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Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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saullo
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Re: Discurso do Amorim

#22891 Mensagem por saullo » Ter Ago 09, 2011 5:50 pm

WalterGaudério escreveu:
Penguin escreveu: Muito bom discurso!

[]s
Esses discursos são sempre muito bons, mas sem dinheiro lastreando-os... são apenas declarações de boas intenções.
Correto, de balanga beiço sem resultado prático o saco nosso e vosso está cheio.

Abraços




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Booz
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Re: NOTÍCIAS

#22892 Mensagem por Booz » Ter Ago 09, 2011 6:04 pm

Parem de ser "homens bule", homens de por café!
Tudo irá mudar, cegos tornarão a andar, mudos voltarão a ver, manetas não mais roubarão com às mãos....!!!!
O fim está próximo, é logo alí no final! [002]




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alcmartin
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Re: NOTÍCIAS

#22893 Mensagem por alcmartin » Qua Ago 10, 2011 9:48 am

Olha a Catanhede aí, gente... :D
10/08/2011 - 07h00
Amorim rebate críticas e defende general do Exército
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ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Em resposta aos seus críticos militares, o novo ministro da Defesa, ex-chanceler Celso Amorim, provoca: "Você não pode fazer das Forças Armadas uma coisa partidária nem para a esquerda, nem para a direita".

Em entrevista no novo gabinete, Amorim, 69, disse que o comandante do Exército, general Enzo Peri parece uma pessoa "não apenas ilibada, mas até um asceta".

Um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), como a Folha revelou na terça-feira, diz que Enzo favoreceu firmas ligadas a militares ao dispensá-las de licitação entre 2003 e 2007.

Folha - Quem convidou o sr. a presidente Dilma ou o ex-presidente Lula?

Celso Amorim - A presidente Dilma, claro. Fui sendo prevenido aos poucos, ela me ligou poucos minutos antes do anúncio, e eu só falei com o presidente Lula no domingo, depois de conversar pessoalmente com ela.

Folha - O sr. tinha mágoa de não ter sido convidado para nada por ela na troca de governo?

Mágoa nenhuma. Sou a favor da renovação e eu não podia querer me perpetuar num cargo ou disputar outro. Já tinha até alugado apartamento em Brasília para o depois. Essa coisa de que não nos damos bem é do imaginário. Ao contrário, nós nos damos excelentemente bem.

Folha - O seu nome foi cogitado para a Defesa quando o ministro Waldir Pires caiu e depois no início do governo Dilma. O sr. tinha a expectativa de assumir a pasta?

Nunca tive essa expectativa, nem era uma aspiração, mas há uma relação óbvia entre as funções dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. Eu já considerava minha carreira de homem público completa, esperava ser professor, colunista, palestrante.

Folha - Aliás, o sr. mantém a crítica que fez na revista "Carta Capital" ao voto favorável do governo Dilma a um relator especial da ONU para apurar abusos contra Direitos Humanos no Irã?

Hoje, eu sou parte do governo e tenho de participar solidariamente das decisões do governo, e essa pasta pertence a outro ministro. Como intelectual independente, o que eu escrevi e disse claramente é que, se fosse eu, não teria tomado aquela atitude.

Folha - Uma das mais fortes críticas que oficiais militares fazem ao sr. é justamente a ligação com o Irã.

Nós nunca ficamos amiguinhos do Irã, e o Irã jamais foi uma prioridade da nossa política externa. O que foi uma prioridade, sim, num determinado momento, foi resolver um problema grave para o mundo que, aliás, continua existindo: o problema do programa nuclear do Irã. Como resguardar de um país ter um programa país e ao mesmo tempo resolver as desconfianças que havia? Tentamos viabilizar uma proposta dos países do Ocidente, a começar dos Estados Unidos, que depois mudaram de posição e acharam que não era mais assim. Mas a verdade é que tivemos estímulo deles. Ou seja: nunca houve uma aventura iraniana, como alguns querem fazer crer. Houve uma atitude independente e transparente nossa.

Folha - O sr. é "esquerdista"?

Esses rótulos, é melhor deixar os outros colocarem. Uns dizem que fui colocado pela presidente Dilma por ser nacionalista, o que agrada aos militares. Outros, que foi porque sou esquerdista, o que não agrada a eles. Mas, no Brasil, nacionalismo não é confundido com esquerdismo?

Folha - A presidente disse que o sr. é patriota. Como o sr. define esse conceito?

Nossa ideologia é a pátria e a Constituição. Fui sempre um profissional do interesse nacional. Uma coisa é você ficar trancado na sua casa, torcendo para o Brasil num jogo de futebol, o que é muito bom e todos nós fazemos isso. Mas outra é você ser um profissional do interesse nacional. Acho que sempre fui e de várias maneiras, em negociações comerciais, políticas, de segurança nacional. Você não descreve com palavras e sim com atitudes.

Folha - A brincadeira automática, depois que a presidente disse que o sr. é patriota é que o Patriota não é nenhum Amorim... Já disseram até que ele volta na prática a ser secretário-geral do Itamaraty.

Isso não tem nenhum sentido. Eu tenho muito o que aprender aqui na minha pasta, nem vou ter tempo para olhar para a dos outros. Eu e o Patriota trabalhamos juntos quinze anos e, desse susto, nem ele nem vocês morrem.

Alan Marques-08-ago.2011/Folhapress

Presidente Dilma cumprimenta seu novo ministro da Defesa, o ex-chanceler Celso Amorim, durante a posse

Folha - O sr. vai trazer diplomatas?

Não estou pensando nisso.

Folha - Vai trocar eventualmente algum comandante militar?

Não é minha intenção nem recebi nenhuma orientação nesse sentido, ao contrário.

Folha - Num dos seus artigos, o sr. também escreveu que não são satisfatórias as relações entre o poder civil e os militares e a responsabilidade por atos cometidos na ditadura. Como pretende avançar nos dois casos?

Não me recordo exatamente das palavras que usei nesse artigo, que era sobre como o Brasil pode ajudar na transição dos países árabes e comento o que ocorreu no Brasil, inclusive sobre as relações de civis e militares. Não é que eu disse que não são satisfatórias, mas que talvez algumas pessoas não vejam como satisfatórias. É uma constatação de um fato, mais do que um juízo de valor. Mas sei que a subordinação das Forças Armadas ao poder civil é clara e que a presidente Dilma exerce esse comando obviamente, e o ministro da Defesa é um instrumento dessa hierarquia.

Folha - Por que o sr. não fez nenhuma referência no seu discurso à Comissão da Verdade negociada entre civis e militares?

Fiz referências a Direitos Humanos, e acho que esse assunto, da Comissão da Verdade, está bem encaminhado. Acabei de chegar, hoje é meu primeiro dia de trabalho, e não tenho todas as respostas, mas tenho grande esperança de que a Comissão da Verdade possa ajudar a resolver essas questões. Vai ter algum reclamo de um lado e de outro? Não sei, mas sei que é uma boa base para aplainar a questão no futuro.

Folha - O sr. defende a responsabilização dos militares por atos cometidos na ditadura, como houve na Argentina, no Uruguai, no Chile?

Nem as situações que geraram os fatos nem as soluções foram idênticas. O mais importante é o restabelecimento da verdade. Acho que esse assunto está bem encaminhado. Se houver bom senso de todos os lados e uma boa articulação política, que cabe ao ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo, do PT], nós chegaremos a uma boa conclusão.

Folha - O general Augusto Heleno...

A quem aprecio, pelo bom trabalho que fez no Haiti e que eu acompanhei, porque nós trabalhamos juntos...

Folha -... disse que o comprometimento ideológico tem repercussão altamente negativa entre os militares. O sr. concorda?

Acho que você não pode fazer das Forças Armadas uma coisa partidária, mas acho que nem para a esquerda, nem para a direita, nem para o centro. Agora, patriotismo é patriotismo. Cada um interpreta a seu modo, e para isso nós temos a presidente da República, que é quem escolhe, quem decide e quem foi eleita pelo provo brasileiro.

Folha - E as reações de setores militares contra a escolha de um novo diplomata, depois da passagem do embaixador José Viegas pela Defesa?

Não fui escolhido por ser um diplomata. Fui ministro por nove anos e meio, no governo Itamar e nos oito anos do presidente Lula, e ministro é um cargo político. Estou assumindo um lugar novo que tem muitos desafios para mim, como teria para qualquer outro. Mas a gente aprende, se trabalhar com afinco e souber ouvir.

Folha - Vou lhe repassar uma pergunta que me foi feita por um oficial: e se fosse um general mandando no Itamaraty, os diplomatas iriam gostar?

Os diplomatas são muito disciplinados, a tradição era que os ministros não fossem da carreira e houve mesmo um que vinha da carreira militar, o general da reserva Juracy Magalhães. Então, o importante é ser patriota, ter humildade para ouvir e capacidade para decidir.

Folha - Se a gente somar tudo o que o sr. disse no seu discurso de posse sobre soldos, equipamentos, investimentos, o sr. vai precisar de muitos bilhões de reais, mas os tempos não são justamente de corte?

Bem, eu não vou resolver isso sozinho. O que eu disse é que vou me empenhar e que percebo uma sensibilidade grande da presidente para a Defesa.

Folha - Ela deu algum sinal de que vai descontingenciar recursos para facilitar sua chegada?

Acho que não seria correto eu falar sobre isso, mas certamente vou falar com os ministros da área econômica. Qual a solução? Quando será a solução? Não sei. Vamos ver. E a questão do investimento na indústria de defesa faz parte da solução, não do problema. Nos EUA, a empresa privada é responsável pelos investimentos em ciência e tecnologia, mas, ora, tudo por encomenda do Pentágono. Isso mostra a importância que a Defesa tem para a indústria, para o desenvolvimento, para os empregos, para a tecnologia de ponta. A aviação brasileira nasceu dessa forma.

Folha - E o outro lado da moeda? Boa parte, ou a maior parte, da responsabilidade da crise norte-americana é justamente pelos gastos na área militar.
Mas ninguém fala que vamos nos envolver em aventuras militares como os EUA se envolveram. Eles estão com duas a três guerras ao mesmo tempo.

*Folha - No domingo, antes mesmo da sua posse, mulheres de militares fizeram manifestação por aumento de soldos. Os comandantes lhe pediram isso na reunião do fim de semana?

Foi mais geral. Vamos esperar um pouquinho.

*Folha - E os caças, vêm ou não vêm?

Os caças terão que vir. Achava isso como ministro das Relações Exteriores e continuo achando agora como ministro da Defesa. Mas o momento exato ainda não dá para dizer.

Folha - Nisso, o sr. e o ministro Jobim combinam? Ambos querem os Rafale franceses?

Havia um problema de preços e toda uma discussão sobre transferência de tecnologia. Naquela época, no governo Lula, parecia que o que tinha mais condições de fazer essa transferência era o francês. Se ainda é, não sei, porque não acompanhei o desenrolar das discussões sobre isso e sobre uma renegociação de preços.

Folha - Naquele momento, o recuo não foi por causa de cortes no Orçamento, mas sim a chateação do presidente Lula porque o Sarkozy tirou o tapete do Brasil na discussão sobre Irã na ONU?

O presidente Lula disse isso para você? Para mim não disse...

Folha - Como fazer com o programa nuclear da Marinha, se não há dinheiro para mais nada?

A última visita interna que fiz como chanceler foi justamente a Aramar, até porque sempre fui um entusiasta do programa nuclear da Marinha. O Brasil tem de ter independência nessa área, ter capacidade de dominar o ciclo completo. Acho que vai ter recursos, sim. A presidente é nacionalista, patriota e sabe da importância de proteger os nossos recursos, principalmente agora com o pré-sal.

Folha - Como o Brasil, com uma dimensão continental, com Amazônia, pré-sal e água, não tem satélite até hoje? É possível falar em soberania?

São projetos que continuarão a ser desenvolvidos, em conjunto com o Ministério de Ciência e Tecnologia. Há sensibilidade para isso. Quanto à soberania, o mais importante é a atitude psicológica. Você tem de acreditar que é soberano. Você pode ter satélite, foguete, o que quiser, mas sem atitude sua soberania não vale nada. Se tiver atitude certa, vai ter o satélite certo, mas você pode ter o satélite certo e não ter a atitude certa.

Folha - E o acordo com os EUA para o uso da base de Alcântara, vai avançar?

Foi paralisado no Congresso Nacional e não se trata de questão ideológica. Não tem muito cabimento brasileiros não terem acesso a certos lugares dentro do território nacional. É uma questão de soberania inegociável.

Folha - O ministro Jobim e o sr. estabeleceram uma linha de distanciamento dos EUA, mas o chanceler Patriota faz uma linha de aproximação. Onde o sr. se encaixa agora?

Você faz uma pergunta com várias premissas que comportam discussão. O ministro Jobim até patrocinou, junto conosco, um acordo militar com os EUA... Não percebi nenhum distanciamento enquanto fui ministro. Acho que o ministro Patriota faz jus ao nome, e o ministro Jobim também agiu patrioticamente. O que nós temos que ver é o interesse brasileiro. Às vezes, será interessante fazer acordo com os EUA e, em outras, com outros países. Temos de ter a cabeça aberta. É preciso acabar com essa mania de que o que é a favor do Brasil é contra os EUA.

Folha - Por que o sr. defende a saída do Haiti?

Defendo uma saída gradual do Haiti, pois cumprimos bem nossa missão lá, quero dizer, as Forças Armadas cumpriram. Dizem que democracia é quando um presidente eleito passa o governo para um outro presidente eleito, e foi isso o que ocorreu lá. Então, é hora de discutir uma saída organizada, inclusive com as Nações Unidas, claro. Não sei se em agosto, dezembro, janeiro, não é o que importa. O que importa é como. Uma possibilidade é sair, mas deixando um batalhão de engenharia do Exército lá, por exemplo.

Folha - Por que o sr. citou especificamente a África no seu discurso?

Cabo Branco é o ponto mais oriental do Brasil. Fica mais perto de Dacar e Cabo Verde do que de Porto Velho ou Rio Branco, provavelmente. Então, são nossos vizinhos. As águas territoriais brasileiras e da África ficam muito perto umas das outras, quase se tocam. Então, são vizinhos de Além-Mar, como diziam os militares, e isso exige cooperação.Trabalhamos juntos na área militar com Angola, Guiné Bissau, Namíbia. Mas nossa prioridade era e é a Unasul, para assegurar a paz que gera desenvolvimento.

Folha - Segundo reportagem da Folha*, o comandante do Exército, Enzo Péri, é investigado pelo TCU pois, quando diretor do Departamento de Engenharia e Construção da Força, assinou 27 contratos sem licitação com um instituto que subcontratava empresas ligadas a militares. Que providências o sr. vai tomar?

Bom, o próprio general me disse que já há investigações militares e tomadas de conta iniciadas por ele próprio em relação a possíveis.... Não sei nem que termo usar, vamos falar possíveis irregularidades.

Folha - O comandante vai investigar ele próprio?

Essas coisas são muito difíceis de a gente falar, mas é preciso separar o joio do trigo. A minha forte impressão é de que estamos com o trigo. Estou há muito pouco tempo aqui, mal cheguei, mas tenho 50 anos de serviço público e conheço as pessoas pelo olho. Às vezes a gente erra, mas quase sempre. O general Enzo me dá a impressão de uma pessoa não apenas ilibada, mas até de um asceta. Minha impressão é totalmente positiva. O que tiver de ser investigado será investigado, mas é preciso ver isso tudo direito, sem precipitação.

*Folha - Como o sr. pretende contribuir para a faxina ética que a presidente determinou em outras áreas?

Moralidade é importante em qualquer governo. As denúncias aparecem e são comprovadas? Têm de ter consequência. A presidente Dilma, me parece, vai aprofundar a inclusão social, o desenvolvimento e a moralidade pública.

*Folha - Como foi seu encontro de hoje [ontem] de manhã com o antecessor Jobim?

Fui ao apartamento dele, porque ele está doente, com o rosto inchado, mas tivemos uma boa conversa sobre os projetos que estão em andamento.

Folha - Se houver resistências públicas de oficiais, como já houve nos bastidores, como o sr. pretende agir?

Não fique me colocando alçapões inexistentes...
Folha - Qual sua ambição no Ministério da Defesa? Quando o sr. sair, o que pretende deixar para dizer que a missão foi cumprida?

Ter deixado o Brasil mais capacitado a se defender, ter uma atitude ainda mais altiva, sem abaixar a cabeça.

Folha - O deputado José Genoino vai continuar na Defesa?

Vai. Se quiser, pode botar um ponto de exclamação
http://www1.folha.uol.com.br/poder/9571 ... cito.shtml




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DELTA22
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Re: NOTÍCIAS

#22894 Mensagem por DELTA22 » Qua Ago 10, 2011 11:12 am

CA moeu a Cantanhede com areia e vidro! :twisted: :twisted: :twisted:

Acabou a brincadeira, Dona 'Castanhede'! :twisted:

Recomendo a todos a leitura atenta da entrevista acima. :wink: :wink:

[]'s a todos.




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Pepê Rezende
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Amorim em O GLOBO

#22895 Mensagem por Pepê Rezende » Qua Ago 10, 2011 11:41 am

ENTREVISTA - CELSO AMORIM

'Bobagem pensar que país ficou amiguinho do Irã'

O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirma que Brasil deu prioridade a solucionar questão
nuclear iraniana

Convidado pela presidente Dilma Rousseff a assumir a pasta da Defesa, o embaixador Celso
Amorim, ex-chanceler no governo Lula, só disse sim após consultar a mulher, Ana. Amorim fez uma
defesa da abertura dos documentos secretos e disse que não pode haver sigilo quando se trata de
violações aos direitos humanos. Em seu primeiro dia de despacho ontem como ministro, se autodefiniu
como nacionalista, comentou o fato de ser filiado ao PT e afirmou que o projeto para a compra dos caças
para a Aeronáutica não está congelado.

Eliane Oliveira
Evandro Éboli

Até agora, que necessidades cada Força apresentou?
Celso Amorim: São projetos específicos. A Marinha tem, sobretudo, o programa do submarino
nuclear. A Força Aérea tem a questão dos caças, que tem de ser resolvida. O Exército tem os blindados.
Há, também, grande preocupação com a manutenção. A tendência da área econômica é cortar custeio.
Só que Forças Armadas, em grande parte, são custeio também. Temos de ter fardas para os militares,
comida da cantina para os recrutas, e os pilotos têm que ter horas de voo, para poderem continuar a
pilotar.

Qual a sua opinião sobre a presença do Brasil no Haiti, desde 2004?
Amorim: Disse aos comandantes a minha visão e pretendo conversar com o ministro Patriota
(Antonio Patriota, Relações Exteriores). A decisão é política, mas defendo uma estratégia de transição. O
Brasil não pode se eternizar, mas também não pode sair de forma que prejudique os resultados obtidos.

A aproximação do governo Lula com o Irã, quando o senhor era chanceler, foi criticada
por alguns setores. Isso pode incomodá-lo como ministro?

Amorim: É uma bobagem pensar que o Brasil ficou amiguinho do Irã. O Brasil não deu
prioridade ao Irã. Deu prioridade, sim, em parte até motivado por pedidos, para resolver um problema
que é muito grave no mundo, que era o programa nuclear iraniano. Achamos que podíamos ajudar, mas
só tivemos um defeito, uma falha: nós conseguimos. Não temos acordo de parceria estratégica com Irã.
Defendemos o direito de todos os países terem energia nuclear para fins pacíficos, e isso é um direito
assegurado pelo Tratado de Não Proliferação, do qual o Brasil é membro, e o Irã também.

Quem estava certo, o Brasil ou os membros permanentes do Conselho de Segurança?
Amorim: Não inventamos o acordo. Apenas, junto com a Turquia, procuramos viabilizar algo já
proposto. Antes de irmos a Teerã, o presidente dos EUA, Barack Obama, enviou-nos uma carta dizendo
que o acordo estava de pé. Mas isso é página virada. Minha posição é a mesma. Na época, o Irã deveria
ter 1.800 quilos de urânio enriquecido. Hoje, está como mais de 3 mil. Se o acordo fosse mantido, 1.200
quilos teriam sido retirados de lá.

Este ano, o senhor escreveu um artigo criticando o voto do governo Dilma sobre a decisão
da ONU de enviar um relator de direitos humanos para o Irã. O que mudou agora?

Amorim: Não estava no governo. Agora que voltei, sou solidário às posições do governo. Mas,
se pedirem minha opinião, a darei.

Como o senhor dará sequência à discussão sobre a Comissão da Verdade?
Amorim: A proposta que existe (no Congresso) resolveria muita coisa.

Os militares resistem, sob o argumento de que só se ouve o pessoal da esquerda.
Amorim: A Comissão da Verdade é a verdade. Verdade não tem dois lados. Verdade é verdade.
Sejam dois, três, quatro lados, quantos lados forem.

Qual a sua opinião sobre o fim do sigilo eterno dos documentos secretos?
Amorim: No que diz respeito aos direitos humanos, não pode ter sigilo. Mesmo sob sigilo, a
Comissão da Verdade vai ter acesso (aos documentos), se não não chega à verdade. As operações que
ocorreram nos anos 60, 70 ou 80 ficaram para trás.

Os militares de hoje não são mais como os de ontem?
Amorim: Não. E mesmo naquela época, vivíamos um processo de abertura. Mas abertura tem
altos e baixos. O filme "Prá frente, Brasil" ficou pronto pouco depois do episódio do Riocentro (um
atentado de militares durante um show no Rio). O sistema estava nervoso. Nove meses depois que eu
saí (por ter liberado o filme, que fala de um cidadão torturado na ditadura), o filme foi liberado, sem
cortes, no governo Figueiredo.

O senhor é filiado ao PT...
Amorim: Uma coisa é ter suas convicções políticas. Agora, partidarizar a pasta e as atividades é
muito diferente. Não vou fazer isso aqui como não fiz no Itamaraty. Por exemplo, na eleição de Lula, não
perguntei aos meus colaboradores em quem votaram. Escolhi por competência. As pessoas dizem: "ah,
fulano é de esquerda!" Ser nacionalista é ser de esquerda?!

Quais são os seus principais desafios?
Amorim: De imediato, manter os recrutas alimentados e equipados. Isso é absolutamente
necessário para que as Forças tenham credibilidade. E há projetos de longa duração e que precisam de
recursos estáveis.

O processo da aquisição dos caças foi congelado?
Amorim: Não. Estamos em agosto e, embora as despesas que os caças venham implicar não
ocorram imediatamente, pois ainda leva muito tempo para acertar todos os detalhes do contrato, o
assunto continua em pauta. Vou reler o parecer que foi entregue, vou ver direitinho. Tem relatórios,
considerações de preço, recomendações.




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Re: Discurso do Amorim

#22896 Mensagem por Viktor Reznov » Qua Ago 10, 2011 5:02 pm

WalterGaudério escreveu:
Penguin escreveu: Muito bom discurso!

[]s
Esses discursos são sempre muito bons, mas sem dinheiro lastreando-os... são apenas declarações de boas intenções.
E como a história do Brasil bem mostra, "declarações de boas intenções" não passam de lorota e enrolação.




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Re: NOTÍCIAS

#22897 Mensagem por GustavoB » Qua Ago 10, 2011 5:35 pm

E como a história do Brasil bem mostra, "declarações de boas intenções" não passam de lorota e enrolação.

Haveria regozijo se dissessem o contrário do que desejamos? Porque se não, não há mais opções. Não entendo o que esperam. Pra mim promessa é dívida. Se cobrássemos as promessas dos políticos ao invés de ficar choramingando pelos cantos com certeza teríamos uma sociedade melhor.




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Re: NOTÍCIAS

#22898 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Ago 10, 2011 6:43 pm

Cara, as respostas foram excelentes e como disse o amigo, moeu a Castanhadecaju.
Ser nacionalista é ser de esquerda?
Essa pergunta tem muito mais significado do que aparenta.
Defendemos o direito de todos os países terem energia nuclear para fins pacíficos, e isso é um direito
assegurado pelo Tratado de Não Proliferação, do qual o Brasil é membro, e o Irã também.
Isso ninguém trombeteou na mídia.
Muitos aqui falaram à época que, na verdade, estávamos defendendo nossos direitos nucleares.

Tratado é tratado, não se rasga ao sabor das conveniências.
Não tem muito cabimento brasileiros não terem acesso a certos lugares dentro do território nacional. É uma questão de soberania inegociável.
É preciso acabar com essa mania de que o que é a favor do Brasil é contra os EUA.
Não fique me colocando alçapões inexistentes...
E essa foi ótima. :D :lol:

Em homenagem ao novo MinDef:

TOMA!
TOMA!
TOOOOOOOMÁÁÁÁÁÁÁÁÁ´!!!!!!!

:lol:




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Re: NOTÍCIAS

#22899 Mensagem por Carlos Lima » Qua Ago 10, 2011 7:45 pm

:shock: Nossa... ele falou isso?

Gostei :) [100] [009]

Vamos ver agora a prática... [029]

[]s
CB_Lima




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Re: NOTÍCIAS

#22900 Mensagem por nveras » Qua Ago 10, 2011 8:55 pm

jp escreveu:Parem de ser "homens bule", homens de por café!
Tudo irá mudar, cegos tornarão a andar, mudos voltarão a ver, manetas não mais roubarão com às mãos....!!!!
O fim está próximo, é logo alí no final! [002]
Só acredito se o DEDETA não mais roubar. :mrgreen:




Não é nada meu. Não é nada meu. Excelência eu não tenho nada, isso é tudo de amigos meus.
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Re: NOTÍCIAS

#22901 Mensagem por Booz » Qui Ago 11, 2011 5:28 am

nveras escreveu:
jp escreveu:Parem de ser "homens bule", homens de por café!
Tudo irá mudar, cegos tornarão a andar, mudos voltarão a ver, manetas não mais roubarão com às mãos....!!!!
O fim está próximo, é logo alí no final! [002]
Só acredito se o DEDETA não mais roubar. :mrgreen:

Disse para ter fé... Mas excesso de milagres aí é demais! :mrgreen:




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Re: NOTÍCIAS

#22902 Mensagem por jumentodonordeste » Qui Ago 11, 2011 6:49 am

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Re: NOTÍCIAS

#22903 Mensagem por papagaio » Qui Ago 11, 2011 12:55 pm

Segurança Nacional
A Defesa nas mãos da Odebrecht e Embraer
Empresas querem consolidar setor que definha por falta de recursos
Ana Clara Costa

Embraer lidera, junto com a Odebrecht, processo de consolidação do setor de defesa (Germano Luders/Exame)

A defesa brasileira é uma indústria de promessas. Em 2008, o ex-presidente Lula decidiu impulsionar o moribundo setor com a divulgação da Estratégia Nacional de Defesa (END) – um plano de intenções para aperfeiçoamento da área nas esferas militares e civis. De lá para cá, muita expectativa tem sido criada em torno de seu desenvolvimento, mas pouco saiu do papel. Diante de um corte de orçamento que remonta a 4 bilhões de reais neste ano e uma turbulência política que derrubou seu ministro, Nelson Jobim, o Ministério da Defesa vem tentando sair da inércia. Os submarinos Scopérne, que começaram a ser construídos em julho, estão entre os poucos projetos em andamento. Ainda assim, a consultoria KPMG estima que o segmento deverá receber 150 bilhões de reais em investimentos até 2030. Em meio a este cenário incerto, duas empresas brasileiras, a Odebrecht e a Embraer, prometem trazer um pouco de movimentação a esse segmento, liderando um processo de consolidação que visa formar dois gigantes à espera de gordos contratos junto ao governo.
A estimativa de atração de investimentos na indústria de defesa nos próximos vinte anos é significativa em termos absolutos, mas o valor mostra-se baixo quando se levam em conta os enormes desafios de segurança e vigilância de fronteiras de um país continental como o Brasil. Em 2010, o país ficou em 11º no ranking de despesas militares, com gastos de 60 bilhões de reais. Três quartos desse valor, no entanto, foram alocados para cobrir a folha de pagamentos – e menos de 10% foi utilizado para investir. Neste ambiente, Odebrecht e Embraer tiveram a benção do ex-ministro Jobim na criação de braços de defesa entre 2010 e 2011 com o objetivo de consolidar o setor – antes que outras companhias o façam.
Repartir o bolo – A intenção dos dois grupos brasileiros – reconhecidos tanto por sua exuberância econômica quanto por seu bom relacionamento com o Planalto – é compreensível. A indústria defesa do país teve décadas de baixo investimento e amargou o desaparecimento de dezenas de empresas. A conquista da estabilidade econômica em 1994, com o Plano Real, e o forte crescimento do PIB na última década possibilitaram ao Brasil soberania em diversas áreas – com exceção da defesa. As empresas que ainda existem – algumas das quais foram criadas nos últimos anos – possuem alguma relevância tecnológica, mas carecem de recursos para tornaram-se grandes. Segundo Marcelo Gonçalves, diretor da KPMG, as empresas médias do setor titubeiam ante o desafio de investir muito sem terem qualquer garantia de que seu principal cliente, o governo, efetuará as compras. “Elas têm de arcar com um custo de capital muito elevado e carga tributária alta para realizarem investimentos de longo prazo. Em outras palavras, passam muito tempo sem vender, só investindo na criação de um produto. Para sobreviver dentro desse cenário, é preciso ter um caixa muito bom”, afirma Gonçalves.
De olho nesse filão, Odebrecht e Embraer querem aproveitar pechinchas no mercado (pequenas empresas em dificuldades), as promessas do governo, os bons contatos no Ministério da Defesa e a solidez financeira que possuem para dividirem entre si a tarefa de construir de uma indústria forte. “Se o Brasil olhar para o setor de defesa como uma repetição do que foi no passado, continuará com um nível de desenvolvimento aquém da magnitude que o país necessita”, afirma Roberto Simões, diretor da Odebrecht Defesa e Tecnologia – empresa resultante de uma joint-venture com a francesa EADS (controladora da Airbus), ocorrida em 2010. Fontes ouvidas pelo site de VEJA afirmam que foi justamente a decisão da Odebrecht de entrar com força no setor que motivou a Embraer a fazer o mesmo em 2011, com a criação da Embraer Defesa e Segurança.
A divisão de cartas entre os dois gigantes já começou. Em março, a Odebrecht Defesa e Tecnologia adquiriu a Mectron, a única companhia brasileira que possui qualificação avançada na tecnologia de mísseis, localizada em São José dos Campos (SP). Em maio do ano anterior, na mesma cidade, já havia constituído a Copa Gestão em Defesa, em parceira com a Cassidian, da EADS. Já a Embraer comprou em março a divisão de radares da empresa OrbiSat, que atua na Amazônia. Um mês depois, anunciou a aquisição de 50% das ações da integradora de sistemas Atech, também com sede em São José dos Campos. Nos planos de consolidação da Embraer Defesa estão incluídas parcerias com grandes companhias estrangeiras, como a AEI – que pertence ao maior grupo israelense do ramo de defesa, o Elbit.
Tanto a Embraer quanto a Odebrecht afirmaram ao site de VEJA que não devem fechar novos negócios no curto prazo, mas admitem que continuam a buscar oportunidades. “Para que o setor seja forte, é preciso que haja empresas fortes atuando nele. Em qualquer país com uma indústria de defesa relevante, há grandes players”, afirma Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança.
A fonte secou – O fato inegável é que – por mais que o país passe por um momento de urgente ajuste fiscal – o desenvolvimento do setor de defesa depende essencialmente de recursos públicos. Isso ocorre pelo simples fato de que a maior demanda dessa indústria está justamente nas Forças Armadas, que receberam do ex-presidente Lula a promessa de que seus aparatos seriam reformulados; seus caças, substituídos; suas armas, modernizadas; e seu contingente, aumentado. Assim, para que não incorram em perdas inadministráveis, as empresas que se aventuram nesta seara necessitam da garantia de que haverá encomendas por parte do Ministério da Defesa – algo hoje distante de acontecer. Com o aperto orçamentário feito pela presidente Dilma Rousseff, a pasta agora comandada pelo ministro Celso Amorim viu sua fonte secar em 2011, sem perspectivas de melhora. Segundo apurou o site de VEJA, o recado dado aos militares no início do ano foi o seguinte: “Se antes eles estavam acostumados a ver as torneiras se abrirem no final do ano, diga para que não contem com esse dinheiro".
O papel da SAE – Há uma peça-chave no setor que atua não só para promover sua consolidação por meio da Embraer e da Odebrecht, como também para tentar convencer o governo de que os recursos para a defesa (ou parte deles) devem entrar na conta de despesas obrigatórias da União – ficando livre de cortes orçamentários. Trata-se da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), comandada pelo ministro peemedebista Wellington Moreira Franco. O órgão vem tentando, com o apoio dos dois grupos, elaborar uma política industrial que crie um mercado capaz a sustentar financeiramente o ciclo de inovação exigido pela indústria de defesa.
Em um cenário ideal (atualmente inviável), essa indústria ganharia musculatura fornecendo equipamentos às Forças Armadas e manteria um fluxo de produção. De quebra desenvolveria tecnologias que poderiam ser incorporadas à vida cotidiana. “Quase todos os produtos elétricos que usamos hoje, do liquidificador ao celular, existem graças à tecnologia da defesa”, diz Jairo Cândido, diretor do departamento de Defesa e Segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O problema é que, para chegar nesse estágio de desenvolvimento, em que a tecnologia adquire múltiplas utilidades, é preciso investir muito, como coloca o próprio ministro Moreira Franco. “As Forças Armadas não são suficientes para segurar um setor. É preciso financiamento para pesquisa tecnológica e para incorporar inovação. Como tudo isso é muito caro, é preciso haver inúmeras fontes de recursos”, afirma. Assim, além de voltar a “abrir as torneiras”, é preciso desenvolver políticas para estimular e convencer a iniciativa privada de que o investimento no setor compensa. “A questão é mais econômica do que propriamente técnica”, diz o ministro, que faz questão de frisar de que está otimista quanto à intenção do governo de comprar essa briga.
O pleito não é tão simples. Recém-chegado à pasta, o ministro Celson Amorim goza de muito mais prestígio junto à presidente que seu antecessor, Nelson Jobim, e deve continuar incentivando a consolidação desta indústria. Contudo, apesar da proximidade com o Planalto, fontes ouvidas pelo site de VEJA acreditam que a amizade não será suficiente para convencer a presidente a mudar seus planos imediatamente em relação à Defesa e retomar projetos parados, como a licitação dos caças. Para o economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas, a pasta terá poucas chances de sair do fim da fila na hora de repartir o bolo dos recursos públicos. “Não tenho nada contra a defesa da segurança nacional, mas seria preciso a criação de uma nova lei para que os investimentos no setor se transformassem em despesas obrigatórias, protegidas de cortes. Isso é muito difícil de acontecer em um país que não está em guerra”, afirma Velloso.

http://veja.abril.com.br/noticia/econom ... -e-embraer




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Re: NOTÍCIAS

#22904 Mensagem por papagaio » Qui Ago 11, 2011 1:03 pm

Especialista sugere agência reguladora para a Defesa
Salvador Raza, professor da National Defense University, critica o fato de o Ministério da Defesa ser o maior comprador e o regulador da indústria
Ana Clara Costa

Para Salvador Raza, agência traria eficiência e transparência ao setor de defesa

O papel do Ministério da Defesa na execução da Estratégia Nacional de Defesa (END) poderia ser substituído pelo de uma agência reguladora criada especialmente para regular o setor. Segundo Salvador Raza, professor da National Defense University – o centro de formação militar do governo dos Estados Unidos – em Washington, há dois pontos críticos que poderiam ser melhorados se o Palácio do Planalto decidisse fazer essa escolha: a própria consolidação das empresas e o alinhamento entre indústria e governo na condução da END.
Raza avalia que a concentração dessa indústria nas mãos de apenas dois grandes grupos (Odebrecht e Embraer) seria nociva ao país, pois ambos começariam com uma enorme reserva de mercado e a possibilidade de controlar preços. “As empresas já estão se movimentando para pegar os principais contratos da Marinha e da Força Aérea. Esse é um fator complicador, que dificulta o nascimento de novas companhias e restringe o nosso mercado, que já é fraco”, diz o especialista.
Para Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança, o argumento não se justifica devido ao grande número de empresas estrangeiras na indústria de defesa brasileira, o que impediria a formação de um oligopólio. “A Embraer já está no ramo há muitos anos e não há razão para que deixe de estar presente, principalmente quando grandes empresas estrangeiras dessa área chegam ao Brasil e acabam tendo acesso a informações estratégicas”, diz.
Em um cenário hipotético idealizado por Raza, a tal agência reguladora impediria que um só órgão fosse o principal comprador e o regulador do setor, como é o caso do Ministério da Defesa. Além disso, ela poderia controlar a forma como os recursos são empregados. A gestão das verbas militares passaria por um choque de eficiência e transparência. O problema é que, no Brasil, essa agência reguladora dos sonhos não existe e – tomando como exemplo as que estão em atividade – sua criação não está nos planos do governo.

http://veja.abril.com.br/noticia/econom ... a-a-defesa




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Re: NOTÍCIAS

#22905 Mensagem por papagaio » Qui Ago 11, 2011 1:07 pm

Plano Brasil Maior dificilmente aliviará balança deficitária da Defesa
Governo poderá comprar de indústrias nacionais por preços até 25% maiores; ainda assim, os importados ganham em competitividade
Ana Clara Costa

Equipamentos estrangeiros têm qualidade e preço baixo

Na nova política industrial do governo, divulgada na semana passada, consta um medida que deverá beneficiar a indústria nacional de defesa. O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff regulamenta medida provisória baixada no início deste ano que permite ao governo aceitar preços até 25% maiores de fornecedores com fábricas instaladas no país. A nova regra aplica-se aos setores de defesa, saúde, telecomunicações e informática. Isso significa que equipamentos produzidos no Brasil poderão ser comprados pelo governo, via licitação, mesmo que sejam 25% mais caros que os importados.
A medida poderá implicar volume maior de encomendas à indústria nacional de defesa, mas não resolve o problema de sua atual ociosidade, nem de sua balança comercial altamente deficitária. A explicação é que muitos dos produtos consumidos pelas Forças Armadas não são produzidos no país.
Além disso, o acréscimo nos preços que o governo aceitará durante as licitações não anula a carga tributária de 40% aplicada ao setor – que, assim como todos os outros segmentos da economia nacional, tem sua competitividade diminuída pelo próprio peso do estado. Neste aspecto, os fabricantes internacionais continuam em vantagem, já que a legislação atual permite que se importe material de defesa praticamente sem imposto – nem mesmo taxas de seguros e aduaneiras.
Com isso, a nova medida possivelmente não será suficiente para compensar os preços menores praticados por estrangeiros. "O Brasil precisa ser autossuficiente nessa área, pois, quando se depende da transferência de tecnologia de outros países, é grande o risco de sairmos prejudicados", afirma Marcelo Gonçalves, diretor da consultoria KPMG. Reduzir a carga tributária das empresas do setor seria, para Gonçalves, a solução mais eficaz.
Do ponto de vista das contas públicas, uma carga tributária menor – medida sempre bem-vinda no caso do Brasil – também seria uma forma de respeitar o dinheiro do contribuinte. Como os recursos do estado são finitos, e as demandas praticamente não têm fim, é preciso sempre fazer mais com menos. Neste sentido, importar pelo menor preço é a medida mais lógica. Estabelecer uma reserva de mercado, em que preços até 25% maiores são aceitos, só não é um completo absurdo se compreendido à luz do interesse estratégico do governo de criar condições para o fortalecimento dos setores contemplados pela nova lei. Contudo, é preciso que a medida tenha data para acabar sob o risco de criar vícios nestes próprios segmentos. Em economia, a concorrência é sempre a melhor saída para trazer benefícios ao consumidor – que, no caso, é a própria população brasileira, representada pelo governo.
Por ora, diante das dificuldades de competir com os estrangeiros, a balança comercial do setor não poderia estar mais deficitária. Entre 2000 e 2010, o Brasil exportou 500 milhões de dólares e importou 2,4 bilhões de dólares em bens e serviços de defesa. Além disso, as vendas externas brasileiras são compostas, em sua maioria, de produtos de média e baixa tecnologia, enquanto as importações são concentradas em produtos de alta tecnologia, como navios, sensores e mísseis.

http://veja.abril.com.br/noticia/econom ... -da-defesa




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