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Mensagem
por Bravo » Dom Mai 22, 2011 12:32 am
O Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC).
O histórico dessa Unidade de Operações Especiais se inicia nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, quando a Marinha do Brasil mantinha estreitos laços de cooperação com sua congênere norte-americana, a US Navy. Nesse contexto, os primeiros Mergulhadores de Combate (MECs) brasileiros tiveram sua formação básica nos EUA. Em 1964, dois oficiais e dois praças concluíram naquele país o árduo curso dos recém-criados SEALs (Sea-Air-Land), ainda inteiramente constituídos por pessoal oriundo das renomadas UDTs (Underwater Demolition Teams). Como resultado da experiência positiva desses militares pioneiros, a Ordem de Serviço n° 012/70, de 3 de abril de 1970, do Comandante da Força de Submarinos da Esquadra, criou a Divisão de Mergulhadores de Combate, na Base Almirante Castro e Silva (BACS) em Niterói/RJ.
Em 1971, mais dois oficiais e três praças brasileiros foram qualificados pela Marinha francesa como Nageurs de Combat. Três anos depois, foi ministrado no Brasil pela então Escola de Submarinos, hoje Centro de Instrução e Adestramento Almirante Attila Monteiro Ache (CIAMA), na Ilha do Mocanguê Grande, também em Niterói, o primeiro Curso Especial de Mergulhador de Combate.
Mesclando oportunamente as técnicas do curso francês, que privilegiava as operações de mergulho propriamente ditas, com as do norte-americano, que dava grande ênfase às operações terrestres, foi montada uma estrutura de instrução perfeitamente adaptada às reais necessidades brasileiras.
Propondo-se a atender adequadamente às crescentes solicitações da Esquadra e dos Distritos Navais, em 1983, a Divisão de Mergulhadores de Combate da Base Almirante Castro e Silva foi transformada no Grupo de Mergulhadores de Combate, parte integrante do Comando da Força de Submarinos. Mais tarde, diretrizes ministeriais expedidas em 1996 determinaram a criação do Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate, para oficiais, cuja primeira turma veio a formar-se em dezembro de 1998.
No dia 12 de dezembro de 1997, o Ministro da Marinha criou o atual Grupamento de Mergulhadores de Combate, em substituição ao anterior. Oficialmente ativada em 10 de março de 1998, a nova Organização Militar tem semi-autonomia administrativa e está diretamente subordinada ao Comando da Força de Submarinos.
Sua organização é constituída por três equipes básicas de Operações Especiais (Alfa, Bravo e Charlie) e mais um Grupo Especial de Retomada e Resgate.
A missão primordial do GRUMEC pode ser sintetizada pela realização de ações específicas de guerra não convencional em ambientes marítimos e ribeirinhos. Na verdade, as complexas operações anfíbias têm no GRUMEC um elemento virtualmente indispensável, realizando ações em prol do comandante da Força Tarefa Anfíbia (ComForTarAnf), em princípio, na área marítima e nas praias. Entre as informações vitais para um desembarque bem-sucedido, está o conhecimento exato do gradiente (inclinação) da praia escolhida (a partir de uma profundidade de sete metros até a linha de vegetação que circunda a areia), a elaboração de uma carta com dados sobre o tipo de solo, obstáculos naturais e artificiais (passíveis de demolição com explosivos) e campos minados. Igualmente importante são as ações de reconhecimento sobre o inimigo, o que não raro exige infiltrações dias antes da "hora H" do "dia D".
Nos demais campos da guerra naval, os MECs são empregados para destruir ou sabotar navios e embarcações, instalações portuárias, pontes, comportas etc. Capturar ou resgatar pessoal ou material; realizar operações de Inteligência de Combate; interditar linhas de comunicações em rios ou canais. Mais ainda, em apoio ao cumprimento do Código internacional de Proteção de Navios e Instalações Portuárias da Organização das Nações Unidas (UN-ISPS Code), cabe aos MECs realizar a abordagem inicial de navios suspeitos ou potencialmente hostis, garantindo as condições para verificação de eventuais ilícitos por uma Força Naval em ações de interdição nas operações de Controle de Área Marítima. Destaque-se também a capacidade que o GRUMEC possui de, a curto prazo, operar eficiente e eficazmente em proveito da segurança das nossas estratégicas plataformas de exploração de petróleo no Atlântico Sul.
A formação de um mergulhador de combate da Marinha do Brasil nada fica a dever à de outros similares internacionais, tais como a dos SEALs norte-americanos, do Special Boat Service (SBS) dos fuzileiros navais britânicos ou a do Detachment de Intervention Operationel Subaquatique (DINOPS) francês. O Curso MeC é conduzido no CLAMA. Para oficiais do Corpo da Armada ou do Quadro Complementar da Armada, os requisitos iniciais incluem a aprovação em exames médicos e psicológicos, teste em câmara de recompressão e rigorosos testes físicos. O Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate, intitulado CAMECO, para oficiais tem a duração de 41 semanas, divididas em 4 fases, e objetiva habilitar os militares a operar equipamentos de mergulho, armamentos, explosivos; utilizar táticas, técnicas e procedimentos para guerra não convencional e conflitos de baixa intensidade, capacitando-os, assim, ao planejamento e à execução das diversas Operações Especiais.
Os praças (sargentos e cabos, do sexo masculino, com menos de 30 anos de idade e em condições de engajar) realizam o Curso Especial de Mergulhadores de Combate (C-ESP-MEC), com duração de 42 semanas, e cujas exigências para ingresso são as mesmas do CAMECO, dos oficiais.
Durante todo o período dos cursos, os candidatos a MeC são submetidos a condições extremas de provações física e psicológica, sendo enfatizados os atributos de liderança, sensatez, objetividade, improvisação e estabilidade emocional. A rotina dos exercícios demanda que o aluno vivencie permanentemente situações reais de combate, com altos níveis de risco.
Depois de formado MEC, o profissional é designado para servir no GRUMEC, onde participará de um completo programa complementar de adestramento e realizará cursos e estágios de extensão em diversas áreas, tais como a Desativação de Artefatos Explosivos; Básico Pára-quedista; Mestre de Salto; Salto Livre e Mestre de Salto Livre; Precursor Pára-quedista; Dobragem, Manutenção de pára-quedas e Suprimento pelo ar e outros. Muitos desses cursos são realizados no Centro de Instrução Pára-quedista (CIPqdt/Bda lnf Pqdt).
Apesar de relativamente novo, com apenas nove anos de ativação e apesar também do efetivo numericamente pequeno, se comparado a tropas congêneres de outros países, o Grupamento de Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil já estabeleceu um elevado conceito nacional e internacional de uma unidade militar altamente especializada. O GRUMEC tem necessariamente diante de si uma grande variedade de cenários operativos, para os quais deve estar preparado. Além das missões tradicionais de reconhecimento, mapeamento e balizamento de áreas de desembarque anfíbio, com a destruição de eventuais obstáculos naturais ou artificiais, as Equipes MEC também podem vir a ser desdobradas em ações de infiltração mais profundas. O reconhecimento de forças inimigas, a realização de ações de sabotagem ou a eliminação de alvos compensadores, entre tantas outras missões, fazem parte do repertório operacional dos MECs.
Excelentes processos de seleção e formação e adequado nível de prioridade na dotação de armamentos e equipamentos de toda a ordem garantem que esta Unidade de elite da Marinha do Brasil esteja sempre pronta para o cumprimento de suas complexas e arriscadas missões.
AS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DO BRASIL. - General-de-Brigada Álvaro de Souza Pinheiro
"Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos."
Humberto Gessinger