Geopolítica Energética
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Re: Geopolítica Energética
Delta 22, se falamos em exportar em larga escala, o treco é grande, mas a descoberta será aos poucos, e os lotes leiloados, não tem nada (ou pouco)
Vai que descobrem armas de destruição em massa no centro de SP, vendidas por camelos na praça da Sé???
Vai que descobrem armas de destruição em massa no centro de SP, vendidas por camelos na praça da Sé???
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Geopolítica Energética
Para reduzir a variação do preço do etanol bastava criar estoques reguladores, mas será que os produtores querem?
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Re: Geopolítica Energética
Energia cara tira indústrias do Brasil
Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência chinesa e preferem investir em outros países, como o Uruguai
23 de abril de 2011 | 0h 00
Karla Mendes / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.
Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de setores eletrointensivos - em que o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose - estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.
Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações "avançadas" para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.
A Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que, apesar de a produtividade brasileira ser o dobro, essa vantagem é "desperdiçada" pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.
A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.
Nesse setor, aliás, a situação é crítica. A Novelis fechou fábrica em Aratu (BA) e, segundo fontes, pode migrar para o Paraguai. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, está prestes a abrir filial em Trinidad e Tobago.
Importação. Nesse segmento, a avalanche de produtos chineses é outra ameaça. A importação de alumínio chinês, que até 2009 ficou num patamar de 17 mil toneladas, saltou para 77 mil toneladas em 2010, que é o nível mínimo projetado para 2011, de acordo com Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "A China, daqui a dez anos, vai ter produção de alumínio igual à do resto do mundo todo somado", adverte.
Outra agravante, segundo ele, é a importação de produtos acabados, sem possibilidade de agregar valor à mercadoria no País. Nesse ritmo, avalia Spalding, o Brasil passará da condição de exportador para importador de alumínio em 2012.
"No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo", diz Spalding.
Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência chinesa e preferem investir em outros países, como o Uruguai
23 de abril de 2011 | 0h 00
Karla Mendes / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.
Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de setores eletrointensivos - em que o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose - estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.
Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações "avançadas" para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.
A Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que, apesar de a produtividade brasileira ser o dobro, essa vantagem é "desperdiçada" pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.
A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.
Nesse setor, aliás, a situação é crítica. A Novelis fechou fábrica em Aratu (BA) e, segundo fontes, pode migrar para o Paraguai. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, está prestes a abrir filial em Trinidad e Tobago.
Importação. Nesse segmento, a avalanche de produtos chineses é outra ameaça. A importação de alumínio chinês, que até 2009 ficou num patamar de 17 mil toneladas, saltou para 77 mil toneladas em 2010, que é o nível mínimo projetado para 2011, de acordo com Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "A China, daqui a dez anos, vai ter produção de alumínio igual à do resto do mundo todo somado", adverte.
Outra agravante, segundo ele, é a importação de produtos acabados, sem possibilidade de agregar valor à mercadoria no País. Nesse ritmo, avalia Spalding, o Brasil passará da condição de exportador para importador de alumínio em 2012.
"No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo", diz Spalding.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Geopolítica Energética
Energia no País custa o dobro da média mundial
Imposto sobre a eletricidade é de mais de 50% e custo da tarifa dobrou em nove anos, deixando o Brasil menos competitivo
23 de abril de 2011 | 0h 00
Karla Mendes - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
O Brasil tem geração abundante de energia. O problema, na avaliação de Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), é a carga tributária do setor, que ultrapassa 50%.
Como consequência, o custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), contra US$ 30, segundo a Commodities Research Union (CRU), consultoria internacional que acompanha preços de matérias-primas para diversos setores como mineração, siderurgia e energia elétrica. "Isso nos coloca em uma situação insustentável", diz. "O custo da energia, descontada a inflação, dobrou em nove anos no Brasil."
Para a produção de cloro e soda cáustica, a maior pressão vem de produtos dos Estados Unidos. "A tendência é o setor deixar de existir no Brasil", afirma Manoel Carnaúba Cortez, vice-presidente executivo da Braskem. Segundo ele, o País já importa 1 milhão de toneladas de soda cáustica por ano, para um consumo total de 2 milhões de toneladas.
Outro problema, aponta o executivo, é o custo do gás, que corresponde a US$ 4,5 o milhão de BTU (unidade de medida de poder calorífico) nos EUA, enquanto no Brasil já chega a US$ 14. Por essa razão, a companhia está construindo uma fábrica no México e avalia a abertura de novas unidades em outros países que excluem o Brasil. Segundo Cortez, EUA e Peru podem ser locais "atrativos" para a companhia.
Segurança para investir. A Stora Enso vai abrir uma fábrica de celulose no Uruguai, onde a empresa sabe que não enfrentará diversos obstáculos encontrados no País, segundo Otávio Pontes, vice-presidente de comunicação da companhia. Além de energia por um custo bem mais baixo, o executivo pondera que a empresa não enfrentará a dificuldade de fazer a compensação de impostos ao longo da cadeia. "Para fazer um investimento no Brasil, mesmo que seja para exportação, paga-se 17% de imposto e só se consegue compensar 5%", queixa-se Pontes. Esses fatores, segundo ele, trazem insegurança para investimentos no País. "Quando comparamos duas fábricas, uma no Brasil e outra no Uruguai, constatamos que a do país vizinho tem muito menos problemas."
Na produção de papel voltada para revistas e publicações, apesar de não haver incidência direta de impostos, o executivo reclama que os tributos incluídos nos insumos, especialmente o ICMS embutido no custo da energia elétrica, tornam seu custo maior do que os similares produzidos no exterior. "Hoje já sobra capacidade de produção de papel no País, por causa do aumento de importações", afirma Pontes.
Tanto que a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) pediu ao governo a elevação do Imposto de Importação, alegando prática de dumping por parte de vários exportadores. O processo está em análise pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Na ocasião do fechamento da fábrica em Aratu, o presidente da Novelis no Brasil, Alexandre Almeida, disse ao Estado que o alto custo da energia, que representa 35% do preço final do produto, aliado à valorização do real, desencadeou o fim da unidade, que tinha capacidade para produzir 60 mil toneladas de alumínio primário por ano.
"Se juntarmos essa situação com a valorização do real, temos um custo de produção muito acima do custo dos concorrentes." Em nota, a empresa argumentou que a unidade apresentava prejuízo operacional desde 2009, diante da queda nos preços do alumínio no mercado global.
Cenário
US$ 60 MWh
é o custo da energia no Brasil. O valor é o dobro da média mundial, de acordo com pesquisa da Commodities Research Union (CRU)
17%
de imposto é o que se paga para fazer um investimento no Brasil
60 mil
toneladas produzia a fábrica de Aratu
Imposto sobre a eletricidade é de mais de 50% e custo da tarifa dobrou em nove anos, deixando o Brasil menos competitivo
23 de abril de 2011 | 0h 00
Karla Mendes - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
O Brasil tem geração abundante de energia. O problema, na avaliação de Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), é a carga tributária do setor, que ultrapassa 50%.
Como consequência, o custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), contra US$ 30, segundo a Commodities Research Union (CRU), consultoria internacional que acompanha preços de matérias-primas para diversos setores como mineração, siderurgia e energia elétrica. "Isso nos coloca em uma situação insustentável", diz. "O custo da energia, descontada a inflação, dobrou em nove anos no Brasil."
Para a produção de cloro e soda cáustica, a maior pressão vem de produtos dos Estados Unidos. "A tendência é o setor deixar de existir no Brasil", afirma Manoel Carnaúba Cortez, vice-presidente executivo da Braskem. Segundo ele, o País já importa 1 milhão de toneladas de soda cáustica por ano, para um consumo total de 2 milhões de toneladas.
Outro problema, aponta o executivo, é o custo do gás, que corresponde a US$ 4,5 o milhão de BTU (unidade de medida de poder calorífico) nos EUA, enquanto no Brasil já chega a US$ 14. Por essa razão, a companhia está construindo uma fábrica no México e avalia a abertura de novas unidades em outros países que excluem o Brasil. Segundo Cortez, EUA e Peru podem ser locais "atrativos" para a companhia.
Segurança para investir. A Stora Enso vai abrir uma fábrica de celulose no Uruguai, onde a empresa sabe que não enfrentará diversos obstáculos encontrados no País, segundo Otávio Pontes, vice-presidente de comunicação da companhia. Além de energia por um custo bem mais baixo, o executivo pondera que a empresa não enfrentará a dificuldade de fazer a compensação de impostos ao longo da cadeia. "Para fazer um investimento no Brasil, mesmo que seja para exportação, paga-se 17% de imposto e só se consegue compensar 5%", queixa-se Pontes. Esses fatores, segundo ele, trazem insegurança para investimentos no País. "Quando comparamos duas fábricas, uma no Brasil e outra no Uruguai, constatamos que a do país vizinho tem muito menos problemas."
Na produção de papel voltada para revistas e publicações, apesar de não haver incidência direta de impostos, o executivo reclama que os tributos incluídos nos insumos, especialmente o ICMS embutido no custo da energia elétrica, tornam seu custo maior do que os similares produzidos no exterior. "Hoje já sobra capacidade de produção de papel no País, por causa do aumento de importações", afirma Pontes.
Tanto que a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) pediu ao governo a elevação do Imposto de Importação, alegando prática de dumping por parte de vários exportadores. O processo está em análise pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Na ocasião do fechamento da fábrica em Aratu, o presidente da Novelis no Brasil, Alexandre Almeida, disse ao Estado que o alto custo da energia, que representa 35% do preço final do produto, aliado à valorização do real, desencadeou o fim da unidade, que tinha capacidade para produzir 60 mil toneladas de alumínio primário por ano.
"Se juntarmos essa situação com a valorização do real, temos um custo de produção muito acima do custo dos concorrentes." Em nota, a empresa argumentou que a unidade apresentava prejuízo operacional desde 2009, diante da queda nos preços do alumínio no mercado global.
Cenário
US$ 60 MWh
é o custo da energia no Brasil. O valor é o dobro da média mundial, de acordo com pesquisa da Commodities Research Union (CRU)
17%
de imposto é o que se paga para fazer um investimento no Brasil
60 mil
toneladas produzia a fábrica de Aratu
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Re: Geopolítica Energética
Apagão de combustíveis provoca rombo de US$ 18 bilhões na balança
Com o aumento da frota em circulação, consumo de derivados de petróleo supera a produção local e impulsiona as importações
23 de abril de 2011 | 16h 00
Raquel Landim, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Com a disparada do preço do etanol, que subiu mais de 30% nos postos de combustível desde o início do ano, os motoristas migraram em massa para a gasolina, provocando escassez do produto. Faltou combustível em alguns postos do interior de São Paulo e a Petrobrás e os usineiros chegaram a importar gasolina e etanol.
A situação é resultado da queda da produção de etanol, provocada pela entressafra da cana e pela alta do preço do açúcar, mas reflete também um problema estrutural do País. Com o aumento da frota de veículos e o crescimento da economia, e sem investimentos compatíveis na produção de gasolina, diesel e etanol, o País começa a viver um "apagão" de combustíveis.
O consumo de derivados de petróleo (gasolina, diesel e nafta) ultrapassou a produção local, impulsionando as importações, que ficam cada vez mais caras com o aumento do preço do petróleo lá fora. Em geral, a Petrobrás prioriza a produção de gasolina localmente e concentra as importações em diesel e nafta.
A situação vai provocar um déficit de US$ 18 bilhões na balança de derivados de petróleo este ano, conforme projeção da RC Consultores. Em 2010, as importações de derivados ultrapassaram as exportações em US$ 13 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Em 2000, o rombo era de US$ 3,2 bilhões.
Diferente do "apagão" de energia elétrica, que interrompe a produção nas fábricas e deixa as cidades às escuras, a falta de combustível é sanada com importações, desde que a situação não seja muito grave. "A população pode não perceber, mas vivemos um estrangulamento do setor de combustíveis, um apagão", disse Adriano Pires, diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
O problema é que a situação aumenta a vulnerabilidade externa do País. Em 2010, o superávit comercial chegou a US$ 20,3 bilhões, mas poderia ter sido 64% maior não fosse o rombo dos combustíveis. O resultado da balança ameniza o déficit em conta corrente (resultado das transações externas do País, incluindo remessas de lucros e viagens internacionais), que deve atingir US$ 61,5 bilhões este ano.
Em 2010, pela primeira vez desde 2000, o País comprou mais derivados do que petróleo bruto. Foram adquiridos 27,38 milhões de metros cúbicos de derivados ante 19,66 milhões de óleo bruto, conforme a Agência Nacional de Petróleo (ANP). "Ficamos mais dependentes da importação de derivados, que têm valor agregado mais alto", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Descompasso. Uma das principais armas do governo para tirar o País da crise global foi estimular a venda de automóveis com incentivos fiscais. Em 2010, foram licenciados 3,52 milhões de veículos, mais que o dobro dos 1,49 milhão de 2000. A frota atual é de 32,5 milhões de carros, ônibus e caminhões.
Esse crescimento, porém, não foi acompanhado pelo aumento na produção de combustíveis. No ano passado, o País consumiu 117,9 milhões de metros cúbicos de derivados de petróleo, 11% a mais do que produziu. Até então, a oferta se equiparava ou superava a demanda. "Não temos refinarias suficientes para atender ao crescimento da economia", disse Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. A Petrobrás tem quatro em construção, mas a produção de derivados só deve crescer em 2013.
Com o aumento da frota em circulação, consumo de derivados de petróleo supera a produção local e impulsiona as importações
23 de abril de 2011 | 16h 00
Raquel Landim, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Com a disparada do preço do etanol, que subiu mais de 30% nos postos de combustível desde o início do ano, os motoristas migraram em massa para a gasolina, provocando escassez do produto. Faltou combustível em alguns postos do interior de São Paulo e a Petrobrás e os usineiros chegaram a importar gasolina e etanol.
A situação é resultado da queda da produção de etanol, provocada pela entressafra da cana e pela alta do preço do açúcar, mas reflete também um problema estrutural do País. Com o aumento da frota de veículos e o crescimento da economia, e sem investimentos compatíveis na produção de gasolina, diesel e etanol, o País começa a viver um "apagão" de combustíveis.
O consumo de derivados de petróleo (gasolina, diesel e nafta) ultrapassou a produção local, impulsionando as importações, que ficam cada vez mais caras com o aumento do preço do petróleo lá fora. Em geral, a Petrobrás prioriza a produção de gasolina localmente e concentra as importações em diesel e nafta.
A situação vai provocar um déficit de US$ 18 bilhões na balança de derivados de petróleo este ano, conforme projeção da RC Consultores. Em 2010, as importações de derivados ultrapassaram as exportações em US$ 13 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Em 2000, o rombo era de US$ 3,2 bilhões.
Diferente do "apagão" de energia elétrica, que interrompe a produção nas fábricas e deixa as cidades às escuras, a falta de combustível é sanada com importações, desde que a situação não seja muito grave. "A população pode não perceber, mas vivemos um estrangulamento do setor de combustíveis, um apagão", disse Adriano Pires, diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
O problema é que a situação aumenta a vulnerabilidade externa do País. Em 2010, o superávit comercial chegou a US$ 20,3 bilhões, mas poderia ter sido 64% maior não fosse o rombo dos combustíveis. O resultado da balança ameniza o déficit em conta corrente (resultado das transações externas do País, incluindo remessas de lucros e viagens internacionais), que deve atingir US$ 61,5 bilhões este ano.
Em 2010, pela primeira vez desde 2000, o País comprou mais derivados do que petróleo bruto. Foram adquiridos 27,38 milhões de metros cúbicos de derivados ante 19,66 milhões de óleo bruto, conforme a Agência Nacional de Petróleo (ANP). "Ficamos mais dependentes da importação de derivados, que têm valor agregado mais alto", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Descompasso. Uma das principais armas do governo para tirar o País da crise global foi estimular a venda de automóveis com incentivos fiscais. Em 2010, foram licenciados 3,52 milhões de veículos, mais que o dobro dos 1,49 milhão de 2000. A frota atual é de 32,5 milhões de carros, ônibus e caminhões.
Esse crescimento, porém, não foi acompanhado pelo aumento na produção de combustíveis. No ano passado, o País consumiu 117,9 milhões de metros cúbicos de derivados de petróleo, 11% a mais do que produziu. Até então, a oferta se equiparava ou superava a demanda. "Não temos refinarias suficientes para atender ao crescimento da economia", disse Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. A Petrobrás tem quatro em construção, mas a produção de derivados só deve crescer em 2013.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: Geopolítica Energética
Nova área de petróleo no pré-sal de Campos
Fonte: http://www.tijolaco.com/nova-area-de-pe ... de-campos/
Fonte: http://www.tijolaco.com/nova-area-de-pe ... de-campos/
A Petrobras anunciou esta noite a descoberta de nova acumulação de óleo no pré-sal da Bacia de Campos, no campo de Albacora, a 107 km da costa.
Numa profundidade de água de 380m, pequena para a região, o novo poço atingiu a profundidade total de 4.835m, constatando uma coluna de óleo de 241m.
Avaliações preliminares de volume indicam, para essa nova acumulação, potencial de volume economicamente recuperável da ordem de 350 milhões de barris de óleo leve, de alta qualidade.
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Re: Geopolítica Energética
Potencial eólico no País equivale a até 30 usinas de Itaipu
Segundo EPE, potencial mapeado no País seria equivalente a 143 mil MW
29 de abril de 2011 | 10h 31
Daniela Amorim e Alexandre Rodrigues, da Agência Estado
RIO - O Brasil tem potencial para gerar até 300 mil MW de energia elétrica a partir de parques eólicos, estima o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. O potencial mapeado no País seria equivalente a 143 mil MW, segundo ele.
"Para efeito de comparação, a usina hidrelétrica de Itaipu tem capacidade de 14 mil MW, ou seja, o potencial eólico seria equivalente a 10 Itaipus. Mas com os geradores mais modernos que temos hoje, estimamos que a capacidade poderia mais chegar a 300 mil MW, ou 30 usinas de Itaipu", disse Tolmasquim.
Ele defendeu nesta sexta-feira, 29, a construção de usinas hidrelétricas, mesmo em regiões com ecossistema sensível, como a Amazônia. Segundo Tolmasquim, é possível criar contrapartidas ambientais, que permitiriam recuperar áreas degradadas e ainda obter a geração elétrica para o desenvolvimento do País. Tolmasquim lembrou que 60% do potencial hidrelétrico brasileiro estão na região amazônica.
"Há um preconceito contra as hidrelétricas. É possível conciliar a construção de usinas com a preservação do meio ambiente. Algumas vezes, há como exigir na construção a recuperação de áreas degradadas", disse.
O presidente da EPE contou ainda que o Brasil tem o terceiro maior potencial mundial para construção de hidrelétricas, ficando atrás só da China e da Rússia. Mas o País utilizaria atualmente apenas um terço desse potencial. "A energia hidrelétrica é uma energia limpa e altamente competitiva", defendeu.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Re: Geopolítica Energética
Rapá, eu não entendo como o Brasil está tão mal da pernas e não para de entrar dinheiro aqui, e investimento direto, não é na jogatina do mercado.
Editado pela última vez por Carlos Mathias em Sex Abr 29, 2011 1:26 pm, em um total de 1 vez.
Re: Geopolítica Energética
Comento a reportagem:
A eólica é um excelente complemento à matriz energética brasileira, como já discutimos aqui (ou em outro tópico, não me lembro). Ponto. A questão do potencial é como o próprio nome diz, potencial. Potencial é potencial. Isso não significa que é viável técnico e economicamente, e é ai que balança pesa e a EPE sabe disso.
[]'s a todos.
A eólica é um excelente complemento à matriz energética brasileira, como já discutimos aqui (ou em outro tópico, não me lembro). Ponto. A questão do potencial é como o próprio nome diz, potencial. Potencial é potencial. Isso não significa que é viável técnico e economicamente, e é ai que balança pesa e a EPE sabe disso.
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: Geopolítica Energética
Sabe, CM... alguns têm la envidea, outros envy, dependendo do objeto e da ideologia é gente torcendo para dar tudo errado.Carlos Mathias escreveu:Rapá, eu não entendo como o Brasil está tão mal da pernas e não para de entrar dinheiro aqui, e investimento direto, não é na jogatina do mercado.
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Re: Geopolítica Energética
O Brasil não está mal das pernas. "Apenas" a energia está relativamente cara e escassa por motivos diversos, dependendo do tipo.Carlos Mathias escreveu:Rapá, eu não entendo como o Brasil está tão mal da pernas e não para de entrar dinheiro aqui, e investimento direto, não é na jogatina do mercado.
No caso do etanol por quebra de safra e falta de estoques reguladores, estamos importando dos EUA. Isso causou um aumento no consumo de gasolina, afetando os preços e a disponibilidade. Por isso estamos tb importando gasolina (coisa que a Petrobrás não fazia há 40 anos) dos EUA.
Ou seja, um fenômeno climático (não controlamos) afetou a safra de cana, e teve consequência em toda a matriz energética.
Mas o problema realmente preocupante na minha opinião, pois afeta a competitividade das empresas, principalmente nos setores intensivos em energia, é a alta carga tributária no setor energético:
As empresas que atuam no mercado interno estão todas sujeitas às mesmas restrições. Logo o jogo se iguala entre elas. Porém, na competição internacional, ou seja, nas empresas que exportam e/ou concorrem com empresas estrangeiras, a coisa fica complicada.- O custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), contra US$ 30
- No caso específico do custo do gás, que corresponde a US$ 4,5 o milhão de BTU (unidade de medida de poder calorífico) nos EUA, enquanto no Brasil já chega a US$ 14.
[]s
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Re: Geopolítica Energética
Não soube de quebra na safra de cana este ano, muito pelo contrário... (( "Moagem de cana deve crescer 2,11% na safra 2011/2012, diz Unica": http://economia.uol.com.br/ultimas-noti ... unica.jhtm ))
Quanto ao valor do MWh no Brasil, sem querer ficar aqui defendendo impostos (há quem só olhe o Governo Federal cobrando impostos e se esquece do ICMS, por exemplo, que em alguns Estados chega a 30% sobre a energia elétrica, mas, enfim... ), não sei como essa consultoria "Commodities Research Union (CRU)" calcula a comparação de preços. No Brasil, até onde eu sei, o preço do MWh depende de fatores sazonais - chuvas, p.ex. - e dos leilões de energia, variando com o preço da fonte primária (água, gás, óleo, etc.) e os custos da construção do empreendimento, manutenção pós-conclusão das obras, salários com pessoal, enfim, tudo para fazer a "usina" funcionar e amortizar o valor de sua construção a longo prazo. Há tarifas que vão de algo em torno de R$ 67 (dos chamados leilões de energia nova) a até mais de R$ 110/140. Belo Monte, por exemplo, terá o MWh em torno de R$ 80, se não me engano.
No Brasil, felizmente, foi implantando o chamado "consumidor livre" ou "mercado livre" em que os grandes consumidores compram energia diretamente das geradoras ("usinas"), independente de onde ela esteja (existe legislação específica, não é qualquer um que se enquadra no mercado livre). Por exemplo, uma siderurgia instalada em SP, grande consumidora, pode comprar energia mais barata proveniente do norte do País se for o caso, e assim por diante. Isso dá grande margem de manobra aos grandes consumidores, acirra a concorrência entre os fornecedores de energia, o que é benéfico no fim.
Não sei se fui claro na explicação...
[]'s.
Quanto ao valor do MWh no Brasil, sem querer ficar aqui defendendo impostos (há quem só olhe o Governo Federal cobrando impostos e se esquece do ICMS, por exemplo, que em alguns Estados chega a 30% sobre a energia elétrica, mas, enfim... ), não sei como essa consultoria "Commodities Research Union (CRU)" calcula a comparação de preços. No Brasil, até onde eu sei, o preço do MWh depende de fatores sazonais - chuvas, p.ex. - e dos leilões de energia, variando com o preço da fonte primária (água, gás, óleo, etc.) e os custos da construção do empreendimento, manutenção pós-conclusão das obras, salários com pessoal, enfim, tudo para fazer a "usina" funcionar e amortizar o valor de sua construção a longo prazo. Há tarifas que vão de algo em torno de R$ 67 (dos chamados leilões de energia nova) a até mais de R$ 110/140. Belo Monte, por exemplo, terá o MWh em torno de R$ 80, se não me engano.
No Brasil, felizmente, foi implantando o chamado "consumidor livre" ou "mercado livre" em que os grandes consumidores compram energia diretamente das geradoras ("usinas"), independente de onde ela esteja (existe legislação específica, não é qualquer um que se enquadra no mercado livre). Por exemplo, uma siderurgia instalada em SP, grande consumidora, pode comprar energia mais barata proveniente do norte do País se for o caso, e assim por diante. Isso dá grande margem de manobra aos grandes consumidores, acirra a concorrência entre os fornecedores de energia, o que é benéfico no fim.
Não sei se fui claro na explicação...
[]'s.
Editado pela última vez por DELTA22 em Sex Abr 29, 2011 7:01 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Geopolítica Energética
Muito claro Delta. Especialmente, na parte que tange ao ICMS, estadual. Ai a porca torce o rabo, e ninguem aponta o culpado
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Geopolítica Energética
Complementando o Delta,Penguin escreveu:O Brasil não está mal das pernas. "Apenas" a energia está relativamente cara e escassa por motivos diversos, dependendo do tipo.Carlos Mathias escreveu:Rapá, eu não entendo como o Brasil está tão mal da pernas e não para de entrar dinheiro aqui, e investimento direto, não é na jogatina do mercado.
No caso do etanol por quebra de safra e falta de estoques reguladores, estamos importando dos EUA. Isso causou um aumento no consumo de gasolina, afetando os preços e a disponibilidade. Por isso estamos tb importando gasolina (coisa que a Petrobrás não fazia há 40 anos) dos EUA.
Ou seja, um fenômeno climático (não controlamos) afetou a safra de cana, e teve consequência em toda a matriz energética.
Mas o problema realmente preocupante na minha opinião, pois afeta a competitividade das empresas, principalmente nos setores intensivos em energia, é a alta carga tributária no setor energético:
As empresas que atuam no mercado interno estão todas sujeitas às mesmas restrições. Logo o jogo se iguala entre elas. Porém, na competição internacional, ou seja, nas empresas que exportam e/ou concorrem com empresas estrangeiras, a coisa fica complicada.- O custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), contra US$ 30
- No caso específico do custo do gás, que corresponde a US$ 4,5 o milhão de BTU (unidade de medida de poder calorífico) nos EUA, enquanto no Brasil já chega a US$ 14.
[]s
Não houve quebra da savra, o que houve foi um aumento do preço do açucar no mercado internacional, e como não existe regulação do setor os usineiros deixaram de vender etanol e passaram a vender açucar.
Se fosse eu faria a mesma coisa, o governo é que tem que regular para acabar com esse tipo de coisa. Ainda bem que agora saiu,