010.
No ocidente, a opinião pública é, em sua maioria, contra a manutenção de soldados em um “atoleiro” custoso e mortal.
Por isso, em julho de 2011 Washington e a Otan iniciaram uma retirada progressiva de suas unidades militares e que deverá terminar no final de 2014, data em que as frágeis forças afegãs deveram garantir sozinhas a segurança do país, um desafio enorme segundo especialistas e diplomatas.
A Otan está treinando milhares de novos recrutas do Exército, além da polícia afegã, para reforçar suas tropas até 2014. Mas estas instituições estão apodrecidas pela falta de motivação, pela corrupção, pelas deserções, pelos abandonos e pela cumplicidade interna que em alguns ataques dos talibãs são perceptíveis e frequentes.
Alguns líderes americanos evocaram a possibilidade de manter bases militares permanentes depois de 2014, em um país estratégico que faz fronteira tanto com o difícil aliado Paquistão quanto com o inimigo Irã.
Os Estados Unidos também convocaram indiretamente o Talibã a negociar a paz com Cabul. Porém, os insurgentes, em posição favorável, não têm interesse em conversar neste momento, afirmam especialistas.
O recente assassinato do ex-presidente tadjique Burhanudin Rabani, encarregado de negociar com os talibãs, que são pashtun, aumentou as tensões étnicas.
“A probabilidade de uma futura guerra civil (depois de 2014) cresceu nos últimos anos”, acredita Shashank Joshi, analista do instituto britânico Royal United Services. E com o assassinato de Rabani “é ainda maior”, afirma o pesquisador.
Fonte: Terra
http://planobrasil.com/2011/10/06/talib ... eganistao/
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Re: Notícias de Afeganistão
06/10/2011 - 22h04
Afeganistão, a guerra que pôs em perigo e salvou o futuro da Otan
Mario Villar.
Bruxelas, 6 out (EFE).- A intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão foi a mais ambiciosa e exigente de sua história, uma operação que chegou a pôr em xeque sua própria existência, mas que hoje é considerada o modelo para o futuro da Aliança, apesar das enormes dúvidas sobre seu resultado final.
O conflito afegão, dez anos após o início da intervenção liderada pelos Estados Unidos, serviu para testar as capacidades e os limites de uma organização que buscava sua identidade após o fim da Guerra Fria.
O Afeganistão é não só a primeira operação aliada fora da Europa, mas de longe a maior e mais complexa em todos os sentidos.
Para o diretor do centro de estudos Carnegie Europe, Jan Techau, independentemente de seu sucesso ou fracasso, a missão afegã serviu para definir o papel da Otan para o hoje e o amanhã, como já mostra sua atual missão na Líbia.
"Será uma ferramenta para dirigir intervenções, para 'multilateralizar' conflitos, algo indispensável", indica Techau à Agência Efe.
No entanto, isso nem sempre foi assim. Por volta de 2008, muitos temiam que o Afeganistão pudesse representar um fracasso para a Otan, enfraquecida pelas divergências entre alguns de seus membros.
À época, EUA e Reino Unido advertiram abertamente sobre isso, os dois países com mais soldados no organismo e com as áreas mais complexas a seu cargo, danificados pelo que consideravam insuficiente compromisso de outras potências como França e Alemanha.
"Há dois anos, o Afeganistão se via como um fracasso que podia enfraquecer a Otan", lembra Techau.
A Aliança começou seu trabalho no Afeganistão em 2003, encarregando-se da chamada Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf, na sigla em inglês), inicialmente com 5 mil soldados e em uma região específica, que seria expandida de forma paulatina a todo o território afegão.
Após a nova orientação dada nos últimos anos, hoje há no Afeganistão mais de 130 mil soldados de 49 países, a maioria deles americana, mas com um papel muito relevante de outras nações.
Trata-se, certamente, da primeira coalizão militar realmente global, com presença de todos os países-membros da Otan, mas também de países que vão da Nova Zelândia à Mongólia, da Armênia à Coreia do Sul.
O custo em vidas foi enorme, com mais de 2,7 mil militares mortos desde 2001, e persistem as dúvidas sobre se o trabalho de tantos anos atingirá o objetivo de estabilizar Afeganistão.
A Otan começou em julho deste ano a transferir a responsabilidade da segurança às forças afegãs em sete províncias, após uma bem-sucedida ofensiva para acabar com os santuários talibãs no sul e leste do país.
Esse começo da transição é o ponto de partida de um processo que deve culminar no final de 2014 com Cabul controlando todo o território e, consequentemente, permitir a retirada da Otan.
No entanto, os ataques da resistência talibã não param de aumentar, sobretudo contra a população civil, e fizeram com que a violência no país tenha aumentado em relação a anos anteriores.
Até o quartel-general dos aliados, na ultraprotegida "zona verde" de Cabul foi alvo nas últimas semanas dos atentados rebeldes, que veem na retirada progressiva das forças internacionais a oportunidade de recuperar o controle do país diante do temor de grande parte da população e do risco de guerra civil.
"Os resultados no terreno serão fundamentais. Se conseguirmos manter o êxito no campo de batalha (...), convenceremos os afegãos (de que poderão seguir adiante)", explica à Agência Efe um alto comando aliado, sob condição de anonimato.
Segundo esta fonte, a preocupação principal da Otan não são os "ataques espetaculares" dos últimos meses, mas manter o controle sobre todo o território e continuar formando as Forças Armadas e a Polícia do Afeganistão para que possam se encarregar da segurança do país.
Ainda com dúvidas sobre como e quando deixará o país, a Otan acredita que sai reforçada do Afeganistão e com capacidade demonstrada para "se encarregar da operação mais complicada do mundo, manter sua unidade, coesão e força ao longo dos anos", acrescenta.
"Acho que quando esta missão for concluída, a Aliança emergirá mais forte, mais efetiva e mais unida do que nunca", resumia no ano passado o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em discurso.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... -otan.jhtm
Afeganistão, a guerra que pôs em perigo e salvou o futuro da Otan
Mario Villar.
Bruxelas, 6 out (EFE).- A intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão foi a mais ambiciosa e exigente de sua história, uma operação que chegou a pôr em xeque sua própria existência, mas que hoje é considerada o modelo para o futuro da Aliança, apesar das enormes dúvidas sobre seu resultado final.
O conflito afegão, dez anos após o início da intervenção liderada pelos Estados Unidos, serviu para testar as capacidades e os limites de uma organização que buscava sua identidade após o fim da Guerra Fria.
O Afeganistão é não só a primeira operação aliada fora da Europa, mas de longe a maior e mais complexa em todos os sentidos.
Para o diretor do centro de estudos Carnegie Europe, Jan Techau, independentemente de seu sucesso ou fracasso, a missão afegã serviu para definir o papel da Otan para o hoje e o amanhã, como já mostra sua atual missão na Líbia.
"Será uma ferramenta para dirigir intervenções, para 'multilateralizar' conflitos, algo indispensável", indica Techau à Agência Efe.
No entanto, isso nem sempre foi assim. Por volta de 2008, muitos temiam que o Afeganistão pudesse representar um fracasso para a Otan, enfraquecida pelas divergências entre alguns de seus membros.
À época, EUA e Reino Unido advertiram abertamente sobre isso, os dois países com mais soldados no organismo e com as áreas mais complexas a seu cargo, danificados pelo que consideravam insuficiente compromisso de outras potências como França e Alemanha.
"Há dois anos, o Afeganistão se via como um fracasso que podia enfraquecer a Otan", lembra Techau.
A Aliança começou seu trabalho no Afeganistão em 2003, encarregando-se da chamada Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf, na sigla em inglês), inicialmente com 5 mil soldados e em uma região específica, que seria expandida de forma paulatina a todo o território afegão.
Após a nova orientação dada nos últimos anos, hoje há no Afeganistão mais de 130 mil soldados de 49 países, a maioria deles americana, mas com um papel muito relevante de outras nações.
Trata-se, certamente, da primeira coalizão militar realmente global, com presença de todos os países-membros da Otan, mas também de países que vão da Nova Zelândia à Mongólia, da Armênia à Coreia do Sul.
O custo em vidas foi enorme, com mais de 2,7 mil militares mortos desde 2001, e persistem as dúvidas sobre se o trabalho de tantos anos atingirá o objetivo de estabilizar Afeganistão.
A Otan começou em julho deste ano a transferir a responsabilidade da segurança às forças afegãs em sete províncias, após uma bem-sucedida ofensiva para acabar com os santuários talibãs no sul e leste do país.
Esse começo da transição é o ponto de partida de um processo que deve culminar no final de 2014 com Cabul controlando todo o território e, consequentemente, permitir a retirada da Otan.
No entanto, os ataques da resistência talibã não param de aumentar, sobretudo contra a população civil, e fizeram com que a violência no país tenha aumentado em relação a anos anteriores.
Até o quartel-general dos aliados, na ultraprotegida "zona verde" de Cabul foi alvo nas últimas semanas dos atentados rebeldes, que veem na retirada progressiva das forças internacionais a oportunidade de recuperar o controle do país diante do temor de grande parte da população e do risco de guerra civil.
"Os resultados no terreno serão fundamentais. Se conseguirmos manter o êxito no campo de batalha (...), convenceremos os afegãos (de que poderão seguir adiante)", explica à Agência Efe um alto comando aliado, sob condição de anonimato.
Segundo esta fonte, a preocupação principal da Otan não são os "ataques espetaculares" dos últimos meses, mas manter o controle sobre todo o território e continuar formando as Forças Armadas e a Polícia do Afeganistão para que possam se encarregar da segurança do país.
Ainda com dúvidas sobre como e quando deixará o país, a Otan acredita que sai reforçada do Afeganistão e com capacidade demonstrada para "se encarregar da operação mais complicada do mundo, manter sua unidade, coesão e força ao longo dos anos", acrescenta.
"Acho que quando esta missão for concluída, a Aliança emergirá mais forte, mais efetiva e mais unida do que nunca", resumia no ano passado o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em discurso.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... -otan.jhtm
Re: Notícias de Afeganistão
07/10/2011 - 11:51 | Efe | Cabul
Talibãs dizem que presença no Afeganistão trará humilhação aos EUA
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Os talibãs comemoraram nesta sexta-feira (07/10) o sucesso de sua luta durante a última década e disseram que a continuação da presença neste país das forças internacionais só trará "mais humilhação" aos Estados Unidos.
"Uma estadia prolongada das tropas dos Estados Unidos não apresentará nenhum resultado, somente despesas, erros e humilhação", afirmaram em comunicado, citado pela agência local AIP e divulgado na data que marca os 10 anos da invasão do Afeganistão.
O movimento fundamentalista islâmico destacou que graças a sua "alta moral", "a fé em Alá" e "os grandes sacrifícios" se manteve "viva a jihad (guerra santa)" contra as forças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) , que acabou forçando sua retirada.
"A ocupação permanente agora virou marcha de retirada", ressaltaram os insurgentes, que aproveitaram para acusar os Estados Unidos de cometer "todo tipo de crime para conseguir sua expansão imperialista".
Os americanos invadiram o Afeganistão depois que o regime talibã do Mulá Omar se negou a entregar Osama bin Laden após os atentados de 11 de setembro de 2001.
O líder da Al Qaeda morreu em maio em uma operação unilateral das forças especiais americanas no Paquistão e pouco depois, em julho, as tropas da OTAN - cerca de 130 mil homens atualmente - iniciaram sua retirada gradual do Afeganistão.
Este processo, que vem acompanhado da transferência da responsabilidade de segurança às forças afegãs, deve terminar em 2014, se forem respeitados os prazos previstos.
Até agora, o conflito ocasionou, segundo um recente relatório da universidade americana de Brown, entre 34 e 46 mil mortes - uma quantidade que inclui estrangeiros e afegãos, entre eles até 14 mil civis, segundo os cálculos mais pessimistas.
Segundo o portal icasualties.org, nestes dez anos 2.753 soldados internacionais morreram, mais de 60% deles desde 2009, ano a partir do qual o conflito se intensificou.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/n ... 5779.shtml
Talibãs dizem que presença no Afeganistão trará humilhação aos EUA
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Os talibãs comemoraram nesta sexta-feira (07/10) o sucesso de sua luta durante a última década e disseram que a continuação da presença neste país das forças internacionais só trará "mais humilhação" aos Estados Unidos.
"Uma estadia prolongada das tropas dos Estados Unidos não apresentará nenhum resultado, somente despesas, erros e humilhação", afirmaram em comunicado, citado pela agência local AIP e divulgado na data que marca os 10 anos da invasão do Afeganistão.
O movimento fundamentalista islâmico destacou que graças a sua "alta moral", "a fé em Alá" e "os grandes sacrifícios" se manteve "viva a jihad (guerra santa)" contra as forças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) , que acabou forçando sua retirada.
"A ocupação permanente agora virou marcha de retirada", ressaltaram os insurgentes, que aproveitaram para acusar os Estados Unidos de cometer "todo tipo de crime para conseguir sua expansão imperialista".
Os americanos invadiram o Afeganistão depois que o regime talibã do Mulá Omar se negou a entregar Osama bin Laden após os atentados de 11 de setembro de 2001.
O líder da Al Qaeda morreu em maio em uma operação unilateral das forças especiais americanas no Paquistão e pouco depois, em julho, as tropas da OTAN - cerca de 130 mil homens atualmente - iniciaram sua retirada gradual do Afeganistão.
Este processo, que vem acompanhado da transferência da responsabilidade de segurança às forças afegãs, deve terminar em 2014, se forem respeitados os prazos previstos.
Até agora, o conflito ocasionou, segundo um recente relatório da universidade americana de Brown, entre 34 e 46 mil mortes - uma quantidade que inclui estrangeiros e afegãos, entre eles até 14 mil civis, segundo os cálculos mais pessimistas.
Segundo o portal icasualties.org, nestes dez anos 2.753 soldados internacionais morreram, mais de 60% deles desde 2009, ano a partir do qual o conflito se intensificou.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/n ... 5779.shtml