Enviado por Ricardo Noblat -
5.8.2011 15h03m
Política
Quem morre pela boca é peixe, não pavão
Blog da Lúcia
Alguém realmente acredita que o ministro Jobim disse o que disse sem pensar, inadvertidamente?
Só quem não o conhece.
Jobim e Dilma Rousseff nunca se bicaram. Nunca se entenderam. Não se suportam.
Mas Lula, sempre ele, pediu a Dilma que mantivesse Jobim no Ministério da Defesa, alegando que ele se dá bem com os militares, que o plano nacional de defesa estava bem encaminhado, que isso, que aquilo. Resultado: Jobim ficou no ministério.
Mas o ministro não queria ficar.
Comprou apartamento em São Paulo, queria sair do governo para, quem sabe, candidatar-se a um cargo no ano que vem, ou mesmo trabalhar com o amigo José Serra numa eventual prefeitura do amigo e padrinho — isso se Serra decidir ser candidato a prefeito em 2012.
Talvez candidato a vice de Serra em 2014.
O fato é que Jobim decidiu sair do governo. Mas não queria pedir demissão.
Se pedisse, Dilma se sentiria livre para nomear quem quisesse. E Aldo Rebelo (PCdoB) já se assanhava para assumir a pasta.
Mas o PMDB considera que a pasta da Defesa é do partido. Para isso, Jobim precisava ser demitido por Dilma.
Daí a sequência infindável de grosserias, manifestações de falta de educação, descortesia, arrogância, pavonice.
Tudo de caso pensado. Tudo de língua trançada com a cúpula do PMDB.
Por trás das cortinas, movimentava-se Wellington Moreira Franco, atual secretário de Assuntos Estratégicos, cargo decorativo, que significa praticamente coisa nenhuma.
Moreira está há semanas articulando para credenciar-se junto às Forças Armadas como sucessor de Jobim.
Moreira é ligadíssimo ao vice-presidente Michel Temer. Bingo!
Ali não tem nenhum bobo.
Jobim é um pavão, não é um parvo. Jamais faria um papelão desses se não houvesse um projeto que o justificasse.
Peixes morrem pela boca. Pavões abrem o leque e cumprem missões.
Mas… Como ensinava o dr. Tancredo Neves, esperteza quando é muita, cresce e come o dono.
De nada adiantou a armação de Jobim, Moreira e Temer.
O escolhido de Dilma foi o ex-chanceler Celso Amorim
Que Deus se apiede das Forças Armadas!
Fonte -
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/