sapao escreveu:
Entendo a sua colocação Tulio, mas tenho 2 motivos para meu post:
1-Defender o bombardeio de civis é como dizer que é normal atirar em soldados rendidos ou estuprar as mulheres dos locais por onde a tropa passa.
E o tipo de coisa que se tem noção de qua vai acontecer, mas dai a dizer que isso deve ser feito vai uma grande diferença.
2- Tem uma grande diferença olhar uma pessoa queimada com fosforo, que vai queimando até o osso e gente tentado tirar os pedaços de dentro de um corpo, muitas vezes de crianças e bebes.
Se for no inimigo eu quero que queime mesmo, de preferencia para que mais uns 4 tenham que ficar cuidando mesmo.
Mas guerra é para soldados; a população civil JÁ vai ser a maior vitima do conflito, e todo efeito que puder ser minimizado sobre eles deve ser evitado.
Como disse, no lombo dos outros é engraçado, porque garanto que quem já viu uma situação dessas de perto não deve ter achado nenhuma graça.
Para mim foi como fazer piada do AF 447 para um dos que tiveram um parente falecido no acidente, e foi neste sentido que me expressei.
Sei que fui ranzinza, mas se nem isso podemos fazer na velhice, vamos fazer o que então?
CREDO, hôme, véio por véio eu também sou, POWS!!!
E de modo algum iria querer te CENSURAR, a intenção foi ELUCIDAR! Apenas isso. Te entendo...
Mas tentes me entender também: como te falei acima, gente morta de modo violento não é absolutamente novidade para mim e creio que o cara do tijolo estava tão morto quanto outro que teve os olhos e a língua arrancados, após o que foi mimoseado com cinco tiros de 380 no rosto. Devo ser meio estranho mas o que mais me impressiona em cadáver é a falta de expressão no rosto e não os ferimentos que sofreu. A gente fica olhando sabendo que é humano mas com aquela aparência de boneco, aquele ar de casca vazia, é tétrico. Me impressiona muito mais do que gente queimada, enforcada ou com aqueles talhos feios de facão. A expressão (na verdade falta de), isso é FEIO! Tem PM, PC e PF que deve ter visto várias vezes isso também, creio que notaram...
Mas não era bem isso que eu queria dizer. Isso de matar por atacado, saquear e estuprar em guerra era praxe nos antigamentes e acontece hoje (eu nem sabia), segundo um texto interessantíssimo do CLERMONT, se não me engano, que inclusive dizia a razão disso. Em linhas gerais, guerra traz à tona a kôza mais feroz que tem dentro da gente e acho meio sem sentido essa idéia politicamente correta de 'matança cavalheiresca': tu mesmo és Soldado e se der treta vais ter que encarar. Vais ter que matar para não morrer. Fazer o outro cara ter uma morte gloriosa pela Pátria dele. Tri, muito certo masss...e com o tempo? A Síndrome da Amargura, quando gente próxima a ti tiver sofrido e morrido na mão do inimigo? Quando o ódio chegar a teu coração? Ainda vais ter pena de civil inimigo?
Tá, e se tiveres e teu CMT não? E a ordem for "que aquela cidade vire pó"! E não adianta denunciar ao CMT dele porque também quer que isso seja feito...
Já estive em situações de confronto armado - não contra Militares, claro - e te digo, na prática a teoria é outra. Ninguém quer dar uma voltinha de rabecão do IML vestindo bodybag. Já vi kôza do arco da velha, quando se esquece de qualquer ROE, Lei e o que mais tiver, a gente quer é sair vivo, depois a gente vê. E de preferência que a oposição não tenha a mesma sorte.
É feio, bem sei, e não entro em detalhes maiores porque enredaria gente buena (e até eu mesmo, que pelo juiz em seu gabinete com ar condicionado, deveria ferrar um companheiro porque dura lex sed lex & quetales mas ele não estava lá levando fumo junto) pelo crime de querer continuar respirando e, naquela adrenalina toda, ter passado dos limites, mas isso acontece. Somos humanos. Erramos.
E nesse tipo de situação - muito mais repetida na profissão de PM do que na minha - conheço gente que embruteceu de verdade. Tiraram da rua para evitar desgraça.
E nem é GUERRA. Agora imaginemos que seja, quantos não irão embrutecer? O que passava na cabeça do pessoal em My Lai? E Sir Arthur Harris, Comandante-em-Chefe do Comando de Bombardeiros da RAF na 2GM, ordenando ataques a cidades indefesas? E tantos outros, pelo mundo todo, em todas as épocas? Não é difícil simplesmente concluir que são perigosos sociopatas mas...será que isso esgota a questão? E fazer Lei que no fim da guerra só vai valer para o vencido adianta algo?