Sapão, por acaso não seria o projeto de mapeamento da Amazônia não? É diferente juntar dados para fazer um mapa vs uso imediato.sapao escreveu:Olha, sem querer ser chato mas isso funciona muito bem na teoria, mas pratica a Amazonia é outra...
Temos basicamente 2 problemas: no Sensoreamento Remoto o problema e a capacidade de processar os dados em um tempo habil para que essa informação seja util.
Se não me engano a relação fica entre 1 hora de vôo de levantamento para cada 3 meses de processamento.
Conhecendo a Amazônia
Escrito por André M. Mileski
O governo federal destinará R$ 350 milhões para o mapeamento da Amazônia, em iniciativas que envolvem a modernização de aeronaves e a construção de novos navios hidrográficos
Para o exercício pleno da soberania brasileira sobre a Amazônia, não basta apenas ocupar, vigiar ou proteger a região; é também preciso conhecê-la. Tendo em vista este objetivo, em setembro de 2009 foi lançado publicamente pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Projeto Cartografia da Amazônia, sob a coordenação do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM).
O projeto envolve ao todo investimentos de R$ 350 milhões ao longo de cinco anos, com a meta de concluir as cartografias terrestres, geológicas e náuticas de aproximadamente 35% do território da região da Amazônia sem informações, acabando assim com os chamados “vazios cartográficos”.
A Amazônia Legal brasileira possui cerca de 5,2 milhões de quilômetros quadrados, sendo que 1,8 milhão de quilômetros quadrados concentrados nos Estados do Amazonas, Pará, Amapá, Mato Grosso e partes do Acre, Maranhão e Roraima não possuem informações cartográficas atualizadas.
Os novos mapas, a serem produzidos por sensores embarcados em aeronaves e navios, auxiliarão o planejamento e a execução de projetos de infra-estrutura, tais como ferrovias, rodovias, gasodutos e hidrelétricas. Serão também usados para a demarcação de áreas de assentamentos agrários, áreas de mineração, agronegócio, ordenamento territorial, segurança territorial e desenvolvimento regional, entre outros, ajudando assim no conhecimento da região amazônica e na geração de informações estratégicas para o monitoramento de segurança e Defesa Nacional, particularmente nas regiões fronteiriças.
Do investimento total, cerca de R$ 85 milhões serão para a modernização de sistemas de aquisição e processamento de dados de aeronaves especializadas em sensoriamento remoto, software e hardware para o tratamento e processamento dos dados e imagens, capacitação de recursos humanos e a construção de cinco navios hidrográficos para realizar a cartografia náutica.
Embora seu marco inicial seja setembro, já no início do ano, em março o governo federal realizou os primeiros repasses orçamentários para a execução do projeto, que envolve diversos órgãos e entidades governamentais, especialmente os três comandos das Forças Armadas e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
Três vertentes
O projeto coordenado pelo CENSIPAM, todo formulado na escala de 1:100.000, possui três vertentes principais: cartografias terrestre, geológica, e náutica. Com base nas informações coletadas será montado um banco de dados de informações mais precisas sobre a Amazônia.
As atividades relacionadas à cartografia terrestre já foram iniciadas este ano, na região da Cabeça do Cachorro, na fronteira com a Colômbia. Todo o processo de mapeamento está dividido em duas partes principais, uma envolvendo áreas com cobertura de árvores e outra denominada área de não-floresta.
Nas áreas de florestas, cerca de 1,1 milhão de quilômetros quadrados, o mapeamento está sendo executado por um sensor radar aero-embarcado que opera em banda P, desenvolvido e operado pela empresa Orbisat. Já em cerca de 700 mil quilômetros quadrados, nas áreas de não-floresta, o imageamento será feito pelas aeronaves R-99B da Força Aérea Brasileira (FAB).
Modernização dos R-99B
Para a execução do imageamento, pouco mais de R$ 15 milhões para a modernização do sistema de gravação de dados do sensor radar de abertura sintética (SAR, sigla em inglês) dos três R-99B foram incluídos no projeto. O atual sistema em uso pelas aeronaves, baseado em fitas magnéticas de alta-densidade será substituído por discos rígidos portáteis. “Agora será mais ágil. Haverá um grande salto em termos de coleta e processamento dos dados”, disse à T&D Wougran Galvão, diretor de Produtos do SIPAM e coordenador do projeto.
Este ano, R$ 7,6 milhões já foram destinados ao contrato de modernização dos R-99B, em execução pela companhia estadunidense Raytheon e, em 2009, outros R$ 8 milhões serão aplicados. O cluster de processamento de dados do SIPAM existente em Manaus (AM) também será modernizado a fim de acompanhar o salto qualitativo dos aviões-radares da FAB.
Cartografia geológica
A cartografia geológica será realizada especialmente pelo CPRM, com a colaboração de outros órgãos governamentais, inclusive das Forças Armadas. Serão geradas informações cartográficas nas escalas 1:250.000 e 1:100.000, além de levantamentos aerogeofísicos de áreas da Amazônia Legal com conhecimento geológico escasso ou de reconhecida potencialidade mineral, atividades que exigirão a maior parte dos recursos destinados ao projeto, cerca de R$ 177 milhões. Acredita-se que a execução da cartografia geológica induzirá investimentos privados em prospecção e pesquisa mineral da ordem de R$ 1,1 bilhão.
Cartografia náutica
A última vertente do projeto envolve a cartografia náutica dos rios locais, sob a responsabilidade da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil.
Para se ter uma idéia da importância de se ter cartas náuticas atualizadas e confiáveis, além da navegação diária de centenas de milhares de pessoas pelos rios amazônicos, neles também navegam cerca de 20% do volume das exportações brasileiras (representando 78,2 milhões de toneladas), de produtos que variam de celulose, bauxita, soja, fertilizantes e petróleo, a eletroeletrônicos, automotivos, óticos e metalúrgicos, entre outros.
Serão destinados R$ 34 milhões para a construção de cinco navios hidrográficos – um de maior porte e outros quatro menores - equipados com os melhores sistemas de hidrografia existentes no mundo. Os projetos das embarcações já foi concluído e aprovado pela Marinha e a previsão é de que em junho ou julho de 2009 sejam iniciadas as licitações para a sua construção. Uma vez contratados, a expectativa é que em 15 meses o primeiro navio já esteja em operação.
Enquanto os novos navios não chegam, a Marinha tem comprado sensores e sistemas para o upgrade de outros navios já existentes a fim de garantir mais segurança nas hidrovias.
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