joao fernando escreveu:
Vamos lá
Sei que o Urutu atendia a especificação do CFN, para desenbarque anfibio
Já o Cascavel, é um veiculo da linha do M-8, do tempo da II Guerra
Portanto, especificações diferentes
O que quero chegar é: se o Uruvel era bom, porque o EB não o adotou, junto do proprio Urutu? Afinal, seria adotado apenas uma linha logistica, de um veiculo nacional (produzido em maior quantidade, com preços menores e maior facilidade de manutenção)
Dai falo da "birra" ao Uruvel. Onde ocorreu o erro? O EB não o testou? Mancada apenas do EB, da Engesa ou dos dois?
Ou realmente, era um veiculo ruim?
Porque passei a infancia com os livrinhos ufanistas, onde a Engesa era a ultima bolacha do pacote, com os melhores veiculos do mundo, e lá tinha a versão do Uruvel, assim como do Sucuri, e agora, com a ajuda de vcs, é que entendo, eram prototipos que não foram para a frente. E eu achava que eram de uso do EB, em quantidade
Fernando, muito obrigado por sua gentileza em detalhar as perguntas.
Sim, o Urutu nasceu de um requisito do CFN, e foi desenvolvido com a cooperação de pessoal técnico do mesmo.
Não, o Cascavel não é um veículo da linha do M8, do tempo da 2ª GM.
O Cascavel, foi o veículo resultante de um desenvolvimento do EB de um veículo blindado para substituir o M8 nas suas unidades de reconhecimento.
Este veículo denominado VBB-1, era um 4X4. Foi exaustivamente testado, mas não chegou a ser adotado pelo EB, pois o Estado Maior pretendia que o substituto do M8 fosse um 6X6.
Foi neste estagio que entrou a ENGESA no projeto. Não existia disponível na indústria brasileira um bogie 4X4 traseiro como o utilizado no M8.
O EB tomou conhecimento de que a ENGESA tinha desenvolvido o bumerangue (versão brasileira do “walking beam”, patenteado pela Rockwell em 1918, utilizado nos caminhões Commer, britânicos, desde o começo dos anos 30, no carro blindado holandês DAF Pantserwagen M39, e muitos outros) para adaptação de caminhões QT e o estava introduzindo no Urutu.
Foi decidido pelo EB em modificar o projeto do VBB-1 com a adoção do bumerangue. Este trabalho foi feito nas oficinas do EB em São Paulo com a cooperação de funcionários da ENGESA.
Foram construídos a seguir, pela ENGESA, 8 carros mobiliados com canhão de 37 mm retirados dos CCM M3, montados em uma torre desenvolvida pelo EB.
Estes carros foram conhecidos posteriormente como “Cascavel magro”.
Logo a seguir apareceu a oportunidade a ENGESA de fornecer blindados para o exército Libio. Como um dos requisitos era estes veículos terem canhão de 90 mm (como o AML 90, francês) foi encomendada uma torre Hispano-Suiza H 90 (mobiliada com o canhão DEFA D-921) e o chassi do Cascavel foi alongado e alargado para receber esta torre.
Com o sucesso dos testes na Libia e a encomenda de 200 carros, foi decidido padronizar o chassi. Os 8 carros do EB foram devolvidos a ENGESA e substituídos por 8 chassis do novo projeto, fabricados com anel adaptador para permitir montagem da torre nacional de 37 mm.
Você escreveu: “...O que quero chegar é: se o Uruvel era bom, porque o EB não o adotou, junto do proprio Urutu? Afinal, seria adotado apenas uma linha logistica, de um veiculo nacional (produzido em maior quantidade, com preços menores e maior facilidade de manutenção). ...”.
e:
“... se o Uruvel era bom, porque o EB não o adotou, junto do proprio Urutu? ...”.
Não adotou, porque já tinha adotado para suas unidades de reconhecimento o Cascavel com o canhão de 90 mm (após o lote inicial de 8 Cascaveis mobiliados com o canhão de 37 mm) e o VBTP Urutu.
Só se justificaria a aquisição do Uruvel se o Cascavel não tivesse sido adotado.
Eu já escrevi, mas não custa nada repetir: José Luiz Whitaker Ribeiro (maior acionista da ENGESA) durante o projeto do Urutu sugeriu ao EB o uso deste carro e seus eventuais derivados para mobiliar as unidades de reconhecimento do EB com veículos todos anfíbios.
O EB não aceitou esta proposta, possivelmente porque já tinham decidido adotar o veículo 6X6 derivado do VBB-1.
Você também escreveu: “...Ou realmente, era um veiculo ruim? ...”. Fernando, entram inúmeros fatores na escolha (ou na recusa da escolha) de um produto militar: não haver vantagem em sua adoção, seu preço não ser aceitável, e vai por aí afora.
O Uruvel era tão bom, quanto o eram o Cascavel e Urutu, mas, eu pessoalmente acho que no inicio dos anos 90 estes veículos já estavam absoletos.
Na minha opinião o grande erro da ENGESA foi ter projetado o Osório e não substitutos para o Cascavel e Urutu.
Espero ter respondido tuas perguntas.
Bacchi