Não conheço o caso, mas se de fato é essa a história, defenderia da mesma forma sua expulsão. Aliás, de preferência defenderia sua EXPLOSÃO OU INCINERAMENTO.P. K. Liulba escreveu:Não deixa de ser interessante, que os mesmos nacionais, que encarnam as cores italianas e ofendem uma decisão soberana pátria, nada falam do Sr. Pierluigi Bragaglia, ex-terrorista de extrema direita, que na Itália planejou e perpetrou atentados explosivos, cujo o resultado foram mortes aos borbotões. Tal como Battisti, esta pessoa teve o abrigo do governo brasileiro e sua extradição negada. Mas, nada se ouviu dos peninsulares e dos vendidos nacionais, que adoram a manipulação grotesca de Berlusconi, e agridem a memória do Presidente da República que mais fez pelo país nos últimos 50 anos.
Este é o meu Brasil.
Extradição ou não de Cesare Battisti
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Eu não tenho lado quando se trata de vagabundos. Direita ou esquerda, se é vagabundo tem mais é que sentar na graxa.GustavoB escreveu:Defenderia nada.
Já outras pessoas, em especial de um certo governo....
E por favor, PAREM DE JUSTIFICAR UM ERRO COM OUTRO. Esse argumento é de uma indigência absoluta.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
15/06/2011 - 09h02
Lula desiste de viagem para Itália após decisão sobre Battisti
http://www1.folha.uol.com.br/poder/9301 ... isti.shtml
O ex-presidente Lula cancelou sua ida à Itália prevista para o final deste mês por temer manifestações políticas e populares de hostilidade devido à decisão contra a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
Considerado o maior cabo eleitoral da candidatura do brasileiro José Graziano da Silva à direção geral da FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação), Lula iria justamente na época da eleição.
A viagem para Roma seria para um seminário sobre agricultura no dia 24 e para a eleição do novo diretor-geral da FAO. Em vez de trunfo, entretanto, Lula poderia passar a ser um obstáculo à vitória de Graziano para suceder o senegalês Jacques Diouf.
O governo e as instituições italianas não aceitam a decisão sobre Battisti, condenado à prisão perpétua no país por quatro assassinatos. Lula optou pela não extradição no último dia de governo, e o Supremo Tribunal Federal referendou essa decisão na semana passada.
Depois de uma sequência de derrotas para organismos internacionais, o governo brasileiro está empenhado na vitória de Graziano, que concorre com candidatos de Indonésia, Iraque, Irã, Áustria e Espanha. O adversário mais forte é o ex-chanceler espanhol Miguem Angel Moratinos.
Lula desiste de viagem para Itália após decisão sobre Battisti
http://www1.folha.uol.com.br/poder/9301 ... isti.shtml
O ex-presidente Lula cancelou sua ida à Itália prevista para o final deste mês por temer manifestações políticas e populares de hostilidade devido à decisão contra a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
Considerado o maior cabo eleitoral da candidatura do brasileiro José Graziano da Silva à direção geral da FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação), Lula iria justamente na época da eleição.
A viagem para Roma seria para um seminário sobre agricultura no dia 24 e para a eleição do novo diretor-geral da FAO. Em vez de trunfo, entretanto, Lula poderia passar a ser um obstáculo à vitória de Graziano para suceder o senegalês Jacques Diouf.
O governo e as instituições italianas não aceitam a decisão sobre Battisti, condenado à prisão perpétua no país por quatro assassinatos. Lula optou pela não extradição no último dia de governo, e o Supremo Tribunal Federal referendou essa decisão na semana passada.
Depois de uma sequência de derrotas para organismos internacionais, o governo brasileiro está empenhado na vitória de Graziano, que concorre com candidatos de Indonésia, Iraque, Irã, Áustria e Espanha. O adversário mais forte é o ex-chanceler espanhol Miguem Angel Moratinos.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
FOXTROT, não seria a primeira vez que o Brasil estaria dando asilo a um criminoso e algum pais o arrancaria a força do nosso territorio.FOXTROT escreveu:Seria a mesma coisa e Israel que proteste, ou mandariam uma equipe dos seus assassinos profissionais para o Brasil?
Saudações
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Eu disse que os brasileiros iam se lamentar. É o preço que os brasileiros vão pagar para o LUla agradar meia duzia de radical do PT.FOXTROT escreveu:Lamentável o que aconteceu ontem, uma dupla de vôlei de praia brasileira atacada pela torcida italiana em Roma, várias laranjas foram arremessadas para a quadra do lado brasileiro.
Espero que a federação tome as medidas cabíveis e a Itália seja condenada, uma coisa é o protesto, outra e a agressão.
Essa história já foi muito longe.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Desonestidade é dizer que um cubano recusou asilo. Os caras enfretam tubarões e quando chegam na praia: acho que mudei de idéia...vou voltar a nado!!"suntsé escreveu:É realmente, incrivel que tem gente que bate na mesma tecla. Chega até a ser ridicula a afirmação de alguns. È sabido e foi amplamente divulgado que o governo Brasileiro DEU ASILO AOS ATLETAS CUBANOS E OS MESMOS RECUSARAM. Enfim, ou alguns foristas são muito mau informados ou sofrem Cronicamente de falta de honestidade intelectual. Sinto muito.
Pelos amor de deus, discordar, contrapor, não concordar ou não gostar do governo é um direito de cada um, mas pelos menos usem argumentos baseados em fatos.
Essa é muito boa
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Quero só ver o tipo de tratamento a sociedade brasileira vai dar a esse lixo. Não duvido que daqui a pouco vai estar em Ipanema vendendo canecas com sua foto e dando autografos.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
A mesma que ta dando a esse caso. Igorando e fingindo que não existe ou simplesmente pq nao lembra.Quero só ver o tipo de tratamento a sociedade brasileira vai dar a esse lixo. Não duvido que daqui a pouco vai estar em Ipanema vendendo canecas com sua foto e dando autografos.
Batisti foi uma noticia que mesmo com a imprensa em cima não ganho repercusão na sociedade, as pessoas simplesmente não estão engajadas no destino dele ou o que vai acontecer com ele. Logo se brincar ele pode andar na rua normal que com sorte 3-5 pessoas em cada 100 vão reconhece-lo.
Discussão de batisti em forums etc durou na maioria deles apenas 1 ou 2 dias em media antes de cair pro limbo da segunda pagina.
O Defesa brasil foi uma exceção devido ao objetivo do forum e ao foco que da a politica.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
FonteBrasil avalia pedido da Itália de formar comissão de debate sobre o ‘Caso Battisti’
17/6/2011 12:33, Por Redação - de Brasília
Cesare Battisti foi libertado e mora em São Paulo
A embaixada italiana em Brasília pediu às autoridades brasileiras, em observação às regras diplomáticas, a ativação de uma comissão permanente de conciliação para analisar a decisão do Brasil de não extraditar o ex-militante comunista Cesare Batistti. O Ministério das Relações Exteriores italiano divulgou um comunicado neste sentido, na manhã desta sexta-feira. Fonte ouvida pelo Correio do Brasil junto ao Itamaraty, que prefere o anonimato, informa, no entanto, que embora o Brasil não se negue a “nenhum tipo de diálogo com a Itália”, o governo entende que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ratifica uma decisão soberana do país que não pode ser alvo de qualquer negociação em contrário.
– O Itamaraty trabalha nessa questão coberto, primeiramente, por um rito de procedimento no processo, em uma etapa anterior à análise de mérito que se possa fazer em uma possível ação na Corte Internacional de Haia ou em outra qualquer, mesmo porque não se chegou sequer a uma definição do foro ideal para tanto – afirmou a fonte.
A decisão do STF, segundo a fonte, “apenas traduz a legalidade do processo à luz do direito internacional, com base no entendimento da Advocacia Geral da União (AGU), que avaliou todos os aspectos dos tratatos internacionais mantidos com a Itália e recomendou ao presidente da República a opção de decidir pela extradição ou pela permanência (de Battisti) no Brasil”.
– O Brasil segue rigorosamente o que determinam os acordos internacionais e está disposto a conversar sobre isso em qualquer instância, mas o Itamaraty entende que a questão levantada pela Itália dever ser respondida dentro dos prazos normais. Não há porque imprimir uma velocidade maior em um processo que, nem de longe, exige a pressa que tentam demonstrar alguns meios de comunicação – acrescentou.
Mesmo na questão de fundo do processo de extradição encerrado com a decisão do STF, que é o risco de morte do ex-ativista caso fosse levado de volta à Itália, “a chancelaria brasileira está coberta por um entendimento já expresso tanto pela AGU quanto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando ainda exercia seu mandato”, pontuou a fonte.
– Battisti correria sério risco de morrer, diante dos riscos impostos por segmentos da sociedade italiana, neste exato momento de sua cena política – disse ao CdB.
Na manhã desta sexta-feira, segundo a assessoria de Comunicação Social do Ministério das Relações Exteriores, a nota da Embaixada Italiana foi recebida e será “avaliada para um eventual pronunciamento”.
Nota italiana
“Por instruções do ministro do Exterior, Franco Frattini, a embaixada italiana em Brasília requisitou formalmente às autoridades brasileiras a ativação da comissão permanente de conciliação, conforme previsto pela Convenção entre a Itália e o Brasil de 1954, e expressou a intenção de se referir a tal comissão sobre a não-extradição de Cesare Batistti”, disse o comunicado distribuído nesta manhã.
A chancelaria italiana destacou que “a Itália está determinada a dar todos os passos necessários para buscar o reexame da decisão de negar a extradição de Cesare Battisti”. Em 8 de junho o Supremo Tribunal Federal decidiu manter a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar para a Itália o ex-militante de esquerda condenado por assassinatos cometidos na década de 1970, e ordenou sua libertação imediata.
O governo italiano insiste que, ao libertar Batistti, o Brasil violou as normas previstas em um tratado de extradição firmado entre os dois países. Em protesto, Frattini decidiu chamar de volta temporariamente o embaixador italiano em Brasília para consultas. A comissão de conciliação tem quatro meses para se manifestar sobre o caso.
Caso as conclusões da comissão sejam rejeitadas, abre-se caminho para que a Itália recorra ao Tribunal de Haia, o tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) que estabelece a eventual responsabilidade dos Estados por violação do direito internacional.
Audaces Fortuna Iuvat
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Haja bicarbonato.
Mino Carta - Carta Capital - 17 de junho de 2011.
O senador Eduardo Matarazzo Suplicy, especialista em sandices pronunciadas no tom de quem distribui sabedoria de graça (não se deixem enganar pela imutável expressão atônita), diz que a Itália já digeriu a negativa à extradição de Cesare Battisti, como prova a presença no Brasil da filha de Silvio Berlusconi e do seu atual namorado, o jogador Alexandre Pato, em férias turísticas. Permito-me elaborar a lista de quem digeriu e de quem não digeriu, à luz da verdade factual.
Berlusconi, aliás, não teve tempo de sorver desta sopa indigesta para concentrar-se em temas mais prementes, a envolverem sua sobrevida política e seu destino de cidadão. No espaço de 15 dias, a maioria dos italianos votou contra ele e vetou sua enésima tentativa de escapar aos processos que o acuam ao exigir a igualdade de todos diante da lei, e desta maneira o expôs a um cacho de condenações, inclusive à cadeia.
Quem digere, de todo modo, é o governo do clown global, cujo peso internacional está abaixo de zero, graças, inclusive, ao desastrado desempenho do empolado chanceler Franco Frattini. E não padecem, obviamente, de azia ou outros percalços estomacais as multinacionais italianas que no Brasil fazem ótimos negócios, além de um punhado de fanáticos do Apocalipse, que los hay, los hay.
Vamos a quem sofreu e sofre problemas digestivos sérios. Em primeiro lugar, as famílias das vítimas do terrorista, entre elas o filho do joalheiro assassinado, atingido por uma bala perdida no trágico episódio e desde então paraplégico. Cito em seguida a digníssima figura do presidente da República, Giorgio Napolitano, que reagiu pronta e duramente. “A sentença do Supremo Tribunal brasileiro – disse Napolitano – assume um significado gravemente lesivo do respeito devido aos acordos assinados sobre o tema entre Itália e Brasil, e à luta contra o terrorismo conduzida na Itália em defesa das liberdades e instituições democráticas, no rigoroso respeito do Estado de Direito.”
No regime parlamentarista, o presidente do Conselho chefia o governo enquanto o presidente da República representa o Estado, e afrontado foi exatamente o Estado italiano ao ser acusado de não proteger seus detentos e de contar com um Poder Judiciário que não conhece seu mister, obra em má-fé e, conforme as circunstâncias, submete os réus a brutais humilhações, até à tortura. Parece que, na visão de quem é jejuno em história, a Itália dos anos de chumbo portava-se igual ao Brasil da ditadura. Trata-se de clamorosa inverdade histórica, a mostrar até onde chega a ignorância nativa, além de descerrar a evidência de que não cabe ao presidente do Brasil, aos seus ministros da Justiça e ao STF se arvorarem em juízes do Poder Judiciário de qualquer Estado Democrático de Direito. Tanto mais quando sobre o assunto há um tratado em vigor assinado - com força de lei há 22 anos.
A maioria dos italianos, na lembrança de longos anos de tormenta, também não digere o não de Lula, e toda uma tragicomédia de erros encerrada pela espantosa capitulação do STF. Este meu comentário é o derradeiro a respeito do Caso Battisti. Não consigo evitar, porém, uma breve observação sobre declarações de Tarso Genro, ex-ministro da Justiça (com o apoio de CartaCapital, contra o resto da mídia que o considerava despreparado para a tarefa) e atual governador gaúcho. Segundo quem Battisti é “o bode expiatório da extrema-direita italiana, da direita não democrática e dos partidos da antiga esquerda que não só ficaram isolados durante o reinado de Berlusconi, como também capitularam em termos ideológicos em questões de fundo”.
Observe-se que nos anos de chumbo estes partidos condenavam peremptoriamente o terrorismo. Mas há tempo o ministro vive momentos de extrema confusão, a ponto de não reparar que quem capitulou em termos ideológicos foi o PT. No governo, esqueceu os trabalhadores, tornou-se um partido igual aos outros, grupo de poder interessado em mantê-lo a todo custo. Além do mais, Genro escolhe o momento errado para falar: neste exato instante, a Itália dá uma excelente prova de democracia, confirma e impõe a lei igual para todos, veta várias tentativas de privatização de serviços públicos e entrega Berlusconi à Justiça, como já se deu com Bettino Craxi há 18 anos.
Gostaria, como brasileiro, que eventos similares se dessem no Brasil. Ainda segundo Genro, ocorreu nos últimos tempos no País “o maior exemplo de manipulação midiática”. Se pretende incluir CartaCapital entre os manipuladores, vale acentuar que ele é um dos políticos nativos mais credenciados para conhecer à perfeição a independência e a honestidade de CartaCapital, e sua fidelidade inabalável à verdade factual.
Quanto à filha de Berlusconi, é preciso dizer que o Brasil continua a ser lugar excepcionalmente aprazível para turistas e criminosos de diversos calibres, acolhidos e abrigados com desvelo em nome da soberania nacional.
Mino Carta - Carta Capital - 17 de junho de 2011.
O senador Eduardo Matarazzo Suplicy, especialista em sandices pronunciadas no tom de quem distribui sabedoria de graça (não se deixem enganar pela imutável expressão atônita), diz que a Itália já digeriu a negativa à extradição de Cesare Battisti, como prova a presença no Brasil da filha de Silvio Berlusconi e do seu atual namorado, o jogador Alexandre Pato, em férias turísticas. Permito-me elaborar a lista de quem digeriu e de quem não digeriu, à luz da verdade factual.
Berlusconi, aliás, não teve tempo de sorver desta sopa indigesta para concentrar-se em temas mais prementes, a envolverem sua sobrevida política e seu destino de cidadão. No espaço de 15 dias, a maioria dos italianos votou contra ele e vetou sua enésima tentativa de escapar aos processos que o acuam ao exigir a igualdade de todos diante da lei, e desta maneira o expôs a um cacho de condenações, inclusive à cadeia.
Quem digere, de todo modo, é o governo do clown global, cujo peso internacional está abaixo de zero, graças, inclusive, ao desastrado desempenho do empolado chanceler Franco Frattini. E não padecem, obviamente, de azia ou outros percalços estomacais as multinacionais italianas que no Brasil fazem ótimos negócios, além de um punhado de fanáticos do Apocalipse, que los hay, los hay.
Vamos a quem sofreu e sofre problemas digestivos sérios. Em primeiro lugar, as famílias das vítimas do terrorista, entre elas o filho do joalheiro assassinado, atingido por uma bala perdida no trágico episódio e desde então paraplégico. Cito em seguida a digníssima figura do presidente da República, Giorgio Napolitano, que reagiu pronta e duramente. “A sentença do Supremo Tribunal brasileiro – disse Napolitano – assume um significado gravemente lesivo do respeito devido aos acordos assinados sobre o tema entre Itália e Brasil, e à luta contra o terrorismo conduzida na Itália em defesa das liberdades e instituições democráticas, no rigoroso respeito do Estado de Direito.”
No regime parlamentarista, o presidente do Conselho chefia o governo enquanto o presidente da República representa o Estado, e afrontado foi exatamente o Estado italiano ao ser acusado de não proteger seus detentos e de contar com um Poder Judiciário que não conhece seu mister, obra em má-fé e, conforme as circunstâncias, submete os réus a brutais humilhações, até à tortura. Parece que, na visão de quem é jejuno em história, a Itália dos anos de chumbo portava-se igual ao Brasil da ditadura. Trata-se de clamorosa inverdade histórica, a mostrar até onde chega a ignorância nativa, além de descerrar a evidência de que não cabe ao presidente do Brasil, aos seus ministros da Justiça e ao STF se arvorarem em juízes do Poder Judiciário de qualquer Estado Democrático de Direito. Tanto mais quando sobre o assunto há um tratado em vigor assinado - com força de lei há 22 anos.
A maioria dos italianos, na lembrança de longos anos de tormenta, também não digere o não de Lula, e toda uma tragicomédia de erros encerrada pela espantosa capitulação do STF. Este meu comentário é o derradeiro a respeito do Caso Battisti. Não consigo evitar, porém, uma breve observação sobre declarações de Tarso Genro, ex-ministro da Justiça (com o apoio de CartaCapital, contra o resto da mídia que o considerava despreparado para a tarefa) e atual governador gaúcho. Segundo quem Battisti é “o bode expiatório da extrema-direita italiana, da direita não democrática e dos partidos da antiga esquerda que não só ficaram isolados durante o reinado de Berlusconi, como também capitularam em termos ideológicos em questões de fundo”.
Observe-se que nos anos de chumbo estes partidos condenavam peremptoriamente o terrorismo. Mas há tempo o ministro vive momentos de extrema confusão, a ponto de não reparar que quem capitulou em termos ideológicos foi o PT. No governo, esqueceu os trabalhadores, tornou-se um partido igual aos outros, grupo de poder interessado em mantê-lo a todo custo. Além do mais, Genro escolhe o momento errado para falar: neste exato instante, a Itália dá uma excelente prova de democracia, confirma e impõe a lei igual para todos, veta várias tentativas de privatização de serviços públicos e entrega Berlusconi à Justiça, como já se deu com Bettino Craxi há 18 anos.
Gostaria, como brasileiro, que eventos similares se dessem no Brasil. Ainda segundo Genro, ocorreu nos últimos tempos no País “o maior exemplo de manipulação midiática”. Se pretende incluir CartaCapital entre os manipuladores, vale acentuar que ele é um dos políticos nativos mais credenciados para conhecer à perfeição a independência e a honestidade de CartaCapital, e sua fidelidade inabalável à verdade factual.
Quanto à filha de Berlusconi, é preciso dizer que o Brasil continua a ser lugar excepcionalmente aprazível para turistas e criminosos de diversos calibres, acolhidos e abrigados com desvelo em nome da soberania nacional.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Excepcional artigo. E olha que eu detesto a Carta Capital.
Só quem gosta do Batistti é o Suplicy, o Tarso Genro e o Prick.
Só quem gosta do Batistti é o Suplicy, o Tarso Genro e o Prick.
- wagnerm25
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Aliás, só para me lembrar do tipo de sociedade que defendeu a bala o Sr. Batistti, tirei hoje na locadora "1984". Excepcional atuação de John Hurt, mas quem destrói mesmo é Sir Richard Burton.
Certamente terei pesadelos à noite.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
O livro é BEM melhor...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
Re: Extradição ou não de Cesare Battisti
Acho que tem gente sofrendo de BATTISTITE aguda, é uma doença rara que ataca o hipotálamo dos portadores da síndrome de berlusconiti, somente se forem simpatizantes das colocarações azul de metileno.
[]´s
[]´s